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Ciências & Cognição 2021; Vol 26(2), 370-386 © Ciências & Cognição
ISSN 1806-5821 <http://www.cienciasecognicao.org/revista>
Submetido em 13/02/20 | Aceito em: 13/06/21 | Publicado online em 31/12/21
Resumo
As Funções Executivas (FE) podem ser definidas como um grupo complexo e
integrado de recursos cognitivos que permitem ao sujeito efetuar
comportamentos voltados a fins previamente decididos. Alterações nessas
habilidades, preditoras de uma boa prática acadêmica, podem desencadear
dificuldades no processo de aprendizagem de crianças. Logo, objetivou-se
apurar a relação entre FE e dificuldades de aprendizagem em crianças com
idades entre 7 e 11 anos de ambos os sexos, atendidas em um centro
especializado nessa demanda para o público infantil. Foram utilizadas as
ferramentas Five Digit Test (FDT) e um questionário sociodemográfico para a
coleta de dados. Foram feitos estudos estatísticos descritivos e correlacionais
por meio do software SPSS para Windows, a partir dos quais descrevemos
correlações significativas entre os componentes executivos ‘Controle
Inibitório ’e ‘Flexibilidade Cognitiva ’e as dificuldades de aprendizagem, o que
nos indica a importância destes para a execução acadêmica, bem como a
relevância de métodos de avaliação das FE na primeira fase escolar, para assim
prevenir/minimizar o impacto dessas dificuldades no curso do aprendizado.
Pontua-se que foram descobertos impasses normativos para correção de erros
no teste aplicado, criando limitações na pesquisa, assim, propõe-se uma
ampliação de normatizações.
Abstract
Executive Functions (FE) can be defined as a complex and integrated group of
cognitive resources that allow the subject to perform behaviors aimed at
previously decided ends. Changes in these skills, predictors of good academic
practice, can trigger difficulties in the learning process of children. Thus, the
objective was to investigate the relationship between EF and learning
difficulties in children aged between 7 to 11 years of both sexes, attended at a
specialized center in this demand for children. Five Digit Test (FDT) tools and a
*
M. Ramos - E-mail: monillyramos@gmail.com – ORCID https://orcid.org/0000-0001-6496-371X; A. Nunes: E-
mail: alanny46@gmail.com – ORCID https://orcid.org/0000-0001-9505-3508; S. Osório - E-mail:
osoriosa09@gmail.com
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Introdução
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Métodos
Seleção da Amostra
A amostra total incluída no presente estudo contou com 80 (oitenta) participantes que
foram selecionados considerando-se os seguintes critérios de inclusão: (1) crianças na faixa
etária de 7 a 11 anos de idade; (2) com dificuldades de aprendizagem; (3) que apresentavam
situação sociodemográfica similar; e (4) atendidas em uma instituição não-governamental
voltada ao acompanhamento de crianças com dificuldades de aprendizagem. Destaca-se que
foram excluídos participantes que, apesar de atenderem aos critérios de inclusão
supracitados, não apresentavam o funcionamento neurológico, auditivo e visual conservados
ou corrigidos.
Instrumentos
Na presente pesquisa foram utilizados os seguintes instrumentos: Five Digit Test (FDT)
- Teste dos 5 dígitos – (Sedó, Paula & Malloy-Diniz, 2015) e um questionário sociodemográfico.
O FDT é um instrumento psicológico aplicado para a avaliação do efeito de interferência
atencional, tendo por objetivo medir a velocidade de processamento cognitivo, a capacidade
de focar e reorientar a atenção e de lidar com intromissões, utilizando, para tanto,
informações conflitantes sobre números e quantidades. O teste se assemelha à lógica utilizada
no efeito Stroop (método de avaliação em neuropsicologia onde é gerado um conflito de
informações ou uma incongruência, levando o avaliado a dispor da atenção seletiva para
responder ao teste), contudo, os números possibilitam uma maior aplicabilidade desse
instrumento, sendo o FDT pouco dependente de conhecimentos prévios do avaliando
(Campos, Silva, Florêncio & Paula, 2016). Outros autores ressaltam ainda que o FDT é mais
sensível às alterações que possam acontecer durante a aplicação do teste, além de ser menos
influenciado por condições linguísticas (Gonçalves, Batista, Destro & Morais, 2021).
