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FACULDADE REGIONAL BRASILEIRA – ARAPIRACA

CURSO BACHARELADO EM FISIOTERAPIA

ANÁBIA LÚCIO PEREIRA BARBOSA

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA NO ALÍVIO DA DOR


CRÔNICA E NA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM
FIBROMIALGIA

ARAPIRACA - AL
2021
FACULDADE REGIONAL BRASILEIRA – ARAPIRACA
CURSO BACHARELADO EM FISIOTERAPIA

ANÁBIA LÚCIO PEREIRA BARBOSA

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA NO ALÍVIO DA DOR


CRÔNICA E NA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM
FIBROMIALGIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito parcial para a obtenção do Título de
bacharel em Fisioterapia pela Faculdade Regional
Brasileira – Arapiraca.

Orientador: Dr. Gilberto Santos Morais Junior

ARAPIRACA - AL
2021
ANÁBIA LÚCIO PEREIRA BARBOSA

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA NO ALÍVIO DA DOR CRÔNICA E NA


QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM FIBROMIALGIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito parcial para a obtenção do Título de
bacharel em Fisioterapia pela Faculdade Regional
Brasileira – Arapiraca.

Aprovado em: 20 / Julho / 2021

BANCA EXAMINADORA

___________________________
Dr. Gilberto Santos Morais Junior

_______________________________
Ana Caroline Melo dos Santos

_______________________________
Anderson ...

ARAPIRACA - AL
2021
Dedico este trabalho a Deus pela força
para alcançar meu objetivo; e aos meus
pais, esposo, filha, irmãs e sobrinhos, pelo
apoio, incentivo e amor incondicional.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus, por ter me dado saúde е forças para superar as


dificuldades, e a oportunidade para a realização de um sonho: a Graduação em
Fisioterapia;
Ao meu orientador Professor Gilberto Santos, que acreditou na minha proposta
de pesquisa e orientou-me sabiamente;
Aos Professores Evânio Silva e Hugo Bittencourt, que sempre me apoiaram e
me inspiraram durante a jornada acadêmica;
Aos meus pais, Petronio Pereira e Silvania Lúcio, que durante toda a minha
vida, mostraram-me a importância do estudo, sendo fonte de inspiração e de todo o
suporte necessário para que eu caminhe ao sucesso pessoal e profissional;
Ao meu esposo Alan Franklyn que foi meu grande apoiador e incentivador
durante todo o curso, dando-me sugestões e críticas para a realização desta pesquisa;
À minha filha, Alice Lúcio, que mesmo pequena e sem entender o motivo de
minha ausência, recebeu-me com seu amor em cada retorno, sendo meu maior motivo
e incentivo para completar esta jornada;
Às minhas irmãs, Alexandra Pereira e Amanda Lúcio, e sobrinhos – Bergson
Filho, Ágata Lúcio e Fleikson Júnior – que carinhosamente nos momentos de minha
ausência dedicados à formação superior, sempre fizeram entender que о futuro é feito
а partir da constante dedicação no presente;
Aos meus cunhados Fleikson Barbosa e Bergson Flávio que não pouparam
esforços em me ajudar sempre que necessário, sendo essenciais na minha formação;
Aos meus colegas de curso, por cada momento de amizade, aprendizado e
cooperação;
Enfim, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o
meu muito obrigada!
“Conheça todas as teorias, domine todas as
técnicas, mas ao tocar uma alma humana,
seja apenas outra alma humana.”

Carl Gustav Jung


RESUMO

A Fibromialgia é uma síndrome reumatológica de difícil diagnóstico,


caracterizada como um distúrbio musculoesquelético doloroso, difuso e crônico. Com
predominância no sexo feminino, possui sintomas de aspectos físico e mental, sendo
a dor crônica o principal sintoma relatado pelos pacientes. São sintomas comuns: a
depressão, ansiedade, fadiga, distúrbios do sono, diminuição da capacidade
funcional, rigidez matinal, entre outros, o que leva o paciente ao sedentarismo e
absenteísmo. Apesar da inexistência de exames de imagem que possam diagnosticar
a patologia, tem sido utilizadas ferramentas para a identificação da patologia, a mais
conhecida é a identificação dos Tender Points, ou Pontos Dolorosos, através da
palpação e pressão local. Desta forma, o objetivo do presente estudo, foi analisar os
benefícios que a Cinesioterapia fornece sobre a dor crônica em pacientes com
fibromialgia, bem como sua influência na melhoria da qualidade de vida destes. A
construção da base de dados se deu pela pesquisa de artigos acadêmicos nas
plataformas PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), PEDRo e Google Acadêmico.
Para obtenção dos resultados benéficos ao paciente, a prática da cinesioterapia deve
ser de forma personalizada, para isto é necessário a educação em saúde para que o
mesmo não recuse a terapia, visto o desconforto doloroso agudo, estando orientado
do tempo de dos benefícios a partir da oitava semana. Para isso é necessário a
utilização de exercícios de baixo impacto e baixa intensidade, no estudo foram
identificados o alongamento, exercícios aeróbicos e de fortalecimento. Estes
apresentam diversos benefícios, proporcionando a diminuição da dor crônica e
gravidade da doença, melhoria na qualidade de vida, vitalidade e bem-estar geral do
paciente. Nestes aspectos, os exercícios físicos apresentaram uma maior efetividade,
mas podemos obter melhores resultados aplicando-os simultaneamente ao
alongamento.

