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Fundamentos Da Educação Ambiental
Fundamentos Da Educação Ambiental
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
2ª Edição
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
ISBN 978-65-5646-036-9
ISBN Digital 978-65-5646-037-6
CDD 304.2
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
NATUREZA, AMBIENTE E MEIO AMBIENTE: ENTENDENDO E
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................................................7
CAPÍTULO 2
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CAMPO TEÓRICO EM
CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS,
EPISTEMOLÓGICOS E CONCEITUAIS.........................................53
CAPÍTULO 3
EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE...................................103
APRESENTAÇÃO
Essa disciplina foi estruturada com o objetivo de apresentar e problematizar
os principais conceitos pertencentes à Educação Ambiental, suscitando reflexões
e contextualizações com problemas e exemplos reais, de modo que você, aluno,
possa identificar as questões abordadas em seu cotidiano. Como futuro gestor
ambiental é muito importante que você compreenda a relação homem-ambiente
e, então, aplique esse entendimento em situações profissionais diversas como:
criação e acompanhamento de projeto sobre Educação Ambiental em diferentes
cenários; consultorias ambientais ou recuperação de áreas degradadas.
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NATUREZA, AMBIENTE E MEIO AMBIENTE: ENTENDENDO E
Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
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2 INTRODUÇÃO À TEMÁTICA
AMBIENTAL NO CONTEXTO
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:
MAPEANDO OS PRINCIPAIS
CONCEITOS E QUESTIONAMENTOS
PERTENCENTES À ÁREA
Este tópico trata de um preâmbulo; um convite ao interesse para estudar a EA
apresentando e analisando, criticamente, suas diferentes facetas epistemológicas.
Essa leitura deve conduzi-lo ao entendimento de como essa área é constituída,
quais são seus objetivos e objetos de estudo e pesquisa; e como ela é definida.
Embora não serão apresentadas, neste momento, as diferentes correntes teóricas
que sustentam a EA, é oportuno adiantar que elas existem e devem ser analisadas
e distinguidas. Nesse primeiro momento, serão abordados pontos consensuais
questões pertencentes à área que a delimitam como um campo de conhecimento.
Mas, por que a EA é um campo de conhecimento?
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Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
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AMBIENTAL
Sugere-se, dessa forma, uma mudança no olhar teórico e prático para a EA,
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Capítulo 1
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Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
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Greenpeace: <https://www.greenpeace.org/brasil/>.
WWF-Brasil: <https://www.wwf.org.br/>.
Akatu: <https://www.akatu.org.br/>.
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Contudo, apenas dez anos mais tarde, se reconheceu que o DDT era
realmente um perigoso veneno e se proibiu a sua utilização nos países
desenvolvidos, ainda que se tenha continuado a utilizar nos outros países. O que
podemos perceber com esse exemplo? defensores da manutenção do DDT eram
grandes “produtores de ciências” e, em um primeiro momento, por interesses
pessoais não reconheceram os perigos associados ao uso de pesticidas. Esse
exemplo elucida o caráter não neutro da ciência bem como de quem a produz
(PRAIA; PÉREZ; PEÑA, 2007).
Partindo ainda desse exemplo, peço para que faça uma reflexão: A partir
do conceito de DDT e pesticidas, você conseguiria explicar, a relação do uso do
DDT e seu efeito na cadeia alimentar? Você conseguiria analisar criticamente a
proposta de uma empresa e criar argumentos próprios (sem “copiar” ideias de
outras pessoas)? Você conseguiria não se iludir com uma ciência enviesada
cuja tônica seja a mobilização de argumentos apelativos (acabar com a fome de
milhões de pessoas)?
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Capítulo 1
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Outro problema que devemos evitar diante do trabalho nas escolas é que ele
fique no plano do discurso vazio de “salvação pela educação” ou da normatização
de comportamentos “ecologicamente corretos” (LOUREIRO, 2007).
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Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Há, portanto, nessa metodologia uma ideia de educação crítica visto que
os alunos precisarão conhecer a realidade social que o cercam, dialogar com
a comunidade, investigar formas de intervir nessa sociedade e, inerentemente,
buscar um posicionamento crítico para direcionar escolhas e decisões. Além
disso, o processo de ensino-aprendizagem envolve a observação da realidade,
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Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
1. <https://edukatu.org.br/>.
O que você irá encontrar: Conteúdo sobre consumo consciente.
