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Bons estudos,
Abraços, Equipe Ceisc.
2ª FASE OAB | PENAL | 37º EXAME

Direito Penal e Processual Penal

SUMÁRIO

Defesa Preliminar
1.1 Introdução..................................................................................................................................... 5
1.2 Identificação ................................................................................................................................. 5
1.3 Prazo............................................................................................................................................. 6
1.4 Conteúdo ...................................................................................................................................... 6
1.5 Estrutura da Peça ........................................................................................................................ 6

Inquérito Policial
2.1 Conceito ....................................................................................................................................... 8
2.2 Persecução Penal........................................................................................................................ 8
2.3 Natureza Jurídica do Inquérito Policial ....................................................................................... 8
2.4 Espécies de Inquéritos ................................................................................................................ 9
2.5 Destinatários .............................................................................................................................. 10
2.6 Finalidade ................................................................................................................................... 10
2.7 Instauração do Inquérito Policial ............................................................................................... 10
2.8 Características ........................................................................................................................... 13
2.9 Prazo do Inquérito Policial......................................................................................................... 17
2.9.1 Prazos especiais..................................................................................................................... 18
2.9.2 Prazo máximo para instauração............................................................................................ 18
2.10 Vícios no Inquérito Policial ...................................................................................................... 18
2.11 Procedimentos ......................................................................................................................... 19
2.12 Indiciamento ............................................................................................................................. 21
2.13 Encerramento do Inquérito Policial......................................................................................... 22
2.13.1 Procedimentos no encerramento ........................................................................................ 23

Acordo de não persecução penal


3.1 Conceito ..................................................................................................................................... 27
3.2 Requisitos................................................................................................................................... 27
3.3 Infração penal com pena mínima cominada inferior a quatro anos ....................................... 27
3.4 Infração penal praticada sem violência ou grave ameaça ..................................................... 28
3.5 Confissão formal e circunstanciada.......................................................................................... 28
3.6 Condições .................................................................................................................................. 29
3.7 Vedações à celebração do acordo de não persecução penal ............................................... 29
3.8 Direito subjetivo do acusado? ................................................................................................... 30
3.9 Descumprimento do acordo...................................................................................................... 30
3.10 Cumprimento do acordo ......................................................................................................... 31
Recurso Especial
4.1 Conceito ..................................................................................................................................... 33
4.2 Identificação ............................................................................................................................... 33
4.3 Base legal................................................................................................................................... 34
4.4 Cabimento/conteúdo ................................................................................................................. 34
4.5 Prazo, interposição e processamento ...................................................................................... 36
4.6 Prequestionamento ................................................................................................................... 36
4.7 Demonstração da relevância das questões de direito federal infraconstitucional ................ 37
4.8 Estruturação do Recurso Especial ........................................................................................... 37
4.8 Peça prático-profissional ........................................................................................................... 41

Recurso Extraordinário
5.1 Conceito ..................................................................................................................................... 46
5.2 Identificação ............................................................................................................................... 46
5.3 Base legal................................................................................................................................... 47
5.4 Cabimento/Conteúdo ................................................................................................................ 47
5.5 Prazo e interposição .................................................................................................................. 48
5.6 Prequestionamento ................................................................................................................... 48
5.7 Repercussão geral das questões constitucionais ................................................................... 49
5.8 Estruturação do Recurso Extraordinário .................................................................................. 49

PADRÃO DE RESPOSTAS ........................................................................................................... 54

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 2ª Fase do 37º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas.
Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em dezembro de 2022.
Defesa Preliminar

Prof. Arnaldo Quaresma


@profarnaldoquaresma

1.1 Introdução
Trata-se de procedimento destinado à apuração dos crimes praticados por funcionário
público ou a ele equiparado no exercício da função ou em razão dela contra a administração
pública. É o caso dos crimes previstos nos arts. 312 a 326 do CP e art. 3º da Lei nº 8.137/1990.

1.2 Identificação

PEDIU PRA PARAR

Palavra mágica: Peça:

Notificação Defesa Preliminar

PAROU!

Nos termos do art. 514 do CPP, nos crimes funcionais afiançáveis, após o oferecimento
da denúncia, o réu será notificado para apresentar, no prazo de 15 (quinze) dias, defesa
preliminar. Como se vê, o procedimento especial é voltado aos crimes funcionais afiançáveis.
Considerando que, a partir da edição da Lei nº 12.403/2011, o art. 323 do CPP passou a dispor
que são inafiançáveis os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, os crimes hediondos e aqueles praticados por grupos armados contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático, conclui-se que todos os crimes praticados por funcionário
público contra a administração pública são afiançáveis.
Em que pese divergência doutrinária e até mesmo jurisprudencial, o Superior Tribunal de
Justiça editou a Súm. nº 330, segundo a qual “É desnecessária a resposta preliminar de que
trata o art. 514 do Código de Processo Penal, na ação instruída por inquérito policial”.

Se recebida a denúncia, será o acusado citado, seguindo-se o rito comum, nos temos do
art. 518 do CPP.

1.3 Prazo
Nos termos do art. 514 do CPP, o prazo para apresentar a defesa preliminar é de 15
(quinze) dias.

1.4 Conteúdo
Deve-se buscar no enunciado informações para sustentar a rejeição da denúncia. Ou
seja, causas de rejeição da denúncia, previstas no art. 395 do CPP.

1.5 Estrutura da Peça


Deve-se buscar no enunciado informações para sustentar a rejeição da denúncia. Ou
seja, causas de rejeição da denúncia, previstas no art. 395 do CPP.
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA
COMARCA ... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CRIMINAL DA
JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL)

Processo nº ...

FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com
procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar
DEFESA PRELIMINAR, com base no art. 514 do Código de Processo Penal, pelos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I) DOS FATOS
II) DO DIREITO
Após identificar e arguir eventuais preliminares contidas no enunciado, deve-se atacar
a denúncia, buscando a sua rejeição, com base no art. 395 do CPP.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer o denunciado:
a) seja rejeitada a denúncia.
Nestes termos, Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Inquérito Policial

Prof. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

2.1 Conceito
O processo penal não serve apenas para que o Estado aplique o seu direito de punir, mas
também para que o indivíduo possa defender-se deste Estado.

O inquérito policial é um procedimento administrativo, preparatório e inquisitivo, presidido


pela autoridade policial, que tem por finalidade reunir elementos necessários à apuração da
prática de uma infração penal e sua autoria, a fim de propiciar a propositura da denúncia ou
queixa.

2.2 Persecução Penal


O caminho a ser percorrido pelo Estado para exercer seu direito de punir:

1ª etapa – extraprocessual – inquisitiva – inquérito.

