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Relatório de Investigação
Fonte: eCycle, foto de Markus Spiske no Unplash, “Como combater mudanças climáticas”
Janeiro, 2023
Inês Faria Pinto de Almeida, a96139
Júlia de Souza Fernandes, a98150
Nuno Eduardo Peixoto Ferreira Roriz, a97618
Tatiana Alexandra Macedo Rodrigues, a96043
Índice
Introdução .......................................................................................................................................................... 5
3. Metodologia .............................................................................................................................................. 13
2
4.3.3. Fontes de informação sobre as AC ............................................................................................ 21
5. Discussão .................................................................................................................................................. 26
Conclusão ......................................................................................................................................................... 28
Anexos............................................................................................................................................................... 32
Índice de gráficos
Gráfico 1: Problema mais grave que o mundo enfrenta (panorama europeu) ..................................................... 6
Gráfico 2: Distrito de proveniência ................................................................................................................... 17
Gráfico 3: Meios de informação utilizados para procurar informação sobre AC .............................................. 21
Gráfico 4: Medidas adotadas ............................................................................................................................. 43
Índice de tabelas
Tabela 1. Género ............................................................................................................................................... 16
Tabela 2. Idade .................................................................................................................................................. 16
Tabela 3: Habilitações literárias ........................................................................................................................ 16
Tabela 4: Grau de conhecimento sobre as AC .................................................................................................. 17
Tabela 5: Género e grau de conhecimento sobre as AC .................................................................................... 18
Tabela 6: Idade e grau de conhecimento sobre as AC ....................................................................................... 18
Tabela 7: Grau de conhecimento sobre as AC e habilitações literárias ............................................................. 19
Tabela 8: Grau de preocupação e conhecimento das AC .................................................................................. 20
Tabela 9: Grau de preocupação com as AC e género ........................................................................................ 20
3
Tabela 10: Adequação das medidas regionais de combate às AC ..................................................................... 22
Tabela 11: Medidas necessárias em Portugal .................................................................................................... 22
Tabela 12: Visão sobre o ambiente e conhecimento sobre as AC ..................................................................... 24
Tabela 13: Aspetos que são considerados aquando da compra de um produto ................................................. 24
Tabela 14: Grau de preocupação com as AC e adoção de comportamentos que ajudem no combate às AC ... 25
Tabela 15: Grau de concordância com as recentes manifestações/ações de estudantes sobre as AC e género . 26
Tabela 16: Hipóteses e perguntas ...................................................................................................................... 36
Tabela 17: Atividade profissional ..................................................................................................................... 41
Tabela 18: Grau de preocupação com as AC .................................................................................................... 41
Tabela 19: Grau de preocupação com as AC e idade ........................................................................................ 41
Tabela 20: Adequação das medidas nacionais de combate às AC .................................................................... 42
Tabela 21: Medidas necessárias em Portugal .................................................................................................... 42
4
Introdução
As alterações climáticas (AC) e, consequentemente, as questões relacionadas com a sustentabilidade
estão cada vez mais presentes na agenda política dos países. Um dos problemas fundamentais com que
se debatem governos e instituições tem sido, no entanto, a forma como as populações as interpretam,
valorizam e entendem e até que ponto se dispõem a alterar as suas práticas.
O presente relatório versa sobre a perceção pública das alterações climáticas, numa altura em que tem
havido cada vez mais interesse em discutir como a sociedade se irá adaptar aos seus efeitos e
exigências. Dado que se trata de um assunto muito complexo, que implica também opções políticas,
nós procuramos neste estudo aprofundar o conhecimento sobre o que as pessoas pensam e sabem
acerca dos riscos das alterações climáticas e também acerca das mudanças que estão a tentar
implementar.
Delimitamos o estudo em torno de cinco dimensões das perceções das alterações climáticas,
nomeadamente o conhecimento que a população tem acerca das alterações climáticas; a avaliação de
políticas ambientais por parte dos indivíduos; a visão que têm do futuro ambiental; e, por fim, a
predisposição que a população demonstra para modificar hábitos, que visem a mitigação das alterações
climáticas.
1. Breve contextualização
Na Península Ibérica, e durante a pandemia, a poluição e as emissões de gases de efeito estufa (GEE)
caíram abruptamente (Observador, 2020). No entanto, esta diminuição das emissões, provocada pela
paralisação do planeta, não parou as alterações climáticas, tendo, aliás potenciado ainda mais os seus
efeitos, uma vez que, após períodos de crise, a tendência é aumentar a produção, o que pode ser ainda
mais prejudicial para o ambiente (Observador, 2020).Em 2020, devido à pandemia, o consumo de
combustíveis e energia no transporte rodoviário diminuiu (15,2%) e atingiu 4,8 milhões de TEP
5
(toneladas equivalentes de petróleo) (INE, 2021, p.8). Sendo assim , o número de automóveis em
circulação diminuiu significativamente, bem como o consumo de combustíveis fósseis. Quando se
pergunta aos europeus qual o problema mais grave que o mundo enfrenta, verifica-se que Portugal,
relativamente às alterações climáticas, apresenta uma maior percentagem de preocupação do que a
média europeia (22%). O mesmo acontece quando se põe a questão da deterioração da natureza, em
que Portugal apresenta uma maior percentagem de preocupação (8%) comparativamente
à média da União Europeia (7%) (CE, 2021, p.1).
Gráfico 1: Problema mais grave que o mundo enfrenta (panorama europeu)
Todavia, ainda em 2022, “Portugal sofreu mais de 1.000 mortes relacionadas com ondas de calor,
perdeu 110.000 hectares de floresta para incêndios florestais e sofreu uma seca severa que afetou toda
a nação, com enormes impactos nos direitos humanos, incluindo o direito a um ambiente saudável”
(Nações Unidas, 2022, p.1). Atualmente, existem planos e estratégias de âmbito nacional, regional e
local que incidem sobre a ação climática. Nas estratégias municipais de adaptação às alterações
climáticas de Lisboa (2017), do Porto (2016), de Braga (2016) e de Viana do Castelo (2016)
apresentam-se as alterações climáticas como “um dos desafios mais importantes do século XXI”.
2. Fundamentação teórica
2.1. Abordagem das alterações climáticas
As questões ambientais mobilizam cada vez mais a atenção e surgem retratadas nos media. Além de
se terem tornado um problema social, as mudanças climáticas são também um problema político,
socioeconómico e cultural que ameaça as populações (Carvalho, 2007, p.4). As mudanças climáticas
têm vindo a ser, já desde 2007, reconhecidas por diversos líderes políticos e cientistas como o maior
desafio da humanidade neste século (Carvalho, 2007, p.3), porque as suas consequências são sentidas
6
por todo o mundo e os seus impactos irão permanecer nas próximas gerações (Ferreira, 2017, p.21).
Tudo isto tem relação direta com o Capitaloceno, termo que devido à força do capital pretende
substituir o Antropoceno, atual era geológica (Crutzen, 2002, cit. Corbari, 2021, p.2). Esta alteração
procura referir-se às alterações climáticas e às mudanças ambientais globais, que envolvem os diversos
processos ecológicos que nos permitem a vida na Terra (Corbari, 2021, p.2). No fundo, o reverso do
estado catastrófico só acontece com uma mudança no sistema capitalista (Corbari, 2021, p.4), pois há
interesses económicos muito relevantes e centrais a envolver as mudanças climáticas que afetam as
decisões políticas (Schmidt & Delicado, 2014, p.69).
