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Aula 1- Orientação e práticas em projetos na infância.

Introdução
A disciplina Orientação e Práticas em Projetos na Infância tem como principal objetivo:
 apresentar possibilidades práticas para o trabalho do professor na escola de
Educação Infantil.
Unidade I
A formação docente e o acolhimento da criança na escola:
1. o estágio supervisionado e a formação docente;
2. a adaptação da criança à escola;
3. cuidar e educar;
4. a relação da Educação Infantil com o Ensino Fundamental e a avaliação da
aprendizagem.
 Dessa forma, na unidade I deste material serão abordados assuntos sobre a formação
docente e a necessidade de se proceder a um acolhimento afetuoso da criança na escola
para que ela tenha uma imagem positiva da instituição e de seus profissionais e possa,
assim, se sentir segura, bem como em sua transição para a escola de Ensino
Fundamental.
1. O estágio supervisionado e a formação docente
 Apesar de muitas vezes ser considerado um transtorno, especialmente para as pessoas
que possuem uma rotina repleta de atividades, o estágio é importante para que se
conheçam vários tipos de contextos escolares reais.
 O estágio supervisionado é a oportunidade de aproximar teoria e prática. A
observação das práticas pedagógicas complementa a teoria estudada em textos e aulas.
 Estagiar é: observar; praticar; refletir; organizar conhecimentos...
 Sem o objetivo de fundamentar apenas e julgar as atitudes do professor de sala e
simplesmente classificá-las como certas ou erradas.
 O aluno-estagiário deve avaliar a conduta dos profissionais em atuação nas escolas,
estabelecendo as relações entre teoria e prática, com o auxílio de critérios estabelecidos
com antecedência e que tenham relevância para os processos de ensino e de
aprendizagem.
A teoria se presta a melhorar o trabalho prático. Toda ação educativa possui uma
fundamentação teórica e é por isso que a prática de ensino sob a forma de estágio
supervisionado é importante: para que o aluno consiga significar a prática e estabelecer
sua relação com a teoria estudada.
 Na medida em que observa um tipo de realidade e procura entendê-la em seus
pontos fracos e fortes, defeitos e qualidades, é importante que o estagiário se habitue a
fazer o registro dessas impressões para melhor organizar as ideias, conceitos e
conjecturas.
 Registrar todas essas experiências é fundamental para: organizar as informações;
selecioná-las; priorizar algumas; descartar outras e sintetizar as ideias.
 Para isso, o aluno pode usar como base este material e as orientações para estágio
da disciplina em seu manual específico.
 O registro transforma-se em relatório que, a princípio, pode ser bastante difícil de se
elaborar. Mas com o treino da leitura e da escrita, organizando as ideias em um texto, o
aluno vai se tornando cada vez mais hábil nesse tipo de atividade.
 O registro é um tipo de atividade que: amplia a aprendizagem de conceitos; é
relativo à área educacional; desenvolve o raciocínio e apura a capacidade de organizar
as observações em tópicos pertinentes e ajuda a desenvolver a habilidade de produzir
textos, pois é necessário arranjá-lo com começo, meio e fim, em uma redação coerente e
clara.
 Tal aprendizagem não é importante apenas para a profissão, mas para a vida, pois
todo ser humano tem o impulso de crescer e se aprimorar. É uma alegria perceber como
se é capaz de realizar tantas conquistas cognitivas.
Interatividade 1- resposta (e) O estágio ajuda o aluno a significar a prática e
relacioná-la com a teoria estudada.
2. A adaptação da criança à escola
 As crianças têm entrado na escola de Educação Infantil cada vez mais cedo e se
deparam com um ambiente bastante diferente daquele que elas frequentaram até então.
As pessoas são diferentes, os espaços não são familiares e há muitas outras crianças
com as quais dividir.
 A presença de alguém de confiança da criança dentro da escola nos primeiros dias,
embora pareça inconveniente para alguns professores, é necessária.
 A criança gradualmente estabelecerá vínculo afetivo com o professor por intermédio
dessa pessoa que, é claro, precisa ser orientada para não interferir demasiadamente nas
atividades das crianças.
 As primeiras experiências sobre a escola são importantes, pois delas dependem as
impressões que as crianças guardarão por um bom período de tempo.
 Essas experiências dependem do arranjo que a escola e o professor fazem no
ambiente escolar que, teoricamente, devem ser coerentes com as características do
desenvolvimento das crianças.
 A adequação do ambiente, do material, dos horários de rotina às necessidades
infantis pode facilitar e tornar mais ligeira a adaptação das crianças à escola.
 As crianças, ao ingressarem na escola, trazem consigo muitos hábitos que
adquiriram em casa. Esses hábitos não devem ser vistos como positivos ou negativos
pelo professor.
 O desenvolvimento infantil, segundo as teorias construtivistas, sofre uma evolução
progressiva, mas não linear, em etapas nas quais as crianças avançam e retrocedem.
 Para evoluir afetivamente são necessárias evoluções cognitivas e vice-versa.
Portanto, a afetividade evolui com outras conquistas cognitivas e físicas.
 O desenvolvimento afetivo depende da construção da identidade, a qual se inicia
com os processos de diferenciação sofridos no início da vida, entre a criança e o outro,
quando ela se percebe como um organismo separado e independente fisicamente do
adulto.
 Essa conquista é de ordem intelectual, mas vai influenciar profundamente as
conquistas afetivas.
 A noção de identidade, a construção do eu é demorada e ocorre por etapas. Durante
o primeiro ano de vida é marcada pela apropriação corporal que ocorre pelo
reconhecimento de sua imagem em espelhos, fotografias, entre outras representações.
