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TESTOSTERONA -
DO BÁSICO AO
AVANÇADO
APRENDA TUDO SOBRE ESTE HORMÔNIO
TIAGO KABBAZ
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
Fonte: https://pietrofugablog.wordpress.com/2016/09/16/eixo-hipotalamico-hipofisario-gonadal/
- Eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HHO):
O eixo HHO possui íntima relação com o ciclo menstrual, o ciclo hormonal sexual da
mulher dura cerca de 28 dias. Neste ciclo, assim como no eixo HHT, toda a produção
hormonal hipotalâmica-hipofisária ocorrerá da mesma forma, no entanto, ao nível
periférico, os hormônios LH e FSH irão agir nos ovários. O FSH irá atuar estimulando a
maturação dos folículos ovarianos e a replicação de receptores de FSH. Durante esse
processo, o colesterol adentra a camada mais externa do folículo das células teca e é
convertido em testosterona, que, posteriormente, irá ser convertida pela enzima
aromatase em estradiol, assim que adentrar a camada mais interna da granulosa.
O estradiol na maior parte do tempo age fazendo feedback negativo no eixo hipotálamo-
hipófise, porém, após ter seu pico por estímulo do folículo maturado aproximadamente no
décimo quarto dia do ciclo menstrual, este hormônio faz um feedback positivo ao nível
hipofisário com o LH, que irá propiciar a formação do corpo lúteo e um posterior aumento
na produção de progesterona, seguido pela menstruação e fim do ciclo menstrual.
Fonte: https://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php/Regula%C3%A7%C3%A3o_Hormonal_dos_Sistemas_Reprodutores
- Puberdade:
A adolescência compreende um complexo processo de desenvolvimento e maturação que
transforma a criança em adulto. Durante o processo da adolescência, diferentes alterações
ocorrem no corpo, que vão desde o desenvolvimento de órgãos sexuais e gônadas, ao
desenvolvimento de outras glândulas; ocorre também, o estirão de crescimento ósseo no
adolescente. É importante salientar, que os principais fatores para estes processos são
genéticos, no entanto, fatores ambientais como a própria alimentação na infância podem
alterar o desfecho final.
A potência e a ação final dos hormônios variam entre a testosterona e o DHT. Portanto,
vale destacar, que o segundo possui uma potência de 3 a 5 vezes maior que o primeiro;
e a ação de ambos varia de tecido pra tecido.
Fonte: https://docplayer.com.br/157282879-Avaliacao-in-silico-da-afinidade-da-testosterona-e-seus-
derivados-sinteticos-ao-receptor-androgenico-humano-genotipo-selvagem-adam-reiad-abbas.html
- A molécula da testosterona e seus derivados:
A testosterona possui em sua estrutura um total de 19 moléculas de carbono, 28 de
hidrogênio e 2 de oxigênio, formando a estrutura química C19H28O2, como representada
na figura a seguir:
Testosterona
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Testosterona
A aromatase é uma enzima da família do citocromo p-450, que tem o papel de conversão
da testosterona em estradiol. O corpo humano tem como função manter a relação
desses hormônios em equilíbrio, através dessa enzima, para assim, desta forma, alcançar
principalmente uma boa saúde sexual. O local de atuação dessa enzima fica no carbono
19, com isso, como mostra a figura abaixo, pode-se notar a alteração estrutural da
molécula de testosterona, principalmente no local do carbono em questão.
Estradiol
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/estradiol
Após a testosterona ser convertida em estradiol, a estrutura é alterada passando a ter
funções/ações estrogênicas. O controle da relação entre esses hormônios é de suma
importância, podendo em certas condições, causar um aumento da aromatização
(aumento da conversão de testosterona em estradiol), além do possível desequilíbrio entre
a testosterona e o estradiol no indivíduo. Estas disfunções ocorrem com maior frequência
em pacientes obesos ou com sobrepeso; ou em jovens durante o período da puberdade,
acarretando assim, em um possível aumento do desenvolvimento mamário, com chances
de causar uma ginecomastia, ou lipomastia.
Bons exemplos para explicar o quanto o aumento do DHT pode gerar alterações no corpo
humano são em todos os casos de aumento de virilização, como: a alopecia androgênica
(queda de cabelo por andrógenos); o hirsutismo (presença de pelos em áreas incomuns na
mulher); entre outros. Vale ressaltar, que apesar do DHT elevado ser um fator de risco para
o câncer de próstata, o que principalmente regula o processo de hiperplasia prostática é o
downregulation dos receptores androgênicos (diminuição da afinidade dos receptores aos
andrógenos).
