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Fig. 2: Armadilha cromotrópica Fig. 3: Monitorização de S. titanus com armadilhas cromotrópicas amarelas numa área com várias parcelas
amarela (Foto: IFV Sudoeste) de vinha e espécies de Vitis selvagens - número e distribuição de armadilhas (seta branca: movimento poten-
cial de S. titanus; pontos vermelhos: distribuição de armadilhas amarelas)
Flavescência dourada: estratégias
para melhor controlar a doença
Scaphoideus titanus
Ninfa de Scaphoideus titanus (L1) (IFV South-West) Adulto de Scaphoideus titanus (INRA Bordeaux)
Ninfa de Empoasca vitis (IFV South-West) Adulto de Empoasca vitis (IFV South-West)
Dictyophara europaea (IPTPO) Oncopsis alni (INRA Bordeaux) Hyalesthes obsoletus (hemiptera-databases.org)
a três dias de aparecimento dos adultos, porque estes serem apresentado reporta-se ao modelo seguido em França.
menos móveis. Após estes dias, os adultos passam a po- O primeiro tratamento insecticida é o mais impor-
der deslocar-se alguns quilómetros. Nessa situação, é mais tante. Tendo por base a monitorização da eclosão das pri-
provável que eles possam ser atraídos pela cor amarela das meiras ninfas, este tratamento deverá ser posicionado um
armadilhas. Este método tem, no entanto, utilidade na mo- mês após a sua eclosão. Este período tem por base o
nitorização de ninfas existentes na vinha. Outro método al- período de incubação da FD no interior das primeiras ninfas
ternativo é a aspiração de indivíduos de S. titanus através de que se alimentaram de videiras infectadas as quais, findo
um equipamento do tipo “aspirador” denominado “D-Vac”. esse período, passam a poder transmitir o fitoplasma no mo-
mento em que se alimentam de novas videiras.
Estratégias de protecção fitossanitária O tratamento insecticida deve ser efectuado em toda a área
foliar da videira (zona de frutificação e lançamentos basais).
De acordo com a região ou o país, existem várias estraté- De facto, as ninfas de S. titanus são frequentemente encon-
gias de protecção que podem ser implementadas contra o tradas junto das primeiras folhas do tronco e mesmo sobre
insecto vector, e consequentemente, contra a FD. O exemplo os “ladrões”, tendo em conta que os ovos foram colocados
Estratégia com implementação de tratamentos extras (alta população de St nos anos anteriores)
T0: Tratamento extra em L1 em meados de Maio, antes da floração
T1: Dirigido às ninfas
T2: Fim de remanência do produto T1, objectivo é de cobrir o final do período de eclosões de ninfas
T3: Adultos
Figura 4: Estratégias de implementação de tratamento insecticidas. Adaptado de “Jaunisses à phytoplasmes de la vigne, Grupo de Trabalho Nacio-
nal Flavescence Dorée, 2006”
Flavescência dourada: estratégias
para melhor controlar a doença
sob o ritidoma na madeira de 2 anos de idade. Antes da apli- as indicações disponibilizadas pelos serviços de aconselha-
cação do tratamento, recomenda-se a remoção dos lança- mento agrícola sobre o melhor período de tratamento, assim
mentos basais, sendo que o tratamento deve atingir, quer o como devem respeitar as indicações específicas de cada
tronco, quer os lançamentos. A aplicação deve ter em conta produto (doses recomendadas).
Produtos
Modo de Produção Biológica - produtos autorizados contra S. titanus
Em geral, estas substâncias activas são mais eficazes sob Recomendações para aplicação de piretro
as formas juvenis de S. titanus. Além disso, uma vez que
a persistência não é tão elevada, sugere-se a repetição do • Aplicar ao final do dia (menor luminosidade e temperatura)
tratamento, passado uma semana. Os produtos baseados • pH da água <6,8 com um óptimo entre 6,0 e 6,5
em piretrina são mais eficazes ao longo do tempo, se forem
• Aplicar rapidamente após a preparação da mistura
aplicados pela noite ou ao início da manhã.
