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ARTIGO

Ciências & Cognição 2021; Vol 26(2), 370-386 © Ciências & Cognição
ISSN 1806-5821 <http://www.cienciasecognicao.org/revista>
Submetido em 13/02/20 | Aceito em: 13/06/21 | Publicado online em 31/12/21

Funções executivas em crianças que apresentam dificuldades


de aprendizagem
Executive Functions in Children with Learning Disabilities

Sofia Almeida Osório de Araújo 1, Alanny Nunes de Santana 2, Monilly


Ramos Araujo Melo 1,*

1) Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande,


Paraíba, Brasil. 2) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife,
Brasil.

Resumo
As Funções Executivas (FE) podem ser definidas como um grupo complexo e
integrado de recursos cognitivos que permitem ao sujeito efetuar
comportamentos voltados a fins previamente decididos. Alterações nessas
habilidades, preditoras de uma boa prática acadêmica, podem desencadear
dificuldades no processo de aprendizagem de crianças. Logo, objetivou-se
apurar a relação entre FE e dificuldades de aprendizagem em crianças com
idades entre 7 e 11 anos de ambos os sexos, atendidas em um centro
especializado nessa demanda para o público infantil. Foram utilizadas as
ferramentas Five Digit Test (FDT) e um questionário sociodemográfico para a
coleta de dados. Foram feitos estudos estatísticos descritivos e correlacionais
por meio do software SPSS para Windows, a partir dos quais descrevemos
correlações significativas entre os componentes executivos ‘Controle
Inibitório ’e ‘Flexibilidade Cognitiva ’e as dificuldades de aprendizagem, o que
nos indica a importância destes para a execução acadêmica, bem como a
relevância de métodos de avaliação das FE na primeira fase escolar, para assim
prevenir/minimizar o impacto dessas dificuldades no curso do aprendizado.
Pontua-se que foram descobertos impasses normativos para correção de erros
no teste aplicado, criando limitações na pesquisa, assim, propõe-se uma
ampliação de normatizações.

Palavras-chave: funções executivas; criança; dificuldade de aprendizagem.

Abstract
Executive Functions (FE) can be defined as a complex and integrated group of
cognitive resources that allow the subject to perform behaviors aimed at
previously decided ends. Changes in these skills, predictors of good academic
practice, can trigger difficulties in the learning process of children. Thus, the
objective was to investigate the relationship between EF and learning
difficulties in children aged between 7 to 11 years of both sexes, attended at a
specialized center in this demand for children. Five Digit Test (FDT) tools and a

*
M. Ramos - E-mail: monillyramos@gmail.com – ORCID https://orcid.org/0000-0001-6496-371X; A. Nunes: E-
mail: alanny46@gmail.com – ORCID https://orcid.org/0000-0001-9505-3508; S. Osório - E-mail:
osoriosa09@gmail.com

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sociodemographic questionnaire were used for data collection. Descriptive and


correlational statistical studies were carried out using PSS for Windows
software, from which we describe significant correlations between the
executive components 'Inhibitory Control' and 'Cognitive Flexibility' and the
learning disabilities, which indicates the importance of these for academic
performance, as well as the relevance of EF assessment methods in the first
school phase, in order to prevent/minimize the impact of these difficulties on
the learning course. It is pointed out that normative impasses were found to
correct errors in the applied test, creating limitations in the research, thus, an
expansion of norms is proposed.

Keywords: Executive functions; Child; Learning disability.

Introdução

A neuropsicologia é uma ciência cujo objetivo é a investigação do papel dos sistemas


cerebrais individuais nas formas complexas da atividade mental (Luria, 1981). Assim sendo,
tal saber busca compreender o funcionamento (normal ou disfuncional) do cérebro e extrair
respostas sobre os processos cognitivos. Para tanto, tem-se a avaliação neuropsicológica
(ANP) como um procedimento de investigação que se utiliza de entrevistas, observações,
provas de rastreio e testes psicométricos, no intuito de identificar o rendimento cognitivo
funcional, assim como de investigar a integridade ou o comprometimento de uma
determinada função cognitiva (Ramos & Hamdan, 2016). Dentre as diversas modalidades de
avaliação propostas pela neuropsicologia destacamos a avaliação neuropsicológica infantil,
visto que esta é uma ferramenta eficaz e importante para o acompanhamento do
desenvolvimento cognitivo da criança, auxiliando na verificação precoce de possíveis
alterações cognitivas decorrentes de disfunções do desenvolvimento (Barros & Hazin, 2013).
Nesse campo ressaltam-se os avanços que abrangem conteúdos acerca das funções
neurocognitivas, e em seu progresso abarcam, dentre outras, as chamadas funções executivas
(FE), entendidas como atividades mentais complexas responsáveis pelo ajustamento e
autogerenciamento dos sistemas cognitivo e biológico, levando à harmonia entre estes.
As funções executivas podem ser definidas enquanto uma coleção de habilidades
cognitivas que permitem ao indivíduo realizar comportamentos e atividades que demandam
um planejamento e finalidades previamente instituídas (Kluwe-Schiavon, Viola & Grassi-
Oliveira, 2012). São consideradas funções mentais superiores e responsáveis pela própria
capacidade de equilíbrio ou administração, relacionando-se a vários componentes, a exemplo
da atenção seletiva, controle inibitório, planejamento, organização, flexibilidade cognitiva e
memória operacional (Barros & Hazin, 2013).
As FE correspondem a um conjunto de processos responsáveis pela coordenação de funções
cognitivas, comportamentais e emocionais visando a otimização do desempenho na busca de
metas. Por meio das FE os sujeitos podem, levando em consideração sua situação, definir
objetivos por meio de um direcionamento e sequenciamento, abandonar estratégias
ineficientes a partir do planejamento e avaliar a adequação de comportamentos (Junior &
Melo, 2011).
A resolução de novos problemas, assim como de atividades diárias, está diretamente
relacionada ao funcionamento das FE, na medida em que estas envolvem o gerenciamento e
a integração de funções cognitivas (Ferreira, Zanini & Seabra, 2015; Junior et al, 2011). Dessa
forma, afirma-se que, devido à característica autorreguladora das funções executivas, pode-

