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Grelha de Análise das Entrevistas

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Diálogo entre Apresentação de ambos Entrevistado: D. Arminda,
Entrevistado e cozinheira na Creche/Centro de
Entrevistador Amizade e Animação Social de
Santiago da Guarda.
Entrevistador: Ana Carolina
Cunha
Lembranças da O dia a dia … A entrevistada, D. Arminda, nasceu
infância: no ano de 1962 num lugar chamado
Cabeça. Tem então 57 anos e
passou toda a sua infância na sua
terra natal, tendo abandonado a
mesma aos 19 anos.

Lembranças das Casamento O casamento era a festa onde mais


festas se matavam animais e,
consequentemente, mais carne se
comia. O Verde, espécie de sopa,
era um prato muito utilizado como
entrada do casamento.

Descamisada “(…) semeava-se o milho, depois


Lembranças de tinha-se que desbastar, que era tirar
atividades alguns para que os outros pudessem
associadas às crescer com mais força, depois
estações do ano tinha-se que sachar, que é sachar é
tirar as ervas que cresciam pelo
meio, porque havia químicas (?)
felizmente e as pessoas tinham lá
com um sacho, tiravam todas as
ervinhas e o milho ficava mais
como um espaço para poder crescer
para dar espigas grandes. Aqui
nalgumas zonas era chamado era
milho de sequeiro, que era (?) não
há água para regar, não havia água,
portanto o milho era semeado e era
só.... criava-se aqui em terras sem
ser regado, só era regado quando
chovia e havia (*) outras zonas
mais de rega, mas aqui é mais uma
zona mais seca, portanto o milho
era semeado e criado e sem rega.”
“Depois o milho era secado, depois
tirava-se da terra, depois levava-se
lá para junto… para o cimo das
eiras, todas as casas tinham uma
eira, que (*) era um espaço grande
redondo onde colocavam o milho a
secar, o milho ou outros cereais,
todos os cereais, e depois as
pessoas faziam a desfolhada, quer
dizer, ou a descamisada como
dizem aqui nesta zona mais.
Juntavam-se… este trabalho aqui
era todo feito na maior parte dos
trabalhos era feito em trabalho de
equipa, com todos os vizinhos, é
muito diferente do que é agora
mesmo no campo, as pessoas agora
vivem aqui na aldeia e passam dias
que não se veem uns aos outros. Há
50 anos ou há 60 isso era
impensável, as pessoas tudo o que
faziam era em conjunto, porque
havia muito milho para tirar, as
pessoas iam tirar hoje, iam tirar o
do João, amanhã era o da Maria,
outro dia era o do Joaquim, e as
pessoas faziam isso tudo em
comunidade, em conjunto,
ajudavam-se umas às outras, não se
ia falar às pessoas em troca de
dinheiro, era em troca (*) de
trabalho e as pessoas ajudavam-se.
E depois faziam a descamisada
então de onde as pessoas se
juntavam, mais à noite, porque era
no verão e estava calor, juntavam-
se à volta do milho para tirar a
camisa, (?) a camisa do milho e
depois as pessoas aí faziam
normalmente… depois faziam a…
cantavam, depois encontravam as
espigas vermelhas, que levavam a
que se fosse dar um abraço, aquele
que encontrasse a espiga vermelha
tinha que ir dar um abraço a todos
os que estivessem lá, bebia-se um
copito ou podia-se comer
eventualmente alguma coisa
também, bebia-se, cantavam e todo
o trabalho era feito assim em
conjunto e em comunidade.”
“As pessoas coziam o pão e a broa,
Lembranças A cozedura do pão práticas era mais a broa, porque o pão já era
associadas ao associadas uma coisa que normalmente… o
pão/ou à broa A cozedura da broa e práticas meu avô costumava dizer que só se
associadas comia pão quando nascia uma
criança, era quando a senhora tinha
o bebé, é que compravam então o
pão, que era chamado um pão de
fino que já havia na altura, mas que
as pessoas compravam muito
pouco, era um pãozinho que… (?)
as pessoas coziam era broa, coziam
broa com o seu próprio milho, o
meu avô era boleiro, tinham muito
(?), eu lembro-me perfeitamente de
lá estar a ver as pedras a andar e a
fazer farinha e as pessoas levavam
o milho, levavam o milho para o
moinho num saco e depois traziam
a farinha em troca, o moleiro ficava
com uma parte da farinha, que era o
seu pagamento, (?) nós levávamos
10 quilos de milho, ele depois fazia
a farinha, mas já não trazíamos a
farinha toda, ele ficava com uma
parte dessa farinha, que era o que se
chamava a maquia, era a maquia
que ele ficava que era o seu
pagamento, nós não… as pessoas
não pagavam em dinheiro, mas o
moleiro pagava o seu próprio,
tirando uma parte da farinha para
ele, e as pessoas coziam todas as
semanas, coziam normalmente em
todas as casas se cozia a broa uma
vez por semana, cozia-se a broa,
mais ou menos se a família fosse
maior ou menor, não é, uma
quantidade em quilos de farinha,
mas todas as semanas se coziam a
broa, e essa broa depois era para
toda a semana, não era… não
comiam… (?) não estavam a cozer
broa mole todos os dias, era o
tempo que durasse a broa, quando
acabava tornavam a cozer outra
fornada.”
“As pessoas faziam farinha de
milho e já punham algum trigo, que
era o que se chamavam mistura,
fazia-se uma mistura, porque a broa
só de milho ficava mais… não
era… ficava mais pesada, não era…
era menos… agora se levasse um
bocadinho de trigo misturada já
ficava mais agradável ao paladar,
então já se ia misturando um
bocadinho de milho e um
bocadinho de trigo.”
Receitas Verde Ingredientes:
 Carnes verdes (miúdos dos
animais)
 Cebola
 Alho
 Azeite
 Colorau
 Pimenta
 Água
 Massa meada (pão no tempo
da sua avó)
 Vinagre
Confeção:
Primeiramente, corta-se os miúdos
dos animais, como galinha, coelho
e cabrito (fígado, rins…). De
seguida, faz-se um refugado com
cebola, alho, azeite, um bocadinho
de colorau e pimenta. Depois,
coloca-se água e a massa.
Finalmente, “para cortar um
bocadinho aquele paladar assim um
bocadinho desagradável que as
pessoas não gostam muito destas
partes”, adiciona-se um bocadinho
de vinagre.
No tempo da avó da entrevistada,
utilizavam pão em vez de massa.
Colocavam o pão nas terrinas,
faziam o caldo descrito em cima
com carne e punham por cima do
pão.
Cabrito

Ingredientes:
 Cabrito
 Batatas pequenas
 Grelos
Confeção:
A D. Arminda não explica
detalhadamente como confeciona o
cabrito, no entanto, refere que o
mesmo normalmente é
acompanhado com batatas
pequenas e grelos. Nas alturas em
que não há grelos, as alternativas
são nabiças, migas ou outra
verdura, pois, segundo ela, todas
ficam bem.

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