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Prof. Nidal Ahmad
Prof. Arnaldo Quaresma
Profª. Letícia Neves
Prof. Mauro Stürmer
Olá, alunos!
Bons estudos,
Abraços, Equipe Ceisc.
2ª FASE OAB | PENAL | 37º EXAME
SUMÁRIO
Defesa Preliminar
1.1 Introdução..................................................................................................................................... 5
1.2 Identificação ................................................................................................................................. 5
1.3 Prazo............................................................................................................................................. 6
1.4 Conteúdo ...................................................................................................................................... 6
1.5 Estrutura da Peça ........................................................................................................................ 6
Inquérito Policial
2.1 Conceito ....................................................................................................................................... 8
2.2 Persecução Penal........................................................................................................................ 8
2.3 Natureza Jurídica do Inquérito Policial ....................................................................................... 8
2.4 Espécies de Inquéritos ................................................................................................................ 9
2.5 Destinatários .............................................................................................................................. 10
2.6 Finalidade ................................................................................................................................... 10
2.7 Instauração do Inquérito Policial ............................................................................................... 10
2.8 Características ........................................................................................................................... 13
2.9 Prazo do Inquérito Policial......................................................................................................... 17
2.9.1 Prazos especiais..................................................................................................................... 18
2.9.2 Prazo máximo para instauração............................................................................................ 18
2.10 Vícios no Inquérito Policial ...................................................................................................... 18
2.11 Procedimentos ......................................................................................................................... 19
2.12 Indiciamento ............................................................................................................................. 21
2.13 Encerramento do Inquérito Policial......................................................................................... 22
2.13.1 Procedimentos no encerramento ........................................................................................ 23
Recurso Extraordinário
5.1 Conceito ..................................................................................................................................... 46
5.2 Identificação ............................................................................................................................... 46
5.3 Base legal................................................................................................................................... 47
5.4 Cabimento/Conteúdo ................................................................................................................ 47
5.5 Prazo e interposição .................................................................................................................. 48
5.6 Prequestionamento ................................................................................................................... 48
5.7 Repercussão geral das questões constitucionais ................................................................... 49
5.8 Estruturação do Recurso Extraordinário .................................................................................. 49
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 2ª Fase do 37º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas.
Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
1.1 Introdução
Trata-se de procedimento destinado à apuração dos crimes praticados por funcionário
público ou a ele equiparado no exercício da função ou em razão dela contra a administração
pública. É o caso dos crimes previstos nos arts. 312 a 326 do CP e art. 3º da Lei nº 8.137/1990.
1.2 Identificação
PAROU!
Nos termos do art. 514 do CPP, nos crimes funcionais afiançáveis, após o oferecimento
da denúncia, o réu será notificado para apresentar, no prazo de 15 (quinze) dias, defesa
preliminar. Como se vê, o procedimento especial é voltado aos crimes funcionais afiançáveis.
Considerando que, a partir da edição da Lei nº 12.403/2011, o art. 323 do CPP passou a dispor
que são inafiançáveis os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, os crimes hediondos e aqueles praticados por grupos armados contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático, conclui-se que todos os crimes praticados por funcionário
público contra a administração pública são afiançáveis.
Em que pese divergência doutrinária e até mesmo jurisprudencial, o Superior Tribunal de
Justiça editou a Súm. nº 330, segundo a qual “É desnecessária a resposta preliminar de que
trata o art. 514 do Código de Processo Penal, na ação instruída por inquérito policial”.
Se recebida a denúncia, será o acusado citado, seguindo-se o rito comum, nos temos do
art. 518 do CPP.
1.3 Prazo
Nos termos do art. 514 do CPP, o prazo para apresentar a defesa preliminar é de 15
(quinze) dias.
1.4 Conteúdo
Deve-se buscar no enunciado informações para sustentar a rejeição da denúncia. Ou
seja, causas de rejeição da denúncia, previstas no art. 395 do CPP.
Processo nº ...
FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com
procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar
DEFESA PRELIMINAR, com base no art. 514 do Código de Processo Penal, pelos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos:
I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
Após identificar e arguir eventuais preliminares contidas no enunciado, deve-se atacar
a denúncia, buscando a sua rejeição, com base no art. 395 do CPP.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o denunciado:
a) seja rejeitada a denúncia.
Nestes termos, Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Inquérito Policial
2.1 Conceito
O processo penal não serve apenas para que o Estado aplique o seu direito de punir, mas
também para que o indivíduo possa defender-se deste Estado.
Art. 4º - CPP - A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de
suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria.
Parágrafo único: A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por
prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e
garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do
Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de
jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso
País, os Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV
e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito
– do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula
Vinculante 14), praticados pelos membros dessa instituição”.
STF. Plenário. RE 593727/MG, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015.
2.5 Destinatários
Imediatos
Ofendido ou
Representante legal
(Ação Penal Privada)
Destinatários
Juiz – para
Mediatos fundamentar decisões
cautelares (prisão
preventiva, busca e
apreensão, etc...)
2.6 Finalidade
Fornecer elementos de convicção para que o titular da ação penal (Ministério Público ou
Ofendido) ingresse em juízo.
Art. 5o: Nos crimes de ação pública (incondicionada) o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou nomeação das
testemunhas motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso
para o chefe de Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade
policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação
(condicionada a representação), não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a
inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Art. 5º, § 1º, CPP: O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou nomeação das
testemunhas motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a, com indicação de sua profissão e residência.
Instrumental
Obrigatório
Discricionário
Dispensável
Informativo
Características
Escrito
Sigiloso
Inquisitivo
Indisponível
Temporário
Art. 14: O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Art. 155: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.
Exclusivamente com base no Inquérito Policial não cabe condenação, mas junto com
outras provas cabe – Art. 155 do CPP – o Inquérito Policial não pode ser a única fonte para a
condenação.
f) Escrito: Art. 9o: Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
g) Sigiloso: Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
1) Juiz;
2) Ministério Público: pode acompanhar o inquérito e ser o mesmo promotor na ação penal –
Súmula 234 STJ.
Súmula 234: A participação de membro do ministério público na fase investigatória criminal não
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
Art. 7 XXI (EAOB): assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações,
sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes
ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração:
a) apresentar razões e quesitos; (perguntas...)
Art. 7, XIV da Lei 8.906/94 (EOAB): examinar, em qualquer instituição responsável por
conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de
qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.
Art. 7º, § 11 do EOAB: No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá
delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em
andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
Não. Art. 107 do CPP: Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos
do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
i) Indisponível: Art. 17 do CPP: A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos
de inquérito.
j) Temporário: é uma garantia constitucional. Art. 5º, inciso LXXVIII, da CF/88 – duração
razoável do processo.
Art. 5º, inciso LXXVIII: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
O Inquérito Policial, estando o investigado solto, pode ser prorrogável enquanto for
necessário, devendo se comprovar a justa necessidade em cada prorrogação.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do
dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas
no prazo marcado pelo juiz.
2.11 Procedimentos
Conforme previsão do art. 6º do CPP:
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação
das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III
do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas
que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se
for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu
temperamento e caráter.
d) Identificação criminal: Parece que todo o indiciado deve “tocar piano”, mas não é
assim, mudou com a Constituição Federal/88. Até a Constituição Federal/88 – o artigo 6º, inciso
VIII, do Código de Processo Penal – qualquer indiciado tocava piano; com a Constituição
Federal/88, no artigo 5º, inciso LVIII – diz que: “o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. Previu como regra a identificação
civil, sendo a exceção a identificação datiloscópica; casos expressos em lei – Lei nº 12.037/09.
Com a Constituição Federal/88 a regra é a identificação civil, por documento hábil; a
exceção é a identificação datiloscópica.
Art. 7º, CPP: Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, a autoridade policial poderá (discricionariedade) proceder à
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
pública.
Art. 13-A: Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art.
159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do
poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da
vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
conterá:
I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.
§ 1o: Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura,
setorização e intensidade de radiofrequência.
