Você está na página 1de 17

@TIAGOKABBAZ

TESTOSTERONA -
DO BÁSICO AO
AVANÇADO
APRENDA TUDO SOBRE ESTE HORMÔNIO

TIAGO KABBAZ
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 2: PRODUÇÃO HORMONAL


- Ciclo circadiano da testosterona;
- Eixo hipotálamo-hipófise-testicular;
- Eixo hipotálamo-hipófise-ovariano;
- Puberdade.

CAPÍTULO 3: TESTOSTERONA E SUAS


PROPRIEDADES
- Mecanismo de ação da testosterona;
- A molécula da testosterona e seus derivados;
- Testosterona e suas múltiplas funções.

CAPÍTULO 4: AUMENTANDO SUA


TESTOSTERONA
- Estimulantes naturais;
- Esteroides anabolizantes;
- Androgenicidade x anabolismo.
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO: O que é a testosterona?

A testosterona é um hormônio esteroidal (origem do colesterol) androgênico, que


possui diversas funções no organismo humano. Diferente do que muitos acreditam,
este não é um hormônio exclusivo do sexo masculino, de fato há uma produção em
maior quantidade no corpo do homem, no entanto, as mulheres também produzem tal
hormônio em menor quantidade. A testosterona após ser convertida pela enzima 5α-
redutase gera um metabólito chamado di-hidrotestosterona (DHT), metabólito esse, que
tem atividade androgênica de três a cinco vezes mais ativa que a própria testosterona,
além de se apresentar em uma quantidade reduzida na mulher do mesmo modo;
ambos citados são classificados como os dois principais hormônios do grupo dos
andrógenos.

Muito se fala da testosterona como um potencializador de resultados, um recurso


ergogênico usado no intuito de ganhar massa muscular, resistência, e aumentar a
aptidão física. Porém, a mesma apresenta funções como: o desenvolvimento e a
diferenciação da gônada e do órgão sexual masculino; a ação indireta na formação do
corpo lúteo da mulher; o desenvolvimento dos espermatozoides no homem; o
crescimento ósseo; dentre outras dependentes deste hormônio, evidenciando que sua
importância vai muito além do aumento de performance e desenvolvimento estético.

Um bom exemplo de patologia para mostrar a importância deste hormônio é na


ocorrência do pseudo-hermafroditismo masculino, que tem uma fisiopatologia causada
pela insensibilidade androgênica ou pela deficiência de 5α-redutase, podendo acarretar
num desenvolvimento genital anormal. Pode-se citar também, uma simples andropausa:
uma patologia na qual ocorre queda de andrógenos em homens após determinada
idade, com chances de gerar sintomas como cansaço, fadiga, perda de massa magra,
entre outros.
Capítulo 2: Produção hormonal
- Ciclo circadiano:
Assim como quase todos os hormônios, a testosterona possui um ritmo/ciclo circadiano,
este nome é dado à variação na produção de hormônios, que possuem períodos de picos
e declínios durante o dia. Em relação à testosterona, esta possui picos de produção nos
homens principalmente na parte da manhã, por volta das oito horas, já nas mulheres é um
pouco diferente, esta produção acompanha o ciclo menstrual, sendo discutido mais à
frente.

- Eixo hipotálamo-hipófise-testicular (HHT):


Tanto no homem quanto na mulher, a produção de testosterona é dependente de outros
hormônios produzidos pelo hipotálamo e pela hipófise, responsáveis por produzir o
hormônio liberador de gonadotrofinas (GNRH), o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio
folículo estimulante (FSH), respectivamente.
O hipotálamo no início do processo produz o GNRH, que irá ser transportado pelo sistema
porta-hipofisário até a hipófise, atuando nas células gonadotróficas para estas produzirem
os hormônios LH e FSH. Estes hormônios são lançados à corrente sanguínea para atuarem
ao nível testicular, o LH irá atuar nas células de leydig, estimulando a produção de
testosterona, já o FSH age nas células de sertoli para propiciar espermatogênese através
da produção de ABP (proteína ligadora de andrógenos) e para estimular a produção de
inibina-β.
Ao nível de homeostasia e de equilíbrio dos níveis corporais, o eixo HHT sofre feedback
negativo quando os níveis de testosterona e de inibina-β encontram-se elevados/tem seus
picos plasmáticos, deste modo, gerando a inibição da produção de GNRH, LH e FSH,
acarretando assim, numa diminuição da produção de andrógenos nos homens.