O site reúne vídeos, games, atividades e relatos de projetos ligados à
sustentabilidade desenvolvidos por escolas.
Por que é relevante? Você encontra informações diversificadas
sobre o tema e o site também tem um espaço chamado “Rede”
para incentivar a troca de conhecimentos e práticas sobre consumo
consciente e sustentabilidade em escolas de Ensino Fundamental de
todo o país. Destaque para as animações da seção “De onde vem
para onde vai” que explicam o processo de produção, os impactos
ambientais e as alternativas sustentáveis para o uso de objetos do
nosso dia a dia, como a sacola plástica e os celulares.
2. <https://www.wwf.org.br/>.
O que você irá encontrar: Respostas para dúvidas sobre temas
conspícuos e, invariavelmente, mencionados por meio de ideias
equivocadas ou enviesadas, como desenvolvimento sustentável,
mudanças climáticas e unidades de conservação.
Por que é relevante? A seção “Nosso mundo” explica de forma
didática os temas ambientais mais discutidos no momento. Destaque
para a seção “Pegada ecológica” que apresenta o conceito de
que nosso modo de vida e hábitos de consumo deixam “rastros” e
impactam de alguma maneira o meio ambiente. Além de explicar com
mais detalhes essa ideia, o site oferece um teste para medir nossas
pegadas. Essa contextualização com a realidade é muito importante
para a tomada de consciência e a mudança de comportamento.
3. <https://www.sosma.org.br/blog-categorias/educacao-ambiental/>.
O que você irá encontrar: Muitas notícias, dados e mapas sobre
a degradação do bioma da Mata Atlântica e informações sobre
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Fundamentos da Educação Ambiental
projetos de preservação.
Por que é relevante? Você encontra um blog sobre EA com
relatos da equipe da organização SOS Mata Atlântica sobre
atividades e projetos de sustentabilidade desenvolvidos com escolas.
4. <http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao
-ambiental/programa-nacional-de-educacao-ambiental>.
O que você irá encontrar: Descrição e problematização sobre o
Programa Nacional de EA.
Por que é relevante? Além de descrever as linhas de ação e
a forma de atuação do programa, apresenta conteúdos científicos
muito pertinentes à área: áreas protegidas, biodiversidade, biomas,
cidades sustentáveis, clima, desenvolvimento rural, responsabilidade
socioambiental etc. É uma fonte muito importante e confiável para
consulta de conceitos.
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Capítulo 1
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(PORTO-GONÇALVEZ, 1990).
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Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
3 IDENTIFICANDO E
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS
DE AMBIENTE, MEIO AMBIENTE
E NATUREZA NO CONTEXTO DA
TEMÁTICA AMBIENTAL
Os termos ambiente, meio ambiente e natureza são aludidos em muitos
discursos ou assuntos que envolvem a temática ambiental e, na maior parte dos
casos, referidos indiscriminadamente como sinônimos cujo significado remete a
uma entidade com a qual a humanidade se relaciona, na qual está inserida e que
deve ser preservada para que as futuras gerações possam usufruir de condições
saudáveis de sobrevivência e manutenção da vida (RIBEIRO; CAVASSAN, 2013).
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Fundamentos da Educação Ambiental
Esses discursos perpetuam ideias não refletidas, acríticas que, por sua
vez, endossam perspectivas ingênuas e simplistas sobre a EA. Já apontamos
várias questões que contribuem para isso: a abordagem estritamente biológica
da EA; a ideia de que o ensino de conceitos é suficiente para a mudança de
comportamentos; e a não discussão sobre aspectos socioculturais e econômicos
para entender a EA. Neste tópico, discutiremos como o uso arbitrário das palavras
natureza, ambiente e meio ambiente interfere, contundentemente, na construção
da concepção de EA.
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Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
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se pensar sobre ela. Imagine, por exemplo, a Terra sem humanos; a natureza
existiria em si mesma, continuaria seu curso normalmente. Quando, no entanto,
elaboramos qualquer raciocínio sobre ela, ou seja, quando essa entidade passa
a ser representada por uma mente, passamos a falar de ambiente, não mais de
natureza. Assim, argumentam que o conceito de natureza se refere ao objeto
no mundo natural e a expressão ambiente à interpretação/representação desse
objeto (RIBEIRO; CAVASSAN, 2013).