O ano de 1988 marcou o surgimento das alterações climáticas como uma questão pública,
nomeadamente com a criação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC1) e
a Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (Carvalho, 2011a, p.36).
Em Portugal, esta preocupação com as questões ambientais foi mais tardia do que na maioria dos países
ocidentais (Carvalho, 2011a, p.31), pois só se tornaram visíveis com a adesão à União Europeia
(Schmidt & Delicado, 2014, p.68).
Os estudos destacam que em Portugal o debate em torno das alterações climáticas carateriza-se por
uma grande uniformidade de ideias, pois tirando alguns críticos, os grupos empresariais ou partidos
políticos tendem a assumir que as AC estão em curso e são um assunto a nível nacional (Schmidt &
Delicado, 2014, p.123). Como exemplo tem-se a análise do inquérito por questionário desenvolvido
no âmbito do projeto internacional COMPON – Comparing Climate Change Policy Networks (Ylä-
Anttila et al., 2018, cit. Schmidt, Delicado & Junqueira, 2021, p.477) - aplicado em Portugal em 2016,
por Schmidt, Delicado e Junqueira (2021, p.479), em que das 58 das instituições que responderam 55
consideram que as AC são uma realidade. Ainda que esta aceitação das AC pareça evidente, as políticas
portuguesas de mitigação das alterações climáticas apresentam-se frágeis, nomeadamente a nível dos
transportes e da eficiência energética. (Carvalho, 2011a, p.34). Por exemplo, enquanto os governos
promovem a construção de estradas e autoestradas, dá-se o desinvestimento progressivo no transporte
ferroviário e na articulação dos transportes públicos, o que resulta no aumento visível do uso do
automóvel, provocando o aumento da emissão de GEE (Carvalho, 2011a, p.34).
Segundo a ONU, o desenvolvimento sustentável pode ser definido como “o desenvolvimento que
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer
1
IPCC é a instituição que estuda e procede à avaliação das mudanças climáticas a nível mundial (Malheiro, 2012, p.11).
7
as suas próprias necessidades” (ONU, 1987, cit. Malheiro, 2012, p.5). Pensando nas alterações
climáticas, será que isto se verifica nos dias de hoje? Será que as gerações futuras terão as suas
necessidades básicas asseguradas? (Malheiro, 2012, p.5).
A ação humana é apenas uma das causas principais das AC, que se traduzem no aquecimento da
atmosfera, bem como nas mudanças no ciclo da água (IPCC, 2013, cit. Pereira, 2015, p.11). Como são
globais, os especialistas afirmam que a sua travagem envolve cada individuo e todas as sociedades
como um todo (Carvalho, 2011a, p.37), assistindo-se à necessidade de um combate entre o Homem, a
Natureza e as AC (Malheiro, 2012, p.2)
O mundo tem vindo a consumir em demasia os recursos disponibilizados pelo planeta e, se os hábitos
não se alterarem, será impossível assegurar um desenvolvimento sustentável para as gerações futuras,
sendo os impactos catastróficos. A acelerada redução do consumo dos recursos consumíveis pode ser
sinónimo de reverter a situação e de conquistar um equilíbrio (Global Footprint Network, 2003, cit.
Malheiro, 2012, p.6). Segundo alguns autores, tal como Ferreira (2017, p.21), a principal causa das
mudanças climáticas são os GEE provenientes da ação humana, cujas emissões aumentaram
acentuadamente nas últimas décadas.
Dos recursos que se considera estarem a ser utilizados em demasia pelo ser humano, estão os hídricos,
visto ser de conhecimento geral que a água e a alimentação são a fonte de sobrevivência do ser humano,
e o clima a sua maior dependência (Malheiro, 2012, p.2).
A água é o suporte de vida do ser humano e a sua preservação deveria ser um dado adquirido. Em
2008, eram necessários cerca de 2000 a 5000 litros de água, por dia, para produzir a alimentação
necessária para uma pessoa (Water Footprint Network, 2008, cit. Malheiro, 2012, p.9), o que pode ter
vindo a refletir-se ao longo do último século numa crescente degradação deste recurso (Malheiro,
2012, p.8). Melhorar a eficiência do uso da água, aumentar as áreas de conservação e reduzir a pegada
nacional são fundamentais (Müller, 2011, cit.in Malheiro, 2012, p.8). Sectores como a agricultura e a
indústria fazem do desperdício de água uma realidade, sendo necessário a utilização de métodos que
nos permitam um uso eficiente deste recurso (Pereira, 2015, p.1).
Por outro lado, a revolução industrial causou um aumento exponencial de emissão de GEE,
provocando uma situação delicada quanto às mudanças climáticas, que se refletiu na degradação dos
recursos hídricos (Milano et al., 2013, cit. Pereira, 2015, p.9). Desta forma, é fácil compreender que
os países industrializados são os principais responsáveis pelo consumo de água (Malheiro, 2012, p.9).
Este facto levou à criação do Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA), que se foca
na redução das perdas de água e na otimização do uso da mesma. O objetivo deste é a melhoria da
8
eficiência do uso da água, contribuindo para mitigar os riscos de escassez hídrica (Pereira, 2015, p.16).
Já em 2011, a taxa de crescimento populacional não acompanhava o aumento de água utilizada (UN-
Water, 2011, cit. Malheiro, 2012, p.9).
Ambiente e consumo alimentar são dois conceitos importantes para entender as perceções das
alterações climáticas (Schmidt & Delicado, 2014, p.199). Segundo o World Food Programme (2011,
cit. Malheiro, 2012, pp.23-24), os desastres naturais apresentam uma interligação com uma menor
segurança alimentar e maior pobreza. Por isso, reconhece-se que a produtividade alimentar é
diretamente afetada pelas alterações climáticas, resultado do aumento da população mundial e
diminuição da produtividade alimentar (Malheiro, 2012, p.68).
O consumo alimentar implica não só o uso de recursos naturais escassos nos processos de produção
de alimentos, como também provoca a poluição através, por exemplo, de emissões de GEE (Schmidt
& Delicado, 2014, p.199). O crescimento constante da população mundial reflete-se no aumento do
consumo global de carne (Godfray, et al., 2018 cit. Bernardes, et al. 2021, p.5), estimando-se que
14,5% das emissões mundiais de GEE são produzidas pelo sector pecuário (Bonny, et al. 2017 cit.
Bernardes, et al. 2021, p.5).
O sector da energia tem um peso preponderante nas alterações climáticas. Por outras palavras, o
sistema energético engloba ações, desde a extração até à utilização de energia e é a causa dos principais
impactos ambientais da sociedade (Jannuzi, 2001, n.p).Estima-se que quase 2/3 das emissões de GEE
produzidas pela ação humana desde o início da era industrial são causadas por empresas na sua maioria
produtoras de produtos petrolíferos, gás e carvão (Ferreira, 2017, p.21).
O ato de consumir nas suas mais variadas formas, como fazer compras e utilizar o automóvel em todas
as deslocações, são dimensões com grande significado para a sociedade portuguesa, apresentando
valores associados à qualidade de vida, sendo a ideia de redução destes consumos percecionada pela
população como um «recuo» (Schmidt & Delicado, 2014, p.70).