PALAVRAS-CHAVE: fibromialgia, dor crônica, cinesioterapia, análise funcional,


qualidade de vida, atividade física.
ABSTRACT

Fibromyalgia is a difficult-to-diagnose rheumatologic syndrome, characterized as a


painful, diffuse, and chronic musculoskeletal disorder. Predominantly in females, it has
symptoms of physical and mental aspects, with chronic pain being the main symptom
reported by patients. Common symptoms are: depression, anxiety, fatigue, sleep
disorders, decreased functional capacity, morning stiffness, among others, which lead
the patient to a sedentary lifestyle and absenteeism. Despite the lack of imaging exams
that can diagnose the pathology, tools have been used to identify the pathology, the
best known is the identification of Tender Points, or Painful Points, through palpation
and local pressure. Thus, the aim of this study was to analyze the benefits that
Kinesiotherapy provides on chronic pain in patients with fibromyalgia, as well as its
influence on improving their quality of life. The construction of the database was carried
out through the search of academic articles in the PubMed, Latin American and
Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library Online
(SciELO), PEDRo and Academic Google platforms. In order to obtain beneficial results
for the patient, the practice of kinesiotherapy must be personalized, for this it is
necessary to have health education so that the patient does not refuse the therapy,
given the acute painful discomfort, being guided by the time of benefits from of the
eighth week. For this it is necessary to use exercises of low impact and low intensity,
in the study were identified stretching, aerobic and strengthening exercises. These
have several benefits, providing a reduction in chronic pain and disease severity,
improvement in the patient's quality of life, vitality and general well-being. In these
aspects, physical exercises were more effective, but we can get better results by
applying them simultaneously to stretching.

KEYWORDS: fibromyalgia, chronic pain, kinesiotherapy, functional analysis, quality of


life, physical activity.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 13
2.1 Epidemiologia................................................................................................... 13
2.2 Fisiopatologia ................................................................................................... 14
2.2.1 Algômetro Analógico e Digital .................................................................... 15
2.2.2 Escala Analógica Visual de Dor (VAS) ...................................................... 15
2.2.3 Questionário de Dor MCGILL .................................................................... 15
2.3 Cinesioterapia na Fibromialgia ......................................................................... 21
3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 23
4. OBJETIVOS .......................................................................................................... 24
4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 24
4.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 24
5. METODOLOGIA ................................................................................................... 25
6. RESULTADOS ...................................................................................................... 26
7. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 28
7.1 Alongamento .................................................................................................... 28
7.2 Exercícios Aeróbicos ........................................................................................ 28
7.3 Exercícios de Fortalecimento Muscular ........................................................... 28
8. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 30
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 31
10

1. INTRODUÇÃO

Segundo Smith, Harris e Clauw (2011), a dor crônica, generalizada e sem


causa aparente surgiu no início do século XX sendo denominada por William Gowers
como “fibrosite”, foi classificada como uma forma de reumatismo muscular causada
por inflamação do tecido fibroso que cobre os músculos; outros termos foram
propostos em meados do mesmo século, mas foi apenas em 1970 que surgiu o termo
fibromialgia (FM).
A Fibromialgia é uma síndrome reumatológica, caracterizada como um distúrbio
musculoesquelético doloroso difuso e crônico. Tem como sintomas sempre presentes
a dor generalizada e a sensibilidade, e frequentemente associados a outros sintomas:
rigidez matinal, fadiga, distúrbios no sono, deficiência funcional, parestesia, a
síndrome do intestino irritável (WOLFE, 1989), depressão e ansiedade. Muitas vezes
o paciente fibromiálgico tem dificuldade em definir se a dor é muscular ou articular,
costumando falar que não há local no corpo que não dói.
De difícil diagnóstico e sem causa definida, a FM é bastante comum e
complexa. Sua predominância é em mulheres e pode ocorrer em qualquer idade,
sendo mais comum o acometimento da doença entre 30 e 50 anos, porém pode
aparecer também na infância. No Brasil a sua prevalência é estimada em 2,5%
(POLAŃSKA, 2004; LECHITZKI, 2017).
A Comissão de Dor, Fibromialgia e Outras Síndromes Dolorosas de Partes
Moles (2011) afirma que na FM as sensações estão amplificadas, fazendo com que o
paciente também tenha queixas de falta de memória, queimações e formigamentos,
dor abdominal, problemas para urinar, dificuldades na concentração e dor de cabeça.
A diminuição da função cognitiva, da atenção e memória são sintomas
indicados por Lechitzki (2017), como “Fibro fog” ou neblina do cérebro; trata-se de um
termo utilizado para um conjunto de dificuldades cognitivas que pessoas que sofrem
com fibromialgia podem apresentar. Desta forma, o paciente pode ter comprometida
a capacidade de guardar fatos na memória, de concentração e de manter a atenção.
Problemas de linguagem também podem ocorrer, como falar palavras comuns ou
lembrá-las.
A distinção entre os sintomas fibromiálgicos e de outras patologias é um desafio
aos médicos, sendo fator para a dificuldade no diagnóstico, baseando-se nisso, as
perguntas de triagem como uma primeira abordagem são primordiais para a sua
11