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se estabelecer uma analogia entre estas e um “diretor executivo” ou “maestro” do


funcionamento da atividade mental humana (Barros & Hazin, 2013).
As FE têm seu desenvolvimento inicial na infância, durante a qual observam-se
significativas melhorias de desempenho acadêmico e social, os quais irão refletir futuramente
na fase adulta (Dias & Seabra, 2013). Sabe-se, atualmente, que os três elementos básicos das
FE - controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva (Miyake, Friedman,
Emerson, Witzki & Howerter, 2000) - relacionam-se diretamente ao processo de
aprendizagem, de modo que permitem ao sujeito manipular ideias, dirigir a atenção seletiva
e sustentada e desenvolver o autocontrole, evidenciando-se que déficits nas habilidades
executivas podem implicar em dificuldades de aprendizagem (Blair & Razza, 2007; Capovilla &
Dias, 2008; Corso, Sperb, Jou & Salle, 2013; Dias, Menezes & Seabra, 2010). Destaca-se que os
três componentes das FE se relacionam diretamente a uma interação adaptativa do indivíduo
ao mundo, permitindo o desenvolvimento do autocontrole, a manipulação de ideias, a
atenção seletiva e sustentada, dentre outras habilidades necessárias ao processo de
aprendizagem.
A memória de trabalho refere-se à habilidade relacionada ao armazenamento
temporário das informações, possibilitando a manipulação destas de acordo com as
exigências ambientais, sendo fundamental para dar sentido aos eventos que ocorrem ao longo
do tempo (Dias et al, 2015; Ferreira et al, 2015). Outro componente das FE, o controle
inibitório, pode ser definido como a habilidade de postergar ou inibir uma resposta baseada
na capacidade de avaliar múltiplos fatores. Enquanto isso, a flexibilidade cognitiva relaciona-
se à capacidade do indivíduo de mudar ou alternar seus objetivos quando o plano inicial não
é bem-sucedido devido a imprevistos, logo, permite a este ajustar-se de maneira flexível a
novas demandas (León, Rodrigues, Seabra & Dias, 2013).
Pesquisas têm demonstrado que as funções executivas são preditoras de um bom
desempenho na aprendizagem e que o prejuízo em algumas das FE pode levar a dificuldades
de aprendizagem (Blair & Razza, 2007; Capovilla & Dias, 2008; Corso et al., 2013). Logo, Corso
et al. (2013) explicam que as dificuldades de aprendizagem aparecem associadas às falhas ou
aos atrasos no desenvolvimento de competências como planejamento, monitoramento e
controle da própria atividade, aptidões estas coordenadas pelas FE. Segundo o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do ano de 2017, percebeu-se que as metas de
aprendizagem para a população brasileira ainda não foram alcançadas, principalmente para
os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio, de modo que se demanda por
estratégias direcionadas à resolução das dificuldades de aprendizagem (Fernandes, 2015).
Assim, a fim de tentar solucionar tal lacuna, deve-se inicialmente compreender que em alguns
quadros as dificuldades de aprendizagem podem ocorrer devido a existência de alterações em
funções cognitivas, em especial nas FE, causando déficits principalmente na leitura, escrita e
cálculo - ações que precisam de organizações diferentes das funções corticais e dos
processamentos de informações relevantes (Lima, Travaini & Ciasca, 2009).
Destaca-se ainda a relevância de pesquisas nesta área, já que a ANP esbarra em
dificuldades quanto a formação e atualização de profissionais, bem como no que se refere aos
progressos científico-tecnológicos, de modo que são vários os desafios a serem vencidos no
presente século (Noronha, Santos & Sisto, 2006). Sobressai-se que a ANP vem buscado
enfrentar seus desafios, sendo um destes a mensuração de determinados construtos, dentre
estes o de funções executivas (Ramos & Hamdan, 2016). Assim, considerando a problemática
apresentada, objetivou-se com este estudo avaliar a relação entre FE e dificuldades de
aprendizagem em crianças com idades entre 7 e 11 anos de ambos os sexos, atendidas em um

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centro especializado no atendimento a crianças com dificuldades de aprendizagem. Pretende-


se, portanto, produzir conhecimentos que fornecerão subsídios para amenizar os impactos
dessas dificuldades no processo de aprendizagem escolar formal inicial e para intervenções
mais precisas nos âmbitos clínico e educacional. Justificamos ainda a realização deste estudo
pois, segundo Verdejo-Garcia & Bechara (2010), a avaliação das FE interessa para além da
clínica neuropsicológica, sendo importante também para a psicopatologia, a psicologia
educacional, da saúde e para o estudo da adaptação dos mecanismos executivos frente às
exigências ambientais.

Métodos

Seleção da Amostra

A amostra total incluída no presente estudo contou com 80 (oitenta) participantes que
foram selecionados considerando-se os seguintes critérios de inclusão: (1) crianças na faixa
etária de 7 a 11 anos de idade; (2) com dificuldades de aprendizagem; (3) que apresentavam
situação sociodemográfica similar; e (4) atendidas em uma instituição não-governamental
voltada ao acompanhamento de crianças com dificuldades de aprendizagem. Destaca-se que
foram excluídos participantes que, apesar de atenderem aos critérios de inclusão
supracitados, não apresentavam o funcionamento neurológico, auditivo e visual conservados
ou corrigidos.