 Essa construção também depende da conquista da consciência social. A criança se
percebe integrada ao ambiente. O ambiente envolve o espaço físico, os objetos e outras
pessoas.
 Somente quando ela passa a negar o outro e opor-se a ele é que se percebe dentro do
ambiente social, mas não como uma parte indissociável dele. É o que se chama
superação da sociabilidade sincrética.
 A oposição é importante para a criança firmar-se como um indivíduo que participa
de um grupo, mas já não se perde mais, em termos de identidade, dentro dele. É
opondo-se que ela vai construindo sua autonomia e essa etapa ocorre em torno dos três
anos de idade.
 Por volta dos quatro anos, a criança, apesar de ainda não ter seu eu completamente
dissociado, apresenta-se com características mais positivas, pretendendo atitudes de boa
vontade com os outros.
 Há um desejo de se firmar e se mostrar, o que a leva a um outro período, no qual
está mais consciente do eu, demonstrando isso ao utilizar adequadamente os pronomes
eu e meu, em torno dos cinco anos de idade.
 Diante dessas ideias e comparando-as com as primeiras experiências escolares das
crianças, percebe-se um grande descompasso. Afinal, em um momento importante de
diferenciação entre o eu e o outro, os materiais no ambiente escolar são de todos, o
tempo todo.
 A escola, em vez de fortalecer o desenvolvimento da identidade, parece primar por
escondê-la. Todas as crianças fazem a mesma coisa ao mesmo tempo.
 Se, para superar a sociabilidade sincrética a criança precisa apropriar-se dela
mesma, opor-se, diferenciar-se,é contraditório que em muitas escolas de Educação
Infantil ela ainda deva obedecer a padrões rígidos de comportamento, atender
prontamente aos comandos da professora, desapegar-se de seus materiais pessoais e
escolares.
 Algumas crianças levam brinquedos, travesseiros ou qualquer objeto de sua casa
para a escola.
 Winnicott: objetos transicionais- definiu o objeto transicional como aquele utilizado
pela criança para suportar a ausência materna. É um mediador entre mãe e filho, eu e
não-eu, mundo interno e mundo externo. A mãe suficientemente boa permitirá esse
objeto e através dele a criança passará de um estado de ilusão para um estado de
desilusão, do relacionar-se com o objeto para o uso do objeto.
Interatividade 2- resposta (a) nas quais as crianças avançam e retrocedem.
3. Cuidar e educar
 Nos últimos tempos, a Educação Infantil tem sido foco de uma série de estudos em
função da consciência de que a infância é um período importante da vida. As
experiências nela vividas podem influenciar irreversivelmente a formação do indivíduo.
 Até os seis anos de idade são formadas as bases da personalidade. Observando o
desenvolvimento de uma criança, as conquistas são grandes e rápidas nesse período.
 Cada vez mais mulheres ingressam no mercado de trabalho e, por consequência,
mais crianças ingressam na escola e permanecem em período integral, ficando a cargo
do professor todas as ações de cuidado e educação que uma criança necessita para um
desenvolvimento saudável e pleno.
 O cuidado não deve ser visto como ato assistencialista de prover apenas higiene e
nutrição. O professor não é aquele que fornece apenas cuidados físicos sem que seja
necessária uma formação teórica.
 No exercício de suas funções, o professor deve ficar atento a estes três aspectos:
crescimento; desenvolvimento e aprendizagem.
 O crescimento está relacionado ao aumento físico, quantitativo do corpo; o
desenvolvimento se refere ao aumento das capacidades em realizar funções cada vez
mais complexas; a aprendizagem se refere às habilidades adquiridas em função da
interação com o meio, dos estímulos apresentados às crianças.
 Cuidar: está relacionado à necessidade de sobrevivência dos seres vivos.
 Aspectos físicos: aqueles que as crianças ainda não tenham condições de executar.
 Aspectos afetivo-emocionais: os quais elas ainda não consigam definir, enfrentar ou
verbalizar.
 Educar: ao educar uma criança, o adulto está cuidando para que ela desenvolva suas
potencialidades e possa ser um cidadão cada vez mais seguro e desenvolto na sociedade
em que vive.
 O professor deve ficar atento às necessidades de cuidados nos aspectos físicos e
biológicos, sociais, educativos, econômicos e afetivos.
 Aspectos físicos e biológicos: higiene; higiene do ambiente; conforto – roupas, sono,
repouso; proteção – prevenção de acidentes; observação do crescimento: peso/altura.
 Os cuidados quanto aos aspectos sociais incluem o sentimento de pertencimento a
um grupo familiar e comunitário, as relações entre as pessoas, que devem ser baseadas
na confiança, para a criança aceitar-se em sua raça, cor, condição física e religião.
 Os cuidados educativos se referem, basicamente, aos comportamentos e às regras
socialmente aceitos. Não são universais, mas correspondem às normas combinadas e
convencionadas como corretas em uma determinada cultura. Adotar posicionamentos
éticos também está vinculado a esse aspecto do cuidado.
 Cabe ao adulto colocar os devidos limites na criança, para que ela possa conviver
dentro das regras.
 Recursos financeiros também fazem parte das condições de vida necessárias a toda
pessoa.
 As necessidades básicas, como acesso à água potável, saneamento básico, energia
elétrica, vestuário e alimentação incorrem em custos.
 As crianças ainda precisam de brinquedos e objetos lúdicos para o seu
desenvolvimento saudável.
 O cuidado nos aspectos afetivos tem como principal expressão sentir-se aceito,
desejado e amado. Ninguém aprende a dar carinho sem tê-lo recebido.
Interatividade 3- resposta (a) É necessário um ambiente para repouso, conforme as
necessidades das crianças.
4. A relação da Educação Infantil com o Ensino Fundamental e a avaliação da
aprendizagem