identificação, já que os múltiplos sintomas da FM geralmente se sobrepõem aos de


distúrbios relacionados (GOLDENBERG, 2009).
A dor crônica, conforme Lechitzki (2017), é a causadora de alguns fatores
prejudiciais, como a ansiedade, depressão e privação de sono, a perda funcional,
estresse psicológico e incapacidade, além de atrapalhar relacionamentos pessoais e
atividades de vida diária.
De acordo à Cartilha para pacientes com Fibromialgia (2011), estes têm uma
maior sensibilidade à dor; estudos mostram que a interpretação cerebral desses
pacientes é exagerada ao estímulo doloroso, fazendo com que a pessoa sinta mais
dor até mesmo ao toque, sabe-se que não há lesão, mas mesmo assim, o indivíduo
sente dor; a FM pode dar início após trauma físico e/ou psicológico, eventos graves
ou grave infecção.
Lechitzki (2017) afirma que nesta síndrome, ocorre o fenômeno Wind-up, onde
há um aumento da atividade neuronal espontânea e no corno dorsal da medula
espinhal, gerando uma sensibilização central que é definida como um retorno do
sistema nervoso central à estímulos periféricos de forma anormal; a hiperalgesia é
uma resposta ao estímulo aumentado de fibras aferentes primárias, e ativação de
substância P, bradicinina, serotonina, histamina e prostaglandinas, ou seja, há uma
sensibilização exagerada ao estímulo nociceptivo (toque ou pressão); a longo prazo,
este fenômeno de sensibilização central pode se sustentar sem ser necessário um
estímulo doloroso.
Adota-se como critérios de diagnóstico a dor musculoesquelética generalizada
com duração mínima de 03 meses e dor à palpação digital de pelo menos 11 dos 18
pontos doloridos, tais pontos são chamados de tender points (JENTOFT, KVALVIK e
MENGSHOEL, 2001).
A palpação e identificação dos tender points podem ser úteis no diagnóstico da
fibromialgia quando avaliados de forma conjunta a outros distúrbios funcionais.
Correlacionando-os à intensidade de alguns sintomas, especialmente ao estresse
emocional (HEYMANN et al., 2017).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2019), para o
diagnóstico da FM, fatores devem ser levados em consideração para afastar outras
condições com sintomas semelhantes, como a história do paciente, exames físico e
laboratoriais, tais pacientes podem apresentar outras doenças reumáticas dificultando
a sua completa melhora; não existem exames para o diagnóstico de FM, este é
12

totalmente clínico e realizado através dos sintomas e sinais, exames podem ser
solicitados para exclusão de doenças semelhantes ou para detecção de outros
problemas que possam influenciar na evolução da doença.
Apesar de não haver uma cura para a fibromialgia, uma equipe multidisciplinar
deve ser inserida no tratamento, utilizando assim exercícios aeróbicos, educação em
saúde, terapia cognitivo-comportamental e terapia farmacológica, visando a melhoria
dos sintomas e função do paciente (SMITH, HARRIS e CLAUW, 2011).
A Comissão de Dor, Fibromialgia e Outras Síndromes Dolorosas de Partes
Moles (2011), relata que para tratar a fibromialgia, além de medicações para a redução
da dor crônica e melhoria do sono, podem ser utilizadas como opções terapêuticas as
técnicas cujo objetivo seja relaxamento muscular no combate de tensão e programas
de exercícios para o fortalecimento da musculatura e melhoria do sistema
cardiovascular; visto que as dores podem ser agravadas após excessivo esforço
físico, infecções, estresse emocional, sono ruim, exposição ao frio ou trauma, os
pacientes fibromiálgicos tendem a adotar, de forma antálgica, uma vida sedentária.
Afetando diretamente a qualidade de vida destes.
Segundo Lechitzki (2017), a dor possui fortes componentes emocionais e está
diretamente ligada ao sofrimento, ela é a principal causadora de absenteísmo no
trabalho. A dor crônica sentida pelos portadores de Fibromialgia ao praticar atividades
físicas, laborais e de vida diária leva-os a adotar um estilo de vida sedentário, desta
forma como a Cinesioterapia pode contribuir na melhoria da dor e da qualidade de
vida desses indivíduos?
13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Epidemiologia

O termo Fibromialgia nasceu da junção do latim fibra (tecido fibroso), do prefixo


grego mio (músculos), e de algia, originário do grego algos (dor). Refere-se à presença
de dor musculoesquelética difusa e crônica, incluindo múltiplos pontos dolorosos
(GOLDENBERG, 2008).
A Fibromialgia é uma síndrome de dor crônica e difusa dos tecidos moles
caracterizada por dores musculoesqueléticas generalizadas, fadiga, pontos sensíveis
e sono insuficiente. Considerada uma doença reumatoide pode ter incidência matinal,
e agravar-se com falta de sono, mudanças climáticas e estresse (SIEGMETH e
GERINGER, 1995).
A fibromialgia pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum o
acometimento entre os 30 e 50 anos; possui prevalência para ambos os sexos porém
possui predominância em mulheres, um estudo realizado pelo Colégio Americano de
Reumatologia indica a prevalência da FM de 2,0% para ambos os sexos, sendo 0,5%
para os homens e 3,4% para as mulheres (WOLFE et al., 1995).
Helfenstein Junior et al (2012) salienta que os fatores hormonais, ambientais e
genéticos influenciam a FM; diz ainda que a faixa etária mais frequente é de 40 a 55
anos e que a prevalência da fibromialgia varia de 0,2 a 6,6% na população mundial, e
com proporção de 9:1 de acometimento de mulheres e homens. De acordo Orrú
(2020), a fibromialgia quando acomete crianças é chamada de fibromialgia primária
juvenil, podendo afetar a frequência escolar.
Os sintomas da FM correlacionam-se com o limiar de dor na população em
geral. Segundo Siegmeth e Geringer (1995), as mulheres apresentam mais sintomas
da FM visto o seu limiar de dor que é mais baixo, estudos sugerem que a deficiência
de serotonina no cérebro é fator importante na FM, observando-se também um limiar
de dor inferior ao normal nos pacientes; está associada à perda ou diminuição da
produtividade, da qualidade de vida e da percepção do bem-estar entre os pacientes.
Trata-se de uma patologia comum em pacientes com lombalgia crônica,
doenças reumáticas sistêmicas ou síndrome da dor regional complexa; não havendo
grande diferença na comparação da taxa de mortalidade entre pacientes com
fibromialgia e aqueles que não possuem tal patologia. O que pode aumentar o risco
14

