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ESTUDO DIRIGIDO P1 - MACHOS

1) Na organogênese testicular, a expressão do gene DRY leva à produção de uma proteína:


o fator de determinação testicular. A partir daí, células de Sértoli e de Leydig operam de
forma concorrente para a estruturação do órgão. Pergunta-se:
a) Qual a contribuição da célula de Sértoli no desenvolvimento da gônada masculina no
período in útero? Qual o efeito biológico desta contribuição?

No período in útero, a célula de Sértoli é responsável pela produção do AMH (hormônio


anti-muleriano), o qual age inibindo o desenvolvimento dos ductos de Muller (ductos
paramesonéfricos). O efeito biológico dessa ação é a determinação do sexo gonadal masculino,
por meio da inibição do desenvolvimento das estruturas tubulares femininas no macho (como por
exemplo as tubas uterinas e o útero).

b) A produção hormonal da célula de Leydig in uencia o sistema nervoso central e o sexo


fenotípico. Quais são os efeitos dessa ação biológica?
No que diz respeito à in uência da produção hormonal da célula de Leydig no SNC, tem-
se que ela é responsável pela determinação do imprint do sexo cerebral no macho. Isso ocorre
pois a testosterona produzida pelas células de Leydig atinge a circulação sanguínea e é enviada
ao SNC, local onde há intensa atividade aromática (pela enzima aromatase). Por ação da
aromatase, a testosterona (um esteróide de 19 carbonos) é convertida em estradiol (um esteróide
de 18 carbonos), e o estradiol irá atuar inibindo o centro de controle episódico do GnRH no
hipotálamo, resultando na inibição do ciclo estral no macho.

Já no que diz respeito ao sexo fenotípico masculino, tem-se que ele é determinado pela
virilização da genitália externa do macho e desenvolvimento das glândulas sexuais acessórias.
Esse processo ocorre por ação da di-hidrotestosterona (DHT), a qual é formada a partir da ação
da enzima 5-alfa-redutase sobre a testosterona produzida pelas células de Leydig.

c) Quando, na siologia do testículo fetal, as células de Leydig se tornam ativas? Como é


possível se constatar essa atividade?

Para que haja o desenvolvimento dos testículos na vida intrauterina, o gene SRY
(localizado no cromossomo Y) irá ativar a expressão do fator de diferenciação testicular (FDT), o
qual por sua vez irá ativar a expressão de outros genes relacionados ao desenvolvimento dos
testículos e silenciar genes relacionados ao desenvolvimento ovariano (como por exemplo o
DAX-1). Juntamente com o SRY, há expressão dos genes SOX-9, WT-1 e SF-1, e essa expressão
conjunta irá estimular a diferenciação das células de Leydig. Portanto, pode-se concluir que
essas células se tornam ativas a partir do momento em que há expressão dos genes SRY, SOX-9,
WT-1 e SF-1.

Para se constatar a atividade das células de Leydig, é possível lançar mão da técnica de
dosagem de testosterona em resposta ao estímulo do GnRH. Primeiramente, coleta-se o sangue
do animal e dosa a testosterona circulante; em seguida, faz-se uma aplicação de GnRH e
aguarda certo tempo (levando em consideração que o tempo de meia vida do GnRH é de 40
minutos). Por m, coleta-se novamente o sangue para uma nova dosagem de testosterona, e
compara-se as dosagens de testosterona antes e depois da aplicação de GnRH, o que permite
inferir a atividade das células de Leydig no animal.

2) A ereção é um fenômeno hormônio-mediado, imprescindível para a realização da cópula


e fertilidade do animal. É necessária, no entanto, uma medição do sistema nervoso, que
induz um tônus desencadeador dos fenômenos relacionados à cópula. Quais terminações
nervosas estão relacionadas à ereção? Quais seus neurotransmissores?
A ereção está relacionada com as terminações nervosas do sistema NANC (não
adrenérgico e não colinérgico), e depende do óxido nítrico como principal neurotransmissor.