A construção de concepções teóricas é um processo sociocultural e político. Hoje, entre


as que devem embasar o trabalho nas escolas de Educação Infantil, estão:
 a criança como sujeito histórico e social, ser único, capaz de construir
conhecimentos pela interação com o meio e com outras pessoas;
 a educação, que envolve simultaneamente a oferta de situações de aprendizagens
significativas e situações que envolvam cuidados;
 a função do professor, de mediador do conhecimento e problematizador do
cotidiano.
 Essas concepções não são exclusivas da escola de Educação Infantil, pois em outros
níveis de ensino é preciso que se entenda o aluno como sujeito histórico e social.
 O cuidado também não pode ser uma necessidade apenas das crianças na fase da
Educação Infantil. Até a vida adulta, todo ser humano precisa de cuidados biológicos,
afetivos, educativos, econômicos e sociais.

 A questão da qualidade no ensino deve ser analisada em todos os níveis.


 As discussões acerca do atendimento nas instituições de Educação Infantil talvez
tenham provocado mais reflexões pela função assistencialista assumida por muitos anos.
Há, portanto, um problema de identidade que não ocorreu nos outros níveis de ensino.
 Valorizar a Educação Infantil não significa dar-lhe mais importância, mas discutir
sua identidade.
 A Educação Básica é composta dos níveis de Ensino Infantil, Fundamental e Médio
e precisa ser encarada como um processo contínuo.
 As ideias relacionadas ao trabalho nas instituições de Educação Infantil, que
defendem a ideia de que ela tem objetivos próprios e condenam a prática adotada de
preparar as crianças para o Ensino Fundamental, pretendem valorizar esse nível de
ensino, que não se presta simplesmente para antecipar conteúdos escolares de outros
níveis, mas também não tem a intenção de denegri-los.
 É fato que as crianças que frequentam escolas de Educação Infantil chegam mais
preparadas ao Ensino Fundamental e, por consequência, têm uma formação melhor
nesse nível de ensino.
 A simples experiência de frequentar a Educação Infantil já torna a criança
familiarizada com materiais, instrumentos e ritmo escolar. Assim também ocorre quando
ela ingressa no Ensino Médio com uma boa escolarização do Ensino Fundamental e,
assim, sucessivamente.
 É importante pensar que as crianças, ao passarem da Educação Infantil para o
Ensino Fundamental, têm a sua rotina completamente modificada.
 No nível anterior eram valorizados: as atividades lúdicas; a interação; os jogos e as
brincadeiras; esses, normalmente, não são mais usados como recursos com crianças
maiores, como se elas não precisassem mais desse tipo de atividade.
 Do mesmo modo, é importante a reflexão sobre os instrumentos de avaliação, que
sobretudo na Educação Infantil, não têm o objetivo de reter, mas de auxiliar o processo
de formação da criança.
Interatividade 4- resposta (c) preciso delinear uma identidade para esse nível de
ensino.

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