2ª etapa – judicial – contraditória – processo.

2.3 Natureza Jurídica do Inquérito Policial


O que é natureza Jurídica? (o que é isso para o direito).

É um procedimento administrativo – não é processo, pois não se constitui de uma


relação trilateral (delegado – parte A, parte B contraria – contraditório e ampla defesa), por isso
se fala em investigado, que pode ser o objeto de uma investigação.

Cuidado: isso não permite ao delegado desrespeitar direitos e garantias fundamentais


compatíveis com o procedimento.
2.4 Espécies de Inquéritos
→ Policiais: Inquérito Policial; Delegados de Polícia de Carreira – PC ou PF.
→ Não Policiais: Inquéritos Parlamentares – Súmula 397 do STF (Crime ocorrido na
CD ou SF); Inquéritos Presididos por Autoridades Judiciárias ou do MP; Inquérito
civil - MP; Inquéritos Policiais Militares – IPM.

Art. 4º - CPP - A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de
suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
autoria.
Parágrafo único: A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

INVESTIGAÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO – Possibilidade

“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por
prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e
garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do
Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de
jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso
País, os Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV
e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito
– do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula
Vinculante 14), praticados pelos membros dessa instituição”.

STF. Plenário. RE 593727/MG, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/5/2015.
2.5 Destinatários

MP (Ação Penal Pública)

Imediatos

Ofendido ou
Representante legal
(Ação Penal Privada)
Destinatários

Juiz – para
Mediatos fundamentar decisões
cautelares (prisão
preventiva, busca e
apreensão, etc...)

2.6 Finalidade
Fornecer elementos de convicção para que o titular da ação penal (Ministério Público ou
Ofendido) ingresse em juízo.

2.7 Instauração do Inquérito Policial

Art. 5o: Nos crimes de ação pública (incondicionada) o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou nomeação das
testemunhas motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso
para o chefe de Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade
policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação
(condicionada a representação), não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a
inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

A) Ação Penal Pública Incondicionada


→ De ofício – a autoridade inicia o Inquérito Policial sem a necessidade de que
alguém o informe, toma conhecimento da infração sem a necessidade da ação penal, a
peça inaugural é uma portaria e se trata de uma cognição imediata.

→ Requisição – do juiz ou do Ministério Público – o delegado age provocado


pelo juiz ou pelo Ministério Público – a peça inaugural pode ser a própria requisição,
ou pode ser uma portaria, faz em cima da requisição uma portaria, é uma cognição
mediata.

Importante saber para os casos de HC. Autoridade Coatora.

→ Requerimento da vítima ou do seu representante legal – Art. 5º, inciso II,


do CPP. A peça inaugural pode ser a petição da vítima, ou o delegado inaugura por
portaria, trata-se de uma cognição mediata.

Art. 5º, § 1º, CPP: O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou nomeação das
testemunhas motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso


para o chefe de Polícia.

→ Flagrante – pode ser instaurado mediante prisão em flagrante. A peça


inaugural auto de prisão em flagrante, trata-se de uma cognição coercitiva.

→ Notícia formulada por qualquer do povo – Art. 5º, § 3º, do CPP.

§3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de


infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das
informações, mandará instaurar inquérito
A notícia pode ser anônima?
Notícia anônima pode fundamentar a instauração de Inquérito Policial, desde que apurado
preliminarmente a viabilidade da notícia, investigado antes, realizado rápida diligência
para verificar a veracidade da notícia e, se procedente, elabora portaria e instaura o
Inquérito Policial.

B) Ação Penal Pública Condicionada: Art. 5º, §4º, do CP

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação (Ação


Penal Pública Condicionada), não poderá sem ela ser iniciado.

C) Ação Penal de Iniciativa Privada: Art. 5º, §5º, do CPP

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a


inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
2.8 Características

Instrumental

Obrigatório

Discricionário

Dispensável

Informativo
Características
Escrito

Sigiloso

Inquisitivo

Indisponível

Temporário

a) Instrumental: o Inquérito Policial tem por finalidade apurar a materialidade da infração


penal e indícios da autoria;

b) Obrigatório: havendo justa causa, o delegado não pode deixar de instaurar o


procedimento investigatório, a autoridade não pode deixar de instaurar:
Art. 5º: Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso
para o chefe de Polícia.

c) Discricionário: os atos de investigação são da análise exclusiva da autoridade policial,


que estudará sua conveniência e oportunidade; a discricionariedade diz respeito às diligências:

Art. 14: O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer
diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

Cuidado: no caso de o crime deixar vestígios (não-transeunte) o ECDL será obrigatório.

d) Dispensável: se o titular da ação penal tiver provas da materialidade e indícios da


autoria por outro meio, o Inquérito Policial é dispensável:

Art. 39, § 5o: O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a


representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e,
neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias.

e) Informativo: os elementos colhidos no IP servirão apenas para subsidiar a ação penal:

Art. 155: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.

Exclusivamente com base no Inquérito Policial não cabe condenação, mas junto com
outras provas cabe – Art. 155 do CPP – o Inquérito Policial não pode ser a única fonte para a
condenação.

f) Escrito: Art. 9o: Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
g) Sigiloso: Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Não é sigiloso para:

1) Juiz;

2) Ministério Público: pode acompanhar o inquérito e ser o mesmo promotor na ação penal –
Súmula 234 STJ.

Súmula 234: A participação de membro do ministério público na fase investigatória criminal não
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.

3) Advogado: Art. 7º, inciso XIV, do EOAB e Súmula Vinculante 14.

Art. 7 XXI (EAOB): assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações,
sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e,
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes
ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração:
a) apresentar razões e quesitos; (perguntas...)
Art. 7, XIV da Lei 8.906/94 (EOAB): examinar, em qualquer instituição responsável por
conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de
qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;

Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório

realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.

É direito do advogado de acompanhar e auxiliar seu cliente durante o interrogatório ou


depoimento no curso da investigação

• Direito do advogado de examinar os autos de investigação


Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94)
ANTES AGORA

Art. 7º São direitos do advogado: Art. 7º São direitos do advogado:


(...) (...)
XIV – examinar em qualquer XIV – examinar, em qualquer
repartição policial, mesmo sem instituição responsável por
procuração, autos de flagrante e de conduzir investigação, mesmo sem
inquérito, findos ou em andamento, procuração, autos de flagrante e de
ainda que conclusos à autoridade investigações de qualquer
podendo copiar peças e tomar natureza, findos ou em andamento,
apontamentos; ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar
apontamentos, em meio físico ou
digital.