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está inserido e age sobre todo um sistema social, político e econômico, pois é
capaz de percebê-lo. Assim, construímos nosso próprio mundo externo, nosso
umwelt, nosso meio ambiente subsidiado por processos sígnicos (perceptivos),
ou seja, pelas atividades receptoras e efetoras que caracterizam a nossa espécie
(RIBEIRO; CAVASSAN, 2013).
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, procuramos descrever e problematizar a EA como uma
área polissêmica, multidimensional e que precisa ser entendida por meio da
sincronia entre as dimensões biológica, social, cultural, ideológica e histórica.
Apresentarmos o seu principal objeto de estudo: a relação entre o homem e a
natureza e como essa relação pode ser transformada e (re) significada dentro
das fundamentações teóricas e práticas da EA, proporcionando a mudança
de ações e a aquisição de valores que contribuam para a construção e a
manutenção de uma sociedade sustentável. Além disso, discutimos sobre como
a EA deve ser trabalhada nas escolas, enfatizando a necessidade da abordagem
não apenas de conceitos, mas, também, de procedimentos e atitudes que
levem os estudantes a uma aprendizagem permanente, ao desenvolvimento de
competências voltadas ao bem comum e a coletividade, bem como à resolução
de problemas e a investigação e análise de notícias ambientais exploradas pela
mídia ou de acontecimentos correlatos que exijam uma intervenção consciente e
fundamentada.
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Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. Educação Ambiental: a importância da dimensão ética. Lisboa:
Livros Horizonte, 2007. 205 p.
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Capítulo 1
DIFERENCIANDO OS CONCEITOS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
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C APÍTULO 2
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO
CAMPO TEÓRICO EM CONSTRUÇÃO:
ASPECTOS HISTÓRICOS,
EPISTEMOLÓGICOS E CONCEITUAIS
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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CAMPO TEÓRICO EM
Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
2 OS PROBLEMAS AMBIENTAIS E
A EMERGÊNCIA PLANETÁRIA: POR
QUE SE FALA COM TANTA ÊNFASE
SOBRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL?
Contemporaneamente, a espécie humana experimenta um status de
dominância na Terra, visto que ao associar-se coletivamente em ambientes
rurais e urbanos, produz modificações importantes na configuração ambiental.
Se o homem não atuasse de forma conjunta, desfrutando da sinergia das forças
cooperativas para a produção da cultura material e imaterial, será que teria obtido
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
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Assim, pode-se dizer que os fluxos financeiros da economia global não foram
planejados por critérios éticos, o que pode ser evidenciado pela desigualdade
social inerente à globalização. O livre comércio estimula o crescimento econômico
e corporativo, de modo a promover o consumo excessivo caracterizado pelo
desperdício. A consequência é o exacerbado uso de recursos naturais da Terra,
a produção massiva de resíduos e poluentes e um grande consumo de energia,
exemplificados pela redução do volume de água de lençóis freáticos, perda de
rios e lagos que secaram, florestas sendo radicalmente reduzidas, indústrias de
pesca em colapso, erosão do solo, pastagens originando desertos, dentre muitos
outros (CAPRA; LUISI, 2014).
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
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FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Chernobyl_Disaster.jpg>.
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
pode competir com o visível. O paradoxal é que, justamente por isso, os riscos
invisíveis acabam ganhando e tomam conta, gradualmente, de todo o sistema,
instalando seus efeitos (BECK, 2011).
Pense, por exemplo, em uma situação hipotética na qual uma nova empresa
se instala em uma cidade. Essa empresa precisa de muitos funcionários
para contratação imediata. Ela acaba de ser construída e passa a realizar
as admissões. Apesar de estar empregando muitas pessoas, essa empresa
oferece risco ao ambiente no qual se instalou, pois, além de produzir muita
poluição atmosférica, também produz resíduos tóxicos, que podem prejudicar
a população do entorno ou mesmo a água de abastecimento da cidade. Será
que as informações referentes aos riscos seriam tratadas de modo transparente
pela instituição? Em outras palavras, será que a empresa tornaria públicas as
informações referentes aos riscos ambientais? Como a população enxergaria
essa empresa: um risco iminente ao ambiente e à saúde ou uma salvação que
vai minimizar e/ou solucionar o desemprego local? Beck (2011) chama a atenção
para essa predileção que as comunidades demonstram por compreender a
instalação de novas empresas a partir da perspectiva da produção de empregos
imediatos e não a partir da perspectiva da produção de riscos. Novamente, o
invisível não consegue competir com o visível se não há um processo de EA que
tenha preparado as pessoas para ler o mundo de modo integrado.