Note a diferença da molécula após a enzima se ligar a testosterona na dupla ligação entre
os carbonos 4 e 5:
Di-hidrotestosterona
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Di-hidrotestosterona
Quanto ao carbono 17, será abordado no próximo capítulo sobre os esteroides
anabolizantes. Porém, pequenas alterações neste carbono podem tornar a molécula mais
anabólica e mais androgênica do que a da própria testosterona. Vale como exemplo, a
figura abaixo: observa-se a fórmula estrutural do
dianabol/metandienona/metandrostenolona que possui uma α alquilação no carbono 17.
Dianabol
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metandienona
Quando a testosterona é convertida em DHT nos tecidos androgênicos, esta passa a não
ter mais sua ação, acabando por assumir funções do novo hormônio produzido. Entre suas
diversas funções, algumas delas são: a diferenciação sexual das genitálias masculinas na
embriogênese; a maturação e desenvolvimento do pênis e do escroto na puberdade; o
crescimento de pelos faciais, púbicos e corporais; a formação de sebo pelos sebócitos; e o
desenvolvimento/manutenção da próstata.
Já com o uso do famoso Tribullus Terrestris, é importante citar que, não apresenta
alteração significativa, no aumento de testosterona. Ao nível espermático, mostra-se capaz
de aumentar o número e a motilidade espermatozoides, porém num nível menor do que
dos outros fitoterápicos citados.
Vale lembrar que as elevações causadas por estes fitoterápicos são leves, desta forma não
aumentam significativamente a performance do usuário.
- Esteroides anabolizantes:
Quando falamos dos esteroides anabólicos androgênicos (EA´s), vale primeiramente
informar que estes são fármacos que possuem formula estrutural similar e o mesmo
mecanismo de ação que a própria testosterona. Sendo este dando capacidade dos EA's de
se ligar ao receptor androgênico (AR´s). No entanto, não necessariamente esses fármacos
são derivados da própria testosterona. Existem assim, três famílias distintas de esteroides
anabólicos: os esteroides da família da testosterona; da família do DHT; e da família das
progestinas; e podendo ser citada ainda, uma espécie de subgrupo: o das drogas 17-α-
alquiladas.
Antes de explicar sobre cada família é necessário entender a diferença entre anabolismo e
androgenismo. Os efeitos androgênicos já foram citados diversas vezes, porém faz parte
desses efeitos a virilização seja do homem ou da mulher. Algo virilizante é tudo aquilo que
trás características sexuais masculinas, como: aumento dos pelos faciais; pubianos e
corporais; engrossamento da voz; alopecia androgênica/calvície; na mulher em certas
patologias, ou no uso indevido de EA's, a mesma pode ainda apresentar clitoromegalia
(hipertrofia do clitóris). Quando se fala das propriedades anabólicas, nos referimos a tudo
aquilo que gera construção de tecido e no caso da testosterona nos referimos
principalmente a tecido muscular. Algo muito anabólico não necessariamente é muito
androgênico e vice-versa. Um bom exemplo, apenas para ficar de mais fácil entendimento,
é a nandrolona que possui alto anabolismo, porém pouca androgenicidade.
Falando agora sobre as famílias dos EA's, quando referem-se aos derivados da
testosterona, devem-se lembrar que, por serem tipos de testosterona podem sofrer ação
tanto da enzima aromatase quanto da 5α-redutase, além disso, estes de maneira geral são
fármacos com uma alteração apenas no carbono de 17, no qual é colocado um grupo éster
no intuito da droga ao ser utilizada possua uma maior meia-vida. Vale ressaltar que quanto
maior o éster, maior a meia-vida da droga, ou seja, mais tempo dentro do organismo,
possibilitando assim, manter quantidades estáveis no sangue com um menor número de
administrações. Podemos citar como exemplo, o propionato de testosterona que possui
uma curta molécula de éster, com isso, também possui uma pequena meia-vida de apenas
1-2 dias, diferente do cipionato de testosterona que tem uma meia vida mais longa, por ter
uma molécula de ester maior, sendo esta de cerca de 8 dias. Com isso, para buscar a
mesma concentração plasmática, o propionato teria que ser aplicado com maior
frequência e com doses mais fracionadas do que o cipionato.