Art. 7º, § 11 do EOAB: No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá
delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em
andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.

Art. 7º, § 12 do EOAB: A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o


fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de
peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e
funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do
advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito
subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.
A nova legislação trouxe a necessidade de o advogado estar presente no Inquérito
Policial?

Não. É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que o


inquérito policial é procedimento inquisitivo e não sujeito ao contraditório, razão pela qual
a realização de interrogatório sem a presença de advogado não é causa de nulidade. (...)
STJ. 6ª Turma. HC 139.412/SC.

É possível alegar suspeição do Delegado que preside um Inquérito Policial?

Não. Art. 107 do CPP: Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos
do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.

h) Inquisitivo: não havendo acusado, mas somente suspeito, não se aplica ao


Inquérito Policial o contraditório e a ampla defesa.

i) Indisponível: Art. 17 do CPP: A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos
de inquérito.

j) Temporário: é uma garantia constitucional. Art. 5º, inciso LXXVIII, da CF/88 – duração
razoável do processo.

Art. 5º, inciso LXXVIII: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

O Inquérito Policial, estando o investigado solto, pode ser prorrogável enquanto for
necessário, devendo se comprovar a justa necessidade em cada prorrogação.

2.9 Prazo do Inquérito Policial


Regra geral:

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do
dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas
no prazo marcado pelo juiz.

Indiciado preso – 10 dias. Improrrogável


Indiciado solto – 30 dias. Prorrogável

2.9.1 Prazos especiais


Lei nº 5.010/66: prazo de conclusão do Inquérito Policial na Justiça Federal – Art. 66:

• Indiciado preso: 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias;


Segundo o artigo 66, o preso deverá ser apresentado ao Juiz para a prorrogação.

• Indiciado solto: 30 dias, prorrogáveis a critério do juiz – segue o Código de Processo


Penal.

Lei 11.343/06 – lei de drogas:

• Indiciado preso: 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias;


• Indiciado solto – 90 dias, prorrogáveis por mais 90 dias.

2.9.2 Prazo máximo para instauração

Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de


pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar,
mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
delito em curso.
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência
policial.

2.10 Vícios no Inquérito Policial


Não sendo o Inquérito Policial um ato do Poder Judiciário, mas sim um procedimento
administrativo, os vícios que existam nesta fase da persecução penal não acarretam
nulidade processual.
Cuidado: a irregularidade poderá, entretanto, acarretar a invalidade de um ato. É o que
ocorre com a prisão em flagrante irregular etc.

2.11 Procedimentos
Conforme previsão do art. 6º do CPP:

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação
das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III
do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas
que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se
for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e
durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu
temperamento e caráter.

• Observações quanto aos procedimentos:


a) Local dos fatos: Exceção – Lei nº 5.970/73 – no seu artigo 1º, diz que no caso de
acidente de trânsito, que esteja colocando em perigo pessoas ou atrapalhando o trânsito,
não precisa manter o estado de conservação;

b) O interrogatório policial, primeiro, se houver defensor, é possível entrevista


reservada, mas no interrogatório policial é dispensável a presença do defensor (prerrogativa do
advogado); primeiro o delegado pergunta sobre o suspeito, depois pergunta sobre o fato, mas
não há contraditório, não existe reperguntas, pois o Inquérito Policial é inquisitivo; tem
delegado que autoriza as reperguntas;
c) Acusado menor de 21 anos, no interrogatório judicial não precisa de curador, porque a
Lei nº 10.792/03 aboliu a figura do curador no interrogatório judicial (aboliu porque a presença
do advogado mostra que é totalmente dispensável, pois faz às vezes de curador); no Inquérito
Policial, artigo 15 do Código de Processo Penal prevê que precisa de curador, mas este
artigo foi implicitamente revogado pelo Código Civil/02, não sendo mais preciso de
curador: “Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.
(implicitamente revogado pelo CC/02)”;

d) Identificação criminal: Parece que todo o indiciado deve “tocar piano”, mas não é
assim, mudou com a Constituição Federal/88. Até a Constituição Federal/88 – o artigo 6º, inciso
VIII, do Código de Processo Penal – qualquer indiciado tocava piano; com a Constituição
Federal/88, no artigo 5º, inciso LVIII – diz que: “o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. Previu como regra a identificação
civil, sendo a exceção a identificação datiloscópica; casos expressos em lei – Lei nº 12.037/09.
Com a Constituição Federal/88 a regra é a identificação civil, por documento hábil; a
exceção é a identificação datiloscópica.

Atenção: novo inciso no artigo 6º do CPP:


X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos,
indicado pela pessoa presa.

e) Reprodução simulada dos fatos, (reconstituição) – art. 7º, CPP


Previsão legal:

Art. 7º, CPP: Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, a autoridade policial poderá (discricionariedade) proceder à
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
pública.

Não pode realizar o expediente se contrariar a moral (exemplo: reconstituição de estupro)


e a ordem pública (exemplo: reconstituição de um acidente de avião – quer que dois aviões se
choquem no ar), é a reconstituição que coloque em perigo a sociedade;
Importante:
O suspeito não é obrigado a participar do ato de reconstituição, quer dizer tomar parte
no ato, produzindo prova contra si mesmo.
Novidade Legislativa: Art. 13, CPP:

Art. 13-A: Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art.
159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do
poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da
vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
conterá:
I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.

Art. 13-B: Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de


pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar,
mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como
sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)

§ 1o: Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura,
setorização e intensidade de radiofrequência.

§ 2o: Na hipótese de que trata o caput, o sinal:


I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que
dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior
a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a
apresentação de ordem judicial.

§ 3o: Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência
policial.

§ 4º: Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade


competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados –
como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.

2.12 Indiciamento
Conceito: é o ato pelo qual o delegado atribui a alguém a prática de uma infração penal,
baseado em indícios da autoria e prova da materialidade.
Lei 12.830/13:

Art. 2, § 6o: O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato


fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,
materialidade e suas circunstâncias.

STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013 (Info 717).
O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-
jurídica do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o
indiciamento de alguém.

2.13 Encerramento do Inquérito Policial


Previsão legal:

Art. 10, §1º: A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará
autos ao juiz competente.

§ 2º: No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem


sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

O Inquérito Policial encerra com a apresentação de minucioso relatório, faz um resumo do


que foi feito.

Se o relatório não foi feito?

Não gera a nulidade, é mera irregularidade.

O Inquérito Policial é, então, encaminhado para o juiz competente.