Instrumentos

Na presente pesquisa foram utilizados os seguintes instrumentos: Five Digit Test (FDT)
- Teste dos 5 dígitos – (Sedó, Paula & Malloy-Diniz, 2015) e um questionário sociodemográfico.
O FDT é um instrumento psicológico aplicado para a avaliação do efeito de interferência
atencional, tendo por objetivo medir a velocidade de processamento cognitivo, a capacidade
de focar e reorientar a atenção e de lidar com intromissões, utilizando, para tanto,
informações conflitantes sobre números e quantidades. O teste se assemelha à lógica utilizada
no efeito Stroop (método de avaliação em neuropsicologia onde é gerado um conflito de
informações ou uma incongruência, levando o avaliado a dispor da atenção seletiva para
responder ao teste), contudo, os números possibilitam uma maior aplicabilidade desse
instrumento, sendo o FDT pouco dependente de conhecimentos prévios do avaliando
(Campos, Silva, Florêncio & Paula, 2016). Outros autores ressaltam ainda que o FDT é mais
sensível às alterações que possam acontecer durante a aplicação do teste, além de ser menos
influenciado por condições linguísticas (Gonçalves, Batista, Destro & Morais, 2021).
O FDT é um instrumento de aplicação individual e correção manual padronizado e
normatizado para indivíduos com idades entre 6 e 92 anos. O tempo de aplicação deste
instrumento é de, em média, 5 a 10 minutos, sendo este teste composto por quatro partes, a
saber: leitura, contagem, escolha e alternância (Campos, Silva, Florêncio & Paula, 2016). As
partes são organizadas conforme o grau de dificuldade – do mais fácil para o mais difícil,
consecutivamente. A utilização do FDT no presente estudo deve-se ao fato deste avaliar o
citado controle de interferência que, conforme Campos et al. (2016), trata-se de um aspecto
central das funções executivas. Além disso, o referido instrumento apresenta escores
específicos para os componentes executivos básicos.
Notadamente sobre a correção dos resultados do FDT, destacamos que o método de escores
e percentis foi o escolhido pelos autores do teste para realizar as correções. O percentil, apesar de ser
confundido com percentual, reflete a posição do desempenho de um indivíduo em um teste em

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comparação a um grupo de referência (Urbina, 2007). Portanto, quanto mais perto do percentil 95,
melhor é o desempenho do testado, quanto mais perto de 5 ou <5, menor é o seu desempenho e
quanto mais próximo de NULO, não há referencial populacional para o testado (no caso do tempo ao
responder ao item) ou o seu desempenho foi excelente (no caso do número de erros). Esse escore não
é fácil e nem prático, apesar de ser um dos mais utilizados em testes psicométricos.
O questionário sociodemográfico se refere a um instrumento de coleta de informações
constituído por uma série de questões objetivas e subjetivas. Tem por objetivo reunir dados
sobre variáveis como sexo, escolaridade (da criança e dos seus pais), idade, renda familiar,
estado civil dos pais, histórico de doenças apresentadas pela mãe durante a gravidez ou pela
criança e o histórico de uso de medicamentos, entendendo-se que essas informações nos
ajudam a entender e/ou descobrir se há influência destes fatores sobre as dificuldades de
aprendizagem e sua possível relação com déficits nas funções executivas. Destaca-se que o
questionário em questão foi elaborado pelas pesquisadoras.

Coleta de Dados

A coleta dos dados foi realizada a partir da aplicação dos instrumentos supracitados
em crianças que vinham sendo atendidas em uma instituição não-governamental localizada
no município de Campina Grande – Paraíba, entre os anos de 2017 e 2018, tendo a duração
total de 10 meses. A instituição na qual foi desenvolvida a pesquisa atende crianças com
queixas de dificuldades de aprendizagem encaminhadas pela rede pública e privada de ensino
da cidade em questão e de cidades circunvizinhas.
O primeiro contato com os pais e/ou responsáveis e com as crianças foi feito por
intermédio das psicólogas responsáveis pelo atendimento destas. Durante este primeiro
contato os pais e/ou responsáveis pelas crianças foram informados acerca da presente
pesquisa no que tange aos seus objetivos e a todos os procedimentos que seriam realizados a
partir do consentimento destes, oficializado com a assinatura dos termos de consentimento
e assentimento livre e esclarecido, respectivamente TCLE e TALE.
A coleta foi realizada em salas específicas destinadas aos atendimentos psicológicos
ou, na inexistência de salas disponíveis, no auditório da instituição. Todos os instrumentos
foram aplicados em todos os participantes. No que concerne a aplicação destes, esta foi
realizada pela pesquisadora, sob supervisão da orientadora e em horários previamente
acordados com os pais ou responsáveis legais e as crianças.

Aspectos Éticos dos Estudos

A presente pesquisa foi submetida à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa com


Seres Humanos da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), sendo aprovada pelo
parecer 2.163.748. As crianças submetidas à pesquisa e seus respectivos responsáveis foram
devidamente esclarecidos a respeito do estudo, tendo sido solicitada a assinatura destes no
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE - responsáveis) e do Termo de
Assentimento Livre e Esclarecido (TCLE - crianças participantes). Destaca-se que os preceitos
preconizados na Resolução n° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde foram cumpridos,
como o anonimato dos sujeitos, o sigilo, a participação voluntária e o não oferecimento de
riscos elevados a integridade física, psíquica e moral do participante (Brasil, 2016).