• Não utilizar produto guardado há mais de 6 meses
Condições de aplicação do piretro**
(não autorizado em Portugal) • Aplicar no máximo 3 aplicações durante a fase vegetativa
O piretro é uma substância sensível às altas temperaturas e
à radiação UV. O tempo de semi-vida é estimado em 10-12 Controlo da Flavescência dourada em vinhas biológicas
minutos para uma solução de piretro exposta ao sol. Este
produto tem uma “acção de choque” por contacto por con- A viticultura biológica baseia-se na prevenção e na imple-
tacto, actuando sobre o sistema nervoso do insecto.sobre o mentação de um sistema de auto-regulação que minimiza
sistema nervoso do insecto. Em caso de elevada presença as doenças e a ocorrência de pragas, aumentando a bio-
de S.titanus na parcela, o tratamento com piretro deve ser diversidade funcional e, consequentemente, minimizando a
repetido uma semana após o primeiro tratamento. A aplica- necessidade de intervir. Por exemplo, a flora existente na vi-
ção pode ser efectuada em associação com cobre ou enxo- nha, segundo Trivellone et al. (2013), tem um impacto sobre
fre (Sudvinbio, 2013). O piretro é eficaz nos estádios L1 a L3 as populações de S. titanus já que o insecto também existe
de S. titanus. Infelizmente, a eficiência do tratamento com sobre Trifolium repens e Ranunculus repens. Por outro lado,
piretro é variável, sendo que deve ser efectuada uma mo- a presença de flores, contribui para fomentar a população
nitorização regular da população na parcela, antes e depois e a diversidade de inimigos naturais como as aranhas, que
do tratamento. podem reduzir a população destes cicadelídeos em vinhas
com coberto vegetal.
Modo de produção convencional- produtos autorizados para tratamento contra S. titanus
Como reduzir a presença de vinhas abandonadas? Tabela 4: Recomendações de como proceder à remoção de hospedei-
ros selvagens no período de Inverno e Primavera
Não é necessário desmatar. A videira é uma planta que pro-
cura a luz solar, pelo que cresce principalmente na bordadu- Limpeza no periodo Limpeza na Primavera
ra de florestas, campos cultivados e estradas. No entanto, se de Inverno
lhe permitirem o crescimento e o desenvolvimento de gran- Após a colheita, desde o final Maio-Junho: antes da rea-
des sebes, irá amadurecer o fruto e produzir e propagar-se do Outono, até ao abrolhamento lização do tratamento in-
por sementes, as quais podem ser dispersadas por acção da videira: limpeza de faixas de secticida contra os estados
das aves. Isso deve ser evitado. Na tabela 4, apresentam-se terrenos em pousio que fazem imaturos de S. titanus na
algumas recomendações de como proceder à remoção de
fronteira com a vinha, prestan- vinha, é necessário proceder
eventuais vinhas abandonadas ou selvagens.
do especial atenção às vinhas à eliminação dos rebentos
que trepam pelas árvores. Os
CUIDADO: Não destrua as videiras americanas sel- de videiras americanas que
detritos devem ser removidos e
vagens durante o Verão, já que os adultos podem existam. Como alternativa,
queimados. Este passo é muito
migrar desses habitats para a vinha. poderá desvitalizar-se este
importante já que eles podem
material, pulverizando-se os
conter ovos S. titanus, os quais
poderiam emergir das varas e rebentos com um herbicida
O procedimento deve ser repetido nos anos seguintes, ten-
multiplicar-se. Sempre que pos- sistémico (2 a 5% de solu-
tando eliminar todas as vinhas americanas.
sível, remova as raízes da videira ção de 360 g / L de glifo-
com uma escavadora. sato) fazendo com que os
insectos vectores morram
por falta de alimento.
* Este protocolo não é per-
mitido em todas as regiões
vitícolas e, por vezes, é ne-
cessário adquirir licenças
adicionais.
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Fig. 7: Sistema mecânico desenvolvido para a confusão sexual de Foto 9: Aplicação de caulino nas folhas (ADVID)
S. Titanus (Lucchi et al, 2013)
Mais informação
www.winetwork-data.eu
Fichas técnicas:
• Guia de boas práticas na gestão da FD
• Tratamento por água quente
Video seminar: State of the art of scientific research on
Flavescence Dorée (François-Michel Bernard, IFV)
Experiences of collective management of FD in France (Fran-
çois-Michel Bernard, IFV)
Eberle D., Millevigne n 5_2012, 15. Flavescenza dorata, la
Referências bibliográficas prevenzione continua dopo la vendemmia, il ruolo della vite
americana
Groupe de travail national, 2006. Jaunisses à phytoplasme de
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