O juiz deve verificar se a caso de Ação Penal de Iniciativa Pública ou Ação Penal de
Iniciativa Privada – Art. 19 do CPP – se for ação penal privada fica aguardando o requerente,
se for ação penal pública é remetido ao Ministério Público.
Art. 19: Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão
remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

2.13.1 Procedimentos no encerramento


Ao receber os autos o Juiz (poder judiciário) deve:

1) No caso de ação penal pública, encaminhar os autos ao Ministério Público;

2) Ação Penal Privada (art. 19, CPP), deixar os autos em cartório aguardando
manifestação.

O Ministério Público ao receber os autos do Inquérito Policial deve:

1) Requerer diligências: “Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do
inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
denúncia.”

2) Oferecer a denúncia (peça que inaugura a ação penal pública);

3) Requer o arquivamento;

4) Alegar ausência de atribuição (Ministério Público) ou competência (Juízo).

• Pacote Anticrime (ainda suspenso por decisão do STF):

Art. 28: Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos


informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão
ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
§ 1º: Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação,
submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º: Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.
O STF (Min. Luiz Fux) suspendeu o trecho que modificou o Artigo 28 do Código de
Processo Penal (CPP) e estabeleceu regras para o arquivamento de inquéritos policiais.
Com a norma, o Ministério Público (MP) deveria comunicar a vítima, o investigado e a
polícia no caso de arquivamento do inquérito, além de encaminhar os "autos para a
instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei". Para Fux, a
medida desconsiderou os impactos financeiros no âmbito do MP em todo o país.

Arquivamento na antiga redação do CPP, mas ainda aplicada em face da suspensão do


STF:

Quem pode arquivar? Somente o Juiz.

Se o Juiz não concordar com o pedido de arquivamento do MP? Neste caso o


magistrado lança mão do artigo 28 do Código de Processo Penal, a saber:

Art. 28: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o


arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso
de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
estará o juiz obrigado a atender.

Entendendo o artigo 28 do Código de Processo Penal: No caso de o Juiz discordar ele


encaminha os autos ao PGJ (Chefia do Ministério Público).

Justiça Estadual: O PGJ poderá adotar três procedimentos:

1) Concordar com o Juiz e ele mesmo oferecer a denúncia;

2) Designar outro representante do Ministério Público para oferecê-la (não pode ser o mesmo
que pediu o arquivamento);

3) Discordar do Juiz (concordando ser caso de arquivamento). Nesta situação o MM é obrigado


a arquivar.
• Desarquivamento do Inquérito Policial
Fundamento legal:

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por
falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas,
se de outras provas tiver notícia

Motivo do ARQUIVAMENTO: Pode ser DESARQUIVADO?


Sim (súmula 524/STF). Arquivado o
inquérito policial, por despacho do juiz, a
1) Insuficiência de provas requerimento do promotor de justiça, não
pode a ação penal ser iniciada sem
novas provas.
2) Ausência de pressuposto processual
Sim
ou de condição da ação penal
3) Falta de justa causa para a ação
penal (não há indícios de autoria ou Sim
prova da materialidade)
4) Atipicidade (fato narrado não é crime) Não
5) Existência manifesta de causa STJ – Não (REsp 791471/RJ)
excludente de ilicitude STF – Sim (HC 125101/SP)
6) Existência manifesta de causa
Não – posição doutrinária
excludente de culpabilidade
7) Existência manifesta de causa Não (STJ, HC 307.562/RS) e (STF, Pet
extintiva da punibilidade 3943) Exceção: certidão de óbito falsa.
Decisão do STF:
O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em
provas fraudadas não faz coisa julgada material.
STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/03/2017
(Info 858).
Observação 1: o STF entende que o inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude
pode ser reaberto mesmo que não tenha sido baseado em provas fraudadas. Se for com
provas fraudadas, como no caso acima, com maior razão pode ser feito o
desarquivamento.
Observação 2: ao contrário do STF, o STJ entende que o arquivamento do inquérito
policial baseado em excludente de ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, não
pode ser reaberto. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC 46.666/MS, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 05/02/2015.
Acordo de não persecução penal

Prof. Me. Mauro Stürmer


@prof.maurosturmer

3.1 Conceito
Trata-se de negócio jurídico extrajudicial, celebrado entre o Ministério Público e o autor
da infração penal, devidamente acompanhado por advogado, e, revestindo-se de todas as
formalidades, homologado pelo juiz competente, no caso, a princípio, pelo juiz de garantias (Art.
3º- B, inciso XVII, do CPP).

Em outras palavras, verificando-se que não se trata de caso de arquivamento do inquérito


policial, o Ministério Público e o indiciado poderão entabular acordo, com a finalidade de evitar o
oferecimento da denúncia, e desencadeamento da ação penal, mediante o cumprimento de
determinadas condições.

3.2 Requisitos
Nos termos do artigo 28-A do Código de Processo Penal, o acordo de não persecução
penal poderá ser celebrado desde que preenchidos os seguintes requisitos:

3.3 Infração penal com pena mínima cominada inferior a quatro anos
Aqui um especial cuidado. O requisito leva em conta a pena mínima e não a máxima
cominada ao delito.

Para verificação deste requisito, deverão ser consideradas as causas de aumento e


diminuição da pena, bem como o concurso de crimes.

Em se tratando de causa de aumento de pena, deve-se utilizar a fração que menos


aumenta. Assim, se a infração penal previr causa de aumento de pena de 1/6 a 1/2, deve-se
considerar a fração de 1/6.
Em relação à diminuição da pena, deve-se utilizar a fração que mais diminua (exemplo:
se o crime for tentado a redução será de 1/3 a 2/3 - artigo 14, parágrafo único, do Código Penal.
Nesse caso, deve-se considerar a fração que mais diminua: 2/3). Tudo isso para se chegar à
pena mínima. Se superar 01 ano, o agente não terá direito à suspensão condicional do processo.

É o que se extrai das Súmulas 723 do STF1 e 243 do STJ2.

3.4 Infração penal praticada sem violência ou grave ameaça


A expressão “infração penal” constitui gênero das espécies crime e contravenção. Logo,
o acordo de não persecução penal poderá ser celebrado no contexto de crimes e contravenções
penais.

Além disso, a violência deve ser considerada na conduta e não em relação ao resultado.
Logo, a exigência de crime praticado sem violência ou grave ameaça está relacionada aos crimes
dolosos, não alcançando os crimes culposos.

Assim, seria possível, desde que preenchidos os demais requisitos, o acordo de não
persecução penal em relação a crime de homicídio culposo (Art. 121, § 3º, do CP), já que não
há dolo no resultado.