Fonte: https://pietrofugablog.wordpress.com/2016/09/16/eixo-hipotalamico-hipofisario-gonadal/
- Eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HHO):
O eixo HHO possui íntima relação com o ciclo menstrual, o ciclo hormonal sexual da
mulher dura cerca de 28 dias. Neste ciclo, assim como no eixo HHT, toda a produção
hormonal hipotalâmica-hipofisária ocorrerá da mesma forma, no entanto, ao nível
periférico, os hormônios LH e FSH irão agir nos ovários. O FSH irá atuar estimulando a
maturação dos folículos ovarianos e a replicação de receptores de FSH. Durante esse
processo, o colesterol adentra a camada mais externa do folículo das células teca e é
convertido em testosterona, que, posteriormente, irá ser convertida pela enzima
aromatase em estradiol, assim que adentrar a camada mais interna da granulosa.

O estradiol na maior parte do tempo age fazendo feedback negativo no eixo hipotálamo-
hipófise, porém, após ter seu pico por estímulo do folículo maturado aproximadamente no
décimo quarto dia do ciclo menstrual, este hormônio faz um feedback positivo ao nível
hipofisário com o LH, que irá propiciar a formação do corpo lúteo e um posterior aumento
na produção de progesterona, seguido pela menstruação e fim do ciclo menstrual.

Fonte: https://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php/Regula%C3%A7%C3%A3o_Hormonal_dos_Sistemas_Reprodutores
- Puberdade:
A adolescência compreende um complexo processo de desenvolvimento e maturação que
transforma a criança em adulto. Durante o processo da adolescência, diferentes alterações
ocorrem no corpo, que vão desde o desenvolvimento de órgãos sexuais e gônadas, ao
desenvolvimento de outras glândulas; ocorre também, o estirão de crescimento ósseo no
adolescente. É importante salientar, que os principais fatores para estes processos são
genéticos, no entanto, fatores ambientais como a própria alimentação na infância podem
alterar o desfecho final.

Durante a puberdade, há um aumento na produção de diferentes hormônios, a


testosterona e o DHT (no homem) e estradiol e progesterona (na mulher), os hormônios
sexuais, são os mais importantes para esse processo quando estão em sinergia com o
hormônio do crescimento, possuindo assim, efeitos coadjuvantes em diferentes situações:
no crescimento da genitália e das gônadas; no desenvolvimento ósseo; além do
desenvolvimento de outras glândulas. O aumento dos hormônios sexuais na puberdade é
precedido do aumento nos picos dos hormônios hipofisários gonadotróficos de LH e de
FSH.

Abaixo na tabela, observa-se a idade ideal do desenvolvimento dos caracteres sexuais de


cada gênero:
Capítulo 3: Testosterona e suas propriedades

- Mecanismo de ação da testosterona:


A testosterona é um hormônio lipofílico (que apresenta grande afinidade química com
gorduras), assim como a membrana plasmática também é. Desta forma, ela atravessa
rapidamente a membrana, adentrando no citoplasma das células de modo mais fácil.
Após entrar na célula, ao nível citoplasmático, este hormônio pode, ou não, ser
convertido/reduzido em DHT pela enzima 5α-redutase. É importante ressaltar, que
ambos os hormônios se ligam ao mesmo receptor: os receptores androgênicos (AR’s).
Após estes hormônios se ligarem ao AR, eles irão agir no núcleo da célula fazendo a
transcrição de RNA mensageiro, para assim, gerar a produção de nova proteína que
trará a ação final do hormônio sexual.

A potência e a ação final dos hormônios variam entre a testosterona e o DHT. Portanto,
vale destacar, que o segundo possui uma potência de 3 a 5 vezes maior que o primeiro;
e a ação de ambos varia de tecido pra tecido.

Abaixo, mostra-se na imagem como este hormônio atua no tecido prostático:

Fonte: https://docplayer.com.br/157282879-Avaliacao-in-silico-da-afinidade-da-testosterona-e-seus-
derivados-sinteticos-ao-receptor-androgenico-humano-genotipo-selvagem-adam-reiad-abbas.html
- A molécula da testosterona e seus derivados:
A testosterona possui em sua estrutura um total de 19 moléculas de carbono, 28 de
hidrogênio e 2 de oxigênio, formando a estrutura química C19H28O2, como representada
na figura a seguir:

Testosterona
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Testosterona

A partir do conhecimento de sua molécula, pode-se compreender como originam alguns


hormônios que têm a testosterona como seu precursor em determinados tecidos. Vale
ressaltar, que estes hormônios serão produzidos por diferentes enzimas através da
conversão da testosterona.