O FDT é um instrumento de aplicação individual e correção manual padronizado e
normatizado para indivíduos com idades entre 6 e 92 anos. O tempo de aplicação deste
instrumento é de, em média, 5 a 10 minutos, sendo este teste composto por quatro partes, a
saber: leitura, contagem, escolha e alternância (Campos, Silva, Florêncio & Paula, 2016). As
partes são organizadas conforme o grau de dificuldade – do mais fácil para o mais difícil,
consecutivamente. A utilização do FDT no presente estudo deve-se ao fato deste avaliar o
citado controle de interferência que, conforme Campos et al. (2016), trata-se de um aspecto
central das funções executivas. Além disso, o referido instrumento apresenta escores
específicos para os componentes executivos básicos.
Notadamente sobre a correção dos resultados do FDT, destacamos que o método de escores
e percentis foi o escolhido pelos autores do teste para realizar as correções. O percentil, apesar de ser
confundido com percentual, reflete a posição do desempenho de um indivíduo em um teste em
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comparação a um grupo de referência (Urbina, 2007). Portanto, quanto mais perto do percentil 95,
melhor é o desempenho do testado, quanto mais perto de 5 ou <5, menor é o seu desempenho e
quanto mais próximo de NULO, não há referencial populacional para o testado (no caso do tempo ao
responder ao item) ou o seu desempenho foi excelente (no caso do número de erros). Esse escore não
é fácil e nem prático, apesar de ser um dos mais utilizados em testes psicométricos.
O questionário sociodemográfico se refere a um instrumento de coleta de informações
constituído por uma série de questões objetivas e subjetivas. Tem por objetivo reunir dados
sobre variáveis como sexo, escolaridade (da criança e dos seus pais), idade, renda familiar,
estado civil dos pais, histórico de doenças apresentadas pela mãe durante a gravidez ou pela
criança e o histórico de uso de medicamentos, entendendo-se que essas informações nos
ajudam a entender e/ou descobrir se há influência destes fatores sobre as dificuldades de
aprendizagem e sua possível relação com déficits nas funções executivas. Destaca-se que o
questionário em questão foi elaborado pelas pesquisadoras.
Coleta de Dados
A coleta dos dados foi realizada a partir da aplicação dos instrumentos supracitados
em crianças que vinham sendo atendidas em uma instituição não-governamental localizada
no município de Campina Grande – Paraíba, entre os anos de 2017 e 2018, tendo a duração
total de 10 meses. A instituição na qual foi desenvolvida a pesquisa atende crianças com
queixas de dificuldades de aprendizagem encaminhadas pela rede pública e privada de ensino
da cidade em questão e de cidades circunvizinhas.
O primeiro contato com os pais e/ou responsáveis e com as crianças foi feito por
intermédio das psicólogas responsáveis pelo atendimento destas. Durante este primeiro
contato os pais e/ou responsáveis pelas crianças foram informados acerca da presente
pesquisa no que tange aos seus objetivos e a todos os procedimentos que seriam realizados a
partir do consentimento destes, oficializado com a assinatura dos termos de consentimento
e assentimento livre e esclarecido, respectivamente TCLE e TALE.
A coleta foi realizada em salas específicas destinadas aos atendimentos psicológicos
ou, na inexistência de salas disponíveis, no auditório da instituição. Todos os instrumentos
foram aplicados em todos os participantes. No que concerne a aplicação destes, esta foi
realizada pela pesquisadora, sob supervisão da orientadora e em horários previamente
acordados com os pais ou responsáveis legais e as crianças.
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Resultados e Discussão
Caracterização da Amostra
“Os estudos apontam algumas possíveis explicações para o baixo desempenho escolar e a maior
dificuldade de aprendizagem dos meninos como: o comportamento externalizante, que é mais
frequentemente relatado e observado em meninos; a baixa auto eficácia, mais observada em
meninos; e o contexto social e familiar, que estimulam mais as meninas a serem disciplinadas e
responsáveis, qualidades essenciais para o processo de aprendizagem.”
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100
Total 22 100% Total 22
%
100
Total 36 100% Total 80 %
100
9 anos 22 28% Total 80
%
10 anos 14 18%
11 anos 22 28%
Total 80 100%
Série escolar
Indisponível 1 5% Indisponível 2 9%
100
Total 22
%
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Indisponível 1 5% Indisponível 4 5%
2° ano 3 5% 1° ano 4 5%
6° ano 4 5%
7° ano 1 1%
100
Total 80
%
Escola F P Renda F P
Indisponível 5 6% Indisponível 2 3%
100
Total 80 100% Total 80
%
100
Total 80 100% Total 80
%
Nota: F=frequência de apresentação; P= porcentagem.