Análise dos Dados

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Considerando o caráter quantitativo da presente pesquisa, foram realizadas análises


estatísticas dos dados obtidos com as 80 (oitenta) crianças, que ocorreram por meio da análise
estatística descritiva e inferencial com o auxílio do software SPSS para Windows 20.0, no
intuito de verificar resultados descritivos como frequência, média e desvio padrão, além das
correlações e níveis de significância. Foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para
analisar a normalidade das variáveis do estudo. Utilizou-se do valor crítico de 0,182 para
examinar os valores das estatísticas que serão apontadas. Considerando a amostra de 80 e o
alpha de 0,01, foi verificado que todos os valores das estatísticas existentes estavam acima do
valor crítico, o que sucedeu em considerar a amostra como não-paramétrica (Siegel, 1975).
Assim, foi empregado o teste Spearman para calcular os coeficientes de correlação.

Resultados e Discussão

Caracterização da Amostra

A amostra de participantes do estudo foi dividida em 3 grupos: grupo 1 (crianças de 7


a 8 anos), grupo 2 (crianças de 9 a 10 anos) e grupo 3 (crianças de 11 anos). Essa divisão foi
empreendida considerando o fato de que o próprio teste FDT realiza esta separação por
idades (6 a 8 anos; 9 a 10 anos etc.) para o cálculo dos percentis finais na correção do teste,
isto pois, o instrumento se propõe a mensurar as FEs, considerando que estas se aprimoram
com o avançar da idade, tendo, portanto, normativas de correções diferentes para cada grupo
estipulado (Sedó et al, 2015). A Tabela 1 apresenta os dados sociodemográficos referentes à
amostra do estudo, destacando as informações sobre sexo, idade, série escolar, tipo de escola,
renda familiar, a presença de doenças, dentre outros.
Conforme apresenta a Tabela 1, sobressaíram-se participantes do sexo masculino e com
idade média de 9 anos. No que se refere especificamente ao sexo dos participantes, foi
verificado que há uma quantidade maior de meninos do que de meninas, sendo 58 meninos e
22 meninas. A maior frequência de meninos na amostra de pessoas atendidas em uma
instituição voltada especificamente para o apoio terapêutico e pedagógico a crianças com
dificuldades de aprendizagem corrobora a literatura atual sobre a maior ocorrência de tais
dificuldades em pessoas do sexo masculino. Apesar de não permitir estabelecer uma correlação
entre sexo e dificuldades de aprendizagem, dado a amostra ter sido coletada de modo
voluntário/por conveniência, tais dados vão de encontro ao identificado nos estudos sobre as
dificuldades de aprendizagem, como afirmam Rodrigues, Rodrigues e Melo (2018, pág. 133):

“Os estudos apontam algumas possíveis explicações para o baixo desempenho escolar e a maior
dificuldade de aprendizagem dos meninos como: o comportamento externalizante, que é mais
frequentemente relatado e observado em meninos; a baixa auto eficácia, mais observada em
meninos; e o contexto social e familiar, que estimulam mais as meninas a serem disciplinadas e
responsáveis, qualidades essenciais para o processo de aprendizagem.”

Além do sexo das crianças, a idade se mostra, no processo infantil, enquanto


informação essencial para o entendimento das dificuldades de aprendizagem. No que diz
respeito à faixa etária dos participantes, nota-se uma frequência maior de crianças entre 9 e
11 anos de idade. Zucoloto e Sisto (2002) vão explicar que quanto maior a idade da criança,
mais significativos e observáveis serão os erros de compreensão, principalmente nas
dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita, sendo assim, as crianças mais velhas
acabam se sobressaindo em comparação ás mais novas nas instituições voltadas ao público
com dificuldades de aprendizagem. Todavia, destaca-se que a identificação tardia das

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dificuldades de aprendizagem em crianças pode prejudicar o processo de intervenção e


acompanhamento profissional. Além disso, é importante salientar que essas dificuldades
independem da série em que as crianças estudam, conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1. Dados sociodemográficos
Dados sociodemográficos

Sexo dos participantes

Dados do grupo 1: 7 a 8 anos F P Dados do grupo 3: 11 anos

Feminino 6 27% Feminino 3 14%

Masculino 16 73% Masculino 19 86%

100
Total 22 100% Total 22
%

Dados do grupo 2: 9 a 10 anos F P Dados gerais F P

Feminino 13 36% Feminino 22 28%

Masculino 23 64% Masculino 58 73%

100
Total 36 100% Total 80 %

Idade dos participantes (Média=9,34) Uso de medicamentos

Idade F P A criança toma algum medicamento? F P

7 anos 9 11% Sim 19 24%

8 anos 13 16% Não 61 76%

100
9 anos 22 28% Total 80
%

10 anos 14 18%

11 anos 22 28%

Total 80 100%

Série escolar

Dados do grupo 1: 7 a 8 anos F P Dados do grupo 3: 11 anos F P

Indisponível 1 5% Indisponível 2 9%

1° ano 4 18% 3° ano 4 18%

2° ano 11 50% 4° ano 3 14%

3° ano 5 23% 5° ano 8 37%

4° ano 1 5% 6º ano 4 18%

Total 22 100% 7º ano 1 4%

100
Total 22
%

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Dados do grupo 2: 9 a 10 anos F P Dados gerais F P

Indisponível 1 5% Indisponível 4 5%

2° ano 3 5% 1° ano 4 5%

3° ano 10 24% 2° ano 14 18%

4° ano 14 29% 3° ano 19 24%

5° ano 8 28% 4° ano 18 23%

Total 36 100% 5° ano 16 20%

6° ano 4 5%

7° ano 1 1%

100
Total 80
%

Tipo de escola Renda familiar (Média=1,69)