Na figura acima, está marcado respectivamente de vermelho o carbono 19 da


testosterona; em azul o carbono 17; e em a verde a dupla ligação entre os carbonos 4 e 5.
Desta forma, compreende-se como a molécula de testosterona possui diferentes
resultados de conversão, e até mesmo de como são originados diversos tipos de
esteroides anabolizantes, provindos através de alterações em alguns desses carbonos.

A aromatase é uma enzima da família do citocromo p-450, que tem o papel de conversão
da testosterona em estradiol. O corpo humano tem como função manter a relação
desses hormônios em equilíbrio, através dessa enzima, para assim, desta forma, alcançar
principalmente uma boa saúde sexual. O local de atuação dessa enzima fica no carbono
19, com isso, como mostra a figura abaixo, pode-se notar a alteração estrutural da
molécula de testosterona, principalmente no local do carbono em questão.

Estradiol
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/estradiol
Após a testosterona ser convertida em estradiol, a estrutura é alterada passando a ter
funções/ações estrogênicas. O controle da relação entre esses hormônios é de suma
importância, podendo em certas condições, causar um aumento da aromatização
(aumento da conversão de testosterona em estradiol), além do possível desequilíbrio entre
a testosterona e o estradiol no indivíduo. Estas disfunções ocorrem com maior frequência
em pacientes obesos ou com sobrepeso; ou em jovens durante o período da puberdade,
acarretando assim, em um possível aumento do desenvolvimento mamário, com chances
de causar uma ginecomastia, ou lipomastia.

Entretanto, há também a conversão da testosterona em um outro hormônio, o DHT.


Quando fala-se na relação da testosterona com o DHT, a enzima 5-α-redutase é a
responsável pela conversão, esta atua ao nível da dupla ligação entre os carbonos 4 e 5 da
molécula de testosterona para poder realizar sua ação. O DHT possui principalmente
características androgênicas, estas são de 3 a 5 vezes maiores que a testosterona, sendo
este hormônio mais atuante nos tecidos chamados também de androgênicos, como o
tecido prostático e os folículos pilosos.

Bons exemplos para explicar o quanto o aumento do DHT pode gerar alterações no corpo
humano são em todos os casos de aumento de virilização, como: a alopecia androgênica
(queda de cabelo por andrógenos); o hirsutismo (presença de pelos em áreas incomuns na
mulher); entre outros. Vale ressaltar, que apesar do DHT elevado ser um fator de risco para
o câncer de próstata, o que principalmente regula o processo de hiperplasia prostática é o
downregulation dos receptores androgênicos (diminuição da afinidade dos receptores aos
andrógenos).

Note a diferença da molécula após a enzima se ligar a testosterona na dupla ligação entre
os carbonos 4 e 5:

Di-hidrotestosterona
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Di-hidrotestosterona
Quanto ao carbono 17, será abordado no próximo capítulo sobre os esteroides
anabolizantes. Porém, pequenas alterações neste carbono podem tornar a molécula mais
anabólica e mais androgênica do que a da própria testosterona. Vale como exemplo, a
figura abaixo: observa-se a fórmula estrutural do
dianabol/metandienona/metandrostenolona que possui uma α alquilação no carbono 17.

Dianabol
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metandienona

- Testosterona e suas multiplas funções:


O hormônio da testosterona possui diferentes funções variantes para cada tecido atuante,
estas podem ser do próprio hormônio ou de seus derivados, como o estradiol e o DHT.

Dentre algumas ações da testosterona, temos no cérebro uma melhora do humor,


aumento da libido e diminuição da ansiedade; na pele, estimula o aumento de pelos, com
exceção ao nível do couro cabeludo; no fígado, atua aumentando as proteínas do soro
plasmático; na musculatura, irá aumentar a massa magra e a força muscular; age também,
estimulando a eritropoietina nos rins, um hormônio que tem papel fundamental na
produção de glóbulos vermelhos no sangue; aumenta o apetite sexual; na medula óssea,
há uma acentuação do crescimento de células-tronco; "engrossa" a voz na puberdade
através da hipertrofia de cordas vocais; e, por fim, mas não menos importante, irá agir nos
ossos, acelerando o fechamento das epífises ósseas.