de mortalidade são fatores associados, como por exemplo a depressão que pode
trazer tendências suicidas (ORRÚ, 2020; MANDAL, 2019).

2.2 Fisiopatologia

A International Association for the Study of Pain (1979) define a dor como sendo
“uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual
real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão”, é fundamental para a
integridade do indivíduo pois tem função de proteção, sendo assim, essencial para a
sua sobrevivência; um fator limitante, visto que impede o indivíduo de realizar
atividades, provoca isolamento, causa neuroinflamação, altera o emocional, causa
restrição de movimentos, aumenta a sensibilidade e provoca outras dores.
A dor funciona como um sinal de alerta ao organismo, que responde de forma
protetora a fim de minimizar danos que podem ser caudados aos tecidos; controla-la
torna-se um problema de saúde pública visto que é um sintoma que acompanha
patologias que requerem cuidados de saúde, sendo um fator potencial para causar
incapacidades (JANEIRO, 2017).
O fibromiálgico tende a adotar hábitos sedentários e praticar o absenteísmo,
pois a convivência com os diversos sintomas, principalmente com a dor crônica, torna-
se um incômodo e um empecilho para a realização da atividade laboral, acadêmica
ou de vida diária. Apesar de subjetiva, a dor relatada pelo paciente não deve ser
subestimada, a sensação de dor varia de um indivíduo para o outro e de acordo a
fatores culturais, afetivo e emocional, exigindo então um olhar profissional de forma
individualizada.
Sendo a dor uma sensação subjetiva, tem sido utilizados alguns instrumentos
para a avaliação e uniformização do acompanhamento dos pacientes que possuem
características álgicas e portadores de doenças. Tais instrumentos são constituídos
por índices e questionários capazes de descrever suas características clínicas e de
quantificar a intensidade da dor, bem como seu impacto na qualidade de vida e
atividades de vida diária (MARTINEZ, GRASSI e MARQUES, 2011).
De acordo Knoplich (2003), a dor está relacionada a fatores ambientais em que
o indivíduo que relata a dor vive, assim como a fatores inerentes à sua personalidade;
a dor pode ser avaliada de acordo a alguns métodos e instrumentos, descritos a
seguir.
15

2.2.1 Algômetro Analógico e Digital

Algômetro, ou Dolorímetro, é um equipamento utilizado para mediar a dor do


paciente, pode ser o modelo analógico ou digital (Figura 1). Através da pressão
exercida em um ponto gatilho, a dor sentida pelo paciente é mensurada. Possui como
unidades de medida, libras por cm² e kilograma-força.

Figura 1. Algômetro analógico e Algômetro digital (FISAUDE, 2021).

2.2.2 Escala Analógica Visual de Dor (VAS)

Trata-se de um instrumento unidimensional de avaliação da intensidade da dor


sentida pelo paciente. Possui uma linha enumerada de 0 a 10, sendo cada numeração
referente a uma intensidade diferente de dor. Desta forma o paciente avaliará e irá
marcar na linha a dor sentida naquele momento (MARTINEZ, GRASSI e MARQUES,
2011). De acordo à Figura 2 abaixo.

Figura 2. Escala Visual Analógica (CAFISIO, 2021).

2.2.3 Questionário de Dor MCGILL

Trata-se de uma escala multidimensional, que une fatores unidimensionais à


escala de dor (Figura 3). O profissional irá orientar o paciente que deve escolher as
opções que mais identificam a sua dor, ao final do questionário, o profissional deverá
realizar a soma e descrever. Classifica a dor em 3 dimensões: sensorial, afetiva e
avaliativa, incluindo a sua localização e intensidade da algia. Através do Questionário
de McGILL, podem ser medidos: o número de descritores escolhidos correspondentes
16

às palavras que o paciente definiu para explicar a sua dor, o número de descritores
selecionados e o índice de dor. O paciente só poderá escolher uma palavra em cada
subgrupo, desta forma, o maior valor possível será 20 (vinte). Já o valor máximo para
o índice de dor será 78 (setenta e oito), pois ele é resultado da somatória dos valores
de intensidade dos descritores selecionados. Na dimensão sensorial a dor é descrita
em termos temporais (pressão, temperatura), na dimensão afetiva é avaliada a
qualidade e experiência da dor (medo, tensão), enquanto na dimensão avaliação a
dor é descrita de forma holística (MENDES et al., 2016; PIMENTA e TEIXEIRA, 2010).