As práticas de consumo causam grande impacto no ambiente, não só enquanto resíduos, mas também
na aquisição dos produtos (Schmidt & Delicado, 2014, p.70). As políticas públicas dos resíduos
apontam para uma necessidade de cumprir metas de separação da reciclagem e acentuam as metas de
prevenção da própria produção dos resíduos, e tudo isto se torna urgente com a capacidade dos aterros
sanitários a atingir o seu limite (Schmidt & Delicado, 2014, p.100). Este problema é maior nas cidades,
pois apresentam uma percentagem cada vez maior da população mundial, algo que se acentuará no
futuro (Schmidt & Delicado, 2014, p.247). A dinâmica de distribuição das pessoas e das atividades
9
económicas no território vem apenas reforçar a ameaça que as cidades já constituem à sustentabilidade
(Schmidt & Delicado, 2014, p.247).
Um grande problema hoje é a crescente utilização do automóvel. Nas últimas décadas, verificou-se a
aceleração da implementação de uma rede mais densa de infraestruturas rodoviárias em Portugal, que
tem como objetivo dar resposta aos fluxos progressivamente mais intensos de tráfego diário (Schmidt
& Delicado, 2014, p.249), sendo a dependência do automóvel algo bastante consolidado (Schmidt &
Delicado, 2014, p.261).
O futuro da mobilidade urbana aparenta estar intimamente relacionado com a relação cultural da
população com o automóvel (Schmidt & Delicado, 2014, p.249). Schmidt e Delicado (2014, p.250)
defendem que a resolução dos problemas da mobilidade urbana e a promoção de padrões mais
sustentáveis tem que passar pela mudança de valores, tanto dos decisores políticos como dos cidadãos.
Não é preciso excluir totalmente o automóvel do dia-a-dia, mas é preciso procurar promover a
complementaridade entre todos os tipos de transporte, dos públicos aos privados (Schmidt & Delicado,
2014, p.250).
Os media são a principal fonte de informação sobre as AC, podendo, em certa medida, gerir o nível de
preocupação, conhecimento, ações de mitigação e intenções comportamentais dos indivíduos (Lázaro
et al., 2011). Estudos realizados em Portugal, no início dos anos dois mil, indicavam que as AC tinham
pouca visibilidade e eram ainda percebidas como um problema distante. Além disso, segundo os
autores, os próprios meios de comunicação não abordavam as AC de forma adequada para um público
não especialista, o que levava a que a maior parte dos portugueses não encarasse estas alterações como
um “problema real”, resultando no facto de a internet portuguesa ser um extenso espaço de silêncio
relativamente às alterações climáticas (Carvalho, 2007, p.5). No fundo, “a construção social das
alterações climáticas depende da informação, argumentos e perspetivas disseminadas por cientistas,
Governo, ONG’s e outras entidades” (Carvalho, 2011b, p.43).
A perceção ambiental, que é a tomada de consciência acerca dos direitos do ambiente (Faggionato,
2005, cit. Rocha, 2015, p.50), que cada um de nós possui é analisada por Rocha (2015, p.50) através
de uma relação com a realidade – são apresentados mecanismos, sendo a linguagem um deles, que,
segundo a mesma, é uma das ferramentas que torna percetível a imagem da problemática ambiental
local e global. Ou seja, uma abordagem da problemática ambiental com linguagem complexa ou
linguagem simples não formula a mesma perceção.
10
Marques (2006, cit. Rocha, 2015, p.51), diz-nos, acerca das perceções, que, no domínio da perceção
subjetiva da crise ambiental, nomeadamente no que diz respeito às populações dos países mais
desenvolvidos, se assiste a um fenómeno complexo designado como “contradição entre os dados da
consciência e os dados da experiência”, ou seja, por exemplo, temos conhecimento que nunca tantas
espécies piscícolas estiveram ameaçadas (dados da consciência), mas não o experienciamos tendo em
conta que quando vamos a um supermercado estamos repletos de opções gastronómicas, oriundas de
quase todo o Mundo (dados da experiência).
As AC são um assunto que nos remete para a relevância da comunicação da ciência. Rocha (2015,
p.27) refere que em 2014 Portugal era o país com a proporção mais baixa de inquiridos que mencionam
as AC como o problema mais sério que o mundo enfrenta. Mais tarde, Balbé (2018, p.9) afirma que a
complexidade das AC explica por que é tão importante a comunicação na construção da perceção
pública. Tal como afirma Balbé (2018, p.30), esta perceção acerca das AC refere-se a uma construção
social que recebe uma multiplicidade de influências, sejam elas externas e/ou internas, como as
vivências pessoais, ou os contextos geográfico e social.
Observamos que em Portugal apenas nos anos noventa do século XX se passa a considerar as questões
ambientais como objeto de interesse público (Meira-Cartea & Blanco, 2008; Schmidt, 2003, cit. Balbé,
2018, p.28). Recentemente, esta ideia ainda é estrutural e Carvalho e Pereira (cit. Balbé, 2018, p.29),
afirmam que os meios de comunicação são muito importantes. Estes podem influenciar diretamente a
posição individual face à problemática. As autoras afirmam, também, que os jornais adotam uma
postura moderada, podendo resultar numa postura de esperança na resolução do problema, enquanto a
televisão demonstra uma postura mais dramática.
Num estudo de início dos anos dois mil, Lázaro et al. (2007, p.2) afirmam que algumas pesquisas
demonstram que os indivíduos estão dispostos a realizar alguns sacrifícios pessoais, mas não estão de
acordo com medidas que impliquem alterações na conveniência e conforto da sua vida quotidiana. No
mesmo estudo (Lázaro et al., 2007, p.3), os inquiridos consideraram que a procura de soluções para a
mitigação das AC deverá ser da responsabilidade do cidadão e de instituições de diversas naturezas.
Consideraram, ainda, que deve ser da responsabilidade individual a redução do consumo de energia
doméstica e do uso do automóvel, a aquisição de eletrodomésticos energeticamente mais eficientes e
a diminuição do consumo (Lázaro et al., 2007, p.5). Existia uma perceção generalizada de que as AC
são um acontecimento remoto no espaço e no tempo, que afeta apenas as gerações futuras e outros
11
países, podendo constituir a principal barreira face à preocupação com as AC (Cabecinhas et al., 2011,
p.179).
Também num estudo realizado por Cabecinhas et al. (2011, p.184) os indivíduos apresentaram-se na
sua condição de potenciais vítimas das AC, deixando de parte a sua condição enquanto potenciais
agentes de mitigação.
Abordando as práticas de mitigação, os portugueses manifestam ser menos ativos do que a média dos
europeus, aproximando-se deles apenas nos hábitos de reciclagem e de redução do consumo da água
e da energia (Schmidt & Delicado, 2014, p.27). Mas a participação social é fundamental para que as
políticas públicas ambientais sejam bem-sucedidas. O conhecimento da opinião pública sobre o
ambiente, nomeadamente as perceções, as preocupações e as práticas dos indivíduos, é fundamental
na construção de políticas (Schmidt & Delicado, 2014, p.31).
Com efeito, muitas metas foram atingidas em pouco tempo mas, naquilo que diz respeito às mudanças
de comportamentos e práticas quotidianas, as mudanças não ocorreram com a velocidade expectável
(Schmidt & Delicado, 2014, p.107). Ainda muita coisa está por descobrir acerca das perceções sobre
as AC, e é importante perceber que hábitos as pessoas estão dispostas a alterar, analisando se as
palavras correspondem às ações.