3) As características estruturais e natureza química dos hormônios que regulam a


reprodução masculina determinam sua especi cidade e mecanismo de ação. Quais são os
dois grupos principais de hormônios relacionados à reprodução no macho? Discuta, de
forma comparativa, as propriedades particulares desses grupos de hormônios no que se
refere à sua biossíntese, etapa pré e pós receptor e seu mecanismo de ação.
No macho, os principais grupos proteicos relacionados à reprodução são os hormônios
proteicos e os hormônios esteróides.

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fi
fl
Os hormônios proteicos relacionados à reprodução masculina, a exemplo do FSH e LH,
são sintetizados na adenohipó se (sob estímulo do GnRH, um hormônio hipotalâmico derivado
peptídico). Devido à sua característica proteica, esses hormônios são hidrofílicos, o que implica
que podem circular livremente na corrente sanguínea (sem a necessidade de carreadores
séricos), porém não são capazes de atravessarem “sozinhos” a membrana plasmática das
células (a qual é lipoproteica), sendo necessário receptores de membrana. Já os hormônios
esteróides, a exemplo da testosterona (sintetizada pelas células de Leydig), possuem caráter
lipofílico (por serem derivados do colesterol), o que implica que necessitam de proteínas
transportadoras para seu transporte na corrente sanguínea (principalmente a albumina sérica)
mas, por outro lado, são capazes de passarem pela membrana plasmática celular sem a
necessidade de receptores de membrana.

No que diz respeito à interação com a célula, os hormônios proteicos não possuem
carreador citoplasmático e seus efeitos biológicos ocorrem via segundos mensageiros dentro da
célula (como a proteína G). Já os hormônios esteróides necessitam de carreadores
citoplasmáticos (devido ao seu caráter lipofílico), e isso implica que seus efeitos biológicos são
gerados por meio de ação do complexo receptor-hormônio; especi camente, os complexos
receptor-hormônio dos esteróides se ligam aos elementos responsivos a hormônios no DNA
celular e estimulam a síntese proteína.

4)
A: 5%

B: 20%

C: 10%

D: 20%

E: 20%

F: 30%

G: 10%

H: 20%

I: 20%

J: 20%

K: 70%

L: 3

M: 3

N: nulo

O: 30%

P: 3

Q: nulo

R: 15%

5)
> 34, > 38 e > 39 (primeira coluna)

30 a 34 (segunda coluna)

6) O exame ultrassonográ co é um método complementar que nos auxilia a avaliar as


funções siológicas do testículo. Uma dessas funções é a termorregulação testicular.
Como você avaliaria indiretamente pelo ultrassom a capacidade da termorregulação do
testículo de um animal? Quais estruturas deveriam ser exploradas?
A ultrassonogra a pode avaliar a e ciência da termorregulação testicular por meio da
avaliação da adiposidade do testículo. Ao se explorar o cone vascular e o tecido subcutâneo do
testículo, é possível avaliar a altura da camada subcutânea (determinando a adiposidade) e a
dimensão do cone vascular em si. É um diagnóstico indireto, porém permite inferir que quanto
maior a adiposidade testicular, mais di cultado será o processo de termorregulação.

7) A ereção é um fenômeno hormônio-mediado, imprescindível para a realização da cópula


e fertilidade do animal. Qual a importância da fosfodiesterase-5 para o processo de ereção
peniana? Como ela pode ser manipulada?
A fosfodiesterase-5 é a enzima responsável pela conversão do GMP cíclico (responsável
pela ereção) de volta em GTP, o que resulta numa regulação do tempo de manutenção da ereção.
Essa enzima pode ser manipulada por fármacos à base de Sildena l (a exemplo do
Viagra), o qual é um inibidor da enzima fosfodiesterase-5, resultando na manutenção da ereção
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fi
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fi
fi
por um maior período de tempo (devido ao acúmulo do GMP cíclico e incapacidade de sua
conversão novamente em GTP).

8) Descreva a etiopatogenia da hipoplasia testicular.