Figura 3. Questionário de Dor McGILL (PIMENTA e TEIXEIRA, 2010).


17

A dor se dá por estímulo periférico, através da ativação do receptor sensorial


da dor (nociceptores) pela ação de neuromediadores (serotonina, bradicinina e
prostaglandinas), estes estão ligados ao Sistema Nervoso Central (SNC) através das
fibras nervosas, pela ação de neurotransmissores (dopamina, serotonina,
noradrenalina e encefalinas) transmitindo não só estímulos dolorosos, mas também
outros estímulos não dolorosos (COUSINS e POWER, 2003).
Ainda de acordo Cousins e Power (2003), as fibras aferentes do Sistema
Nervoso Periférico recebem estímulo nociceptivo (Figura 4, região 1) que levam ao
SNC a mensagem de “lesão potencial” (figura 4, regiões 2, 3 e 4). Tal comunicação
ocorre na região posterior da medula espinhal por sinapses neurais (primeiro e
segundo neurônio) ou por intermédio de um interneurônio).

Figura 4. Níveis da modulação da dor (COUSINS e POWER, 2003).

Em outras palavras, as fibras conduzem os impulsos que são considerados os


primeiros moduladores da via da condução da dor, pois estes fazem sinapses com os
neurônios secundários da medula espinhal, posteriormente farão sinapses com um
terceiro neurônio no cérebro completando a condução nociceptiva, e é nesse
momento que há a percepção da dor pelo cérebro. Após a detecção, como resposta
cerebral, serão conduzidas informações na medula espinhal, por via descendente,
havendo a comunicação com interneurônios, isso liberará opióides endógenos
18

(endorfinas, encefalinas, dinorfinas) que se combinarão com receptores de opióides,


esta ação diminuirá a liberação da substância P, reduzindo enfim, o estímulo doloroso.
Apesar de ter etiologia e fisiopatologia incertas, de acordo a Heldenstein Junior
et al. (2012), as hipóteses da patologia estão relacionadas à disfunção do sistema
nervoso central, tornando os mecanismos supressores da dor insuficientes, resultando
na disfunção de neurotransmissores.
A FM trata-se de uma disfunção dos sistemas inibidores da dor, conceituada
como um “distúrbio da sensibilização aumentada do SNC” onde há a desregulação do
sistema de dor do Sistema Nervoso Central, e não uma doença localizada nos
músculos (ORRÚ, 2020).
Na Fibromialgia, o principal sintoma é a dor, neste caso crônica e difusa, que
pode se apresentar como pontada, queimação, contusão ou “tipo cansaço”. Uma dor
pode ser causada por diversos fatores, pode ter durações diferentes e afetar tecidos
diversos. Para a sua classificação, é necessário levar em conta a sua duração, se está
associada a alguma patologia e também, considerar a sua localização (PROVENZA
et al., 2004; GUYTON e HALL, 2011).
Ainda de acordo Provenza et al. (2004), a FM é superada apenas pela
osteoartrite, sendo o segundo distúrbio reumatológico mais comum. Relata a
dificuldade dos pacientes na localização da dor que pode ser articular, óssea ou
muscular.
Visto a impossibilidade de diagnóstico através de marcador laboral ou exame
de imagem, este torna-se variável e de acordo ao julgamento e experiência clínica
individual a cada médico. Sabe-se que a presença de dor difusa é característica
fundamental para o diagnóstico. Os pontos dolorosos podem ser úteis para auxiliar no
diagnóstico mas devem ser analisados em conjunto a outros distúrbios funcionais,
correlacionado com a intensidade de alguns sintomas (HEYMANN et al., 2017).
A FM pode ser identificada pela presença de pelo menos 11 dos 18 pontos
específicos dolorosos à palpação e pressão executada no local, chamados de tender
points (Figura 5), que estão localizados: parte posterior do pescoço (1 e 2), parte
frontal do pescoço (3 e 4), parte superior das costas (5, 6, 7 e 8), parte superior do
peito (9 e 10), parte anterior do cotovelo (11 e 12), região lombar (13 e 14), abaixo das
nádegas (15 e 16) e nos joelhos (17 e 18), sendo considerado ponto doloroso positivo
quando há dor intensa em resposta a uma pressão de 4kg/cm² ou menos
(PROVENZA, et al., 2004; SMITH, HARRIS e CLAUW, 2011).
19

Figura 5. Tender Points (GOBBATO, 2021).

Os tender points passaram a ser utilizados a partir de 1990 como um dos


critérios de diagnóstico da FM, de acordo ao Colégio Americano de Reumatologia
(ACR), porém em 2010 o mesmo lançou os Critérios Preliminares de Diagnóstico da
Fibromialgia, onde foram introduzidos a Escala de Gravidade dos Sintomas (EGS –
Figura 5) e o Índice de Dor Generalizada (IDG – Figura 6), desde então estes critérios
para diagnóstico da FM. Podemos então, citar a ACR de 2010, como ferramenta de
avaliação simples que pode ser utilizada no ambiente de atenção primária. Incorpora
a dor periférica e os sintomas somáticos. Possibilitando uma maior compreensão e
manejo da patologia (OGATA, 2020; MOYANO, KILSTEIN, e ALEGRE, 2015).
Os Critérios Preliminares de Diagnóstico da FM do ACR de 2010 terá base na
quantidade de pontos dolorosos, na extensão de sintomas somáticos, na presença de
fadiga de acordo a sua gravidade, bem como da dificuldade cognitiva e do sono não
reparador. O diagnóstico de fibromialgia com base nestes critérios, apresenta 25% de
falso negativo se comparado ao diagnóstico clínico, visto que a interpretação dos
tender points pode ter falhas no diagnóstico final se for realizada por médicos não
treinados (HEYMANN et al., 2017).
O cálculo do IDG é realizado levando em consideração o local da dor, pode
variar entre 1 a 19. Enquanto a EGS considerará a Fadiga (cansaço ao executar
20