Quando a testosterona é convertida em DHT nos tecidos androgênicos, esta passa a não
ter mais sua ação, acabando por assumir funções do novo hormônio produzido. Entre suas
diversas funções, algumas delas são: a diferenciação sexual das genitálias masculinas na
embriogênese; a maturação e desenvolvimento do pênis e do escroto na puberdade; o
crescimento de pelos faciais, púbicos e corporais; a formação de sebo pelos sebócitos; e o
desenvolvimento/manutenção da próstata.

No entanto, quando a testosterona é convertida em estrógeno, este passa a ter


ações/funções estrogênicas, como: o desenvolvimento do tecido mamário e do útero; a
cardioproteção; e, por último, a neuroproteção.
Como já foi dito, quando há exacerbação da conversão de testosterona em alguns dos
outros hormônios, como DHT ou estradiol, algumas patologias podem ser geradas. Para
isso, existem fármacos para atenuar ou tratar esse excesso de conversão e, em ambos os
casos, normalmente esses fármacos atuam antagonizando o efeito da enzima conversora.
No caso do aumento da DHT, fármacos como finasterida e dutasterida atuam inibindo a
enzima 5-α-redutase, sendo usados tanto para uma simples queda de cabelo, quanto para
uma possível inibição da progressão de uma hiperplasia prostática benigna.
Quando o estradiol se encontra elevado, sintomas no homem como queda de libido ou até
mesmo o desenvolvimento de uma ginecomastia podem aparecer. Ambos estes são
tratados com fármacos inibidores da enzima aromatase (IA´s), estes são o anastrozol,
exemestano e letrozol. Além destes, existem os SERM´s, são da sigla em inglês
moduladores seletivos dos receptores estrogênicos, que atuam especificamente no tecido
mamário e são muito usados nos cânceres de mama e no caso de ginecomastia e
comumente em adjuvancia aos IA´s.
Capítulo 4: Aumentando sua testosterona

- Estimulantes naturais de testosterona:


É muito comum hoje em dia o uso de certas substâncias que prometem o aumento da
testosterona e/ou da espermatogênese. Porém, a eficácia das mesmas é bem pequena, ou
mesmo inexistente na maioria dos casos.

Dentre os fitoterápicos que mostraram na literatura aumentos a níveis laboratoriais, seja


na testosterona total ou mesmo na testosterona livre (a testosterona não ligada à
proteínas transportadoras, o SHBG), podemos citar: o Long Jack; o Feno Grego; a Mucuna
Puriens; a Ashwagandha, sendo que os dois últimos em doses muito maiores que as
usuais mostraram resultados bastante significativos no aumento da testosterona.
Além disso, ambos estes também mostraram aumento no número e na motilidade dos
espermatozoides.

Já com o uso do famoso Tribullus Terrestris, é importante citar que, não apresenta
alteração significativa, no aumento de testosterona. Ao nível espermático, mostra-se capaz
de aumentar o número e a motilidade espermatozoides, porém num nível menor do que
dos outros fitoterápicos citados.

Vale lembrar que as elevações causadas por estes fitoterápicos são leves, desta forma não
aumentam significativamente a performance do usuário.

- Esteroides anabolizantes:
Quando falamos dos esteroides anabólicos androgênicos (EA´s), vale primeiramente
informar que estes são fármacos que possuem formula estrutural similar e o mesmo
mecanismo de ação que a própria testosterona. Sendo este dando capacidade dos EA's de
se ligar ao receptor androgênico (AR´s). No entanto, não necessariamente esses fármacos
são derivados da própria testosterona. Existem assim, três famílias distintas de esteroides
anabólicos: os esteroides da família da testosterona; da família do DHT; e da família das
progestinas; e podendo ser citada ainda, uma espécie de subgrupo: o das drogas 17-α-
alquiladas.
Antes de explicar sobre cada família é necessário entender a diferença entre anabolismo e
androgenismo. Os efeitos androgênicos já foram citados diversas vezes, porém faz parte
desses efeitos a virilização seja do homem ou da mulher. Algo virilizante é tudo aquilo que
trás características sexuais masculinas, como: aumento dos pelos faciais; pubianos e
corporais; engrossamento da voz; alopecia androgênica/calvície; na mulher em certas
patologias, ou no uso indevido de EA's, a mesma pode ainda apresentar clitoromegalia
(hipertrofia do clitóris). Quando se fala das propriedades anabólicas, nos referimos a tudo
aquilo que gera construção de tecido e no caso da testosterona nos referimos
principalmente a tecido muscular. Algo muito anabólico não necessariamente é muito
androgênico e vice-versa. Um bom exemplo, apenas para ficar de mais fácil entendimento,
é a nandrolona que possui alto anabolismo, porém pouca androgenicidade.