A hipoplasia testicular é um processo patológico genético, determinado por um gene
autossômico recessivo de penetrância incompleta. Essa patologia pode ser uni ou bilateral, total
ou parcial. No caso da hipoplasia total, o animal é infértil (pois os túbulos seminíferos apresentam
apenas células de sustentação); já na hipoplasia parcial, alguns túbulos não apresentam células
germinativas enquanto outros apresentam variados graus de espermatogênese, o que resulta
num animal subfértil (o qual deve obrigatoriamente ser retirado da reprodução, pois pode vir a
transmitir o gene recessivo para sua descendência e propagar a patologia).

9) Conceitue o ciclo do epitélio seminífero (CES).


Ciclo do epitélio seminífero (CES) é um conceito cronológico relacionado à evolução das
associações celulares típicas durante a espermatogênese. Esse conceito determina o tempo
necessário para que os estágios de desenvolvimento espermático vão do estágio I ao estágio XII
(no touro, por exemplo).

11) Qual a patologia prevalente nos espermatozoides de touros com distúrbio de


maturação espermática?
Dentre as diversas patologias espermáticas relacionadas aos distúrbios de maturação,
tem-se que a mais prevalente é a gota citoplasmática proximal.

12) Qual a função da proteína dineína no processo de motilidade espermática?


A dineína é uma proteína estrutural de elevada atividade ATPásica, a qual é responsável
pela união entre os 9 pares de microtúbulos radiais que compõem o axonema. A união entre os
pares de microtúbulos realizada pela dineína é a responsável por possibilitar a motilidade
espermática, tendo em vista que permite o deslizamento das colunas de bras densas e
consequentemente o batimento agelar do espermatozóide.

13) Quais as diferenças estruturais entre a peça intermediária e peça principal da cauda do
espermatozóide?
Ambas as peças (intermediária e principal) apresentam 9 pares radiais de microtúbulos ,
associados a 9 colunas de bras densas, circundando um par central de microtúbulos. No
entanto, a peça intermediária difere-se por apresentar uma bainha de mitocôndrias posicionada
de forma espiralada em torno das colunas de bras densas dessa peça, enquanto na peça
principal não há presença dessa bainha de mitocôndrias.

14) Por que a de ciência da enzima 5-alfa-redutase leva a distúrbios reprodutivos e


fenotípicos no animal acometido por esta síndrome?
A enzima 5-alfa-redutase é a responsável pela conversão de testosterona em DHT (di-
hidrotestosterona), a qual é fundamental na participação de processos como a determinação do
sexo fenotípico (por meio da virilização da genitália externa e sutura da rafe escrotal), o
desenvolvimento e funcionamento das glândulas sexuais acessórias, a modulação da atividade
das células de Sértoli e a espermatogênese. Na de ciência dessa enzima, não há conversar
su ciente de testosterona em DHT e, consequentemente, todos esses processos citados cam
comprometidos.

15) Explique as conversões pelas quais a testosterona deve passar para exercer seu efeito
nos tecidos alvo, as enzimas envolvidas nessa conversão, e as patologias associadas a
falhas nesse processo.
Para exercer seus efeitos no tecido adiposo, músculo e fígado, a testosterona não
necessita ser convertida e se liga diretamente ao receptor de andrógenos, atuando (por meio dos
processo metabólicos associados aos esteróides) intensi cando a síntese proteica,
incrementando a massa muscular e a síntese de bras, e com efeito anabólico generalizado. No
caso do hipogonadismo da testosterona em si, percebe-se fraqueza muscular, letargia e falhas no
anabolismo em geral.

Já para exercer seus efeitos no tecido cerebral e ossos, a testosterona deve ser
convertida em estradiol pela enzima aromatase, para poder promover efeitos como o incremento
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do desenvolvimento ósseo, imprint do sexo cerebral e aumento de libido. No caso do
hipogonadismo por falha na conversão em estradiol, podem ocorrer patologias como a
osteoporose, redução de libido e prejuízo no processo de imprint do sexo cerebral.