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Pode-se notar que os anos escolares de maior frequência são: 2º ano (14%), 3° ano
(19%), 4° ano (18%) e 5º ano (16%). Segundo Brasil (2015), as dificuldades de aprendizagem
se mostram em 15 a 20% das crianças que estão no primeiro ano escolar e chega a 50% dos
estudantes nos primeiros seis anos de escolaridade, fato que também foi comprovado na
presente amostra. O aumento de crianças com dificuldades de aprendizagem pode ser
consequência da não aquisição de conhecimentos fundamentais nas séries anteriores, de
modo que, segundo Mazer, Bello e Bazon (2009), os alunos vão percorrendo séries, mas sem
um acervo mínimo de saberes e habilidades para prosseguir em sua escolarização.
Observa-se que 54% da amostra de crianças estuda em escolas particulares e 31% das
crianças em escolas públicas, sejam estaduais ou municipais, da cidade de Campina Grande –
PB ou circunvizinhas. Não se sabe ao certo se as crianças, antes de serem diagnosticadas com
dificuldades de aprendizagem, já estudavam em redes privadas de ensino, ou se foram
inseridas após o diagnóstico, contudo, o tipo de escola em que essas crianças estudam
também pode influenciar nos problemas de aprendizagem, considerando que muitos alunos
de escolas particulares também possuem dificuldades no desempenho escolar, especialmente
em tarefas que exigem atenção concentrada e funções percepto-visomotoras, habilidades
básicas essenciais às FE (Ferreira & Tabaquim, 2017). Nessa direção, Ferreira e Tabaquim
(2017) destacam que apesar dos alunos de escolas públicas apresentarem desempenhos
gerais mais rebaixados nas pré-competências cognitivas, especialmente devido às condições
socioeconômicas desfavoráveis, o desempenho dos alunos de escolas particulares não têm
mantido necessariamente um padrão superior.
Os dados sociodemográficos como renda familiar mostram que a maioria das famílias
têm renda salarial de um a três salários-mínimos (66%), seguida pelo número que apresenta
renda inferior a um salário-mínimo (25%), notando-se que grande parte possui baixa renda,
corroborando a literatura que afirma que condições socioeconômicas desfavoráveis tem
implicações negativas sobre a aprendizagem (Ferreira & Tabaquim, 2017). Devemos
considerar que esse público é atendido por uma instituição pública, na qual os
encaminhamentos são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), justificando a renda per
capita familiar da maioria das crianças. Pertinente aos dados clínicos, observou-se que a
maioria das mães não apresentaram doença durante a gravidez; a maior parte das crianças
não foram prematuras, não apresentaram otite com frequência no 1º ano de vida, não fizeram
uso de medicamento controlado e nem tiveram outras doenças graves e/ou relevantes.
Podemos observar na Tabela 2, a qual apresenta médias de tempo e erro dos três
grupos, que houve, comparando-se os grupos extremos 1 e 3, um aumento de tempo para a
resolução da tarefa de ‘leitura ’(de 21,4 no grupo 1 para 22,3 no grupo 3), diferentemente do
que ocorreu com a tarefa de ‘alternância’, na qual o tempo reduziu com o aumento da idade
das crianças (de 44,8 no grupo 1 para 26,6 no grupo 3), como previsto, tendo em vista o
avançar do desenvolvimento. Todavia, tais resultados podem ser entendidos considerando a
média de erros em ‘leitura’, que com o aumentar da idade e, consequentemente, com o
desenvolvimento executivo, tende a diminuir, demandando, portanto, mais tempo para uma
realização correta. Nesse sentido, apesar do aumento no tempo de resolução da tarefa de
leitura nas crianças com mais idade, percebeu-se a redução na média de erros, ou seja, uma
melhora no desempenho. Também ocorreu, como esperado, um retrocesso nas médias de
erros considerando as demais tarefas, havendo menos erros cometidos nas tarefas de ‘leitura ’
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Contagem 34,6 32,84 4,55 8,579 Contagem 18,9 23,06 2,64 5,91
Alternância 44,8 32,71 23,4 20,44 Alternância 31,9 30,05 22,2 21,5
Dados do grupo 3:
Dados gerais
11 anos M/T DP M/E DP M/T DP M/E DP
Leitura 22,3 16,24 1,14 2,145 Leitura 19,2 21,19 1,44 2,28
Contagem 27,1 23,54 4,77 8,519 Contagem 25,4 26,7 3,75 7,44
Alternância 26,6 22,28 19,3 16,42 Alternância 32,8 29,57 21,8 19,8
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específicos, como o caso das dificuldades de aprendizagem, já que quanto maior o número de
erros, menor quantidade de tempo pode ter sido levada para responder à atividade, conforme
observado na avaliação das estratégias utilizadas pelas crianças nestas tarefas. Essa mesma
ocorrência frequente é notada em outras correlações de magnitude moderada a alta como:
‘tempo de contagem’ e ‘tempo de flexibilidade’ (,531**); ‘tempo de escolha’ e ‘tempo de
flexibilidade’ (,627**); ‘tempo de contagem’ e ‘tempo de inibição’ (,486**); ‘tempo de
escolha’ e ‘tempo de inibição’ (,765**); ‘tempo de alternância’ e ‘tempo de inibição’ (,622**);
‘tempo de alternância’ e ‘tempo de flexibilidade’ (,724**) e ‘tempo de inibição’ e ‘tempo de
flexibilidade’ (,680**) – ‘dados gerais’, ‘grupo 1’, ‘grupo 2’ e ‘grupo 3’. Tal como observado, o
gasto de mais tempo para responder a tarefa de ‘contagem’ se correlaciona ao gasto de mais
tempo nas respostas da tarefa de ‘inibição’, o que indica menos velocidade de processamento,
notando-se que dificuldades nas tarefas iniciais do teste tendem a persistir e/ou aumentar em
tarefas mais complexas.
