Você está na página 1de 11

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL SA FORMAÇÃO

CURSO DE AÇÃO EDUCATIVA

A ROTINA NAS CRECHES

Por: Branca da Silva Alexandre

Orientado por: Prof. Vânia Isabel Figueiredo Marques

LISBOA, 2023.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3

CAPÍTULO I - A ROTINA NAS CRECHES.......................................................................4

CAPÍTULO II - COMO MELHORAR E ORGANIZAR A ROTINA NA CRECHE OU


PRÉ-ESCOLA?......................................................................................................................7

CAPÍTULO III - A IMPORTÂNCIA DA ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL............8

CONCLUSÃO.....................................................................................................................10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................11

2
INTRODUÇÃO
O presente trabalho, fruto de uma investigação científica sobre o tema
“A Rotina das Creches”, tem como principal objectivo, nos dar informações
de o que é este processo, como ocorre nas creches no nosso quotidiano.

A Educação Infantil (EI) é a etapa inicial das crianças de 0 a 5 anos de


idade, nas creches e pré-escola. A Educação Infantil tem o papel primordial
dentro do desenvolvimento do processo de aprendizagem. É nessa fase que a
criança é estimulada para que as habilidades cognitivas e de aprendizagem
sejam solidificadas. Nesse estágio, a criança começa a desenvolver o
movimento corporal, a fala, o choro, o reconhecimento das coisas e pessoas,
entre outros.

O presente trabalho tem como foco principal ressaltar a importância de


uma rotina planeada na creche e para melhor compreensão do tema deste
trabalho.

3
CAPÍTULO I - A ROTINA NAS CRECHES
A creche tem uma extrema importância no contexto educativo, porque constitui
uma das primeiras experiências do bebé ou da criança pequena exterior ao seucírculo
familiar. Sabendo que as experiências que decorrem ao longo dos três primeiros anos de
vida têm um impacto significativo no desenvolvimento futuro das crianças e que os
cuidados adequados durante esta fase trazem benefícios para toda a vida, importa salientar
a creche como um contexto educativo que complementa a educação dos bebés e das
crianças pequenas desenvolvida no seu seio familiar.

Trabalhar em creche pressupõe a clarificação de finalidades educativas, de modo a


perceber que objetivos educacionais devem ser atingidos, e a organização de um ambiente
educativo a partir de uma rotina de cuidados e de uma gestão do espaço e do tempo que
assegure o desenvolvimento dos princípios inicialmente definidos. Deste modo, cabe ao
educador desenvolver um currículo que integre uma rotina de cuidados caraterizada por
interações constantes e calorosas, atividades orientadas/livres, momentos de exploração do
meio e relações próximas e colaborativas com os contextos familiares, satisfazendo as
necessidades das crianças, proporcionando-lhes bem-estar e envolvendo-as em
experiências de aprendizagem significativas para um desenvolvimento global e
harmonioso.

Como é evidente e tal como já supracitámos, nos dias de hoje não pensamos no ato
de educar crianças dos zero aos três anos como sendo apenas o tratar de, tomar conta de ou
ocupar-se de. Tem havido um crescente reconhecimento de que as experiências nos
primeiros anos de vida representam um marco para o desenvolvimento nas etapas que se
seguem, tornando-se essencial apoiar e estimular o desenvolvimento e promover uma
relação próxima com a criança, do mesmo modo que se processa a educação no jardim de
infância.

No entanto, uma razoável maioria dos programas concebidos para promover as


aprendizagens e o desenvolvimento das crianças pequenas baseia-se em modelos
tradicionalmente usados no jardim de infância, onde se pressupõe apresentar às crianças
atividades e materiais considerados pedagógicos e didáticos. Este tipo de atividades,
quando realizadas com crianças pequenas, acaba por ficar aquém dos resultados esperados
pelos adultos, revelando-se uma reduzida envolvência e falta de responsividade. Assim,

4
desta forma, o adulto simplesmente vai tomando conta da criança, à espera que esta cresça
mais um pouco para que consiga corresponder às atividades stantard, ao invés de procurar
uma abordagem mais apropriada à sua faixa etária.

Numa conversa entre uma educadora de infância e um psicólogo e formador de


educadores/as é abordada a ideia de que as crianças até aos três anos de idade
desenvolvem-se sem lhes ser conferida muita atenção, pelo menos no sentido pedagógico.

O estabelecimento de uma rotina, enquanto estrutura flexível para o tempo diário,


favorece também a captação da noção de tempo. Para compreender a realidade diária, em
termos de estilo e de organização, a criança pequena apercebe-se de que existem fases, o
nome dessas fases e o seu encadeamento. Ao seguirem os indícios e as iniciativas das
crianças, em conjunto com os pais, estabelecem horários e rotinas consistentes em termos
de organização e estilo de interacção, de modo a que as crianças antecipem o que vai
acontecer em seguida.

