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O agronegócio representa 21,1% do PIB Após a coleta de sêmen, o ejaculado é

brasileiro, sendo 3% de tecnologia de sêmen (na congelado por nitrogênio líquido, para
pecuária, representa 10%). aproveitamento em IA. No exame andrológico, o
sêmen não é congelado. É feita apenas uma
A raça bovina mais inseminada é a avaliação preliminar de aspectos físicos e de
holandesa (leites) e nelore (carne). O cruzamento concentração e capacidade espermática.
industrial mais comercializado é angus x nelore. Posteriormente, é feito o julgamento da aptidão
O diagnóstico de fertilidade se inicia no reprodutiva do animal.
exame físico e termina no exame de sêmen. As O hipotálamo é um núcleo que inicia as
técnicas de semiologia do sistema genital são: respostas fisiológicas necessárias para a produção
palpação per rectum e avaliação do tônus testicular de espermatozoides, comportamento sexual e fator
ou diagnóstico por imagem (US e doppler). de liberação de GnRH. O GnRH, na adenohipófise,
Para avaliação da termorregulação, pode induz a liberação de LH e FSH e, na neurohipófise,
medir por termogramas (infravermelho), US (avalia induz a liberação de ocitocina e vasopressina.
espessura da pele e gordura e tamanho dos vasos. A função testicular é regulada,
Quanto menor o diâmetro de pele e gordura e maior principalmente, pelo SNC. O hipotálamo produz
o diâmetro dos vasos, melhor), ou por distensão GnRH (de forma pulsátil), que atua na neurohipófise
escrotal. e na adenohipófise, que irão secretar os hormônios
Quando a temperatura testicular está alta, glicoproteicos (LH, FSH, inibina).
diminui a concentração e a motilidade do sêmen e O FSH age nas células de Sertoli e nas
aumenta a patologia (degeneração). células de sustentação, sendo responsável pela
Utiliza o doppler para avaliação nutrição e desenvolvimento dos espermatozoides.
hemodinâmica do testículo. Avalia pulsatilidade, As células de Sertoli estão dentro do túbulo
resistividade, calibre e outros. seminífero. O LH atua nas células de Leydig, que vão
produzir testosterona. A inibina, na adenohipófise,
Os espermatozoides formados no testículo inibe a produção de LH e FSH e, no hipotálamo, inibe
são inativos. A maturação espermática ocorre no a produção de GnRH.
epidídimo (dividido em cabeça, corpo e cauda). No
início do processo, os espermatozoides não LH e FSH são hormônios proteicos.
apresentam motilidade e, à medida que passam pelo Hormônios proteicos não atravessam a membrana
epidídimo, se tornam maduros. Os espermatozoides (precisam de um receptor). O GnRH é um peptídeo,
armazenados na cauda do epidídimo são derivado do amido.
conduzidos pela uretra até o ducto deferente (onde A testosterona é um hormônio esteroide.
ocorre o processo de ejaculação). Esteroide é lipofílico e passa pela membrana. Na
A contração do ducto deferente pode ser corrente sanguínea, está unido à albumina. Quando
estimulada pela ocitocina, para facilitar o trânsito chega à membrana, se dissocia, passa pela
espermático. membrana e se liga a outro receptor, chegando no
núcleo na forma de complexo ativado.
As glândulas acessórias produzem o plasma
seminal. Na castração, estas glândulas regridem e O colesterol é convertido em pregnolona, que
ficam difíceis de serem identificadas (tanto na é convertida em progesterona. Pela ação da 21-
palpação quanto no US). hidroxilase, a progesterona é convertida em
corticoesterona e aldosterona. Se a 21-hidroxilase
O sistema nanc possui terminações nervosas está ausente, não ocorre esta conversão, tomando
não adrenérgicas e não colinérgicas (ou seja, seus uma via secundária, que leva à formação de
mediadores não são acetilcolina ou adrenalina). androsterona e di-hidrotestosterona. Então, a
Então, as terminações nervosas desse sistema ausência da 21-hidroxilase leva à masculinização
liberam óxido nítrico no endotélio vascular. O óxido (hirsutismo), além de baixa de sódio e aumento de
nítrico ativa a enzima guanilato ciclase, que converte potássio.
GTP em cGMP. O cGMP diminui a concentração de
cálcio, promovendo o relaxamento do músculo liso e, A esteroidogênese tem 2 vias: a via delta 4
assim, a ereção. O cGMP é convertido em GTP pela (não passa pela progesterona) e a via delta 5 (passa
fosfodiesterase tipo 5 (PDE5). A ausência desta pela progesterona).
enzima, então, não permite que o cGMP seja Para a produção de testosterona, o
convertido, fazendo com que a ereção se mantenha hipotálamo libera GnRH, para estimular a secreção
(mecanismo do Viagra). pulsátil de LH e FSH na corrente sanguínea. O LH se
O teste da libido avalia a sincronia de eventos liga aos receptores das células de Leydig, que
que ocorre quando o macho se aproxima da fêmea desencadeia a conversão de colesterol em
no cio (leva ao aparecimento de todas as etapas de pregnolona (via do LDL) e, depois, converte a
cortejo sexual e resulta em ereção). pregnolona em testosterona.
