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REPOSIÇÃO HORMONAL - AULA 01

Dr. Victor Sorrentino

Bem-vindos a mais um módulo do nosso Vida & Saúde! Nesse módulo a gente vai
conversar sobre as reposições hormonais. Isso será importante para que vocês, mesmo que
não estejam na fase de reposição hormonal, entendam do ponto de vista hoje da ciência
quem são as pessoas candidatas a fazer, quem não é, o porquê, quais são os riscos reais
que existem para reposição hormonal e quais são os potenciais benefícios de fato. Para que
a gente consiga entender isso nesse módulo, a primeira aula obviamente vai ser um
entendimento mais amplo sobre como funciona a produção desses hormônios. É claro que
estou falando aqui de reposição hormonal sexual, de hormônios masculinos e hormônios
femininos, em que ambos, homens e mulheres, produzem os mesmos hormônios, no
entanto, as mulheres mais uns do que outros e os homens mais outros do que uns. Então, a
gente tem como primeira meta, nessa etapa aqui, conhecer um pouco desse mundo, o que
são esses hormônios e como eles são produzidos, para que possamos começar a entender
o que faz com eles sejam produzidos de um jeito ou de outro, o que faz eu ter mais
desequilíbrio de um do que de outro, e como é que eu posso começar a pensar em regulá-
los, ou então, a usar algum artifício medicamentoso para conseguir repor esses hormônios.

Vamos iniciar com essa fisiologia hormonal esteroidais. Por que esteroidais? Parece
que quando a gente ouve “esteroides” fica assustado: “Nossa, um esteroide anabolizante?!”
Sim, a função deles é anabólica e de reparo celular. Então, os hormônios esteroides;
esteroide que vem de uma estrutura, de um anel esteroidal que são construídos a partir de
um anel esteroidal que está dentro do colesterol. Eu pego aquele anel esteroidal e construo
um hormônio, porque isso se dá o nome de esteroide. E quando a gente fala dos sexuais,
nós estamos falando de um segmento deles que confere caracteres masculinos e femininos
a homens e mulheres, mas que também tem diversas outras funções e, infelizmente, a
noção que vocês têm é de que não, é uma coisa para libido ou então para sexo. Porém, não
tem nada a ver com isso, não serve só para conferir caracteres sexuais a homens e
mulheres. Nada a ver com só isso. Isso é parte do processo, pois cada um desses
hormônios desempenha ali 300, 400, 200, 150 funções anabólicas de construção e de
reparo celular, por isso que eles são tão importantes para a gente.

Entendendo um pouco da fisiologia. Como é que acontece a produção? No módulo


passado, quando eu falei lá do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, eu falei rapidamente sobre
como é que acontece a produção: sai do hipotálamo, o CRH, que vai mandar a pituitária
produzir ACTH, isso é um feedback positivo (ou seja, esse manda esse, positivo); quando a
pituitária manda a adrenal produzir o cortisol através do ACTH, que é o hormônio que vai lá
e manda, eu tenho outro feedback positivo, quanto mais eu produzo mais eu produzo o
outro. Mas, quando o cortisol de fato é produzido lá atrás, o que acontece lá na glândula, na
periferia? O cérebro recebe uma mensagem: "Ô! Já deu! Produziu!” Aí eu tenho o feedback
negativo: “Pisa no freio! Já tenho esse hormônio, não preciso mais!” É assim que acontece a
produção de todos os nossos hormônios do nosso corpo, não diferente dos hormônios
esteroides sexuais.

Bom, esse quadrinho aqui, que é muito interessante, resume, sintetiza, exatamente
isso. Eu tenho tanto a pituitária anterior como a posterior, são facetas da pituitária, são muito
pequeninos, mas a gente separa didaticamente em anterior e posterior. Por quê? A pituitária
posterior produz determinados hormônios. A anterior, que é mais importante para a gente,
produz uma gama de hormônios que são muito controladores do nosso corpo, da nossa
saúde, do nosso metabolismo como um todo. Então, toda vez que eu tenho um hormônio
que sai da pituitária (aqui já não está mais o hipotálamo, aqui já é a partir da pituitária),
manda um tecido através de um hormônio. Ou seja, sai do cérebro, chega na glândula no
nosso corpo e lá ele vai inevitavelmente ser positivo, ele vai me mandar aquela glândula,
aquele sistema produzir os seus hormônios. Quando esse sistema produz os seus
hormônios, normalmente, eu recebo uma mensagem que já tem e, por conseguinte, diminui
a produção daquele hormônio através do cérebro. Eu paro de mandar ser produzido, porque
não tenho necessidade.