Escola F P Renda F P

Indisponível 12 15% Indisponível 4 5%

Privada 43 54% Menos de um salário mínimo 20 25%

Pública 25 31% De um a três salários mínimos 53 66%

100% De três a seis salários mínimos 3 4%

Doenças durante a gravidez Prematuridade

Doenças durante a gravidez? F P A criança foi prematura? F P

Indisponível 5 6% Indisponível 2 3%

Sim 24 30% Sim 9 11%

Não 51 64% Não 69 86%

100
Total 80 100% Total 80
%

Otite na criança Outras doenças

Teve com frequência no 1° ano? F P Teve outras doenças? F P

Indisponível 19 24% Indisponível 4 5%

Sim 6 8% Sim 20 25%

Não 55 69% Não 56 70%

100
Total 80 100% Total 80
%
Nota: F=frequência de apresentação; P= porcentagem.

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Pode-se notar que os anos escolares de maior frequência são: 2º ano (14%), 3° ano
(19%), 4° ano (18%) e 5º ano (16%). Segundo Brasil (2015), as dificuldades de aprendizagem
se mostram em 15 a 20% das crianças que estão no primeiro ano escolar e chega a 50% dos
estudantes nos primeiros seis anos de escolaridade, fato que também foi comprovado na
presente amostra. O aumento de crianças com dificuldades de aprendizagem pode ser
consequência da não aquisição de conhecimentos fundamentais nas séries anteriores, de
modo que, segundo Mazer, Bello e Bazon (2009), os alunos vão percorrendo séries, mas sem
um acervo mínimo de saberes e habilidades para prosseguir em sua escolarização.
Observa-se que 54% da amostra de crianças estuda em escolas particulares e 31% das
crianças em escolas públicas, sejam estaduais ou municipais, da cidade de Campina Grande –
PB ou circunvizinhas. Não se sabe ao certo se as crianças, antes de serem diagnosticadas com
dificuldades de aprendizagem, já estudavam em redes privadas de ensino, ou se foram
inseridas após o diagnóstico, contudo, o tipo de escola em que essas crianças estudam
também pode influenciar nos problemas de aprendizagem, considerando que muitos alunos
de escolas particulares também possuem dificuldades no desempenho escolar, especialmente
em tarefas que exigem atenção concentrada e funções percepto-visomotoras, habilidades
básicas essenciais às FE (Ferreira & Tabaquim, 2017). Nessa direção, Ferreira e Tabaquim
(2017) destacam que apesar dos alunos de escolas públicas apresentarem desempenhos
gerais mais rebaixados nas pré-competências cognitivas, especialmente devido às condições
socioeconômicas desfavoráveis, o desempenho dos alunos de escolas particulares não têm
mantido necessariamente um padrão superior.
Os dados sociodemográficos como renda familiar mostram que a maioria das famílias
têm renda salarial de um a três salários-mínimos (66%), seguida pelo número que apresenta
renda inferior a um salário-mínimo (25%), notando-se que grande parte possui baixa renda,
corroborando a literatura que afirma que condições socioeconômicas desfavoráveis tem
implicações negativas sobre a aprendizagem (Ferreira & Tabaquim, 2017). Devemos
considerar que esse público é atendido por uma instituição pública, na qual os
encaminhamentos são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), justificando a renda per
capita familiar da maioria das crianças. Pertinente aos dados clínicos, observou-se que a
maioria das mães não apresentaram doença durante a gravidez; a maior parte das crianças
não foram prematuras, não apresentaram otite com frequência no 1º ano de vida, não fizeram
uso de medicamento controlado e nem tiveram outras doenças graves e/ou relevantes.

Relação entre Controle Inibitório, Flexibilidade Cognitiva e Dificuldades de Aprendizagem

Podemos observar na Tabela 2, a qual apresenta médias de tempo e erro dos três
grupos, que houve, comparando-se os grupos extremos 1 e 3, um aumento de tempo para a
resolução da tarefa de ‘leitura ’(de 21,4 no grupo 1 para 22,3 no grupo 3), diferentemente do
que ocorreu com a tarefa de ‘alternância’, na qual o tempo reduziu com o aumento da idade
das crianças (de 44,8 no grupo 1 para 26,6 no grupo 3), como previsto, tendo em vista o
avançar do desenvolvimento. Todavia, tais resultados podem ser entendidos considerando a
média de erros em ‘leitura’, que com o aumentar da idade e, consequentemente, com o
desenvolvimento executivo, tende a diminuir, demandando, portanto, mais tempo para uma
realização correta. Nesse sentido, apesar do aumento no tempo de resolução da tarefa de
leitura nas crianças com mais idade, percebeu-se a redução na média de erros, ou seja, uma
melhora no desempenho. Também ocorreu, como esperado, um retrocesso nas médias de
erros considerando as demais tarefas, havendo menos erros cometidos nas tarefas de ‘leitura ’

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e ‘contagem ’e mais erros nas tarefas de ‘escolha ’e ‘alternância’, em todos os grupos