A testosterona se liga diretamente ao marcadores moleculares de fertilidade, viabilidade e
receptor no fígado (aumento da síntese proteica), habilidade de fertilização.
músculo (incremento de massa muscular) e no
tecido adiposo. Na pele, cabelo, próstata e tecido O principal carboidrato responsável pelo
gonadal, a testosterona é convertida em di- batimento e movimentação do espermatozoide é a
hidrotestosterona pela enzima 5-a-redutase. Nos frutose (é uma das principais vias de obtenção de
ossos e cérebro, a testosterona é convertida em energia para combustão e viabilidade espermática).
estradiol, pela aromatase. Pode-se dosar a frutose no plasma seminal para
diagnóstico das glândulas vesiculares. No touro,
A insuficiência na produção de testosterona quem produz frutose necessária é a glândula
pelos testículos é chamada hipogonadismo. Quando vesicular. Se há problema na glândula vesicular,
ocorre, o macho pode apresentar fraqueza muscular então a via de frutose estará comprometida e, como
e letargia, osteoporose, alterações de humor, falta de consequência, ocorre astenozoospermia (diminuição
motivação e libido reduzida, queda de cabelo, menor do vigor e motilidade do espermatozoide).
aporte sanguíneo para o pênis e disfunção erétil.
Em processos inflamatórios, observa-se
O sexo gonadal é o primeiro evento assimetria e ausência de lobulações nas glândulas
anatômico na diferenciação sexual (no momento da acessórias.
fecundação, o óvulo pode ser X ou Y). As células de
Leydig produzem testosterona e as células de Sertoli A vesiculite seminal em touros acomete
produzem o hormônio anti-mulleriano. A testosterona rebanhos, principalmente, de animais jovens. As
é convertida em DHT, pela 5-a-redutase, sendo glândulas vesiculares se tornam assimétricas e,
responsável pelo sexo fenotípico (virilização da geralmente, indicam processo inflamatório. Além
genitália externa masculina). Além disso, a disso, pode haver edemaciação e perda dos
testosterona, no cérebro, é convertida em estradiol, contornos lobulados.
pela aromatase, levando à masculinização do O espermatozoide fica no epidídimo por 12-
cérebro e inibindo fenômenos cíclicos da 14 dias, em média. O ambiente é rico em
reprodução. testosterona. A cabeça do espermatozoide não é
Os ductos de Wolf são estruturas móvel, não é fértil e possui gota citoplasmática
mesonéfricas que, ao serem estimuladas pela proximal (trânsito: 2d). O corpo tem alguma
testosterona, vão se desenvolver, formando ducto expressão de motilidade, fertilidade restrita e
deferente, epidídimo e glândulas acessórias. O ducto passagem da gota proximal por um segmento distal
de Muller forma oviduto e genitália tubular feminina. da cauda (trânsito: 2d). A cauda, quando possui
As células de Sertoli produzem o hormônio anti- gota, está em posição distal, tem potencial fértil e
mulleriano, fazendo com que este ducto regrida. O pode se ligar a oócitos (armazenamento: 14d).
intersexo bovino causa limitação de fertilidade. É possível avaliar maturação espermática
As glândulas sexuais acessórias são pelo desenvolvimento do movimento flagelar e
andrógeno-dependentes (dependem da DHT). Para hiperativação do espermatozoide após o processo
hiperplasias prostáticas, usa inibidores da DHT ou de de capacitação no trato genital feminino. A
5-a-redutase (impede a formação da DHT). Na capacitação pode ser induzida em laboratório com
veterinária, geralmente, faz a castração. progesterona ou heparina.

As glândulas acessórias produzem o plasma O número total (estimado) de células


seminal. O plasma seminal é o veículo de transporte derivadas de uma célula progenitora (x) pode ser
e proteção/manutenção dos espermatozoides, calculado por: x = 2n.
desde o processo de ejaculação até sua deposição A degeneração testicular é uma alteração
no trato genital feminino. degenerativa do testículo de etiologia variada. É um
Propriedade Reológica do Plasma Seminal: processo limitante da fertilidade, mas é adquirido.
após ser depositado na vagina, o plasma seminal Pode ser unilateral (o degenerado fica mais flácido
muda de consistência (e torna gelatinoso) e coloniza que o outro) ou bilateral, focal ou difuso. No
locais específicos que facilitam a fecundação (como ultrassom, o testículo normal é isoecogênico com o
criptas da cérvix). Aos poucos, se refluidifica e libera mediastino no meio (hiperecogênico). Então, áreas
espermatozoides. Este processo protege a eficácia hiperecogênicas representam áreas de degeneração
da reprodução. O transporte lento é até a cérvix (da testicular. As causas podem ser: calor, frio, radiação,
cérvix até a tuba uterina já tem mudança de deficiência nutricional, lesões traumáticas,
consistência e o transporte é mais acelerado). infecções, orquite, entre outras. A degeneração pode
ter grau leve (se remover o fator de estresse, o
As funções do plasma seminal são: animal volta a produzir sêmen), moderado
tamponamento do sêmen, manutenção dos (prognóstico reservado) ou grave (testículo reduzido
processos metabólicos espermáticos, mudanças de de tamanho, consistência firme pela proliferação de
estado físico do ejaculado, mediador de interações tecido conjuntivo. Animal não tem recuperação). O
dos espermatozoides com o trato genital feminino, processo degenerativo também pode afetar o tecido
intersticial, afetando a produção de testosterona.