Seria impensável colocar em prática na creche uma sequência rígida e inflexível,


dado que, mesmo estando o dia-a-dia organizado em segmentos de tempo que
correspondem a categorias de atividade definidas, é impossível prever o que farão ou dirão
as crianças. Antes pelo contrário, as rotinas são essenciais como forma de estruturação do
ambiente de forma a responder às necessidades das crianças sem criar limitações às suas
aprendizagens. Ter a possibilidade de se centrarem nas crianças e não nas tarefas, poderem
consagrar tempo a cada criança, é sem dúvida o modo de as educadoras encontrarem o
verdadeiro sentido da sua profissão.

É sobretudo em contexto de creche, com bebés e crianças pequenas, que as rotinas


devem ser suficientemente repetitivas, visto que a repetição de ações permite às crianças
explorarem, treinarem e desenvolverem as suas competências de forma confiante.
Seguindo as próprias rotinas as crianças vão desde cedo apercebendo-se de uma sequência,
em que há ações que se repetem, mas bebés e crianças pequenas necessitam de mais
repetições e de tempo que permita adequadamente a passagem de uma experiência
interessante para outra, que respeite o ritmo de cada um.

Comparativamente à educação em outras fases do desenvolvimento e como já aqui


foi frisado, na creche a criança pequena apresenta uma situação de vulnerabilidade, sendo
essencial da parte do adulto cuidados que satisfaçam as suas necessidades.

5
Por outras palavras, importa novamente salientar que o currículo de creche deve ser
estruturado muito simplesmente a partir de uma rotina de cuidados educativos. Antes de
mais interessa esclarecer e especificar a necessidade de uma rotina de cuidados organizada,
dado que “o tempo de creche é muito mais do que cuidados ou um mero atendimento
custodial.

Em creche importa conceber um contexto organizado por atividades de rotina,


caloroso e atento às necessidades das crianças, tanto física (comer, beber, dormir, etc.)
como psicologicamente, que vão desde sentimento de afeto, passando pela
segurança/confiança, aceitação e respeito, até ao sentir-se competente e bem consigo
próprio. “Garantida a satisfação das suas necessidades, estão reunidas as condições base
para a criança conhecer bem-estar emocional e disponibilidade para se implicar em
diferentes actividades e situações, acontecendo desenvolvimento e aprendizagens,
consubstanciado em finalidades educativas.

O dia-a-dia do ambiente educativo em creche, organizado por uma rotina onde


constem momentos predefinidos intercalados com momentos de cuidados em que o
educador deve potencializar uma interação próxima e calorosa com a criança, pode assim
promover experiências gratificantes, preparando-a para aprender em casa, na escola e ao
longo da sua vida. Usando as palavras de Manni & Carels (1998), Conferir valor aos
cuidados quotidianos, fazer desses momentos a ocasião privilegiada da interacção adulto-
criança constitui uma verdadeira revolução na concepção da prática de acolhimento das
crianças na creche.

6
CAPÍTULO II - COMO MELHORAR E ORGANIZAR A
ROTINA NA CRECHE OU PRÉ-ESCOLA?
“Entender para Agir: Rotina é Educação.”

A conciliação entre cuidado e educação escolar é essencial. As


necessidades motoras, cognitivas e afetivas são tão importantes quanto às
necessidades biológicas, como a alimentação, higiene e o sono. É importante
que a rotina das aticvidades seja definida a partir das intenções educacionais.

É sabido que crianças de até 3 anos se habituam facilmente com


sequências. Isso significa que aderir a aticvidades regradas durante toda a
semana oferece maior conforto e segurança aos pequeninos.

Desse modo, eles conseguirão prever os acontecimentos durante seu


dia. Além disso, as atividades preestabelecidas começarão a dar noções de
limites às crianças, fazendo com que a assimilação de regras comece logo na
primeira infância.

Para começar a criar uma rotina é preciso saber a faixa etária da turma
e, principalmente, entender qual sua fase de desenvolvimento. Para bebês, por
exemplo, que dormem mais e precisam ter suas fraldas trocadas várias vezes,
é quase impossível inserir uma rotina fixa.

A partir do momento em que a criança atinge a faixa dos 2 anos de


idade, ela já aprendeu a andar e compreender praticamente todas as
mensagens que queremos comunicá-las.

Isso facilita a sua adaptação ao que lhes é proposto. Quanto a escolha


das atividades, é necessário levar em conta que a capacidade de concentração
aumenta juntamente com a fase de desenvolvimento. Então, tarefas muito
longas podem surtir o efeito contrário do objetivo.

7
CAPÍTULO III - A IMPORTÂNCIA DA ROTINA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
A rotina, segundo Mantagute (2008), pode ser definida como uma
categoria pedagógica utilizada nas instituições educativas para auxiliar o
trabalho do educador, sobretudo, para garantir um atendimento de qualidade
para as crianças.

A autora complementa que a rotina também pode ser considerada uma


forma de assegurar a tranqüilidade do ambiente, uma vez que a repetição das
ações cotidianas sinaliza às crianças cada situação do dia. Ou seja, a repetição
de determinadas práticas dá estabilidade e segurança aos sujeitos. Saber que
depois de determinada tarefa ocorrerá outra, diminui a ansiedade das pessoas,
sejam elas grandes ou pequenas. (MANTAGUTE, 2008).