3.5 Confissão formal e circunstanciada


Havendo interesse em celebrar o acordo, o indiciado deverá contribuir para a elucidação
dos fatos, confessando formal e circunstanciadamente a prática delituosa.

1Súmula 723 STF: "Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena
mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano."
2Súmula 243 STJ "O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas
em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.”
3.6 Condições
Além de preencher os requisitos previstos em lei, o indiciado deverá concordar em cumprir
as condições ajustadas, cumulativa e alternativamente.

Nos termos do artigo 28-A do Código de Processo Penal, as condições são as seguintes:

I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;

II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como


instrumentos, produto ou proveito do crime;

III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à


pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo
juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal);

IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº


2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou

V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.

3.7 Vedações à celebração do acordo de não persecução penal


Nos termos do artigo 28-A, § 2º, do Código de Processo Penal, o acordo de não
persecução penal não se aplica nas seguintes hipóteses:

I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;

II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem


conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais
pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo; e

IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados


contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

3.8 Direito subjetivo do acusado?


Há quem sustente que, preenchidos os requisitos legais, a possibilidade de acordo de não
persecução penal constitui direito subjetivo do indiciado, devendo, pois, ser viabilizado pelo
Ministério Público a celebração do instituto.3

Todavia, adotando posição contrária, Renato Brasileiro entende que não se trata de direito
subjetivo do indiciado, já que se trata de instituto que deve resultar da convergência de vontades,
com necessidade ativa das partes.4

Além disso, nos termos do artigo 28-A, § 14, do Código de Processo Penal,

No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28
deste Código.

3.9 Descumprimento do acordo


Nos termos do artigo 28-A, § 10, do Código de Processo Penal,

Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal,


o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento
de denúncia.

3 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva. 2020, p. 221.
4 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8ª ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2020, p. 276
Assim, a consequência do descumprimento do acordo de não persecução penal será o
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, que poderá utilizar essa circunstância para o
não oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo (Art. 28-A, § 11, do CPP).

3.10 Cumprimento do acordo


Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará
a extinção de punibilidade (Art. 28-A, § 13, do CPP).

O acordo de não persecução penal não gera maus antecedentes e muito menos
reincidência, e não constará na certidão de antecedentes criminais do imputado, salvo para
verificação da possibilidade de novo acordo por fato distinto (Art. 28-A, § 12, do CPP).
1) (QUESTÃO 4 – XXXII EXAME)
Maria, no dia 07 de julho de 2020, compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima, dois dias
antes, de um crime de lesão corporal praticada por seu marido, Francisco, e motivada pela
insatisfação com a qualidade da refeição que teria sido feita pela vítima. Maria foi encaminhada
para perícia, que constatou, por meio de laudo, a existência de lesão corporal de natureza leve.
Ouvido, Francisco confessou a prática delitiva, dizendo que este seria um evento isolado em sua
vida. Diante disso, Francisco foi indiciado pelo crime do Art. 129, § 9º, do CP, na forma da Lei nº
11.340/06. Considerando a pena prevista para o delito e a inexistência de envolvimento pretérito
com aparato judicial ou policial pelo autor do fato, o Ministério Público apresentou proposta de
acordo de não persecução penal a Francisco. Ao tomar conhecimento dos fatos, Maria procura
você, como advogado, para esclarecimentos.
Considerando apenas as informações expostas, responda na qualidade de advogado de
Maria, aos itens a seguir.
A) Existem argumentos para questionar a proposta de acordo de não persecução penal
formulada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Em caso de denúncia, diante da natureza da ação pública incondicionada, existe
alguma forma de participação direta da vítima no processo, inclusive com posição ativa
na produção das provas e interposição de recursos? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.
Recurso Especial

Profª. Letícia Neves


@prof.leticianeves

4.1 Conceito
Conceitua-se o recurso especial como o recurso destinado a devolver ao Superior Tribunal
de Justiça a competência para conhecer e julgar questão federal de natureza infraconstitucional,
suscitada e decidida perante os Tribunais Federais e pelos Tribunais dos Estados e do Distrito
Federal.

Daí o enunciado corrente na doutrina de que o recurso especial, a exemplo do recurso


extraordinário, não devolve ao STJ o conhecimento de questões de fato, mas tão-só de direito.
Perfeita adequação possui, nessa sede, o enunciado da Súmula 279 do STF: “Para simples
reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.

4.2 Identificação
Enquanto couber algum recurso, não cabe recurso especial. Esse pressupõe o
exaurimento das vias recursais. Essa regra inclui, também, os embargos infringentes. Em
síntese, somente depois de esgotados os recursos perante o Tribunal dos Estados e do Tribunal
Regional Federal terá cabimento o recurso especial, quando, basicamente, envolver matéria de
direito prevista em lei federal.

Peça de
Apelação interposição
Recurso em
Sentido Estrito Esgotados os Recurso
recursos no Especial
Agravo em Tribunal
Execução Lei Federal Razões de
Recurso
Embargos Especial
Infringentes/Nulidade
4.3 Base legal

Art. 105, inciso III, da CF/88

Com a vigência do novo Código de Processo Civil, os artigos 26 a 29 da Lei nº 8.038/90,


que disciplinavam o processamento do recurso especial e extraordinário, foram revogados,
passando a ser conduzida a matéria no contexto do novo Código de Processo Civil,
especificamente nos artigos 1029 a 1041.

4.4 Cabimento/conteúdo
Conforme dispõe o artigo 105, inciso III, da Constituição Federal/88, o recurso especial
será cabível contra as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal.

A) Decisão que contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência


Art. 1°, Decisão contrária é aquela que viola a lei federal, enquanto a que nega vigência
é a que deixa de aplicar a lei federal ou aplica outra norma. Entende-se por lei federal
aquela emanada do Congresso Nacional (Art. 22 da CF/88). Assim, não cabe recurso
especial contra decisões que tenham violado resoluções administrativas, portarias,
resoluções, ainda que editadas por órgãos federais.
Também não cabe recurso especial quando a norma violada decorrer do legislativo
estadual ou municipal.
Ex: Se o acórdão do Tribunal de Justiça considerar válida a perícia realizada por apenas
um perito não oficial em processo por crime de lesões corporais graves, estará
contrariando o disposto no artigo 159, § 1º, do Código de Processo Penal.
B) Decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal
Há, nessa hipótese, um conflito entre uma lei federal e um ato editado por autoridade
municipal ou estadual. Trata-se de hipótese rara no âmbito penal, uma vez que compete
à União legislar sobre direito penal e processual penal.
Conforme exemplifica Avena (2013, p. 1229), há alguns anos, o Governo do Estado do
Rio Grande do Sul editou portaria estabelecendo que desenvolver velocidade superior a
96 km/h (20% da máxima permitida no País à época) importava em prática de direção
perigosa. A condenação do motorista com base nessa portaria estadual, quando mantida
em grau de recurso, ensejou dezenas de recursos especiais sob o fundamento de que,
ao assim proceder, estava o tribunal validando um ato de governo local contestado em
face da Lei das Contravenções Penais (à época, direção perigosa não era crime, mas
contravenção), lei esta que estabelecia o critério velocidade como elemento ou
circunstância do tipo penal.