§ 3o: Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência
policial.
2.12 Indiciamento
Conceito: é o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma infração penal,
baseado em indícios da autoria e prova da materialidade.
Lei 12.830/13:
STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013 (Info 717).
O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-
jurídica do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o
indiciamento de alguém.
Art. 10, §1º: A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará
autos ao juiz competente.
O juiz deve verificar se a caso de Ação Penal de Iniciativa Pública ou Ação Penal de
Iniciativa Privada – Art. 19 do CPP – se for ação penal privada fica aguardando o requerente,
se for ação penal pública é remetido ao Ministério Público.
Art. 19: Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão
remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
2) Ação Penal Privada (art. 19, CPP), deixar os autos em cartório aguardando
manifestação.
1) Requerer diligências: “Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do
inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
denúncia.”
3) Requer o arquivamento;
2) Designar outro representante do Ministério Público para oferecê-la (não pode ser o mesmo
que pediu o arquivamento);
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por
falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas,
se de outras provas tiver notícia
3.1 Conceito
Trata-se de negócio jurídico extrajudicial, celebrado entre o Ministério Público e o autor
da infração penal, devidamente acompanhado por advogado, e, revestindo-se de todas as
formalidades, homologado pelo juiz competente, no caso, a princípio, pelo juiz de garantias (Art.
3º- B, inciso XVII, do CPP).
3.2 Requisitos
Nos termos do artigo 28-A do Código de Processo Penal, o acordo de não persecução
penal poderá ser celebrado desde que preenchidos os seguintes requisitos:
3.3 Infração penal com pena mínima cominada inferior a quatro anos
Aqui um especial cuidado. O requisito leva em conta a pena mínima e não a máxima
cominada ao delito.
Além disso, a violência deve ser considerada na conduta e não em relação ao resultado.
Logo, a exigência de crime praticado sem violência ou grave ameaça está relacionada aos crimes
dolosos, não alcançando os crimes culposos.
Assim, seria possível, desde que preenchidos os demais requisitos, o acordo de não
persecução penal em relação a crime de homicídio culposo (Art. 121, § 3º, do CP), já que não
há dolo no resultado.
1Súmula 723 STF: "Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano."
2Súmula 243 STJ "O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas
em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.”
3.6 Condições
Além de preencher os requisitos previstos em lei, o indiciado deverá concordar em cumprir
as condições ajustadas, cumulativa e alternativamente.
Nos termos do artigo 28-A do Código de Processo Penal, as condições são as seguintes:
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
Todavia, adotando posição contrária, Renato Brasileiro entende que não se trata de direito
subjetivo do indiciado, já que se trata de instituto que deve resultar da convergência de vontades,
com necessidade ativa das partes.4
Além disso, nos termos do artigo 28-A, § 14, do Código de Processo Penal,
No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28
deste Código.
3 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva. 2020, p. 221.
4 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2020, p. 276
Assim, a consequência do descumprimento do acordo de não persecução penal será o
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, que poderá utilizar essa circunstância para o
não oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo (Art. 28-A, § 11, do CPP).
O acordo de não persecução penal não gera maus antecedentes e muito menos
reincidência, e não constará na certidão de antecedentes criminais do imputado, salvo para
verificação da possibilidade de novo acordo por fato distinto (Art. 28-A, § 12, do CPP).
1) (QUESTÃO 4 – XXXII EXAME)
Maria, no dia 07 de julho de 2020, compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima, dois dias
antes, de um crime de lesão corporal praticada por seu marido, Francisco, e motivada pela
insatisfação com a qualidade da refeição que teria sido feita pela vítima. Maria foi encaminhada
para perícia, que constatou, por meio de laudo, a existência de lesão corporal de natureza leve.
Ouvido, Francisco confessou a prática delitiva, dizendo que este seria um evento isolado em sua
vida. Diante disso, Francisco foi indiciado pelo crime do Art. 129, § 9º, do CP, na forma da Lei nº
11.340/06. Considerando a pena prevista para o delito e a inexistência de envolvimento pretérito
com aparato judicial ou policial pelo autor do fato, o Ministério Público apresentou proposta de
acordo de não persecução penal a Francisco. Ao tomar conhecimento dos fatos, Maria procura
você, como advogado, para esclarecimentos.