atividades), Sono Não Reparador (acordar cansado), Sintomas Cognitivos (dificuldade


de concentração, memória, etc.) e os Sintomas Somáticos (dor muscular, dor
abdominal, dor de cabeça, dor articular, etc.) de acordo à sua intensidade, que poderá
variar de 0 a 12 (OGATA, 2020).
Ainda de acordo Ogata (2020), o paciente diagnosticado com fibromialgia
deverá apresentar as seguintes características:
1) IDG + EGS maior ou igual a 13;
2) 3 meses ou mais de sintomas;
3) Inexistência de desordem que possa explicar a dor sentida.

Figura 5. EGS (BRIOSCHI, 2021)

Figura 6. IDG (BRIOSCHI, 2021)


21

2.3 Cinesioterapia na Fibromialgia

Apesar de ser não haver cura para a FM, o seu tratamento concentra-se na
melhoria da qualidade de vida, atividades funcionais e redução da dor crônica difusa,
insônia, disfunção cognitiva, humor, fadiga e transtornos do sono. Esse tratamento
deve ser multidisciplinar e individualizado (ORRÚ, 2020).
A fisioterapia contribui para tratar e prevenir diversos aspectos das desordens
motoras, tais como ganho de massa muscular, flexibilidade e alterações da função
musculoesquelética. O objetivo do tratamento da FM é a diminuição dos sintomas para
que o paciente possa ter uma melhor qualidade de vida. Normalmente são utilizados
fármacos analgésicos, ansiolíticos, antidepressivos, relaxantes musculares e
anticonvulsivantes, porém o fármaco por si só muitas vezes não é eficaz, sendo
necessário introduzir ao tratamento terapias alternativas, exercícios físicos entre
outras terapias (ROSINHA, 2014).
De acordo Souza (2009), trata-se de uma dor crônica quando o sintoma
persiste mesmo após a recuperação da lesão. Informa ainda que é sugerido
tratamento multidisciplinar bem como são prescritos os exercícios físicos.
Treinamento cardiovascular através de exercícios aeróbicos de baixo impacto
e de força, caminhada, exercícios aquáticos são melhor tolerados pelos pacientes. O
exercício é benéfico tanto para o sono quanto para a dor e função; sendo o treino
resistido benéfico na redução tanto da dor e fadiga quanto no aumento do nível de
força (ORRÚ, 2020).
O efeito analgésico causado pela atividade física ocorre pela liberação e
endorfinas, isso causa a sensação de bem-estar e autocontrole, atuando como um
antidepressivo. Esta atividade física deve ainda ser de forma cuidadosa e planejada
para que seja bem tolerada pelo paciente, de início leve e com intensidade aumentada
gradativamente, de forma a deixar o paciente confortável com o tratamento não o
abandonando a longo prazo (PROVENZA et al., 2004).
Os exercícios aeróbicos de baixo impacto são uma ótima alternativa de
tratamento, pois evitam as dores sentidas na prática do exercício, com foco no
fortalecimento do sistema muscular e cardiorrespiratório (SOUZA, 2014).
O fortalecimento muscular, através de exercícios aeróbico e resistido,
proporciona a analgesia e redução da gravidade; enquanto a combinação do exercício
aeróbico e alongamentos, proporcionam uma melhora na saúde física e mental; terão
22

eficácia também nos sintomas depressivos quando combinados os exercícios


aeróbicos, alongamento e exercícios resistidos (BORDIGNON, 2018).
A Cinesioterapia quando realizada de forma regular e adequada, trará
melhorias na capacidade física e na realização das atividades de vida diária, no
controle de massa corporal, condição cardiovascular, ansiedade e postura (SANTOS
et al., 2018).
Santos et al. (2018) explica ainda, que inicialmente o paciente poderá relatar
aumento da dor e da fadiga, porém com a continuidade das atividades físicas esses
desconfortos diminuirão visto que os benefícios aparecerão a partir da oitava semana.
23

3. JUSTIFICATIVA

Ao ingressar no curso de bacharelado de Fisioterapia, fiquei motivada e


interessada em desenvolver o tema, percebendo o impacto que a dor crônica pode
causar na vida de uma pessoa. Estudar a dor nos faz repensar em nossas ações
cotidianas e em nosso papel enquanto profissionais e educadores de saúde, capazes
de ajudar às pessoas a retomar sua vida cotidiana e melhorar a sua qualidade de vida.
Com as alterações musculares e sensoriais causadas pela fibromialgia, a dor
torna-se o sintoma mais identificado, acompanhada de outros aspectos impactantes
tornando esta doença uma das mais prejudiciais na qualidade de vida das pessoas.
Visto a fadiga e percepção inadequada de dor, o sedentarismo será fator prejudicial
ao tratamento desta patologia.
A fibromialgia era pouco conhecida mas vem ganhando bastante repercussão
devido ao aumento de diagnósticos e mídia, na divulgação de alguns famosos que
possuem tal patologia. Desta forma, muitas pessoas tomam conhecimento da doença,
identificam-se e buscam atendimento médico e ajuda profissional.
A execução do trabalho, tarefas cotidianas e vontade de viver são afetadas
diretamente pela intensidade e constância da dor; assim, a atividade física é apontada
como uma das melhores formas de tratamento, pois é capaz de proporcionar alívio da
dor, regulação do sono, e dessa forma aumentar a qualidade de vida e bem-estar
geral do paciente.
24