C) Decisão que der à lei federal interpretação divergente da que lhe tenha atribuído
outro tribunal
Trata-se da hipótese de recurso especial fundado na divergência jurisprudencial entre
tribunais diversos. Não cabe recurso especial se a divergência ocorrer entre órgãos
do mesmo tribunal, conforme a Súmula 13 do STJ: “A divergência entre julgados do
mesmo tribunal não enseja recurso especial”.
Trata-se da hipótese de recurso especial fundado na divergência jurisprudencial entre
tribunais diversos. Não cabe recurso especial se a divergência ocorrer entre órgãos
do mesmo tribunal, conforme a Súmula 13 do STJ: “A divergência entre julgados do
mesmo tribunal não enseja recurso especial”.
4.5 Prazo, interposição e processamento
O prazo para a interposição é de 15 dias, a partir da publicação do acórdão.

A petição, que deve ser dirigida ao presidente do tribunal que proferiu a decisão recorrida,
deve ser fundamentada e conter a exposição do fato e do direito, a demonstração do cabimento
do recurso e as razões do pedido de reforma da decisão. Simultaneamente com a petição de
interposição, apresentam-se as razões, que devem ser dirigidas ao Superior Tribunal de Justiça.

Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal, o recorrido será intimado para apresentar
as contrarrazões no prazo de 15 dias, nos termos do artigo 1030 do Código de Processo Civil.

Com as contrarrazões, os autos serão conclusos ao presidente do tribunal a quo para a


realização do juízo de admissibilidade (juízo de prelibação), destinado à verificação do cabimento
do recurso, que deverá ser feito dentro do prazo de 5 dias. No juízo de prelibação, o julgador
deve conhecer de todos os fundamentos do recurso, sendo que a admissão por apenas um deles
não prejudica o seu conhecimento por qualquer outros (Súmula 292 do STF).

4.6 Prequestionamento
O prequestionamento também é requisito de admissibilidade do recurso especial, ou seja,
é indispensável que o acórdão recorrido tenha apreciado a questão que constitui objeto do
recurso.

Se o Tribunal que proferiu a decisão recorrida se omitiu na apreciação da matéria, cabe à


parte interessada opor embargos de declaração sob pena de não conhecimento do recurso
especial (Súmula 211 do STJ).

Acerca do prequestionamento, afigura-se interessante o disposto no artigo 1025 do


Código de Processo Civil, segundo o qual se consideram incluídos no acórdão os elementos que
o embargante suscitou, para fins de prequestionamento, ainda que os embargos de declaração
sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão,
contradição ou obscuridade.
4.7 Demonstração da relevância das questões de direito federal
infraconstitucional
A Emenda Constitucional n. 25 de 2022 inseriu no parágrafo 2º do artigo 105 da
Constituição Federal a necessidade de demonstração da relevância das questões de direito
federal infraconstitucional discutidas no Recurso Especial, nos termos da legislação que ainda
aguarda publicação.

Trata-se de um novo requisito de admissibilidade, entretanto no que se refere à matéria


penal o parágrafo 3º do referido artigo presume a existência de relevância nos casos de ações
penais, logo não haverá necessidade de reforçar em um título específico. Apenas como
sugestão, sugere-se referir no item sobre cabimento do recurso que: “em razão de se tratar de
ação penal a relevância é presumida, nos termos do art. 105, §3º, CF”.

4.8 Estruturação do Recurso Especial


A) INTERPOSIÇÃO

a) Endereçamento: Ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisão recorrida

a) Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado (se crime da competência da Justiça Estadual)

c) Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Federal Presidente do Egrégio Tribunal


Regional Federal da ... Região (se crime da competência da Justiça Federal)

b) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade


postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (Art. 105, inciso III, alínea
– indicar a alínea, da Constituição Federal), nome da peça (Recurso Especial), frase final
(pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);

c) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento,
data, advogado e OAB)

B) RAZÕES

a) Endereçamento: para o Superior Tribunal de Justiça


b) identificação: recorrente, recorrido, nº recurso recorrido

c) saudação:

Colendo Superior Tribunal de Justiça – Douta Turma – Eméritos Ministros

d) corpo da peça (breve relato, expor a admissibilidade do recurso extraordinário e a


repercussão geral e o mérito propriamente dito)

e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico

f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB.


Peça de interposição
A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... (se crime da competência da Justiça
Estadual)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO (se crime
da competência da Justiça Federal)

7 a 10 linhas

FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador


infra-assinado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, interpor o presente
RECURSO ESPECIAL, com base no artigo 105, inciso III, alínea (indicar a alínea), da
Constituição Federal/88, requerendo seja o recurso recebido e processado e, ao final,
remetido ao Superior Tribunal de Justiça.

Nestes termos
Pede deferimento

Local..., data...
Advogado...
OAB...
Razões de Recurso Especial
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Recorrente: Fulano de Tal


Recorrido: Ministério Público

RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL


Douta Turma
Eminentes Ministros

I) DOS FATOS
II) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE DO RECURSO
III) DO DIREITO
Lembrar que a matéria discutida envolve questão de direito. Não
se discute matéria de fato, que reclama análise de provas.

IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso
especial, para o fim de que seja reformado o acórdão e, consequentemente, ... (pedido
específico).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
4.8 Peça prático-profissional

Enunciado
Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática do delito de roubo simples em sua
modalidade tentada. A pena fixada pelo magistrado foi de dois anos de reclusão em regime aberto.
Todavia, atento às particularidades do caso concreto, o referido magistrado concedeu-lhe o
benefício da suspensão condicional da execução da pena, sendo certo que, na sentença, não
fixou nenhuma condição. Somente a defesa interpôs recurso de apelação, pleiteando a absolvição
de Daniel com base na tese de negativa de autoria e, subsidiariamente, a substituição do benefício
concedido por uma pena restritiva de direitos. O Tribunal de Justiça, por sua vez, no julgamento
da apelação, de forma unânime, negou provimento aos dois pedidos da defesa e, no acórdão,
fixou as condições do sursis, haja vista o fato de que o magistrado a quo deixou de fazê-lo na
sentença condenatória. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos
fornecidos, você, advogado(a) de Daniel foi intimado, para apresentar a medida cabível. Com base
nas informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus. (Valor: 5,00)

Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar
respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...