apresentados, como previsto, dado o aumento nas dificuldades das partes do teste.
O resultado encontrado pode ter ocorrido pelo fato das crianças não conseguirem
escolher e alternar corretamente a tarefa proposta, espelhado nas médias de tempo do
Controle Inibitório (Inibição), que foram menores que as médias da Flexibilidade Cognitiva
(Flexibilidade), levando menos tempo, mas cometendo muitos erros em ‘escolha ’e
‘alternância’, que são as tarefas mais difíceis, comparadas às duas primeiras (Campos, Silva,
Florêncio & Paula, 2016). Apesar de cometerem menos erros em ‘leitura ’e ‘contagem’, o
tempo gasto para responder ainda não foi o idealmente esperado, por conta da dificuldade
de aprendizagem.
No tocante à diferenciação entre grupos, as crianças do grupo 1 obtiveram médias
maiores nos percentis de tempo e erro, em relação ao grupo 2 e grupo 3, ou seja, o grupo 1
levou mais tempo e cometeu mais erros do que os grupos 2 e 3 em todas as tarefas. Nota-se,
portanto, que as crianças mais velhas, demoraram mais para flexibilizar e inibir, entretanto,
cometeram menos erros, conseguindo responder à maioria dos itens de forma eficiente,
comparado às crianças mais novas.
Os autores do FDT, a partir de suas amostras de controle, afirmam que é raro o
avaliado cometer um número significativo de erros que saia das normativas de percentis
elencadas, assegurando também que há menor incidência de erros nas partes ‘escolha ’e
‘alternância ’em amostra de crianças e adolescentes e que por isso não acharam aconselhável
desenvolver qualquer normatização como nas demais variáveis do teste (Sedó et al, 2015). No
entanto, os resultados aqui apresentados podem indicar uma necessidade de elaboração de
normatizações que atendam ao público com dificuldades de aprendizagem, que apresentam
características particulares.
A literatura que fundamenta o FDT (e.g., Campos, Silva, Florêncio & Paula, 2016; Paiva,
Fialho, Costa & Paula, 2015) nos informa que as tarefas demandam um processamento cognitivo
progressivamente mais complexo desde a ‘leitura’, ‘contagem’, ‘escolha ’até a ‘alternância’,
esperando-se, portanto, que haja perda de velocidade e eficiência quando os avaliados
passam das partes 1 e 2 para as partes 3 e 4, algo que não aconteceu com a referida amostra.
O grupo 1 ganhou velocidade ao longo da testagem, mas perdeu eficiência, já os grupos 2 e 3,
comparados ao primeiro, perderam velocidade e ganharam eficiência no curso da testagem –
tendo na fase de escolha o menor nível de eficácia para o trabalho -, observando-se nos três
grupos prejuízos executivos. A este respeito, alterações nas FE prejudicam o tempo decorrido
para o processamento das funções – as quais deveriam ser automáticas – levando o
examinado a dois caminhos: levar mais tempo para responder e cometer menos erros ou levar
menos tempo e realizar mais erros. Como o FDT coordena o testado a responder a tarefa o
mais rápido que ele conseguir, notaram-se essas alterações. Faz-se importante considerar as
estratégias cognitivas do avaliado nessas situações, já que essas táticas se apresentam como
uma capacidade de lidar com problemas potenciais e com uma habilidade de auto eficácia
específica e individual, principalmente em uma avaliação neuropsicológica, o que foi possível
no nosso estudo (Mazer et al., 2009).
A Tabela 3 apresenta as correlações significativas entre as variáveis analisadas nos 3
grupos (p< 0,05 e 0,01). Os resultados exibem tanto correlações que se referem aos ‘dados
gerais’, quanto aos grupos 1, 2 e 3. Destaca-se que os três grupos obtiveram correlações muito
parecidas (baixas e médias), assim como também significâncias. A variável ‘sexo ’aparece
elencada em várias correlações, a saber: associada com ‘tempo de leitura’, ‘tempo de
contagem’, ‘tempo de inibição ’e ‘otite’. Desse modo, observa-se que os meninos tendem a

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apresentar menores desempenhos executivos e menos casos de otite. Essas variáveis se


apresentaram com correlações baixas no grupo dos ‘dados gerais ’e com correlações médias
no ‘grupo 1 ’e no ‘grupo 3’. Ressalta-se que esta amostra é composta por, em sua maioria,
representantes do sexo masculino, não permitindo inferências significativas. Todavia,
Alliprandini, Lima, Oliveira e Schiavoni (2012) mostraram que meninos são mais propensos a
terem dificuldades de aprendizagem, pois estudos comprovam que a baixa auto eficácia dos
mesmos, e o comportamento externalizante contribuem para isso.

Tabela 2. Médias de tempo e erro aferidos em percentil e suas respectivas tarefas


Dados do grupo 1: Dados do grupo 2:
7 a 8 anos M/T DP M/E DP 9 a 10 anos M/T DP M/E DP

Leitura 21,4 25,87 1,82 2,462 Leitura 16 20,83 1,39 2,27

Contagem 34,6 32,84 4,55 8,579 Contagem 18,9 23,06 2,64 5,91

Escolha 38,9 37 26,6 27,49 Escolha 23,3 24,58 25,8 22

Alternância 44,8 32,71 23,4 20,44 Alternância 31,9 30,05 22,2 21,5

Inibição 51,8 35,27 - - Inibição 32,4 31,52 - -

Flexibilidade 55 33,31 - - Flexibilidade 41,1 34,15 - -

Dados do grupo 3:
Dados gerais
11 anos M/T DP M/E DP M/T DP M/E DP

Leitura 22,3 16,24 1,14 2,145 Leitura 19,2 21,19 1,44 2,28

Contagem 27,1 23,54 4,77 8,519 Contagem 25,4 26,7 3,75 7,44

Escolha 21,1 16,9 22,1 10,87 Escolha 27 27,61 24,4 21,1

Alternância 26,6 22,28 19,3 16,42 Alternância 32,8 29,57 21,8 19,8

Inibição 37,7 25,67 - - Inibição 39,2 31,82 - -

Flexibilidade 42,7 33,76 - - Flexibilidade 45,4 33,92 - -


Nota: MT=Média de tempo; DP= Desvio padrão; M/E=Média de erro. Percentis: NULO; >5; 25; 50; 75 e 95.