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dois séculos, que a atividade antrópica teve o que pode ser caracterizado como
um impacto significativo sobre o meio ambiente e seus recursos. Talvez se possa
afirmar que, apenas a partir da última metade do século XX, tenha se tornado
evidente que esse impacto é extremamente grave, o que coincide com o período
de intensificação das atividades de EA pelo mundo (PALMER, 2002).
3 O CARÁTER TRANSVERSAL E
INTERDISCIPLINAR DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
A EA é composta por contribuições de diferentes áreas do conhecimento. Não
há uma abordagem biológica ou geográfica, por exemplo, que possa contemplar
todas as finalidades formativas da EA, assim como, discussões políticas, éticas
e econômicas não são suficientes sem o estudo das características bióticas e
abióticas e dos processos biofísicos do planeta Terra.
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Para todas essas instâncias, a “Lei 9.795, de 27 de abril de 1999” que institui
a Política Nacional de Educação Ambienta recomenda que a EA seja realizada
por meio de um enfoque “humanista, holístico, democrático e participativo”, de
modo a conceber o meio ambiente em sua totalidade, destacando as conexões
entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob a abordagem da
sustentabilidade. Deve-se vincular a ética, a educação, o trabalho e as práticas
sociais. Assim, o caráter interdisciplinar da EA é endossado na legislação, pois
o objetivo dessa área é propiciar “o desenvolvimento de uma compreensão
integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos,
científicos, culturais e éticos” (BRASIL, 1999c).
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4 A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
A EA não é nova, tampouco é resultante de projetos curriculares recentes.
Graças ao trabalho de pioneiros do passado, que lançaram, concomitantemente,
um olhar educacional e ambiental para a história da relação da humanidade
com a Terra, foram construídos eventos importantes, conferências, publicações,
conceitos, currículos e estudos de caso que constituíram as bases para a
estruturação da EA (PALMER, 2002).
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
fósseis causadores do efeito estufa. A redução prevista pelo protocolo
era de 5,2% a partir de 2008 em comparação com os níveis de 1990,
mas os resultados concretos do protocolo não foram exitosos devido
à participação deficiente das nações que mais emitiam gases (SILVA,
2009).
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FONTE: <https://nacoesunidas.org/cop21/>.
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
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TABELA 1 - MARCOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NO MUNDO INTERNACIONAL
1962 Publicação do livro “Primavera Silenciosa” de Rachel
Carson, que denunciava ameaças causadas pela in-
terferência humana, como o uso de agrotóxicos que se
acumulam na cadeia alimentar.
1965 Primeiro registro da utilização do termo “Educação Am-
biental” na Grã-Bretanha
1968 A UNESCO realiza a “Conferência da Biosfera” que de-
staca a necessidade de incluir EA no currículo escolar
e de construir instituições nacionais para coordenar a
EA em todas as nações
1970 Criação da “Associação Nacional de Educação Ambi-
ental” na Grã-Bretanha
1970 A definição clássica de EA é proposta em uma reunião
internacional
1972 “Conferência de Estocolmo” resulta na produção da
primeira declaração intergovernamental referente à EA
1974 Novo evento intergovernamental produz uma série de
diretrizes acerca dos objetivos formativos da EA
1975 “Congresso de Belgrado” que produz a “Carta de Bel-
grado” na qual se estabelece metas e princípios da EA
1977 Primeira Conferência Intergovernamental sobre Edu-
cação Ambiental realizada pela UNESCO resulta em
um consenso mundial, diretrizes e modelo para a con-
cretização da EA em diferentes nações
1980 Internacionalização da EA se intensifica
1987 O evento Tbilisi Plus Ten resulta em conclusões acerca
das finalidades da EA diante das ameaças da moderni-
dade
1992 É realizada a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), que resul-
ta na produção a Agenda 21.
1997 Realização da “Conferência Internacional sobre Meio
Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Públi-
ca para a Sustentabilidade”, em Thessaloniki (Grécia),
que denuncia a insuficiência de ações estabelecidas
como metas no evento Rio-92.
2002 A Assembleia Geral das Nações Unidas estabelece o
ano de 2005 como o início da “Década da Educação
para o Desenvolvimento Sustentável”, atribuindo à Un-
esco a responsabilidade para a aplicação da iniciativa.