O cortisol não acontece tanto assim, porque a gente produz muito cortisol e, às
vezes, não tem um feedback negativo, às vezes ele continua mandando, mas isso são
detalhes bioquímicos importantes, contudo, para vocês acho que não convém a gente
explorar tanto, mas a maioria vai acontecer exatamente desse jeito. Então, saí da anterior,
da pituitária anterior, por exemplo, o hormônio luteinizante para homens e mulheres. Esse
luteinizante nos homens vai estimular a produção de testosterona, enquanto que nas
mulheres o recrutamento de folículos, para que elas possam liberar o folículo e, na época
certa, esse folículo, se ele for fecundado, possa se juntar com o espermatozoide e gerar
uma vida. Aí no folículo estimulante o luteinizante vai recrutar, vai liberar aquele folículo.
Quando a gente tem nos ovários o folículo estimulante, ele já faz o estímulo, não é mais o
recrutamento, mas já é um estímulo para que o folículo se desenvolva, o folículo
estimulante, FSH na mulher. Veja bem, vocês não precisam gravar isso, só estou explicando
para vocês que eles acontecem em homens e mulheres. Em homens, o FSH ou o folículo
estimulante, vai provocar a espermatogênese, vai regular a espermatogênese, a fabricação
de espermatozoides.
Por que eu expliquei especificamente esses dois, inicialmente? Porque em homens,
salvo acontecer algum problema, isso de feedback negativo/positivo vai acontecer o tempo
todo. Eu produzo um pico, aí esse pico que foi produzido através de LH e FSH vai
determinar uma quantidade de hormônios circulantes, os quais vão avisar o cérebro, os
tecidos vão avisar ao cérebro que já tem e ele para de produzir, ou produz menos, então, os
impulsos hormonais que a gente tem. Com o passar dos anos, o que acontecerá com os
homens? Ué, se a glândula que produz testosterona, principalmente os testículos, elas vão
envelhecendo e vão produzindo cada vez mais, é natural do cérebro começar a ter que
enviar cada vez mais LH e FSH para o testículo.

É como se em um carro você pisa lá no fundo e ele vai, no meio, e ele vai a 80 km/h,
é o que eu quero. Mas agora, já pisando no meio, o meu carro está envelhecendo, já não
funciona mais. O que eu faço? Eu tenho que pisar um pouco a mais, daqui a pouquinho
pisar um pouco a mais, para que o carro mantenha 80 km/h, e às vezes ele não vai
conseguir, e às vezes você vai pisar tudo e não vai chegar a 80. Esse é o processo de
envelhecimento da produção dos hormônios masculinos. O homem é mais fácil de entender
isso, já a mulher tem uma dança hormonal.

Mas você produz um hormônio lá na pituitária anterior, o LH, e ele vai mandar
produzir a testosterona. O homem com o passar dos anos, com o envelhecimento e também
em decorrência de estresse, sobrepeso, obesidade, excesso de álcool, medicamentos,
inflamações, enfim, tem várias coisas, isso pode fazer com que esse processo fique mais
acelerado, pior. Além disso, que cada vez mais jovens tenham essa disfunção de que se
tem que mandar muito para o testículo que já está danificado, com excesso de radicais
livres e inflamação, para que ele consiga produzir a testosterona dele. Ou, às vezes, até
pior: eu não estou mandando muito, estou produzindo pouco, mas parece que o cérebro não
dá conta, não dá falta disso, o que cria uma disfunção.

Os eixos hormonais podem ser disfuncionais e é cada vez mais comum isso
acontecer para homens e mulheres em função de todas essas exposições que nós temos:
os metais tóxicos fazem isso, o plasticozinho no qual você toma o seu cafezinho, ou então,
na água o bisfenol é disruptor endócrino, o excesso de produtos alimentícios, os estresses,
as drogas, isso tudo pode fazer com que os eixos fiquem disfuncionais. Com isso, aquilo
que é o natural, que seria de enxergar “Opa! Estou produzindo pouca testosterona, eu sou
humano!”. Espera-se que o cérebro vá sentir falta e vai mandar vir mais, pois tem pouco! O
que o cérebro faria: “Opa! Vou produzir mais LH, porque daí se eu fizer isso chegará no
testículo e ele vai produzir mais testosterona”, mas muitas vezes isso não acontece. Ou
seja, nós estamos contanto com o fato de que hoje não é biológico, não é natural, porque
naturalmente isso nunca aconteceria. O envelhecimento se daria sempre da mesma forma,
salvo as pessoas que têm doenças, alterações provocadas por doenças mesmo, mas isso
não vem ao caso nesse momento, pois na maioria é isso.