A ’otite’ (infecção do ouvido médio), também aparece com um índice de correlação


baixa e significativa com o ‘sexo’, uma vez que maioria das crianças são do sexo masculino e
não tiveram a infecção com frequência no 1º ano de vida. Porém, ela também se correlacionou
significativamente com os ‘erros na contagem’ do ‘grupo 1’, sendo de correlação média e
negativa (-,535*) e ‘tempo de flexibilidade’ dos ‘dados gerais’ (,299*). Logo, considerando que
a grande maioria das crianças avaliadas não tiveram otite (69%), as inferências obtidas a partir
dessa variável nos exigem cuidados no que tange à generalização. Destarte, apesar da
literatura afirmar que 23% das dificuldades de aprendizagem e do baixo rendimento escolar
decorre da otite média crônica (Brasil, 2015), a infecção em episódios no 1º ano de vida não
é causa para o aumento de erros em tarefas de ‘contagem’ ou para um maior ‘tempo de
flexibilização’ da pessoa examinada, mas provavelmente, pode atingir o processo de leitura,
já que é necessária a integração visual dos símbolos gráficos, auditivo (decodificação
fonológica), controle atencional e o intermédio das funções executivas (Lima et al., 2009).
Conexões entre ‘erros de contagem’ e ‘erros na leitura’ com o tempo realizado na
tarefa de ‘leitura’ tiveram correlações significativas baixas e negativas. Os autores do teste
(Sedó et al., 2015) afirmam que essa ligeira relação pode acontecer em casos clínicos

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específicos, como o caso das dificuldades de aprendizagem, já que quanto maior o número de
erros, menor quantidade de tempo pode ter sido levada para responder à atividade, conforme
observado na avaliação das estratégias utilizadas pelas crianças nestas tarefas. Essa mesma
ocorrência frequente é notada em outras correlações de magnitude moderada a alta como:
‘tempo de contagem’ e ‘tempo de flexibilidade’ (,531**); ‘tempo de escolha’ e ‘tempo de
flexibilidade’ (,627**); ‘tempo de contagem’ e ‘tempo de inibição’ (,486**); ‘tempo de
escolha’ e ‘tempo de inibição’ (,765**); ‘tempo de alternância’ e ‘tempo de inibição’ (,622**);
‘tempo de alternância’ e ‘tempo de flexibilidade’ (,724**) e ‘tempo de inibição’ e ‘tempo de
flexibilidade’ (,680**) – ‘dados gerais’, ‘grupo 1’, ‘grupo 2’ e ‘grupo 3’. Tal como observado, o
gasto de mais tempo para responder a tarefa de ‘contagem’ se correlaciona ao gasto de mais
tempo nas respostas da tarefa de ‘inibição’, o que indica menos velocidade de processamento,
notando-se que dificuldades nas tarefas iniciais do teste tendem a persistir e/ou aumentar em
tarefas mais complexas.
Como demonstrado, há alterações nos componentes Controle Inibitório e Flexibilidade
Cognitiva nessas crianças com dificuldades, já que, a priori, os mecanismos dessas FE devem
ser rápidos, levando menos tempo para uma maior competência de resposta, pois
acontecendo ao contrário, leva-se muito tempo para responder corretamente ou pouco
tempo para responder erroneamente, já que não se consegue processar automaticamente o
estímulo e respondê-lo. No que tange à Flexibilidade Cognitiva, esta refere-se a uma
competência do indivíduo de revezar entre duas ou mais atividades, bem como a possibilidade
de planejar novas estratégias para atingir objetivos que previamente não ocorreram como
esperado. Prejuízos, especificamente no Controle Inibitório e na Flexibilidade Cognitiva,
entendidas enquanto habilidades necessárias para adaptação, plasticidade e ajustamento
para com situações contingenciais, acarretam, como é notório, em agravos ou danos no que
tange o processo de aprendizagem, já que nesse decurso é fundamental o uso dessas funções
para lidar com novos contextos e conhecimentos (Gadelha, Melo, Santos & Osório, 2019).
A síndrome desexecutiva pode estar associada a prejuízos nas ações dos componentes
executivos, tais como como dificuldades na seleção de informações, dificuldades na tomada
de decisão e problemas para organizar ideias e ter novas ideias (Dias et al., 2010). A respeito
do Controle Inibitório, podemos entendê-lo como um provedor e mantenedor do domínio da
atenção, comportamentos, pensamentos, auxiliando na focalização da atenção seletiva em
uma informação, atuando como um filtro, o qual inibe comportamentos que possam afetar o
fluxo eficiente das ações (Gadelha et al., 2019). Os erros continuam sendo importantes
também nas análises de correlação. A relação entre os ‘erros na alternância’ e ‘erros na leitura’
se mostraram negativas baixas para os ‘dados gerais’ (-,352**) e média para o ‘grupo 1’ (-
,680**). Desse modo, pode-se compreender que quanto menor a quantidade de ‘erros na
leitura’, maior tende a ser a quantidade de erros na tarefa de ‘alternância’, mostrando, mais
uma vez, uma dificuldade em inibir as respostas, em implementar estratégias e em planejar
uma organização da tarefa na situação de testagem, próprio da disfunção desexecutiva,
conforme a literatura (Dias et al, 2010).
Outro dado sociodemográfico da amostra que se fez presente em correlações
significativas negativas com ‘erros na escolha’ e ‘erros na alternância’ (‘dados gerais’ {-,228*},
‘grupo 1’ {-,532*}), assim como em correlações positivas com ‘tempo de leitura’ (‘grupo 2’
{,345*}), ‘tipo de escola’ e ‘outras doenças’ (‘grupo 3’ {,648** e ,447*}), foi a ‘renda familiar’.
Nesse sentido, Brasil (2015) nos indica uma possível explicação: as FEs submetem-se ao
prejuízo, sejam em quais forem as circunstâncias que desordenem o equilíbrio funcional do
organismo, como estresse, tristeza, solidão e doenças físicas. Demais pesquisas (Diamond,

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2013) demonstraram a interferência negativa do grau educacional inferior parental, da


conjuntura familiar prematura imprópria e do nível socioeconômico mais baixo.
Ainda se tratando das correlações entre dados sociodemográficos e demais variáveis,
o ’tipo de escola’ se tornou importante para os ‘grupos 1, 2 e 3’, relacionando-se com o ‘tempo
de leitura’ (para os ‘grupos 1 e 2’) e ‘erros na leitura’, ‘ano em que a criança estuda’ e ‘renda
familiar’ (para o ‘grupo 3’). Já que a maioria dos estudantes estão alocados em escolas
privadas, a proposta pedagógica escolar e os padrões de exigência das mesmas podem ser
fatores que contribuem para o agravamento das dificuldades de aprendizagem dessas
crianças, segundo Brasil (2015).