2015 Assembleia Geral da ONU adota a agenda 2030 para
o desenvolvimento sustentável na Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20)
FONTE: Adaptado de Palmer (2002)
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
que reabastece o solo e incorpora meios naturais de controle das pragas; fim
da devastação das fontes de recursos naturais (renováveis e não renováveis);
parada do envenenamento da biosfera pelo descarregamento de lixo tóxico;
drástico controle da poluição do ar efetuada pelas indústrias e meios de transporte
e redução dos níveis aceitáveis de exposição radioativa (VIOLA, 1987).
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
5 AS DIFERENTES CORRENTES DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
As diferentes formas de conceber e de praticar a EA compartilham da mesma
preocupação com o meio ambiente e reconhecem a importância fundamental da
educação como um meio para melhorar a relação homem-ambiente. No entanto,
existem algumas especificidades que compõem algumas concepções e práticas,
uma vez que são adotados diferentes discursos para o que aqui vamos denominar
como “correntes” da EA.
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Por meio de critérios como (a) a concepção dominante de meio ambiente para
a corrente; (b) a finalidade mais importante da EA; (c) os enfoques preconizados; e
(d) os exemplos de ações ou de metodologias que representam a corrente, serão
apresentadas a seguir as características de cada uma das correntes supracitadas
no Quadro 1.
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
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FONTE: A autora
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
E de materiais reciclados?
É possível consertar/recarregar?
Quando concluída sua utilização, o mesmo pode ser utilizado para novas aplicações?
O objeto pode ser reciclado?
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
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Nessa corrente, são elencados valores que compõem uma “moral” ambiental,
por meio de critérios de comportamentos que são socialmente desejáveis, porém,
o ideal é desenvolver uma competência ética própria constituída pelo próprio
sistema de valores.
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
“planetário”, uma vez que abrange não apenas realidades socioambientais, mas
também a relação pessoa-mundo, ou seja, o modo de “ser-no-mundo”. Trata-se de
uma dimensão holística, porque inclui a totalidade de cada ser, de cada realidade
e de cada rede de relações que se estabelecem na produção de sentidos.
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Essa corrente pode ser entendida sob a ótica da ética ecocêntrica, uma vez
que direciona a EA para a produção de uma relação com o meio local ou regional,
de modo que se estabeleça uma relação de pertencimento e valorização desse
meio.
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Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
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5.15 CORRENTE DA
SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade, que se configurou como um ideário dominante a partir de
meados de 1980, foi integrada à EA gradualmente. A sustentabilidade pressupõe
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CONCEITUAIS
a) ( ) F – F – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) V – V – V.
d) ( ) V – F – V.
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R.:____________________________________________________
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A EA é uma atividade humana coletiva que foi pensada para atender
finalidades que emergem como necessidades do momento contemporâneo. A
história da EA é marcada por esforços para o estabelecimento de uma agenda
internacional de ações que possam resultar na transformação do comportamento
humano no que tange a sua relação com o meio ambiente. No Brasil e no mundo,
a história da EA é recente, haja vista que os processos de sua institucionalização
e parametrização legal se deram somente a partir do século XX.
98
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CAMPO TEÓRICO EM
Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
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Fundamentos da Educação Ambiental
REFERÊNCIAS
ALVES, J.; CARVALHO, W. Implicações CTSA na visão de alunos do ensino
médio a partir do acesso a múltiplas perspectivas de um caso de dano
ambiental. Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 5,
2005.
BOTSMAN, R.; ROGERS, R. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Porto Alegre: Bookman Editora, 2010.
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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CAMPO TEÓRICO EM
Capítulo 2 CONSTRUÇÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E
CONCEITUAIS
LAL, R. Beyond COP 21: potential and challenges of the “4 per Thousand”
initiative. Journal of Soil and Water Conservation, v. 71, n. 1, p. 20A-25A,
2016.
101
Fundamentos da Educação Ambiental
102
C APÍTULO 3
EDUCAÇÃO PARA
SUSTENTABILIDADE
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Ensinar valores como esses não é uma tarefa simples, uma vez que
são necessários processos nos quais os educandos possam desaprender
para aprender de novo, ou seja, é preciso mudar visões, mudar atitudes e
comportamentos. É preciso questionar, problematizar a ir para a prática:
os educandos precisam experienciar situações de exercício democrático e
cidadão, para que possam desenvolver habilidades e atitudes próprias para o
desenvolvimento da autonomia e emancipação.