4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Analisar, através de uma revisão de literatura integrativa, os benefícios que a


Cinesioterapia fornece sobre a dor crônica em pacientes com fibromialgia, bem como
sua influência na melhoria da qualidade de vida destes.

4.2 Objetivos Específicos

 Conhecer a semiologia da fibromialgia;


 Identificar as principais técnicas da cinesioterapia no tratamento de
pacientes fibromiálgicos;
 Identificar os efeitos benéficos que as terapias realizadas oferecem;
 Qualificar a melhoria da dor crônica como efeito à terapia;
 Analisar a contribuição da cinesioterapia na qualidade de vida dos
indivíduos com esta patologia.
25

5. METODOLOGIA

Para a construção desta revisão integrativa, foi realizado um levantamento


através da busca de artigos científicos nas bases de dados internacionais e nacionais:
PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Scientific Eletronic Library Online (SciELO), PEDRo e Google Acadêmico. Houve a
seleção de artigos, teses e cartilhas para a construção da base de dados deste
trabalho acadêmico; buscou-se a identificação dos métodos e instrumentos
avaliadores da dor, sendo adotados como critérios de inclusão nos resultados: artigos
que abordavam a introdução da cinesioterapia como principal tratamento da FM;
publicados entre os anos 2001 a 2021. Dos 36 artigos selecionados, foram utilizados
14 artigos nos resultados apresentados, de acordo os critérios estabelecidos. Na
pesquisa, foram usadas as seguintes palavras-chave: fibromialgia, dor crônica,
cinesioterapia, análise funcional, qualidade de vida, atividade física. Público-alvo:
pesquisadores, profissionais, acadêmicos e mulheres que sofrem com os sintomas da
FM.
26

6. RESULTADOS

Para obtenção destes resultados, foram analisados 14 artigos de acordo aos


critérios de inclusão estabelecidos, sendo eles 03 Revisões Bibliográficas, 06 Ensaios
Clínicos Randomizados, 03 Revisões Sistemáticas e 02 Estudos Piloto. Nos estudos
apresentados, pôde-se identificar o uso de algumas ferramentas na medição da dor e
sintomatologia, algumas foram citadas nesta pesquisa: VAS, IDG, EGS, identificação
dos Tender Points. Verificou-se ainda, a prática da cinesioterapia através de
exercícios aeróbicos, alongamentos e exercícios de fortalecimento muscular.
Sabe-se que a FM exerce impacto negativo na qualidade de vida, por isso deve-
se buscar estratégias de intervenção para o alívio da dor, aumento da capacidade
funcional e melhoria da qualidade de vida dos doentes fibromiálgicos (MARTINS et
al., 2016).
Verificou-se que os exercícios de alongamento, aeróbicos de baixa intensidade
e de fortalecimento muscular trazem efeitos benéficos nos sintomas da FM, como a
melhora significativa da dor, e da qualidade de vida, podendo ser considerados
complementares já que apresentam melhora em aspectos distintos (BERSSANETI,
2010; HECKER et al., 2011).
Bueno, Pires e Roger-Silva (2012), concluem que o exercício físico promove o
alívio da dor, é gerador de bem estar e contribui significativamente para a melhoria na
qualidade de vida dos pacientes. Constata ainda, que o programa de exercícios deve
ser supervisionado e bem elaborado para que haja o aumento gradual do
condicionamento físico, da flexibilidade e da habilidade funcional.
O condicionamento físico aeróbio melhora os sintomas da FM e é superior ao
alongamento na melhora da depressão, ansiedade, dor, função, fadiga e qualidade de
vida; enquanto os alongamentos mostram ser mais eficazes na diminuição do número
de tender points e melhoria dos distúrbios do sono (VALIM, 2001; MATSUTANI,
ASSUMPÇÃO e MARQUES, 2012; SOUSA et al., 2018).
Foi identificado que o exercício físico aeróbico de intensidade moderada e
mantido por mais de 10 minutos, pode ativar os mecanismos endógenos de controle
da dor, desta forma, os pacientes com FM melhoram o seu nível de flexibilidade e bem-
estar geral usando técnicas de cinesioterapia e exercícios de alongamento (SOUZA,
2009; VALENCIA et al., 2009).
27