Considerando apenas as informações expostas, responda na qualidade de advogado de
Maria, aos itens a seguir.
A) Existem argumentos para questionar a proposta de acordo de não persecução penal
formulada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Em caso de denúncia, diante da natureza da ação pública incondicionada, existe
alguma forma de participação direta da vítima no processo, inclusive com posição ativa
na produção das provas e interposição de recursos? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
Recurso Especial
4.1 Conceito
Conceitua-se o recurso especial como o recurso destinado a devolver ao Superior Tribunal
de Justiça a competência para conhecer e julgar questão federal de natureza infraconstitucional,
suscitada e decidida perante os Tribunais Federais e pelos Tribunais dos Estados e do Distrito
Federal.
4.2 Identificação
Enquanto couber algum recurso, não cabe recurso especial. Esse pressupõe o
exaurimento das vias recursais. Essa regra inclui, também, os embargos infringentes. Em
síntese, somente depois de esgotados os recursos perante o Tribunal dos Estados e do Tribunal
Regional Federal terá cabimento o recurso especial, quando, basicamente, envolver matéria de
direito prevista em lei federal.
Peça de
Apelação interposição
Recurso em
Sentido Estrito Esgotados os Recurso
recursos no Especial
Agravo em Tribunal
Execução Lei Federal Razões de
Recurso
Embargos Especial
Infringentes/Nulidade
4.3 Base legal
4.4 Cabimento/conteúdo
Conforme dispõe o artigo 105, inciso III, da Constituição Federal/88, o recurso especial
será cabível contra as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal.
C) Decisão que der à lei federal interpretação divergente da que lhe tenha atribuído
outro tribunal
Trata-se da hipótese de recurso especial fundado na divergência jurisprudencial entre
tribunais diversos. Não cabe recurso especial se a divergência ocorrer entre órgãos
do mesmo tribunal, conforme a Súmula 13 do STJ: “A divergência entre julgados do
mesmo tribunal não enseja recurso especial”.
Trata-se da hipótese de recurso especial fundado na divergência jurisprudencial entre
tribunais diversos. Não cabe recurso especial se a divergência ocorrer entre órgãos
do mesmo tribunal, conforme a Súmula 13 do STJ: “A divergência entre julgados do
mesmo tribunal não enseja recurso especial”.
4.5 Prazo, interposição e processamento
O prazo para a interposição é de 15 dias, a partir da publicação do acórdão.
A petição, que deve ser dirigida ao presidente do tribunal que proferiu a decisão recorrida,
deve ser fundamentada e conter a exposição do fato e do direito, a demonstração do cabimento
do recurso e as razões do pedido de reforma da decisão. Simultaneamente com a petição de
interposição, apresentam-se as razões, que devem ser dirigidas ao Superior Tribunal de Justiça.
Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal, o recorrido será intimado para apresentar
as contrarrazões no prazo de 15 dias, nos termos do artigo 1030 do Código de Processo Civil.
4.6 Prequestionamento
O prequestionamento também é requisito de admissibilidade do recurso especial, ou seja,
é indispensável que o acórdão recorrido tenha apreciado a questão que constitui objeto do
recurso.
c) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento,
data, advogado e OAB)
B) RAZÕES
c) saudação:
7 a 10 linhas
Nestes termos
Pede deferimento
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Razões de Recurso Especial
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
I) DOS FATOS
II) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE DO RECURSO
III) DO DIREITO
Lembrar que a matéria discutida envolve questão de direito. Não
se discute matéria de fato, que reclama análise de provas.
IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso
especial, para o fim de que seja reformado o acórdão e, consequentemente, ... (pedido
específico).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
4.8 Peça prático-profissional
Enunciado
Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática do delito de roubo simples em sua
modalidade tentada. A pena fixada pelo magistrado foi de dois anos de reclusão em regime aberto.
