O nosso corpo humano, além de ser uma máquina de alto desempenho
com diversas habilidades e função, é também o nosso instrumento musical primordial. É através de seus sons que começamos a sentir a música em nossas vidas. Isso vai do reconhecimento da própria voz e de outros timbres vocais, até os sons que fazemos com boca, mãos, pés, etc. O ritmo e o andamento, elementos essenciais da música, estão presentes em nossos batimentos cardíacos e até mesmo na nossa respiração. Daí vem a importância dos sons corporais para a aprendizagem musical. Durante o crescimento, é comum o interesse por jogos musicais usando o corpo, até mesmo coreografias e trava-línguas. Adultos também usam o corpo como instrumento em atividades de entretenimento, um bastante comum na cultura hip-hop é o “beatbox”, que consiste em sons feitos com a boca que imitam os timbres característicos do gênero. O corpo oferece infinitas riquezas de sons de diversas formas, desde sapateados até assovios. Hoje em dia desenvolvem-se constantemente métodos educacionais com o uso do som corporal, um deles que se destaca é o Núcleo Barbatuques.
Uma das características principais dos sons corporais é a particularidade
dos timbres, sendo eles diferentes de pessoa pra pessoa. O aperfeiçoamento desse sons exige muito treino e concentração, porém os recursos que abordaremos não são difíceis de se executar.
Diante do vasto número de atividades do Barbatuques, é notável a
variedade de sons corporais que eles conseguem explorar. Dentre elas, destaquei uma atividade sugerida para uma turma em que os alunos devem imitar o som da chuva, com palmas e fonéticas produzidas com a boca. É incrível como essa atividade trabalha tanto a percepção, quanto a rítmica. A dinâmica da atividade permite aos alunos um aprendizado com a reprodução de elementos da natureza, numa experiência em grupo. Com destaque na interação entre os alunos do grupo, a atividade da flecha também oferece grande potencial de aprendizado. Nessa atividade os alunos ficam em pé, em roda, e cada um tem que acertar o outro com “sons”, associando o movimento com o som. O aluno que receber uma “flechada” tem que arremessar a flecha em outro, e por aí vai.
O Barbatuques possui vários vídeos disponíveis no YouTube com suas
atividades e algumas apresentações. No CD “Tum-Pá”, lançado em 2012, encontram-se vários exemplos das sonorizações que eles propõem em suas atividades. O uso da percussão corporal, notável no trabalho do Barbatuques, contribui ativamente para uma percepção consistente de timbre, ritmo e andamento.
Assim concluo que não só devido ao trabalho do Barbatuques, mas
devido ao potencial criativo dos sons corporais, se é necessário o uso dessas atividades nas experiências de aprendizado na musica. O conhecimento é adquirido de forma empírica, sem precisar de elementos externos para representar a música. Uma excelente alternativa para as crianças aprenderem se divertindo, até mesmo os adultos.