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Fundamentos da Educação Ambiental
2 O CONCEITO DE
SUSTENTABILIDADE NO CENÁRIO
CONTEMPORÂNEO
A partir da percepção de que o atual estado do planeta Terra precisa de
atenção, visto que importantes recursos tais como água, solo, ar, biodiversidade e
energia se encontram em avançado e contínuo processo de degradação, entende-
se que a globalização segue por conjunturas que não podem ser consideradas
sustentáveis. Decorre disso, uma preocupação evidente com o comportamento
humano, pois se forem perpetuadas as mesmas configurações atuais a nossa
própria espécie e também o equilíbrio terrestre estão em risco.
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
2.1 O MODELO-PADRÃO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
SUSTENTABILIDADE RETÓRICA
É um modelo comumente mobilizado em discursos de empresas e
discursos oficiais. A tese central está fundada nos famosos três pilares (tripé):
economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. Também
pode ser resumido como os três “pês” (p): profit, people e planet (produto/renda,
população e planeta). Vejamos uma análise desses três elementos:
113
Fundamentos da Educação Ambiental
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Fundamentos da Educação Ambiental
2.7 O MODELO DO
ECODESENVOLVIMENTO OU DA
BIOECONOMIA
O modelo inclui uma economia que acompanha os níveis de preservação e
regeneração da natureza, por meio de uma abordagem de economia, ecologia,
democracia, justiça e equidade. Antes de alcançar níveis avançados de
sustentabilidade, será necessário reduzir a desigualdade e aumentar os níveis de
116
Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
Uma tendência que não foi iniciada no Brasil, mas já tem sido
adotada até mesmo em grandes cidades brasileiras como São
Paulo, é a utilização de terrenos públicos para a produção de hortas
orgânicas coletivas. Os moradores do entorno se mobilizam para
cuidar da horta, seja no plantio, na colheita ou regando as plantas,
modificando a paisagem urbana e tornando disponíveis os vegetais
para o consumo dos moradores locais.
117
Fundamentos da Educação Ambiental
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Municipio_10_de_Octubre_-_La_Havane.jpg>.
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Itaipu_Aerea.jpg>.
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
FONTE: <https://bit.ly/3bRVfmk>.
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
129
Fundamentos da Educação Ambiental
experiência cotidiana.
• Priorizar a equidade e o bem comum, para permitir que os êxitos
humanos sejam compartilhados e não distribuídos somente para alguns
grupos.
• Resgatar formas de viver fundamentadas no afeto, na razão sensível, na
cordialidade, no entusiasmo, nos sonhos e no respeito (BOFF, 2017).
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Fundamentos da Educação Ambiental
4 EDUCAÇÃO PARA
SUSTENTABILIDADE E A FORMAÇÃO
PARA A CIDADANIA: CAMINHOS
POSSÍVEIS
Por que a educação para sustentabilidade precisa extrapolar o ensino de
conteúdos científicos e tecnológicos? Por que a educação que forme cidadãos
para concepções e ações sustentáveis requer abordagens mais integradoras e
diferentes da ideia tradicional de ensino?
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Fundamentos da Educação Ambiental
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
Para Santos (2007), o conhecimento científico não pode ser pensado de forma
neutra, sem os contextos sociais envolvidos. Tampouco, os contextos sociais
podem ser entendidos sem o conhecimento do conteúdo.
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Fundamentos da Educação Ambiental
restrito aos conceitos, baseada numa visão ingênua por não problematizar
mitos sobre a ciência e a tecnologia, uma vez que trata artefatos científicos e
tecnológicos por meio de uma dimensão técnica ou internalista e pressupõe um
público ignorante no que diz respeito às questões científicas e técnicas. O expert,
que é o especialista ou técnico, é o único capaz de solucionar problemas sociais
de forma eficiente e ideologicamente neutra. Não há espaço para democracia
na tomada de decisão, pois somente o especialista comanda os processos. A
ciência e a tecnologia são tratadas como soluções para todos os problemas e
necessariamente conduzem ao progresso.
Segundo Priest (2013), para que o público possa decidir se confia ou não
nos resultados da ciência, é preciso que possam se basear na compreensão
e avaliação das instituições e práticas sociais que produziram os resultados.