Nas instituições de Educação Infantil, a rotina torna-se um factor de


segurança, pois orienta as ações das crianças e dos professores favorecendo a
previsão de situações que possam vir acontecer. Assim, entendemos as
actividades de rotina como aquelas que devem ser realizadas diariamente. Isso
não significa que devemos transformar o dia-a-dia escolar em uma planilha
com atividades rígidas e inflexíveis, mas sim adequar as atividades diárias ao
ritmo da instituição, das crianças e do professor.

Portanto, a rotina pode e deve sofrer modificações e inovações quantas


vezes forem necessárias durante o ano letivo. Barbosa afirma que: A rotina é
compreendida como uma categoria pedagógica da Educação Infantil que
opera como uma estrutura básica organizadora da vida cotidiana diária em
certo tipo de espaço social, creches ou pré-escola. Devem fazer parte da rotina
todas as atividades recorrentes ou reiterativas na vida cotidiana coletiva, mas
nem por isso precisam ser repetitivas. (BARBOSA, 2006, p. 201).

8
Dessa forma, podemos dizer que a rotina é uma prática com diferentes
ações que ocorrem em nosso quotidiano. Ela possibilita que a criança oriente-
se na relação espaço/tempo, reconhecendo seu andamento, dando sugestões e
propondo mudanças. Levando em consideração as necessidades da criança, é
fundamental que dentre os elementos que compõem a rotina façam parte os
horários de alimentação, higiene, escovação de dentes, calendário, chamada,
roda de música, oração, momento da novidade, ajudante do dia, hora do
conto, repouso, atividades lúdicas e significativas, jogos diversificados como
faz-de-conta, exploração de diversos materiais, ou seja, atividades que
estimulem o desenvolvimento da criança. (MASSENA, 2011).

Uma rotina que contemple o entrelaçamento das ações fundamentais


que configuram a Educação Infantil necessita de uma consciência crítica do
educador em compreender que a rotina é responsável pela organização e
cumprimento das metas préestabelecidas no dia-a-dia escolar visando,
principalmente, o desenvolvimento integral da criança.

As instituições de ensino que não possuem uma rotina adequada


dificultam o trabalho do professor, bem como, a adaptação e autonomia das
crianças.

Para que o professor possa alcançar os seus objectivos e desenvolver as


atividades de forma organizada proporcionado segurança e autonomia às
crianças é preciso que a rotina da instituição de ensino considere as
necessidades do professor, das crianças e da própria escola.

9
CONCLUSÃO
Após a colecta das informações cá trazido, podemos cocluir que, os cuidados e as
rotinas na creche podem ser uma estratégia de defesa usada pelos adultos de forma a não
haver um grande envolvimento afetivo com as crianças, dado que em futuros momentos de
separação poderia ser doloroso tanto para o adulto como para a criança. O principal fator
que condicionava esta falta de qualidade, além de um ratio adulto-criança inadequado, era
a formação inicial dos educadores, devendo sobretudo investir-se numa formação de
qualidade, que torne possível organizar rotinas baseadas em relações mais
individualizadas, próximas e calorosas com as crianças de modo a responder às suas
necessidades.

Embora esta investigação chegue mais precisamente à conclusão de que é


importante investir na formação inicial dos educadores e aumentar o rácio adulto-criança,
os seus resultados acabam também por salientar que uma educação de qualidade em creche
baseia-se numa rotina de cuidados pautada por uma interação adulto-criança
individualizada, mais próxima e calorosa, que tenha como principal finalidade o bem-estar
e, consequentemente, um desenvolvimento rico em experiências e aprendizagens
significativas. “Em torno das rotinas e das actividades quotidianas (…) e da interacção com
o adulto, a criança apropria-se de muitas referências; fá-lo através da linguagem, do afecto,
da actuação do adulto e através de experiências quotidianas que lhe são apropriadas.

Também podemos ver que, A rotina é fundamental para a organização


das actividades diárias nas diversas instituições de ensino. No caso da
Educação Infantil, além do aspecto organizacional das creches e pré-escolas,
ela promove a segurança e autonomia das crianças. O professor que atua
nesse nível de ensino pode organizar a rotina de sua turma a partir de diversos
momentos, tais como: hora da roda, hora das atividades, hora do lanche, hora
da higiene, hora da brincadeira e hora das atividades extraclasse. Acreditamos
que a rotina escolar não pode ser tratada de uma forma mecânica, pelo
contrário, toda atividade desenvolvida e os horários e espaços determinados
para a realização das ações devem ser planejadas visando favorecer o trabalho
pedagógico e as necessidades das crianças.
10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Maria C. S. A Rotina nas Pedagogias da Educação Infantil: dos
binarismos à complexidade, Currículo sem Fronteiras, v.6, n.1, p. 56-69,
Jan/Jun2006.

MANTAGUTE, ELISÂNGELA L.L. Rotinas na Educação Infantil.

MASSENA, Renata S. Entrelaçamentos Entre as Concepções do Educar e do


Cuidar na Educação.

11

Você também pode gostar