Falando agora sobre as famílias dos EA's, quando referem-se aos derivados da
testosterona, devem-se lembrar que, por serem tipos de testosterona podem sofrer ação
tanto da enzima aromatase quanto da 5α-redutase, além disso, estes de maneira geral são
fármacos com uma alteração apenas no carbono de 17, no qual é colocado um grupo éster
no intuito da droga ao ser utilizada possua uma maior meia-vida. Vale ressaltar que quanto
maior o éster, maior a meia-vida da droga, ou seja, mais tempo dentro do organismo,
possibilitando assim, manter quantidades estáveis no sangue com um menor número de
administrações. Podemos citar como exemplo, o propionato de testosterona que possui
uma curta molécula de éster, com isso, também possui uma pequena meia-vida de apenas
1-2 dias, diferente do cipionato de testosterona que tem uma meia vida mais longa, por ter
uma molécula de ester maior, sendo esta de cerca de 8 dias. Com isso, para buscar a
mesma concentração plasmática, o propionato teria que ser aplicado com maior
frequência e com doses mais fracionadas do que o cipionato.

No entanto, também existem derivados da testosterona que não apresentam apenas um


éster ligado em sua estrutura, mas também outras alterações em sua estrutura. Pode-se
citar o dianabol/metandrostenolona que possui uma 17-α-alquilação e uma dupla ligação
nos carbonos 1 e 2. Estas simples mudanças na molécula possibilitam a formação de uma
droga muito mais anabólica, e com potêncial androgênico inferior comparada a
testosterona. Outra droga que podemos citar, ainda da mesma família, é a boldenona que
foi criada basicamente no intuito de ser uma dianabol injetável com éster undecilinato
ligado no carbono 17, buscando um aumento na meia-vida da droga. Porém esta,
apresenta-se miligrama/miligrama com uma androgenicidade e anabolismo menor.

Note abaixo a diferença nas estruturas do proprionato de testosterona; do cipionato de


testosterona; do dianabol; e da boldenona:
Propionato de testosterona Dianabol

cipionato de testosterona undecilinato de boldenona


Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Propionato_de_testosterona; https://pt.wikipedia.org/wiki/metandienone;
https://pt.wikipedia.org/wiki/cipionato_de_testosterona; https://pt.wikipedia.org/wiki/undecilinato_de_boldenona

Já os EA´s derivados do DHT, possuem fórmulas estruturais e aspectos androgênicos


similares à Di-hidrotestosterona, porém algumas características seja no anabolismo ou no
androgenismo são mais fortes em cada droga. Outro ponto importante, é que essas
drogas por serem derivados do DHT não possuem grande potencial de aromatização
diferente das drogas derivadas da testosterona. Além disso, por já serem uma forma
reduzida da testosterona, estas não vão sofrer ação da enzima 5α-redutase.

Da mesma forma que a primeira família citada, estes fármacos também tem a
possibilidade, dependendo da substância, de apresentar um grupo éster no carbono 17,
como por exemplo: o propionato de drostanolona/masteron ou o enantato de
metenolona. Pode-se citar diferentes drogas desta mesma família, como: o
proviron/mesterolona ;a oximetolona/hemogenin; a oxandrolona; e o stanozolol. (vicio de
linguagem)

Notem abaixo a, ausência da dupla ligação entre os carbonos 4 e 5 nessas drogas,


igualmente como o dht se apresenta, porém com diferentes variantes nessa estrutura:

Mesterolona/Proviron Oxandrolona

Stanozolol Hemogenin
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/proviron; https://pt.wikipedia.org/wiki/oxandrolona;
https://pt.wikipedia.org/wiki/stanozolol; https://pt.wikipedia.org/wiki/hemogenin
Já por parte da família das progestinas ou das 19-nor, há drogas exatamente com alterações
no carbono 19. Para citar como exemplo, tem-se a trembolona e a nadrolona, que possuem
uma remoção do carbono 19 da molécula da testosterona, o mesmo que possui o sítio de
ligação da enzima aromatase, desta forma, drogas desta família não possuem potencial de
aromatização. Porém, podem ser reduzidas pela enzima 5-α-redutase, produzindo, por
exemplo: a di-hidronandrolona; que diferente da DHT, possui uma atividade mais fraca do
que o princípio ativo inicial, a nandrolona.
Além disso, esta alteração do carbono 19 possibilita um aumento da atividade anabólica e
uma diminuição da atividade androgênica.