Por m, para exercer seus efeitos na genitália masculina, glândulas sexuais acessórias,
pele e pelos, a testosterona deve ser convertida em DHT (di-hidrotestosterona) por ação da
enzima 5-alfa-redutase, e irá agir estimulando o desenvolvimento e funcionamento das glândulas
sexuais, a espermatogênese, o funcionamento das células de Sertoli, a de nição do sexo
fenotípico e o crescimento de pelos característico do macho. No caso do hipogonadismo por
de ciência de 5-alfa-redutase, o animal pode apresentar genitália ambígua e falha na de nição do
sexo fenotípico, subfertilidade, alopecias e disfunção erétil.

16) Quais são possíveis distúrbios que podem causar genitália ambígua em um bovino
Síndrome da persistência dos ductos de Muller (de ciência da produção de AMH pelas
células de Sertoli): prejudica a diferenciacao do sexo gonadal

De ciência de LH ou de seus receptores: prejudica a ativação das células de Leydig para


produção de testosterona

De ciência de 21-alfa-hidroxilase: não há transformação de progesterona em esteróides


pela via delta 4 (que é a mais e ciente em bovinos), resultando na ativação de via alternativa que
gera excesso da produção de andrógenos e masculinizada da fêmea

Síndrome da 5-alfa-redutase: não há conversão de testosterona em DHT

De ciências enzimáticas na síntese de testosterona (por exemplo a 3-beta-HSD)

17) Um cão apresentando a síndrome de Kartagener, da raça pastor alemão, foi usado
como doador de sêmen em um processo de inseminação arti cial de quatro cadelas.
Nenhuma delas cou gestante. Discuta possíveis razões que justi quem esse fato.
Na síndrome de Kartagener, todas as estruturas ciliares do organismo cam prejudicadas,
e isso inclui as estruturas que compõem o axonema do espermatozóide. Na síndrome parcial, há
ausência do braço externo ou interno da dineína no axonema, enquanto na síndrome total ambos
os braços estão ausentes. Dessa forma, pela ausência total ou parcial da dineína, os
espermatozóides têm sua motilidade prejudicada (tendo em vista que a dineína é essencial para o
batimento agelar espermático), o que consequentemente afeta também sua capacidade
fertilizante.

18) Discuta a seguinte a rmativa: “JC-1 é a sonda de eleição para avaliação do potencial
mitocondrial por distinguir os espermatozoides em duas populações diferentes. Dessa
forma, as células com baixo potencial tem a região da peça intermediária corada em
vermelho, enquanto nas células com alto potencial, a peça intermediária se cora em verde.
A diferença na coloração se dá pela maior quantidade de mitocôndrias presentes nas
células com alto potencial, que transformam a visualização do vermelho em verde”
Errada. Por essa técnica da sonda JC-1, as células com maior intensidade metabólica são
coradas de vermelho devido à maior intensidade de atividade da bainha de mitocôndrias.

19) Discuta a a rmativa: “Na coleta de sêmen em equinos, a vagina arti cial deve ser
preenchida com água quente, para permanecer na temperatura de 37-39 oC no momento
da colheita, mimetizando a temperatura normal da cavidade vaginal da égua”.
Errada. A temperatura deve ser de 42 a 45ºC.

20) Discuta a a rmativa: “No exame andrológico, em fazendas de gado de corte, com
touros não condicionados, a colheita de sêmen é realizada por vagina arti cial (VA). As
características físicas do sêmen não variam de acordo com a técnica de colheita, por isso
a VA, por estressar menos os animais, é o método de escolha.”
Errada. O método de escolha para touros não condicionados não é a vagina arti cial, e
sim a eletroejaculação ou a massagem das ampolas dos ductos deferentes. As características
físicas do sêmen variam de acordo com a técnica de coleta, sendo que na eletoejaculação e na
manipulação das glândulas o turbilhonamento é prejudicado e a amostra é mais diluída em
uidos das glândulas vesiculares.
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