Todavia, atento às particularidades do caso concreto, o referido magistrado concedeu-lhe o
benefício da suspensão condicional da execução da pena, sendo certo que, na sentença, não
fixou nenhuma condição. Somente a defesa interpôs recurso de apelação, pleiteando a absolvição
de Daniel com base na tese de negativa de autoria e, subsidiariamente, a substituição do benefício
concedido por uma pena restritiva de direitos. O Tribunal de Justiça, por sua vez, no julgamento
da apelação, de forma unânime, negou provimento aos dois pedidos da defesa e, no acórdão,
fixou as condições do sursis, haja vista o fato de que o magistrado a quo deixou de fazê-lo na
sentença condenatória. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos
fornecidos, você, advogado(a) de Daniel foi intimado, para apresentar a medida cabível. Com base
nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Recorrente: DANIEL
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO
Recurso nº ...
I) DOS FATOS
Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática do
delito de roubo simples em sua modalidade tentada. A pena fixada pelo magistrado foi de
dois anos de reclusão em regime aberto, concedendo-lhe o benefício da suspensão
condicional da execução da pena, não fixando nenhuma condição.
Somente a defesa interpôs recurso de apelação, pleiteando a
absolvição de Daniel com base na tese de negativa de autoria e, subsidiariamente, a
substituição do benefício concedido por uma pena restritiva de direitos.
O Tribunal de Justiça, por sua vez, no julgamento da apelação,
de forma unânime, negou provimento aos dois pedidos da defesa e, no acórdão, fixou as
condições do sursis, haja vista o fato de que o magistrado a quo deixou de fazê-lo na
sentença condenatória.
II) DO DIREITO
O recorrente foi condenado pela prática do delito de roubo
simples tentado, sendo-lhe concedido o benefício da suspensão condicional da pena, sem,
no entanto, terem sido fixadas condições. Todavia, em recurso exclusivo da defesa, o
Tribunal de Justiça negou provimento ao pedido formulado e, ainda, fixou as condições do
sursis, violando o disposto no art. 617 do Código de Processo Penal, já que a fixação das
condições cabia ao juiz de 1º grau.
Como não houve impugnação por parte do Ministério Público,
a decisão proferida pelo Tribunal configura verdadeira reformatio in pejus, vedada pelo art.
617 do Código de Processo Penal.
III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente
recurso especial, para o fim de que seja REFORMADO O ACÓRDÃO e, consequentemente,
mantida a decisão que concedeu o sursis, sem estabelecer as condições do benefício.
Nestes temos,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Recurso Extraordinário
5.1 Conceito
Trata-se de recurso destinado a impugnar qualquer decisão proferida em única ou última
instância que afronte a Constituição Federal. Em outras palavras, é aquele interposto perante o
STF das decisões judiciais em que não mais caiba outro recurso.
Entende-se por decisão final, para fins aqui propostos, aquela proferida após esgotadas,
por quem a impugna, todas as vias recursais ordinárias. Desta forma, não se conhece de recurso
extraordinário contra acórdão em recurso de apelação do qual ainda caibam embargos de
declaração, ou embargos infringentes.
5.2 Identificação
Enquanto couber algum recurso, não cabe recurso extraordinário. Esse pressupõe o
exaurimento das vias recursais. Essa regra inclui, também, os embargos infringentes. Em
síntese, somente depois de esgotados os recursos perante o Tribunal dos Estados e do Tribunal
Regional Federal terá cabimento o recurso extraordinário, quando, basicamente, envolver
matéria de direito prevista na Constituição Federal.
5.3 Base legal
5.4 Cabimento/Conteúdo
Para que o recurso extraordinário possa ser conhecido pelo STF, é preciso que a causa
decidida em única ou última instância suscite questão federal de natureza constitucional. A
própria Constituição Federal/88, no artigo 102, inciso III, cuida de arrolar as questões que
ensejam o julgamento do recurso em tela. São as chamadas hipóteses de cabimento do recurso
extraordinário, que, para fins de OAB, merecem destaque as hipóteses das alíneas “a” e “b”, do
artigo 102, inciso III, da Constituição Federal/88.
Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal, o recorrido será intimado para apresentar
as contrarrazões no prazo de 15 dias.
5.6 Prequestionamento
Pressuposto específico jurisprudencial, que, em verdade, deflui do acima analisado. A ele
respeitam as Súmulas 282 e 356, ambas do STF.
c) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento,
data, advogado e OAB)
B) RAZÕES
7 a 10 linhas
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Razões do Recurso Extraordinário
COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente
recurso, para o fim de que seja reformado o acórdão e, consequentemente, ... (pedido
específico).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
PADRÃO DE RESPOSTAS
1) (QUESTÃO 4 – XXXII EXAME)
Maria, no dia 07 de julho de 2020, compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima, dois dias
antes, de um crime de lesão corporal praticada por seu marido, Francisco, e motivada pela
insatisfação com a qualidade da refeição que teria sido feita pela vítima. Maria foi encaminhada
para perícia, que constatou, por meio de laudo, a existência de lesão corporal de natureza leve.
Ouvido, Francisco confessou a prática delitiva, dizendo que este seria um evento isolado em sua
vida. Diante disso, Francisco foi indiciado pelo crime do Art. 129, § 9º, do CP, na forma da Lei nº
11.340/06. Considerando a pena prevista para o delito e a inexistência de envolvimento pretérito
com aparato judicial ou policial pelo autor do fato, o Ministério Público apresentou proposta de
acordo de não persecução penal a Francisco. Ao tomar conhecimento dos fatos, Maria procura
você, como advogado, para esclarecimentos.
Considerando apenas as informações expostas, responda na qualidade de advogado de
Maria, aos itens a seguir.
A) Existem argumentos para questionar a proposta de acordo de não persecução penal
formulada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Em caso de denúncia, diante da natureza da ação pública incondicionada, existe
alguma forma de participação direta da vítima no processo, inclusive com posição ativa
na produção das provas e interposição de recursos? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
GABARITO COMENTADO
Narra o enunciado que Maria foi vítima de um crime de lesão corporal leve praticado no contexto
da violência doméstica e familiar contra a mulher, sendo apontado como autor seu marido
Francisco. O Ministério Público teria oferecido proposta de acordo de não persecução penal
(ANPP), considerando apenas a pena do delito em tese praticado a primariedade e a confissão
plena. Diante disso, Maria demonstrou interesse em intervir no processo. A) Sim, existem
argumentos para questionar a proposta de acordo de não persecução penal (ANPP) formulada
pelo Ministério Público. De fato, considerando unicamente a pena de detenção de 3 meses a 3
anos prevista para o delito em tese praticado e a confissão, seria possível a proposta do acordo
de não persecução penal (ANPP), pois a pena mínima cominada é inferior a 4 anos. Contudo, o
Art. 28-A do CPP estabelece que o crime não poderá ter sido praticado com violência ou grave
ameaça à pessoa. Ademais, em seu parágrafo 2º, inciso IV, o dispositivo veda a aplicação do
instituto quando o crime for praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra a
mulher, como na situação apresentada. A vítima era do sexo feminino, as partes tinham relação
de matrimônio e a motivação do delito foi relacionada à condição de mulher. B) Sim, a vítima
poderia, por meio de seu advogado, se habilitar como assistente de acusação, na forma do Art.
268 do CPP. De acordo com o dispositivo, em todos os termos da ação pública, poderá intervir,
como assistente do Ministério Público, o ofendido. No caso, temos uma vítima determinada,
Maria. Ademais, a ação penal é pública incondicionada, já que não se aplicam as previsões da
Lei nº 9.099/95, nos termos do Art. 41 da Lei nº 11.340/06. Uma vez habilitada como assistente
de acusação, Maria poderá interferir de diversas maneiras no processo, inclusive para propor
meios de prova, realizar perguntas para testemunhas, apresentar manifestações de mérito e
recursos, tudo na forma do Art. 271 do CPP.