Lisboa et al (2015) apresenta a ação benéfica da cinesioterapia na


sintomatologia climatérica e na função sexual, agindo assim, na melhoria da qualidade
de vida também nestes aspectos.
Em seu estudo, Correia et al (2018) identifica que o treinamento é capaz de
reduz a dor a partir da 8ª semana, e deve ser continuo e orientado por profissional,
deve ter duração de 30 minutos ou mais, e frequência de 2 a 3 vezes por semana.
Os exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular são a forma mais eficaz
de reduzir a dor e melhorar o bem-estar global em pessoas com fibromialgia e que
alongamento e exercícios aeróbicos aumentam a qualidade de vida relacionada à
saúde. Além disso, o exercício combinado produz o maior efeito benéfico sobre os
sintomas de depressão. Portanto, se ambas forem executadas juntas ou
simultaneamente, podem trazer mais resultados em menor tempo e com maior
rendimento (SOSA-REINA et al., 2017; ARANTES et al., 2018).
Lorena e Ranzolin (2015) destacam a importância do alongamento muscular no
tratamento da FM, mas observa a necessidade de novos estudos para se estabelecer
os reais benefícios da técnica.
28

7. DISCUSSÃO

No tratamento da fibromialgia, faz-se necessário uma equipe multidisciplinar,


onde o paciente necessitará realizar atividade física, terapia em saúde mental,
acompanhamento nutricional e tratamento medicamentoso (se necessário) a fim de
alcançar a analgesia, melhorar a qualidade de vida e bem-estar geral. Na atividade
física, o profissional Fisioterapeuta, poderá utilizar em seu tratamento a
Cinesioterapia.
As técnicas utilizadas durante a Cinesioterapia no tratamento da FM são o
Alongamento, os Exercícios Aeróbicos e de Fortalecimento Muscular, que devem ser
de baixa intensidade, baixo impacto e personalizados. Os benefícios encontrados na
pesquisas sobre os sintomas foram:

7.1 Alongamento

Observou-se a melhora no sono, diminuição na rigidez matinal, aumento da


flexibilidade, melhora do condicionamento físico, diminuição da dor e fadiga, além da
melhora no limiar de dor especificamente dos tender points.

7.2 Exercícios Aeróbicos

Proporciona a diminuição da tensão muscular e dor, melhora nos aspectos de


saúde mental, na fadiga, depressão, sono e ansiedade.

7.3 Exercícios de Fortalecimento Muscular

Melhora na flexibilidade, na força muscular, capacidade funcional, diminuição


do número de tender points positivos, melhora no limiar de dor nos tender points,
diminuição da rigidez, melhora no sono, fadiga, ansiedade e depressão.

Na fase inicial do programa de exercícios é comum o relato no aumento da


intensidade da dor e da fadiga, porém com a frequência dos exercícios e a constância,
esta sensação irá diminuir proporcionando o bem-estar esperado (ANDRADE,
CARVALHO e VILAR, 2008).
29

Por este motivo, é de extrema importância que o profissional exerça a educação


em saúde e oriente o seu paciente sobre as dificuldades da fase inicial do tratamento,
bem como dos resultados esperados, para que não venha a desistir do programa
antes de obter o seu resultado, para isto o profissional Fisioterapeuta deverá tratar
cada paciente de forma individual e montar o seu tratamento de forma personalizada.
São necessários treinos de 8 a 10 semanas constantes, com a combinação de
alongamentos, exercícios aeróbicos e exercícios de fortalecimento muscular para um
melhor resultado. O tratamento depende de variáveis, como a duração da terapia, a
intensidade do exercício, o período e a frequência (ANDRADE, CARVALHO e VILAR,
2008; ARANTES et al., 2018).
Os resultados dos exercícios físicos (melhoria nos aspectos físicos e
emocionais) mostraram-se mais eficazes na melhoria dos sintomas e maiores ganhos
quando comparados aos do alongamento (melhoria nos aspectos físicos). Tais
resultados começam a aparecer após a 8° semana de terapia, de forma contínua e
frequência de 2 a 3 dias semanais e duração de 30 minutos ou mais (CORREIA et al.,
2018).
O impacto negativo promovido pela fibromialgia demonstra a necessidade de
tratamento analgésico e promotor da melhoria na qualidade de vida (MARTINS et al.,
2016), desta forma os exercícios físicos de baixo impacto são utilizados no tratamento
da fibromialgia como intervenção de reabilitação física, diminuindo o impacto dos
sintomas da FM.
A cinesioterapia proporciona ao paciente o bem-estar geral pois libera endorfina
para o sistema nervoso central, os seus benefícios ocorrem a partir da oitava semana
ou décima semana após o início do programa de tratamento sendo necessários então
programas mais longos para adaptação do paciente e alcance dos resultados
esperados (ARANTES et al., 2018).
Apesar da efetividade constatada nesta pesquisa, houve uma significante
dificuldade na busca de artigos com esta temática, desta forma, faz-se necessário
posteriores estudos sobre a temática, para melhor evidenciação das técnicas aqui
apresentadas, bem como para a comparação e análise de outras técnicas de
tratamento para tal patologia.
30

8. CONCLUSÃO

O estudo indica que a Cinesioterapia tem diversos benefícios quando aplicados


a pacientes com Fibromialgia. Proporcionando a diminuição da dor crônica, uma
melhoria na qualidade de vida, na gravidade da doença, na vitalidade e no bem-estar
geral do paciente. Os exercícios físicos apresentam uma maior efetividade, mas se
aplicados simultaneamente ao alongamento, apresentarão melhores resultados.
Desta forma, trata-se de um tratamento eficaz para a fibromialgia, pois os
exercícios aeróbicos, de fortalecimento e alongamento, adaptados e personalizados
a cada paciente, proporcionarão benefícios nos aspectos físico e mental, alívio da dor
e melhoria na qualidade de vida do paciente.
31

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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