Como se observa, o assunto desenvolvido ao longo deste trabalho é vasto, existindo diversas
perspetivas e abordagens acerca das AC, das suas consequências e das formas de solucionar os seus
impactos. Nesta investigação, iremos apenas debruçar-nos sobre os seguintes pontos: (1) o nível de
conhecimento que a população tem acerca das AC; (2) a avaliação de políticas ambientais; (3) a visão
sobre o futuro ambiental; e (4) as práticas de mitigação das AC. Isto torna-se necessário, uma vez que,
atualmente, tanto as AC, como a sustentabilidade têm cada vez mais visibilidade e, por isso, é essencial
perceber a sensibilidade, o conhecimento e os pontos de vista que estes sujeitos apresentam em relação
a esta temática.
12
− A população considera que as autoridades políticas estão a desenvolver medidas pouco
adequadas para desenvolver o combate às alterações climáticas;
− A visão acerca das alterações climáticas e o futuro ambiental varia em função do conhecimento;
− A adoção de práticas que ajudam no combate às alterações climáticas varia em função do grau
de preocupação com as alterações climáticas.
3. Metodologia
Para a realização deste projeto foram utilizadas duas técnicas de pesquisa: a revisão de literatura e o
inquérito por questionário. O nosso estudo é quantitativo, uma vez que nos permite recolher
informação em extensão, acerca das perceções e práticas de uma determinada população face às AC.
Numa fase inicial, procedemos à pesquisa bibliográfica tendo como objetivo aprofundar os
conhecimentos existentes acerca das AC. Para esta fase, recorremos a diversos artigos sobre o tema
que nos permitiram desenvolver a base teórica do projeto. Recorremos a Estratégias de Municipais de
Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC) publicados por câmaras municipais das cidades de
Lisboa, Porto, Braga e Viana do Castelo, o que nos permitiu compreender o que estava a ser feito e o
que ainda deveria ser feito para mitigar as AC. Estas referências foram compiladas no programa
Mendeley.
O Eurobarómetro e o INE foram as bases de dados utilizadas para a recolha de informação estatística,
fornecendo-nos dados acerca do panorama europeu e português sobre o consumo e as perceções das
AC, possibilitando a compreensão do contexto atual.
Numa segunda fase, com o intuito de avaliar a perceção pública face às AC, foi aplicado um inquérito
por questionário à população (ver Anexo 1), com a finalidade de auscultar a população sobre algumas
dimensões das AC.
13
3.3.1. Estrutura do questionário
Este inquérito por questionário divide-se em seis dimensões: (1) dados de caracterização do inquirido;
(2) conhecimento acerca das AC; (3) avaliação de políticas; (4) visão dos inquiridos face às AC; (5)
práticas de mitigação das AC por parte dos inquiridos; (6) sugestões dos inquiridos.
Realizou-se uma fase de pré-teste, com vista a reconhecer antecipadamente a existência de questões-
problema, avaliando a receção do questionário por parte do inquirido – com foco na extensão,
dificuldade e acessibilidade. Na fase de pré-teste recorreu-se a uma amostra de 14 inquiridos, com
diferentes caracterizações, procurando ao máximo uma amostra representativa. Após esta fase pôde-
se alterar, acrescentar e excluir questões e respetivas opções de resposta.
A versão final do questionário foi aplicada em contexto online, sendo administrado através do Google
Forms e divulgado através de e-mails e redes sociais. Este ficou disponível a respostas no período de
16 de novembro de 2022 a 1 de dezembro de 2022. Ao questionário responderam 506 pessoas.
3.3.3. Amostragem
Dado o caráter exploratório do trabalho, elaboramos uma amostra não probabilística, através do envio
do questionário online. Considerando a fórmula de cálculo de amostras e o número de habitantes em
Portugal- censos de 2021 (10344802, total da população), a amostra está ligeiramente acima do
resultado do cálculo2 (385), para intervalo de confiança de 95%, este intervalo representa a margem
de incerteza do cálculo que efetuamos. Todavia, este tipo de amostragem contém muitas limitações,
desde logo potenciadas pelo facto de não haver meio de controlo da qualidade de preenchimento do
questionário, nem controlo sobre quem preenche, havendo riscos de sobrerrepresentação de algumas
categorias e/ou grupos que se refletem na análise e que são evidentes (por exemplo, em relação ao
género e idade).
z 2 *[ p * (1 − p)]
2
Fórmula de cálculo da amostra com base na proporção populacional n =
e2
14
3.3.4. Técnica de tratamento de dados
Primeiramente, recorremos ao Google Forms, que tem uma ferramenta que permite a observação de
todos os dados que foram obtidos em tempo real. Permite ainda passar todos os dados recolhidos para
Excel, construindo assim uma primeira base de dados. Os dados que foram passados para o Excel
foram posteriormente transferidos para SPSS. Este software permitiu-nos a análise dos dados e retirar
algumas conclusões sobre o tema em análise.
3.4. Limitações
O inquérito por questionário, embora seja um instrumento de recolha e análise de informação muito
utilizado, apresenta limitações. Com a aplicação do nosso inquérito ressaltamos as limitações que se
seguem. As pessoas hesitam na abertura do link que permite aceder ao questionário com receio que se
trate de um vírus. Outra das limitações relaciona-se com o tempo, ou seja, consideramos que deve
existir um maior período de tempo, quer para a construção do questionário, quer para o período em
que este se encontra aberto a respostas, do que aquele que tivemos. O facto de a amostra ser não-
probabilística apresenta-se também como uma das limitações do estudo. Por fim, uma outra limitação
tem a ver com espaço que é destinado ao registo da resposta; a utilização de escalas acaba por ser
inibidor da qualidade da resposta.
4. Apresentação de resultados
4.1. Caraterização da amostra
No total, obtivemos 506 respostas válidas, sendo apenas utilizadas 501 para fins de análise. A maioria
dos inquiridos (61,9%) é do género feminino (tabela 1). As idades predominantes estão compreendidas
entre os 18 e os 25 anos (36,4%) e entre os 46 e os 55 anos (21,2%). Podemos também concluir que a
grande maioria dos inquiridos (97,4%) tem idade inferior a 65 anos, sendo o intervalo dos 18 aos 65
anos o que tem mais peso na amostra (tabela 2).
15
Tabela 1. Género
Género N %
Feminino 310 61,9
Tabela 2. Idade
Masculino 185 36,9
Outro 6 1,2 Idade (anos) N %
Total 501 100,0 18-25 181 36,4
Uma grande parte dos inquiridos tem o ensino superior (59,8%), e 3,8% apenas concluiu o ensino
básico (1º, 2º e 3º ciclo) (tabela 3). Dos inquiridos, 28,5% são estudantes, seguido da classificação
profissional “especialistas das profissões intelectuais e científicas” (25,2%), sendo utilizada a matriz
de construção do indicador individual de classe para classificar em categorias definidas as profissões
dos inquiridos.
Tabela 3: Habilitações literárias
Habilitações
N %
literárias
1º,2º, 3º Ciclo 19 3,8
Ensino secundário 180 36,0
Ensino superior 299 59,8
Outro 2 0,4
Total 500 100,0
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022). Não respostas=1.
O distrito de Braga é dominante (68,4%), seguido do distrito do Porto (16,9%). Existem inquiridos
que não habitam em Portugal, e que se encontram na categoria “outro” (3,2%) (gráfico 1).
16
Gráfico 2: Distrito de proveniência
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022)
O grau de conhecimento da população sobre as AC é a primeira dimensão sobre a qual nos debruçamos.