Tabela 3. Correlações significativas


Variável 1 Variável 2 r P

Dados gerais

Sexo Tempo de contagem ,225* ,045

Sexo Tempo de inibição ,280* ,012

Sexo Otite ,258* ,021

Tempo de leitura Erros na contagem -,227* ,042

Tempo de contagem Prematura ,224* ,046

Erros na leitura Erros na alternância -,352** ,001

Erros na escolha Renda familiar -,228* ,042

Otite Tempo de flexibilidade ,229* ,041

Dados do grupo 1: 7 e 8 anos

Sexo Tempo de leitura ,449* ,036

Tempo de leitura Tempo de inibição ,476* ,025

Tempo de leitura Tipo de escola -,490* ,020

Tempo de contagem Tempo de inibição ,486* ,022

Tempo de contagem Tempo de flexibilidade ,531* ,011

Tempo de inibição Teve outras doenças ,442* ,039

Tempo de inibição Tempo de flexibilidade ,680** ,001

Erros na contagem Otite -,535* ,010

Erros na alternância Renda familiar -,532* ,011

Erros na alternância Erros na leitura -,680** ,001

Dados do grupo 2: 9 e 10 anos

Tempo de leitura Tempo de contagem ,485** ,003

Tempo de leitura Tempo de alternância ,396* ,017

Tempo de leitura Tipo de escola ,481** ,003

Tempo de leitura Renda familiar ,345* ,039

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Tempo de contagem Tempo de alternância ,606** ,000

Tempo de contagem Erros na alternância -,347* ,038

Tempo de escolha Tempo de alternância ,823** ,000

Tempo de escolha Tempo de inibição ,765** ,000

Tempo de alternância Tempo de inibição ,622** ,000

Erros na leitura Erros na contagem ,600** ,000

Erros na contagem Uso de medicamentos -,389* ,019

Doença durante a gravidez Prematura ,576** ,000

Doença durante a gravidez Uso de medicamentos ,347* ,038

Dados do grupo 3: 11 anos

Sexo Tempo de escolha ,493* ,020

Sexo Tempo de alternância ,503* ,017

Tempo de leitura Erros na leitura -,481* ,023

Tempo de contagem Tempo de escolha ,574** ,005

Tempo de escolha Tempo de inibição ,829** ,000

Tempo de escolha Tempo de flexibilidade ,627** ,002

Tempo de alternância Tempo de flexibilidade ,724** ,000

Erros na leitura Tipo de escola -,569** ,006

Tipo de escola Ano em que a criança estuda ,533* ,011

Tipo de escola Renda familiar ,648** ,001

Renda familiar Outras doenças ,447* ,037

Nota: r: Coeficiente de correlação de Spearman; p: Significância da correlação (p< 0,05* e 0,01**).

Conclusão

Podemos concluir que prejuízos relevantes nos componentes Controle Inibitório e


Flexibilidade Cognitiva em crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem são
evidenciados, sendo estes influenciados por diversos fatores externos e internos. O estudo
aponta correlações positivas e negativas diante dos ‘tipos de escola’ e ‘ano em que a criança
estuda’, mostrando, como um dos obstáculos para essas crianças, o modelo pedagógico
obsoleto que acaba por não abarcar todos os tipos de alunos. Também se observou um ligeiro
impasse normativo com o teste utilizado (FDT), propondo-se uma ampliação das tabelas
normativas dos componentes de estimativas dos erros cometidos pelos testados, fazendo
com que estes sejam avaliados de maneira mais ampla e corrigidos da mesma forma que se
leva em consideração o tempo de resposta.
O perfil da amostra exibida não parece estar delineado como uma parte da população
carente de acesso à saúde e educação, apesar de todas as crianças serem encaminhadas e
atendidas em uma instituição não-governamental pelo Sistema Único de Saúde (SUS),

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robustecendo a importância de se avaliar e intervir para potencializar as capacidades


executivas, visto que essas estão alteradas no processamento cognitivo de crianças em
diversas condições socioeconômicas.
Tratando-se dos benefícios provocados, pode-se ressaltar as contribuições para os
próprios sujeitos da pesquisa e para a sociedade, uma vez que foram avaliadas as habilidades
executivas dos participantes para que assim fosse possível, no contexto da organização,
planejar e desenvolver ações no sentido de potencializá-las, instrumentalizando os
profissionais para que realizem intervenções mais eficazes e próximas dás demandas das
crianças. A pesquisa resulta também em benefícios para a ciência e, em especial, para a ciência
neuropsicológica, na medida em que contribuirá com informações teóricas e empíricas sobre
os aspectos avaliados. Como pôde ser notado, a neuropsicologia no uso da avaliação
neuropsicológica, tenta investigar e extrair conclusões sobre processos cognitivos, na sua
integridade ou comprometimento. No atual trabalho, esses processos foram as FEs e como
prejuízos nestas podem levar crianças a terem maiores dificuldades de aprendizagem no
respectivo contexto atual pedagógico brasileiro e prejudicar, para além disso, suas relações
sociais. Sugere-se novos estudos acerca desta problemática, tendo em vista o estado da arte
e as limitações encontradas, especialmente relativas ao tamanho, distribuição amostral e ao
controle da variável sexo.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq (Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil), pelo programa PIBIC/CNPq-UFCG, o qual
financiou tal projeto, disponibilizando conhecimento e oportunidades. Agradeço o apoio de
trabalho da equipe do Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva e Inovação Tecnológica
(Cognitive Lab/CNPq/UFCG).

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