Recurso Recorrido nº ...

DANIEL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com


procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o
presente RECURSO ESPECIAL, com base no art. 105, III, “a”, da Constituição Federal,
requerendo seja o recurso recebido e processado e, ao final, remetido ao Superior Tribunal
de Justiça.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...

Advogado...
OAB...
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Recorrente: DANIEL
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO
Recurso nº ...

RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL

Colendo Superior Tribunal de Justiça


Douta Turma
Eminentes Ministros

I) DOS FATOS
Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática do
delito de roubo simples em sua modalidade tentada. A pena fixada pelo magistrado foi de
dois anos de reclusão em regime aberto, concedendo-lhe o benefício da suspensão
condicional da execução da pena, não fixando nenhuma condição.
Somente a defesa interpôs recurso de apelação, pleiteando a
absolvição de Daniel com base na tese de negativa de autoria e, subsidiariamente, a
substituição do benefício concedido por uma pena restritiva de direitos.
O Tribunal de Justiça, por sua vez, no julgamento da apelação,
de forma unânime, negou provimento aos dois pedidos da defesa e, no acórdão, fixou as
condições do sursis, haja vista o fato de que o magistrado a quo deixou de fazê-lo na
sentença condenatória.
II) DO DIREITO
O recorrente foi condenado pela prática do delito de roubo
simples tentado, sendo-lhe concedido o benefício da suspensão condicional da pena, sem,
no entanto, terem sido fixadas condições. Todavia, em recurso exclusivo da defesa, o
Tribunal de Justiça negou provimento ao pedido formulado e, ainda, fixou as condições do
sursis, violando o disposto no art. 617 do Código de Processo Penal, já que a fixação das
condições cabia ao juiz de 1º grau.
Como não houve impugnação por parte do Ministério Público,
a decisão proferida pelo Tribunal configura verdadeira reformatio in pejus, vedada pelo art.
617 do Código de Processo Penal.

III) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente
recurso especial, para o fim de que seja REFORMADO O ACÓRDÃO e, consequentemente,
mantida a decisão que concedeu o sursis, sem estabelecer as condições do benefício.

Nestes temos,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
OAB...
Recurso Extraordinário

Profª. Letícia Neves


@prof.leticianeves

Reitera-se que, com a vigência do Código de Processo Civil, os artigos 26 a 29 da Lei nº


8.038/90, que disciplinavam o processamento do recurso especial e extraordinário, foram
revogados, passando a ser conduzida a matéria no contexto do Código de Processo Civil,
especificamente nos artigos 1029 a 1041.

5.1 Conceito
Trata-se de recurso destinado a impugnar qualquer decisão proferida em única ou última
instância que afronte a Constituição Federal. Em outras palavras, é aquele interposto perante o
STF das decisões judiciais em que não mais caiba outro recurso.

Entende-se por decisão final, para fins aqui propostos, aquela proferida após esgotadas,
por quem a impugna, todas as vias recursais ordinárias. Desta forma, não se conhece de recurso
extraordinário contra acórdão em recurso de apelação do qual ainda caibam embargos de
declaração, ou embargos infringentes.

Este o teor da Súmula 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário quando


couber, na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”.

5.2 Identificação
Enquanto couber algum recurso, não cabe recurso extraordinário. Esse pressupõe o
exaurimento das vias recursais. Essa regra inclui, também, os embargos infringentes. Em
síntese, somente depois de esgotados os recursos perante o Tribunal dos Estados e do Tribunal
Regional Federal terá cabimento o recurso extraordinário, quando, basicamente, envolver
matéria de direito prevista na Constituição Federal.
5.3 Base legal

Art. 102, inciso III, da CF/88

5.4 Cabimento/Conteúdo
Para que o recurso extraordinário possa ser conhecido pelo STF, é preciso que a causa
decidida em única ou última instância suscite questão federal de natureza constitucional. A
própria Constituição Federal/88, no artigo 102, inciso III, cuida de arrolar as questões que
ensejam o julgamento do recurso em tela. São as chamadas hipóteses de cabimento do recurso
extraordinário, que, para fins de OAB, merecem destaque as hipóteses das alíneas “a” e “b”, do
artigo 102, inciso III, da Constituição Federal/88.

A) contrariar dispositivo desta Constituição


A decisão de instância inferior contraria dispositivo constitucional sempre que afrontar
regra ou princípio, implícito ou explícito, de natureza constitucional.
B) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal
É preciso, portanto, que a decisão recorrida de extraordinário expressamente os afirme
incompatíveis com a Constituição.
Qualquer juiz ou tribunal tem competência para exercer o controle incidental de
constitucionalidade (ou difuso), afastando a incidência de leis ou atos normativos sob o
fundamento de que violam dispositivo, princípio ou garantia constitucional.

5.5 Prazo e interposição


O prazo para a interposição é de 15 dias, a partir da publicação do acórdão.

Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal, o recorrido será intimado para apresentar
as contrarrazões no prazo de 15 dias.

Com as contrarrazões, os autos serão conclusos ao presidente do tribunal a quo para a


realização do juízo de admissibilidade (juízo de prelibação), destinado à verificação do cabimento
do recurso, que deverá ser feito dentro do prazo de 5 dias. No juízo de prelibação, o julgador
deve conhecer de todos os fundamentos do recurso, sendo que a admissão por apenas m deles
não prejudica o seu conhecimento por qualquer outros (Súmula 292 do STF).

5.6 Prequestionamento
Pressuposto específico jurisprudencial, que, em verdade, deflui do acima analisado. A ele
respeitam as Súmulas 282 e 356, ambas do STF.

Pelo prequestionamento, como requisito de admissibilidade do recurso extraordinário,


entende-se que não pode ser objeto desta questão que não haja sido expressamente conhecida
e decidida pela instância inferior.

Se, por exemplo, o apelante, ao oferecer suas razões, solicitou do Tribunal o


pronunciamento sobre determinada questão federal constitucional e o acórdão a omitiu, é
necessário, para que se possa interpor recurso extraordinário, que o sucumbente oponha
embargos de declaração, a fim de alcançar o prequestionamento. Esse é o conteúdo da Súmula
356 do STF.
5.7 Repercussão geral das questões constitucionais
Como repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, deve-se
entender somente aquelas que transcendam os interesses meramente particulares e individuais
em discussão na causa, e afetem um grande número de pessoas, surtindo efeitos sobre o
panorama político, jurídico e social da coletividade.