Os resultados indicam que 78,2% diz conhecer “bem” e “muito bem”, e apenas 0,4% afirma conhecer
“muito mal”, o que confirma a hipótese de que a população se sente informada sobre as AC.
Tabela 4: Grau de conhecimento sobre as AC
17
entre o conhecimento sobre as AC e o género, pelo menos nesta amostra, o que é revelado na análise
estatística.
Tabela 5: Género e grau de conhecimento sobre as AC
Total 2 0,4 7 1,4 100 20,0 195 38,9 197 39,3 501 100,0
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022). Coeficiente de contingência= 0,085 (p=0,886)
No que diz respeito à relação entre o conhecimento dos inquiridos e a idade dos mesmos, verifica-se
que, em todas as faixas etárias a maioria conhece “muito bem” ou “bem” este fenómeno, incluindo
indivíduos com mais de 65 anos. A análise estatística revela não haver praticamente associação entre
as variáveis.
Tabela 6: Idade e grau de conhecimento sobre as AC
Grau de conhecimento
Muito mal Mal Razoavelmente Bem Muito Bem Total
Idade (anos)
N % N % N % N % N % N %
18-25 1 0,2 1 0,2 26 5,2 71 14,3 82 16,5 181 36,4
26-35 0 0,0 0 0,0 12 2,4 38 7,6 27 5,4 77 15,5
36-45 0 0,0 1 0,2 22 4,4 29 5,8 32 6,4 84 16,9
46-55 1 0,2 1 0,2 26 5,2 39 7,8 39 7,8 106 21,3
56-65 0 0,0 3 0,6 10 2,0 14 2,8 9 1,8 36 7,2
65< 0 0,0 1 0,2 3 0,6 3 0,6 6 1,2 13 2,6
Total 2 0,40 7 1,4 99 19,9 194 39,0 195 39,2 497 100,0
Fonte: : Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022). Não respostas=4. V de Cramer =0,133 (p=0,020)
No que concerne ao grau de conhecimento sobre as AC, a maioria de quem tem ensino Superior
(43,5%) e ensino Secundário (35%), demonstra conhecer “muito bem” o fenómeno, pelo que não se
verificam grandes discrepâncias. Dentro do conjunto da habilitação literária 1º, 2º e 3º ciclo o grau de
conhecimento é mais baixo e apenas 15,8% admite conhecer muito bem o fenómeno, o que sugere que
18
quem tem um nível mais elevado de escolaridade, possa indicar ter mais conhecimento acerca do tema,
ainda que estatisticamente não obtenhamos um valor significativo.
Tabela 7: Grau de conhecimento sobre as AC e habilitações literárias
Habilitações literárias
Ensino
1º,2º e 3º Ciclo Ensino superior Outro Total
Grau de conhecimento secundário
sobre as AC N % N % N % N % N %
Quanto ao grau de preocupação, 40,9% dos inquiridos dizem estar “muito” preocupados. Apenas 0,6%
assinalam não estar “nada” preocupados com as AC, o que não confirma, nem refuta a hipótese de que
“a população está preocupada com as AC”.
Se analisarmos a variável da preocupação com as AC, juntamente com o conhecimento sobre o mesmo
fenómeno (tabela 8), verificamos que, do total que se encontram extremamente preocupados
relativamente às AC, 115 (62,5%) afirmam saber “muito bem” o que é este fenómeno, enquanto
apenas 6 inquiridos que dizem estar “nada” ou “pouco” preocupados com as alterações climáticas,
19
afirmam conhecer “bem” ou “muito bem” este fenómeno. A análise estatística sugere uma relação de
associação entre as duas variáveis.
Total 2 0,4 7 1,4 100 20,0 195 38,9 197 39,3 501 100,0
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022). Coeficiente de contingência= 0,588 (p<0,001).
Observa-se que 26,7% pessoas do total que se identificam com o género feminino encontram-se
“extremamente” preocupados, representando 43,2% do total neste grupo. Do total de inquiridos de
género masculino, 9,2% assinalam estar “extremamente” preocupados, o que representa uma
percentagem de 24,9% do total neste grupo.
É de referir, no entanto, que a maioria dos inquiridos do género masculino afirma estar “muito”
preocupado, o que representa 43,2% do total deste grupo, enquanto a maioria das mulheres se encontra
“extremamente” preocupada, o que dá consistência à hipótese em estudo, ainda que o coeficiente de
contingência não atinja um valor elevado.
Tabela 9: Grau de preocupação com as AC e género
Género
20
Não tenho opinião 0 0,0 2 0,4 0 0,0 2 0,4
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022). Coeficiente de contingência= 0,259 (p<0,001)
No grupo dos indivíduos que utilizam as redes sociais e televisão, 38,9% encontra-se extremamente
preocupado. Entre quem utiliza jornais e revistas, 39,3% está extremamente preocupado com as AC;
e, por fim, 51,8% dos indivíduos que utilizam artigos científicos, livros, debates, palestras e
documentários como fonte de informação afirmam-se extremamente preocupados, o que indica
inexistência de variações atribuíveis às fontes de informação. Todavia, é de destacar o facto de as redes
sociais e a televisão serem apontadas como os meios de informação mais utilizados quando procuram
informações (342 inquiridos, ou seja 68,5%). Os 34 inquiridos que responderam que “não procuram”
(6,8%) qualquer informação sobre este tópico são, maioritariamente, do intervalo dos 18 aos 25 anos
(2,8%) e têm o ensino superior (4,4%).
Gráfico 3: Meios de informação utilizados para procurar informação sobre AC
500 474 471 465
450
400 364
342
350 306
300
250 193
200 157
135
150
100 34
25 28
50
0
Redes Sociais e Jornais e Artigos Familiares Outro Não procuro
TV Revistas científicos,
livros, debates,
palestras e
documentários
Sim Não
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022)
21
4.4. Avaliação de políticas
Outra das dimensões do estudo é a avaliação de políticas, regionais e nacionais, de mitigação das
alterações climáticas. Os inquiridos consideram que as medidas são “nada adequadas” e “pouco
adequadas” a nível nacional (79,7%) e “nada adequadas” e “pouco adequadas” (70,3%) a nível
regional, o que confirma a nossa hipótese.
Tabela 10: Adequação das medidas regionais de combate às AC
22
Da lista de medidas apresentada aos inquiridos para que considerassem se cada medida era necessária
ou não em Portugal, verifica-se que todas as faixas etárias, de forma geral, classificaram todas as
medidas da lista como sendo necessárias, sobressaindo-se a faixa dos 18 aos 25 anos pelas maiores
percentagens. Ao analisarmos estas questões e comparando-as com o conhecimento acerca das AC,
verifica-se que, embora a reflorestação das florestas e restauração dos ecossistemas danificados seja a
medida considerada necessária por mais pessoas, a maioria que concordou, apenas conhece “bem” as
AC, 192 inquiridos (39,8%) O mesmo acontece com a construção de edificações e infraestruturas mais
seguras e sustentáveis: a maioria dos inquiridos que responde “sim” (89,5%) admite conhecer “bem”
o fenómeno (39%)).