Como demonstrado, há alterações nos componentes Controle Inibitório e Flexibilidade
Cognitiva nessas crianças com dificuldades, já que, a priori, os mecanismos dessas FE devem
ser rápidos, levando menos tempo para uma maior competência de resposta, pois
acontecendo ao contrário, leva-se muito tempo para responder corretamente ou pouco
tempo para responder erroneamente, já que não se consegue processar automaticamente o
estímulo e respondê-lo. No que tange à Flexibilidade Cognitiva, esta refere-se a uma
competência do indivíduo de revezar entre duas ou mais atividades, bem como a possibilidade
de planejar novas estratégias para atingir objetivos que previamente não ocorreram como
esperado. Prejuízos, especificamente no Controle Inibitório e na Flexibilidade Cognitiva,
entendidas enquanto habilidades necessárias para adaptação, plasticidade e ajustamento
para com situações contingenciais, acarretam, como é notório, em agravos ou danos no que
tange o processo de aprendizagem, já que nesse decurso é fundamental o uso dessas funções
para lidar com novos contextos e conhecimentos (Gadelha, Melo, Santos & Osório, 2019).
A síndrome desexecutiva pode estar associada a prejuízos nas ações dos componentes
executivos, tais como como dificuldades na seleção de informações, dificuldades na tomada
de decisão e problemas para organizar ideias e ter novas ideias (Dias et al., 2010). A respeito
do Controle Inibitório, podemos entendê-lo como um provedor e mantenedor do domínio da
atenção, comportamentos, pensamentos, auxiliando na focalização da atenção seletiva em
uma informação, atuando como um filtro, o qual inibe comportamentos que possam afetar o
fluxo eficiente das ações (Gadelha et al., 2019). Os erros continuam sendo importantes
também nas análises de correlação. A relação entre os ‘erros na alternância’ e ‘erros na leitura’
se mostraram negativas baixas para os ‘dados gerais’ (-,352**) e média para o ‘grupo 1’ (-
,680**). Desse modo, pode-se compreender que quanto menor a quantidade de ‘erros na
leitura’, maior tende a ser a quantidade de erros na tarefa de ‘alternância’, mostrando, mais
uma vez, uma dificuldade em inibir as respostas, em implementar estratégias e em planejar
uma organização da tarefa na situação de testagem, próprio da disfunção desexecutiva,
conforme a literatura (Dias et al, 2010).
Outro dado sociodemográfico da amostra que se fez presente em correlações
significativas negativas com ‘erros na escolha’ e ‘erros na alternância’ (‘dados gerais’ {-,228*},
‘grupo 1’ {-,532*}), assim como em correlações positivas com ‘tempo de leitura’ (‘grupo 2’
{,345*}), ‘tipo de escola’ e ‘outras doenças’ (‘grupo 3’ {,648** e ,447*}), foi a ‘renda familiar’.
Nesse sentido, Brasil (2015) nos indica uma possível explicação: as FEs submetem-se ao
prejuízo, sejam em quais forem as circunstâncias que desordenem o equilíbrio funcional do
organismo, como estresse, tristeza, solidão e doenças físicas. Demais pesquisas (Diamond,
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Dados gerais
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Conclusão
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Agradecimentos
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ARTIGO
Ciências & Cognição 2021; Vol 26(2), 370-386 © Ciências & Cognição
ISSN 1806-5821 <http://www.cienciasecognicao.org/revista>
Submetido em 13/02/20 | Aceito em: 13/06/21 | Publicado online em 31/12/21
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