Vale também ressaltar que, alguns anticoncepcionais (AC´s) possuem uma estrutura muito
parecida com os EA´s da família das progestinas, como o levonorgestrel e a gestrinona.

Abaixo temos a estrutura dos EA´s citados notem assim a similaridade deles com os AC´s
citados:

Trembolona Nandrolona

Adicionar um subtítulo

Levonorgestrel Gestrinona

Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/trembolona; https://pt.wikipedia.org/wiki/nandrolona;


https://pt.wikipedia.org/wiki/levonorgestrel; https://pt.wikipedia.org/wiki/gestrinona

Falando sobre a subfamília dos EA´s, os 17-α-alquilados (17AA´s), estes como o próprio
nome já diz, possuem uma alquillação, a presença de um grupo alquila no carbono 17 que
permite desta forma uma dupla passagem da droga pelo fígado. A dupla passagem é
necessária, pois estas drogas são orais de maneira geral (oxandrolona, stanozolol,
oximetolona, etc.), com isso ao ter a passagem da droga no sistema porta-hepático, este
grupo alquila promove resistência da droga na primeira passagem, assim permitindo que a
substância atinja a corrente sanguínea, tenha sua ação no tecido alvo e posteriormente
seja metabolizada e excretada pelo fígado após a segunda passagem. Caso não houvesse
essa resistência pelo grupo alquila, já na primeira passagem pelo fígado a droga seria
metabolizada e excretada sem que caísse na corrente saguínea e consequentemente não
atingiria o tecido alvo. Portanto, o fato de haver duas passagens da droga pelo fígado as
torna muito mais hepatotóxicas (danosas ao fígado) do que as substâncias injetáveis.
- Observações:
O uso de substâncias que buscam aumento da testosterona, seja de maneira natural ou
através dos EA´s , em caso de uso off label (buscando aumento de performance e não
como fim terapêutico), de fato existe, no entanto, deve ser sempre orientado por um
médico, para que o mesmo possa ao menos minimizar os riscos. Contudo, é de extrema
importância que o paciente ao fazer a escolha do uso de EA´s, por exemplo, tenha
conhecimento do que está fazendo, ou mesmo, busque informações com o próprio
médico que se dispôs a orientá-lo, para que, com isso, caso ocorra possíveis colaterais,
como: uma possível infertilidade ou uma queda na libida, o paciente em questão tenha
ciência do por que isto está ocorrendo.

Conclusão:
Pode-se concluir, que a testosterona não é apenas um hormônio com função na
performance, mas sim, serve para diversas outras causas, como as mostradas ao
decorrer desta obra. Deste modo, mostra-se importante entender todos os aspectos que
envolvem este hormônio, para que se tenha conhecimento de como que ele atua em
diferentes funções no nosso organismo. Com isso, fica notório que não se deve ter todo
um paradigma em cima dele. O idela é o profissional se atualizar cada vez mais a respeito
deste hormônio para obter uma correta abordagem com o paciente.
Referências bibliográficas:

Vargas, David. Pseudohermafroditismo masculino. revzoilomarinello, 2014. 23/12/2020.

Antonini, Sonir. Puberdade normal e precoce: uma revisão prática. edisciplinas.usp.br,


2015. 23/12/2020.

Marrama, P. Circadian rhythm of testosterone and prolactin in the ageing. sciencedirect,


1982. 24/12/2020.

Coutinho, Maria. Crescimento e desenvolvimento na adolescência.


revistadepediatriasoperj, 2011. 24/12/2020.

Beznos, Geni. Crescimento e desenvolvimento físico. tjsc.jus.br, 2006. 24/12/2020

Pedrosa, Diego. Efeitos benéficos do estrogênio no sistema cardiovascular, 2014.


perspectivasonline. 01/01/2021.

Santos, Heitor. Beyond tribulus (Tribulus terrestris L.): The effects of phytotherapics on
testosterone, sperm and prostate parameters, 2019. sciencedirect. 02/01/2021.

Kicl, Fred. Anabolic-androgenic potency of various steroids in a castrated rat assay,


1964. sciencedirect. 03/01/2021.

Vigo, Francielli. Progestógenos: farmacologia e uso clínico, 2011. bvsalud. 05/01/2021

GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier
Ed., 2006.

Moore, K.L.; Persaud, T.V.N.; Torchia, M.G. 2013. Embriologia clínica 9. ed. Editora
Elsevier.

Você também pode gostar