Das restantes medidas da lista, que em maior ou menor grau foram consideradas como necessárias,
verifica-se que os indivíduos que responderam afirmativamente à necessidade destas, apresentam um
grau de conhecimento sobre as AC “muito bom”: por exemplo, da adoção de práticas de mobilidade
sustentável, 191 inquiridos (39,7%); da promoção da sustentabilidade alimentar, do consumo
responsável e da regra dos 3R’s, 191 inquiridos (39,9%); da taxação do uso de combustíveis fósseis e
dos mercados de emissões de CO2, 120 inquiridos (42,3%); e, por fim, da diminuição do consumo de
carne, 131 inquiridos (42,7%).
Nesta linha, sobre as hipóteses que sugerem que a classificação das diferentes medidas como sendo
necessárias em Portugal varia em função do grau de conhecimento e de preocupação acerca das AC,
pode dizer-se que as medidas que possuem maior número de inquiridos a considerá-las como
necessárias apresentam o maior número de inquiridos a afirmar conhecer “muito bem” o fenómeno
das AC. No entanto, as medidas que possuem menor número de inquiridos a considerá-las como
necessárias são as que têm o maior número de inquiridos extremamente preocupados com o fenómeno.
A visão sobre as AC é “negativa” ou “bastante negativa” – 77,1% do total de respostas. Apenas 16,8%
dos inquiridos afirma ter uma visão mais positiva. Dos 62,5% que apresentam uma visão “negativa”
sobre o fenómeno, 204 (65,4%) inquiridos são do género feminino e 106 (34%) do género masculino.
Um total de 246 inquiridos (49,3%) sabe bem ou muito bem o que são as alterações climáticas e
apresentam uma visão negativa acerca das alterações climáticas e o futuro ambiental. Por sua vez, os
inquiridos que tem uma visão positiva também afirmam tendencialmente estarem bem informados. A
análise estatística revela alguma associação entre as variáveis, ainda que não significativa.
23
Tabela 12: Visão sobre o ambiente e conhecimento sobre as AC
Negativa 1 0,2 1 0,2 64 12,8 126 25,3 120 24,0 312 62,5
Constata-se que a hipótese “a população admite valorizar mais o preço e a marca, aquando da compra
de um produto” é confirmada tendo em conta a valorização do preço, uma vez que 393 inquiridos
(78,4%) nomearam este aspeto, mas refutada relativamente à marca, pois o segundo aspeto mais
valorizado a seguir ao preço é o “ser sustentável, mesmo que seja mais caro”, com 163 inquiridos
(32,5%) a nomearem este aspeto. Na categoria “outro”, a opção mais mencionada foi a “qualidade”,
seguida de “informações nutricionais e ingredientes” e de “relação preço/qualidade”, o que nos mostra
que as questões relacionadas com a sustentabilidade não têm um grande peso na decisão de compra
dos inquiridos.
Tabela 13: Aspetos que são considerados aquando da compra de um produto
24
Dos indivíduos que demonstram que o “preço” é um dos aspetos que mais pesa na sua decisão de
compra, verifica-se que maioritariamente o seu grau de conhecimento das AC, se situa no “bem”. Já
os indivíduos que valorizam o “ser sustentável, mesmo que seja mais caro”, situam o seu conhecimento
no “muito bem”.
No que diz respeito aos comportamentos adotados que visem ajudar no combate às AC, 399 pessoas
(79,6%) admitem que já adotaram “em parte” alguns comportamentos. No entanto, 47 inquiridos
(9,4%) responderam não ter adotado comportamentos que auxiliem a mitigar as AC. 9 inquiridos não
adotaram qualquer comportamento e, no entanto, dizem-se extremamente preocupados com o
fenómeno. Em contrapartida, a maioria dos inquiridos que afirmam estar extremamente preocupados
apenas adotou comportamentos, em parte. A análise sugere que há uma associação entre ambas as
variáveis
Tabela 14: Grau de preocupação com as AC e adoção de comportamentos que ajudem no combate às AC
Aos indivíduos que responderam que já tinham adotado algum comportamento quanto às AC, foi
pedido que identificassem os comportamentos adotados. Uma grande maioria identifica a “redução de
resíduos domésticos e o consumo de descartáveis (p.e. sacos de plástico e fez reciclagem)” (74,1%),
seguido pela redução do consumo de energia (47,5%) e de água (39,9%). Verificamos ainda que os
comportamentos que os inquiridos menos adotam são: o consumo de produtos biológicos e a
diminuição do consumo de carne (31,5%).
25
4.6.2. Participação em movimentos
Um total de 473 (94,4%) inquiridos não participam em qualquer tipo de movimento ou associação
relacionado com as AC. E em relação às mais recentes manifestações/ações de estudantes sobre as AC
foi pedido que apontassem o seu grau de concordância com as mesmas. A maioria (192 inquiridos,
38,6%) afirmou “concordar em parte” e apenas uma pequena parte (58 pessoas, 11,7%) mencionou
“discordar totalmente”. Dos 192 (38,6%) inquiridos que concordam em parte com as manifestações,
128 são do género feminino (25,8%%) e 64 são do género masculino (12,9%). A análise estatística
revela uma fraca associação entre as variáveis, praticamente inexistente.
Tabela 15: Grau de concordância com as recentes manifestações/ações de estudantes sobre as AC e género
Género
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022). Não respostas=4. Coeficiente de contingência= 0,265
(p<0,001)
5. Discussão
O estudo demonstra que a população, independentemente da idade, afirma ter conhecimento do que
são as AC, o que em parte contraria a ideia de MacKerron et al. (cit. Polonsky et al., 2011, pp.596-
597), que consideram o grau de escolaridade como um possível elemento de influência para um maior
conhecimento ambiental.
26
Associados ao conhecimento estão os meios de informação; as redes sociais e a televisão são o
principal meios de comunicação através do qual os inquiridos procuram informar-se. A proeminência
destes meios corrobora o entendimento de Carvalho e Pereira (cit. Balbé, 2018, p.29) segundo os quais,
os jornais impressos adotam uma postura mais moderada, comparativamente à televisão que tende a
ser mais dramática, gerando mais preocupação, ainda que esta possa ser causada por informação
deficiente que circula no espaço mediático. O certo é que apesar de o grau de informação ser
aparentemente alto, uma boa parte dos indivíduos não adota medidas para mitigar estas alterações, ou
não se preocupa sequer com esta problemática e os seus efeitos catastróficos. No que concerne à
avaliação de políticas, tal como Carvalho (2011a, p.34) nos diz, diversos governos promovem opções
de mobilidade menos sustentáveis em detrimento de opções mais sustentáveis. Corroborando esta
ideia, pode ser um dos motivos que leva os inquiridos do nosso estudo a avaliar as políticas de
mitigação nacionais e regionais como desadequadas.
Um resultado bastante estranho, é o facto de 197 inquiridos estarem “muito bem” informados acerca
do fenómeno, mas menos de metade admitirem que reduzem, por exemplo, o consumo de carne.
Segundo se estima, 14,5% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa são provenientes do
sector pecuário (Bonny, et al., 2017, cit. Bernardes, et al., 2021, p.5). Isto sugere-nos dificuldades
adicionais, face à mudança de práticas.