Embora normalmente se admita que a conduta de uma pesquisa foi direcionada
por cientistas éticos que buscam o conhecimento de forma desinteressada, podem
ocorrer exceções, e, ainda que em vias honestas, o pensamento de um cientista
pode ser distorcido por próprios pontos de vista e diversos outros motivos, como
erros de equipamentos ou procedimentos. O entendimento da ciência como
um consenso social entre especialistas após avaliações e testes neutros e sem
maiores interesses não é uma compreensão que sempre retrata a realidade do
desenvolvimento científico.
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
É importante ressaltar que atitudes são ensinadas ainda que de forma não
intencional, pois “as atitudes são como os gases, inapreensíveis, mesmo que não
percebamos, elas estão em todas partes” (POZO; CRESPO, 2009, p.31). Segundo
Sarabia (2000), as atitudes não são reflexos diretos unicamente da racionalidade,
uma vez que atitudes não são resultado somente de componentes cognitivos e,
portanto, atitudes não são necessariamente o efeito de uma reflexão.
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
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Fundamentos da Educação Ambiental
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a) ( ) V - V - V - F.
b) ( ) V - V - F - F.
c) ( ) F - F - V - F.
d) ( ) F - V - V - V.
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A ideia de sustentabilidade implica a prevalência da premissa de que é
preciso definir limites às possibilidades de crescimento e delinear um conjunto de
iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais
relevantes e ativos por meio de práticas educativas e de um processo de diálogo
informado, o que reforça um sentimento de co-responsabilidade e de constituição
de valores éticos. Isto também implica que uma política de desenvolvimento para
uma sociedade sustentável não pode ignorar nem as dimensões culturais, nem
as relações de poder existentes e muito menos o reconhecimento das limitações
ecológicas, sob pena de apenas manter um padrão predatório de desenvolvimento
(JACOBI, 2003).
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Fundamentos da Educação Ambiental
Tente lembrar quantos objetos você teve durante a vida, mas se desfez deles
porque não tinha mais utilidade. Pense em quantos outros estão acumulados
em sua casa, mas você não se lembra mais de usar. O acúmulo de bens se
tornou hábito, mas a questão problemática é que esses bens se tornam lixo, mas
que com a devida orientação podem se tornar resíduos e ter uma destinação
adequada. Maior que esse problema é a demanda que se estabelece por recursos
que são matéria-prima para esses objetos. Para que esses objetos tenham preço
acessível, quantos são os trabalhadores que experienciam condições de trabalho
muito precárias para garantir aos proprietários dos meios de produção uma
lucratividade maior?
Os desafios para o processo educativo ainda são muitos, uma vez que
nosso sistema de ensino já foi identificado como ineficaz para aprendizagens
duradouras e transformadoras. Quando se almeja a formação de indivíduos
que sabem ler e interpretar o mundo por meio da criticidade, ensinar conceitos
científicos acerca da ecologia não é suficiente. Primeiramente, é preciso que
os conteúdos sejam estudados por meio da interdisciplinaridade, que integra os
saberes, proporcionando uma visão de todo. Em segundo lugar, é necessário que
o educando assuma uma postura ativa durante seu aprendizado, uma vez que
precisa passar por experiências novas para mudar suas formas de conceber e
atuar no mundo.
Quantas são as oportunidades que a escola fornece para que os alunos atuem
em organizações democráticas? Quantas vezes os alunos participam de análises
de situações concretas que envolvem um grau elevado de complexidade por conter
valores políticos, sociais, econômicos, ambientais e éticos simultaneamente?
Quantos são os projetos que requerem criatividade, engajamento e cooperação
durante a formação dos alunos?
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
Conseguir que uma pessoa que não se mostrava interessada pelas questões
ambientais referentes à sustentabilidade se torne uma pessoa envolvida e dotada
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Fundamentos da Educação Ambiental
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Capítulo 3 EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE
REFERÊNCIAS
ABREU, M. J.de et al. Gestão comunitária de resíduos orgânicos: o caso
do Projeto Revolução dos Baldinhos (PRB), Capital Social e Agricultura
Urbana. Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em
Agroecossistemas, Florianópolis, 2013.
151
Fundamentos da Educação Ambiental
PRIEST, S. Critical science literacy: what citizens and journalists need to know to
make sense of science. Bulletin of Science, Technology & Society, v. 33, n.5-
6, p. 138-145, 2013.
152