A estrutura do espermatozoide difere muito O método de eleição para colheita de sêmen
entre as espécies (comprimento da cauda, forma da é a vagina artificial. Na análise do sêmen, leva em
cauda e dimensão varia entre as espécies). No consideração o volume, turbilhonamento, gel,
espermatozoide bovino, a coloração de Willians motilidade, vigor e concentração.
diferencia acrossomo e região pós-acrossomal
(coloração vermelho congo). No espermatozoide As patologias são divididas, pela
equino, é necessária uma preparação úmida e se classificação de Bloom, em defeitos maiores e
utiliza a técnica de interferência de fases para menores, pelo grau de impedimento que a patologia
visualização. No espermatozoide de cordeiro, faz-se observada causa no espermatozoide.
coloração com fluorocromos (marcação de • São defeitos maiores
acrossomo e de núcleo). ➢ De forma (subdesenvolvimento,
O espermatozoide é dividido em cabeça e cabeça isolada patológica,
cauda. Na cauda, tem-se a peça intermediária estreito de base, piriforme,
(possui atividade metabólica/bainha de pequeno anormal, contorno
mitocôndrias) e peça final. Qualquer lesão no anormal, formas teratológicas)
acrossoma prejudica a capacidade de fertilidade da ➢ De estrutura (gota citoplasmática
célula. próxima, peça intermediária em
saca-rolha, pseudogota, cauda
A cabeça do espermatozoide possui 4 fortemente dobrada ou enrolada,
segmentos: segmento apical, segmento principal, má formação de acrossoma)
segmento equatorial e região pós-acrossomal. A • São defeitos menores
fossa de implantação é onde insere a cauda na ➢ De forma (cabeça delgada,
cabeça (na região equatorial). pequeno normal, gigantes,
curtos, largos, cabeça enrolada)
A cauda do espermatozoide possui 1 par de
➢ De estrutura (acrossoma
microtúbulos central, rodeado por 9 pares de
desprendido, gota citoplasmática
microtúbulos radiais. Há colunas de fibras densas
distal, cauda dobrada, cauda
associadas aos pares de microtúbulos radiais. Estes
enrolada, cabeça isolada normal)
pares estão soltos e se unem no momento da
motilidade. A peça principal possui colunas de fibras As principais patologias que envolvem:
densas que vão diminuindo gradativamente. A peça
final não tem nenhuma estrutura, a não ser • Cauda do epidídimo: inflamação da
microtúbulos. cauda do epidídimo, caudas dobradas ou
enroladas, gota citoplasmática distal
No momento da motilidade, o par de braços • Cabeça do epidídimo: gota próxima e
de dineina une os pares de microtúbulos radiais. peça intermediária, desintegração
Cada par de microtúbulo está associado a uma espermática, decapitação de
coluna de fibra densa. Essas colunas deslizam uma espermatozoides (em repouso sexual é
sobre a outra e fazem o movimento. O movimento comum ocorrer)
esperado é retilíneo, progressivo e uniforme. • Testículos (degeneração, maturidade
A espermatogênese possui 3 etapas. sexual retardada, hipoplasia, imaturidade
Primeiro ocorre a proliferação de espermatogônias, sexual, espermiogênese imperfeita.
originando espermatócitos primários Defeitos Individuais Totais Total de defeitos
(espermatocitogênese). Em um momento, os Sêmen
espermatócitos sofrem meiose, formando os 6 10
espermatócitos secundários, que também sofrem milhões milhões
meiose (divisão reducional), formando espermátide Maiores 5% 20%
20% 30%
(espermiogênese). Por fim, a espermiação é o Menores 10% 20%
Máximo de defeitos maiores 10% 20%
lançamento dos espermatozoides no túbulo
Defeitos de acrossoma em 20% 20%
seminífero. contraste de fase
O ciclo do epitélio seminífero é um conceito
cronológico, que envolve a evolução de associações
celulares típicas durante a espermatogênese. Estas
associações são fixas para cada espécie e permitem
definir o estágio de associações celulares. No touro,
há 12 estágios. A organização espacial destes
estágios é denominada onda espermatogênica.
Apenas nos estágios 4, 5 e 6 haverá
espermatozoides presentes. O tempo demorado
para um ocorrer um ciclo completo (passar do
estágio I até XII) é de 13,5 dias.

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