Da lista apresentada aos inquiridos para que classificassem que medidas consideravam necessárias em
Portugal, verifica-se que, embora todas as medidas tenham obtido uma maioria de respostas
afirmativas, existem perguntas com maiores percentagens de aceitação e outras perguntas com menor
aceitação por parte dos inquiridos. Uma medida que se revela curiosa é a de evitar o uso do carro
sempre que possível, que obteve 92,2% de respostas afirmativas, o que revela que os inquiridos
acreditam que esta medida é necessária. Mas, quando perguntados sobre que medidas já adotaram,
apenas 35,7% afirma que de facto passou a utilizar menos o automóvel privado, verificando-se então
uma incongruência entre atitudes e palavras. Podem existir diversas causas que expliquem isto, sendo
uma delas o facto de que muitos ainda consideram a redução destes consumos (a utilização do
automóvel nesta situação) como um recuo a uma situação de pobreza e de escassez (Schmidt &
Delicado, 2014, p.70), ou então, pode dever-se simplesmente ao conforto associado à utilização do
carro.
Estas inferências, ainda que limitadas, tendo em conta a metodologia que seguimos e a reduzida
extensão do leque de perguntas utilizadas, mostram-nos o interesse que há em identificar e
compreender de forma mais aprofundada a forma como as pessoas de facto avaliam e percebem as
AC, pois aí reside em grande parte a possibilidade de mudanças políticas adequadas. Efetivamente,
27
ainda que o nível de preocupação manifesto seja elevado, o certo é que as disposições para mudar,
continuam a revelar muitas dificuldades. Na sequência dos dados que recolhemos, revelar-se-ia
importante aprofundar mais as diferenças de género no que se refere à forma como se percebem as
AC, mas também aos efeitos que se estimam que venham a ter para a sociedade, trazendo diferenças e
desigualdades de género. Por último, outra limitação reside na restrição da extensão do trabalho , que
acabou por ser uma condicionante, já que não nos foi possível incluir mais informação acerca do
estudo, ainda que a tenhamos obtido e analisado.
Para terminar a discussão, e tendo em conta futuras pesquisas, propomos que sejam avaliados pontos
que acabaram por não ser abordados tão afincadamente ao longo da investigação, tais como perceber
até que ponto os indivíduos classificam as AC como o problema mais grave no mundo, no contexto
atual; abordar em maior escala os movimentos ambientalistas, como por exemplo manifestações;
verificar a frequência com que os indivíduos se procuram informar acerca das AC; conhecer a
disposição dos inquiridos para a adoção de hábitos sustentáveis; e, por fim, abordar os objetivos de
desenvolvimento sustentável, uma vez que em relação a estes ainda existe muito desconhecimento.
Conclusão
Muitos objetivos foram cumpridos em pouco tempo, mas devemos ressaltar que as mudanças de
práticas quotidianas, não ocorreram com a velocidade desejada (Schmidt & Delicado, 2014, p.107).
Ainda há muito por descobrir acerca das perceções sobre as AC, e é muito importante perceber que
hábitos as pessoas estão dispostas a alterar, reconhecendo se de facto as palavras correspondem às
ações, algo que não se verificou neste trabalho, pois as pessoas classificaram as medidas da lista
apresentada como sendo necessárias, mas, não as aplicam no quotidiano.
Para que possamos combater as AC, e ocorram mudanças significativas, cada um de nós precisa de
compreender o seu papel nesta crise ambiental. Com o nosso trabalho não pretendemos, apenas,
responsabilizar individualmente cada um, mas ao mesmo tempo, sensibilizar a população global e as
autoridades políticas de cada país e região para que atuem em conformidade com o cenário que
vivemos.
Na perspetiva do grupo, uma questão que faltou responder é de que forma é que conhecendo as
perceções dos indivíduos podemos alterar os comportamentos, e também as perceções dos mesmos
sobre o fenómeno. Falta informação que nos leve a compreender porque é que, por exemplo, a
reciclagem obteve grandes apoiantes e outras medidas não. Embora a poluição tenha resultados
devastadores, ao observar as percentagens de responsabilidade de cada ação nas AC, a reciclagem não
28
é a que tem maiores percentagens. Se as pessoas se mostram disponíveis para adotar esta medida,
porque não outras? Porque é que se fala tanto da reciclagem e tão pouco de outras medidas? A
reciclagem é importante, isso é certo, mas por si só não será nunca suficiente.
Concluindo, de nada adianta ter encontros ambientais, se o que for discutido lá apenas ficar no papel.
É necessário que os representantes políticos de cada país assegurem a aplicação dos objetivos e
medidas discutidos. É urgente que cada um de nós exprima a preocupação que tem sobre o fenómeno
através de ações concretas e eficazes, tentando retroceder as consequências devastadoras já provocadas
no ambiente pelos nossos comportamentos.
Concluindo, no livro “A vida que podemos salvar”, de Peter Singer (2009), o autor apresenta a seguinte
ideia: um homem acaba de comprar um carro topo de gama e estaciona-o numa linha de comboio.
Enquanto passeia vê uma criança a brincar nos carris, e ao mesmo tempo repara que um comboio
transviado se aproxima. Sabe que se acionar a agulha que desviará o comboio para outra linha salvará
a criança, mas nesse caso o seu carro ficaria destruído. Enfrenta-se então com a escolha de salvar a
criança ou de salvar o carro. A maioria de nós certamente pensaria que salvaria a criança, ou pelo
menos diria que o faria, mas a realidade é que na prática as coisas não acontecem assim. Com as AC
o mesmo acontece: o comboio são as consequências provocadas pelas AC, o carro é tudo aquilo que
decidimos pôr à frente do ambiente (consumos, bem-estar, etc…) e a criança é o ambiente. O que é
que cada um de nós salvaria? Ou melhor, o que é que cada um de nós está a salvar?
Referências Bibliográficas
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Tese de Doutoramento em Ciências da Comunicação, Instituto de Ciências Sociais da Universidade
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Bernardes, Ó., Amorim, V., & Sliusarenko, A. (2021). O impacto da substituição de carne na
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Cabecinhas, R., Carvalho, A., & Lázaro, A. (2011). Representações sociais sobre alterações
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Coimbra: Grácio Editor: 177-194. Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/16156
29
Carvalho, A. (2011a). Entre a Ciência e a Política: A emergência das alterações climáticas como uma
questão pública. In Carvalho, A.(Org.). (2011). As alterações climáticas, os Media e os Cidadãos
(1ªed). Coimbra: Grácio Editor: 23- 39. Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/16156
Carvalho, A. (2011b). Discursos de actores sociais sobre alterações climáticas. In Carvalho, A.(Org.).
(2011). As alterações climáticas, os Media e os Cidadãos (1ªed). Coimbra: Grácio Editor: 43-65.
Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/16156
Comissão Europeia (CE). (2021). European perceptions of climate change. Special Eurobarometer
513, 1-4. Disponível em: https://climate.ec.europa.eu/system/files/2021-06/pt_climate_2021_en.pdf
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Aveiro, 1: 272-278. Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/9366
Lázaro, A., Cabecinhas, R., & Carvalho, A. (2011). Uso dos media e envolvimento com as alterações
climáticas. In Carvalho, A.(Org.). (2011). As alterações climáticas, os Media e os Cidadãos (1ªed).
Coimbra: Grácio Editor: 195-222. Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/16156
30
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nao-e-boa-para-o-ambiente-mas-pode-deixar-pistas-para-um-futuro-sustentavel/
Pereira, T. (2015). Uso Eficiente da Água no Contexto das Alterações Climáticas. Dissertação de
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Disponível em: https://hdl.handle.net/1822/40630
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Rocha, C. (2015). Percepções sociais dos portugueses face aos riscos associados às alterações
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http://hdl.handle.net/10773/15155
Schmidt, L., & Delicado, A. (2014). Ambiente, alterações climáticas, alimentação e energia: a opinião
dos portugueses (1ªed.). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10451/10847
Schmidt, L., Delicado, A., & Junqueira, L. (2021). Políticas de alterações climáticas em Portugal:
posicionamentos e redes de relações dos atores institucionais. Análise Social, (240), 470-497.