Trata-se de um requisito de admissibilidade previsto no artigo 102, § 3º, da Constituição


Federal/88, quando prevê que o “recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine
a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros”.

5.8 Estruturação do Recurso Extraordinário


A) INTERPOSIÇÃO

Endereçamento: Ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisão recorrida

a) Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado (se crime da competência da Justiça Estadual)

b) Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Federal Presidente do Egrégio Tribunal


Regional Federal da ... Região (se crime da competência da Justiça Federal)

b) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade


postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 102, inciso III, indicar
a alínea, da Constituição Federal), nome da peça (Recurso Extraordinário), frase final (pelos
fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);

c) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento,
data, advogado e OAB)

B) RAZÕES

a) Endereçamento: para o Supremo Tribunal Federal

b) identificação: recorrente, recorrido, nº recurso recorrido


c) saudação:

Colendo Supremo Tribunal Federal – Douta Turma – Eméritos Ministros

d) corpo da peça (breve relato, expor a admissibilidade do recurso extraordinário e a


repercussão geral e o mérito propriamente dito)

e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico

f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB


Peça de interposição do Recurso Extraordinário

Endereçamento: Ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisão recorrida

A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL)
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO (SE
CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)

7 a 10 linhas

FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por


seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência,
interpor o presente RECURSO EXTRAORDINÁRIO, com base no artigo 102, inciso III,
alínea (indicar a alínea), da Constituição Federal, requerendo seja o recurso recebido
e processado e, ao final, remetido ao Supremo Tribunal Federal.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...
Advogado...
OAB...
Razões do Recurso Extraordinário
COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Recorrente: Fulano de Tal


Recorrido: Ministério Público

RAZÕES DE RECURSO DE EXTRAORDINÁRIO


Colendo Supremo Tribunal Federal
Douta Turma
Eminentes Ministros
I) DOS FATOS
Expor a admissibilidade (cabimento) do recurso extraordinário e a
repercussão geral e o mérito propriamente dito.
II) DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE DO RECURSO
III) DO DIREITO
1º parágrafo: Indicar a tese
2º parágrafo: fundamentar a tese
Lembrar que a matéria discutida envolve questão de direito. Não
se discute matéria de fato, que reclama análise de provas.

IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente
recurso, para o fim de que seja reformado o acórdão e, consequentemente, ... (pedido
específico).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., data...
ADVOGADO...
OAB...
PADRÃO DE RESPOSTAS
1) (QUESTÃO 4 – XXXII EXAME)
Maria, no dia 07 de julho de 2020, compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima, dois dias
antes, de um crime de lesão corporal praticada por seu marido, Francisco, e motivada pela
insatisfação com a qualidade da refeição que teria sido feita pela vítima. Maria foi encaminhada
para perícia, que constatou, por meio de laudo, a existência de lesão corporal de natureza leve.
Ouvido, Francisco confessou a prática delitiva, dizendo que este seria um evento isolado em sua
vida. Diante disso, Francisco foi indiciado pelo crime do Art. 129, § 9º, do CP, na forma da Lei nº
11.340/06. Considerando a pena prevista para o delito e a inexistência de envolvimento pretérito
com aparato judicial ou policial pelo autor do fato, o Ministério Público apresentou proposta de
acordo de não persecução penal a Francisco. Ao tomar conhecimento dos fatos, Maria procura
você, como advogado, para esclarecimentos.
Considerando apenas as informações expostas, responda na qualidade de advogado de
Maria, aos itens a seguir.
A) Existem argumentos para questionar a proposta de acordo de não persecução penal
formulada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Em caso de denúncia, diante da natureza da ação pública incondicionada, existe
alguma forma de participação direta da vítima no processo, inclusive com posição ativa
na produção das provas e interposição de recursos? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal
não confere pontuação.

GABARITO COMENTADO
Narra o enunciado que Maria foi vítima de um crime de lesão corporal leve praticado no contexto
da violência doméstica e familiar contra a mulher, sendo apontado como autor seu marido
Francisco. O Ministério Público teria oferecido proposta de acordo de não persecução penal
(ANPP), considerando apenas a pena do delito em tese praticado a primariedade e a confissão
plena. Diante disso, Maria demonstrou interesse em intervir no processo. A) Sim, existem
argumentos para questionar a proposta de acordo de não persecução penal (ANPP) formulada
pelo Ministério Público. De fato, considerando unicamente a pena de detenção de 3 meses a 3
anos prevista para o delito em tese praticado e a confissão, seria possível a proposta do acordo
de não persecução penal (ANPP), pois a pena mínima cominada é inferior a 4 anos. Contudo, o
Art. 28-A do CPP estabelece que o crime não poderá ter sido praticado com violência ou grave
ameaça à pessoa. Ademais, em seu parágrafo 2º, inciso IV, o dispositivo veda a aplicação do
instituto quando o crime for praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra a
mulher, como na situação apresentada. A vítima era do sexo feminino, as partes tinham relação
de matrimônio e a motivação do delito foi relacionada à condição de mulher. B) Sim, a vítima
poderia, por meio de seu advogado, se habilitar como assistente de acusação, na forma do Art.
268 do CPP. De acordo com o dispositivo, em todos os termos da ação pública, poderá intervir,
como assistente do Ministério Público, o ofendido. No caso, temos uma vítima determinada,
Maria. Ademais, a ação penal é pública incondicionada, já que não se aplicam as previsões da
Lei nº 9.099/95, nos termos do Art. 41 da Lei nº 11.340/06. Uma vez habilitada como assistente
de acusação, Maria poderá interferir de diversas maneiras no processo, inclusive para propor
meios de prova, realizar perguntas para testemunhas, apresentar manifestações de mérito e
recursos, tudo na forma do Art. 271 do CPP.

DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS


ITEM PONTUAÇÃO
A. Sim, tendo em vista que o crime em tese praticado envolveu
violência à pessoa OU porque foi praticado no contexto da violência
doméstica e familiar contra a mulher, impossibilitando a proposta de 0,00/0,55/0,65
ANPP (0,55), nos termos do Art. 28-A, caput, do CPP OU do Art. 28-
A, § 2º, inciso IV, do CPP (0,10)
B. Sim. Maria poderá se habilitar como assistente de acusação ou
assistente do Ministério Público (0,50), na forma do Art. 268 do CPP 0,00/0,50/0,60
OU do Art. 271 do CPP (0,10)

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