Da mesma forma que a primeira família citada, estes fármacos também tem a
possibilidade, dependendo da substância, de apresentar um grupo éster no carbono 17,
como por exemplo: o propionato de drostanolona/masteron ou o enantato de
metenolona. Pode-se citar diferentes drogas desta mesma família, como: o
proviron/mesterolona ;a oximetolona/hemogenin; a oxandrolona; e o stanozolol. (vicio de
linguagem)
Mesterolona/Proviron Oxandrolona
Stanozolol Hemogenin
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/proviron; https://pt.wikipedia.org/wiki/oxandrolona;
https://pt.wikipedia.org/wiki/stanozolol; https://pt.wikipedia.org/wiki/hemogenin
Já por parte da família das progestinas ou das 19-nor, há drogas exatamente com alterações
no carbono 19. Para citar como exemplo, tem-se a trembolona e a nadrolona, que possuem
uma remoção do carbono 19 da molécula da testosterona, o mesmo que possui o sítio de
ligação da enzima aromatase, desta forma, drogas desta família não possuem potencial de
aromatização. Porém, podem ser reduzidas pela enzima 5-α-redutase, produzindo, por
exemplo: a di-hidronandrolona; que diferente da DHT, possui uma atividade mais fraca do
que o princípio ativo inicial, a nandrolona.
Além disso, esta alteração do carbono 19 possibilita um aumento da atividade anabólica e
uma diminuição da atividade androgênica.
Vale também ressaltar que, alguns anticoncepcionais (AC´s) possuem uma estrutura muito
parecida com os EA´s da família das progestinas, como o levonorgestrel e a gestrinona.
Abaixo temos a estrutura dos EA´s citados notem assim a similaridade deles com os AC´s
citados:
Trembolona Nandrolona
Adicionar um subtítulo
Levonorgestrel Gestrinona
Falando sobre a subfamília dos EA´s, os 17-α-alquilados (17AA´s), estes como o próprio
nome já diz, possuem uma alquillação, a presença de um grupo alquila no carbono 17 que
permite desta forma uma dupla passagem da droga pelo fígado. A dupla passagem é
necessária, pois estas drogas são orais de maneira geral (oxandrolona, stanozolol,
oximetolona, etc.), com isso ao ter a passagem da droga no sistema porta-hepático, este
grupo alquila promove resistência da droga na primeira passagem, assim permitindo que a
substância atinja a corrente sanguínea, tenha sua ação no tecido alvo e posteriormente
seja metabolizada e excretada pelo fígado após a segunda passagem. Caso não houvesse
essa resistência pelo grupo alquila, já na primeira passagem pelo fígado a droga seria
metabolizada e excretada sem que caísse na corrente saguínea e consequentemente não
atingiria o tecido alvo. Portanto, o fato de haver duas passagens da droga pelo fígado as
torna muito mais hepatotóxicas (danosas ao fígado) do que as substâncias injetáveis.
- Observações:
O uso de substâncias que buscam aumento da testosterona, seja de maneira natural ou
através dos EA´s , em caso de uso off label (buscando aumento de performance e não
como fim terapêutico), de fato existe, no entanto, deve ser sempre orientado por um
médico, para que o mesmo possa ao menos minimizar os riscos. Contudo, é de extrema
importância que o paciente ao fazer a escolha do uso de EA´s, por exemplo, tenha
conhecimento do que está fazendo, ou mesmo, busque informações com o próprio
médico que se dispôs a orientá-lo, para que, com isso, caso ocorra possíveis colaterais,
como: uma possível infertilidade ou uma queda na libida, o paciente em questão tenha
ciência do por que isto está ocorrendo.
Conclusão:
Pode-se concluir, que a testosterona não é apenas um hormônio com função na
performance, mas sim, serve para diversas outras causas, como as mostradas ao
decorrer desta obra. Deste modo, mostra-se importante entender todos os aspectos que
envolvem este hormônio, para que se tenha conhecimento de como que ele atua em
diferentes funções no nosso organismo. Com isso, fica notório que não se deve ter todo
um paradigma em cima dele. O idela é o profissional se atualizar cada vez mais a respeito
deste hormônio para obter uma correta abordagem com o paciente.
Referências bibliográficas:
Santos, Heitor. Beyond tribulus (Tribulus terrestris L.): The effects of phytotherapics on
testosterone, sperm and prostate parameters, 2019. sciencedirect. 02/01/2021.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier
Ed., 2006.
Moore, K.L.; Persaud, T.V.N.; Torchia, M.G. 2013. Embriologia clínica 9. ed. Editora
Elsevier.