Disponível em: http://hdl.handle.net/10451/50814
Singer, P. (2009). The life you can save – acting now to end world poverty. Publicado por Random
House.
United Nations (UN). (2022). Portugal: Accelerate rights-based climate and environmental action, says
UN expert. Disponível em: https://www.ohchr.org/en/press-releases/2022/09/portugal-accelerate-
rights-based-climate-and-environmental-action-says-un
31
Anexos
Tendo tomado conhecimento sobre a informação acerca do estudo, declaro que tenho mais de 18 anos
e que aceito participar nesta investigação.
a) Li e aceito os termos de consentimento
b) Li e não aceito os termos de consentimento
I. Caracterização
Habilitações literárias:
o 1º Ciclo (4º ano)
o 2º Ciclo (6º ano)
o 3º Ciclo (9º ano)
o Ensino Secundário (12ºano)
o Bacharelato
o Licenciatura
o Mestrado
o Doutoramento
o Outro
Atividade profissional (por favor, indique):____________________________________________
Indique a cidade/vila/aldeia onde reside (permanente):__________________________________
Ano de Nascimento: _______________
Género:
o Feminino
o Masculino
o Outro
32
o 1 (muito mal)
o 2 (mal)
o 3 (razoavelmente)
o 4 (bem)
o 5 (muito bem)
2- Está preocupado(a) com as alterações climáticas?
o 1 (nada) (passe à pergunta 6)
o 2 (pouco)
o 3 (razoavelmente)
o 4 (muito)
o 5 (extremamente)
o Não tenho opinião
3- Normalmente, através de que meio procura informação sobre alterações climáticas? Indique apenas
uma das seguintes opções.
o Redes sociais e televisão
o Jornais e revistas
o Artigos científicos, livros, debates, palestras e documentários
o Familiares
o Outro(s)
o Não procuro
o Sim
Diminuir o consumo de carne o Não
o Sem opinião
o Sim
Evitar o carro sempre que possível o Não
o Sem opinião
o Sim
Adotar de práticas de mobilidade sustentável (pedonal, ciclável e
o Não
transportes públicos)
o Sem opinião
33
o Sim
Melhorar a eficiência energética e apostar nas energias renováveis contra
o Não
os combustíveis fósseis.
o Sem opinião
o Sim
Promover a sustentabilidade alimentar, o consumo responsável e a regra
o Não
dos 3R (reduzir, reutilizar e reciclar)
o Sem opinião
o Sim
Taxar o uso de combustíveis fósseis e dos mercados de emissões de CO2. o Não
o Sem opinião
o Sim
Construir edificações e infraestruturas mais seguras e sustentáveis. o Não
o Sem opinião
o Sim
Reflorestar as florestas e restaurar os ecossistemas danificados. o Não
o Sem opinião
o Sim
Diversificar os cultivos para que se adaptem melhor a climas mais
o Não
mutáveis.
o Sem opinião
o Sim
Pesquisar e desenvolver soluções inovadoras para a prevenção e gestão de
o Não
catástrofes naturais.
o Sem opinião
8- Na compra de um produto, quais os aspetos que pesam mais na sua decisão de compra? Indique
apenas dois aspetos.
o O preço
o A marca
o A forma
o Ser sustentável, mesmo que seja mais caro
o Nenhum destes
o Outro
8.1. Se respondeu “outro” à alínea anterior, indique o(s) aspeto(s) pesam na sua decisão de compra
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9- Neste momento, sente que já adotou comportamentos que ajudam no combate às alterações
climáticas?
o Não completamente
o Sim, em parte
o Sim, totalmente
o Prefiro não responder
9.1.Se respondeu afirmativamente à alínea anterior, indique dois desses principais comportamentos.
34
o Reduziu os resíduos domésticos e o consumo de descartáveis (p.e. sacos de plástico) e fez reciclagem
o Consumiu produtos biológicos e uma menor quantidade de carne
o Passou a utilizar menos o automóvel privado e a andar a pé, bicicleta, transportes públicos, partilha de
automóvel, etc…
o Reduziu o consumo de água
o Reduziu o consumo de energia
o Outro
VI. Sugestões
Por favor, acrescente toda a informação que considere necessária sobre o tema.
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Se concordar, ou estiver aberto/a à possibilidade de o/a entrevistarmos sobre o mesmo tópico, indique
o seu endereço email.
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Anexo 2: Tabela de perguntas e hipóteses
Tabela 16: Hipóteses e perguntas
f) Licenciatura
36
desenvolver o combate às b) Pouco adequadas
c) Muito adequadas
alterações climáticas
d) Totalmente adequadas
e) Não sei
6- Tendo em conta as seguintes
medidas, indique se as classifica como
necessárias em Portugal
a.1 A população considera a
6.1. Diminuir o consumo de carne.
diminuição do consumo de carne
a) Sim
como necessário em Portugal b) Não
c) Sem opinião
a.2 A população considera evitar 6.2. Evitar o uso do carro, sempre que
o uso do carro, sempre que possível.
a) Sim
possível, como necessário em b) Não
Portugal c) Sem opinião
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a) Sim
b) Não
a.8 A população considera a
c) Sem opinião
reflorestação das florestas e a
restauração dos ecossistemas 6.10. Pesquisar e desenvolver soluções
inovadoras para a prevenção e gestão
danificados como necessárias em de catástrofes naturais.
Portugal a) Sim
b) Não
c) Sem opinião
a.9 A população considera a
diversificação dos cultivos para a
adaptação eficaz a climas mais
mutáveis como necessária em
Portugal
7. Considerando as alterações
Visão sobre as alterações
climáticas e o futuro ambiental, a sua
climáticas visão é:
a) Bastante negativa
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a. As pessoas consideram que a b) Negativa
c) Indiferente
sua visão das alterações
d) Positiva
climáticas é negativa e) Bastante positiva
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como a redução do consumo de e) Reduziu o consumo de energia.
f) Outro
água
40
Anexo 3: Tabelas e gráficos adicionais
Tabela 17: Atividade profissional
Atividade Profissional N %
Quadros superiores da administração pública, dirigentes e quadros
45 9,4
superiores de empresas
Especialistas das profissões intelectuais e cientificas 121 25,2
Técnicos e profissionais de nível intermédio 25 5,2
Pessoal administrativo e similares 42 8,8
Pessoal dos serviços e vendedores 51 10,6
Operários, artífices e trabalhadores similares 7 1,5
Trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio 26 5,4
Trabalhadores não qualificados da construção, indústria e
1 0,2
transportes, artífices e trabalhadores similares
Estudante 137 28,5
Aposentado 11 2,3
Outro 14 2,9
Total 480 100,0
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022). Não respostas=21
Idade
41
Não tenho opinião 1 0,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,2 0 0,0 2 0,4
Total 181 36,4 77 15,5 84 16,9 106 21,3 36 7,2 13 2,6 497 100,0
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022). Não respostas=4. Coeficiente de contingência= 0,257
(p<0,87)
42
Gráfico 4: Medidas adotadas
Outro 489
12
Não Sim
Fonte: Inquérito por questionário à população, no âmbito de Projeto e Prática em Sociologia (2022)
43