Como é que aconteceria um envelhecimento? Eu vou diminuindo a produção de


testosterona, com isso, o meu cérebro vai mandando mais é LH, e quando ele manda mais
LH, ele vai tentando regular a testosterona. Só que o testículo está envelhecendo, então,
cada vez menos tem capacidade de produzir com cada vez mais estímulos de LH. O
cérebro sente falta disso. Até que chega a um ponto que está tão baixa essa testosterona e
o LH tão alto, que ocorre a falência do testículo: ele não está mais funcionando. Isso
acontece nas mulheres? Sim, mas em um sistema completamente diferente e difícil de
vocês entenderem, porque ele é cíclico. Mas, normalmente, quando o LH e FSH não
conseguem mais fazer a função deles no ovário, porque este não responde mais, o que
acontece? Tanto LH quanto FSH vão aumentando, aumentando, aumentando, até que
chegue um ponto que na pausa eles fiquem lá no alto. Eles passam de todos os limites, por
quê? Porque eles estão tentando fazer o ovário funcionar e este não está funcionando,
então, eles continuam tentando cada vez mais.

Assim, nós percebemos uma coisa muito interessante: talvez, depois que não
pudéssemos mais produzir esses hormônios já não serviríamos mais para a natureza. É
algo que eu sei que é duro, é ruim de ouvir isso, mas é biológico. O animal na natureza
serve para a natureza enquanto ele tem função de preservação de espécie e de
perpetuação da espécie. No momento em que ele perde a capacidade de se defender, por
seleção natural ele já não serve mais para a natureza. Segundo, porque ele prejudica o
bando. Terceiro, porque quando ele não procria mais, também não tem mais função na
natureza.

Então, nós seres humanos, veja, se cria uma disfunção, os hormônios ficam
desregulados, fora de si. O cérebro não entende que você envelheceu, ele tenta fazer o
testículo e o ovário produzir muito hormônio, porém estes não estão produzindo, e ele sobe,
vai aumentando o hormônio. Isso não causa um problema, um transtorno quando esses
hormônios aumentam no cérebro, pois são tentativas de fazer o corpo produzir, isso porque
o corpo não tem mais capacidade de produzir. Isso é um sinal nítido, inequívoco de que
realmente nós não viemos para viver tanto assim e estamos vivendo.

Assim sendo, é uma questão fundamental da gente entender, porque o primeiro


argumento que pode surgir nesse momento, assim: “Tá, tudo bem, mas era para acontecer,
Victor! Nesse momento em que esses hormônios declinam eu não teria mais porque repô-
los, seria baixo, eles ficariam baixos e está tudo certo”. Será que está tudo certo? E todas as
consequências de um hormônio baixo? “Não, mas filosoficamente eu tenho que aceitar”.
Está bom. Então aceite que quando cai os hormônios a sua libido fica baixa e você não
toma Viagra, se você é homem. Aceite que sua mucosa vaginal está ressecada, mulheres, e
não passe um lubrificante, um hormônio na vagina, ou não passe um laser na vagina. Aceite
que a sua pressão costuma desregular quando os seus hormônios caem, e aceite, não tome
um anti-hipertensivo.

A gente faz isso na medicina, meus amigos? Não. Aí eu venho com uma frase
célebre de um grande professor meu: “A gente não declina os hormônios porque nós
envelhecemos, a gente envelhece justamente porque nossos hormônios declinam muito”. É
claro que os hormônios altos, alguns deles, têm funções durante um período de crescimento
e até de envelhecimento, de amadurecimento, pois chega um momento que a estabilidade
deles é importante, mas, no momento que eles nos faltam, nós temos uma abertura de risco
de diversas condições, de limitações. Dentre estas limitações quando caem esses
hormônios sexuais: alteração de tecido corporal; a mulher fica com um corpo parecido com
o do homem, ela perde as curvas femininas, a mesmo que antes esteja bem feminina, mas
bem feminina é bem bunduda, bem gorda aqui, com coxão, com peitão e tal, isso é mais
feminino. Então, se ela está assim na menopausa, ela vai mudar uma coisa: ela vai ficar um
pouquinho mais quadrada e a barriga um pouquinho mais para frente, é o ficar quadrada na
menopausa. O homem cria tetinhas, vem ficando gordurinha aqui assim no torço, gordurinha
aqui no ladinho, gordurinha nas coxas.

Por que isso acontece? Porque os hormônios declinam. Só que muitas vezes nas
mulheres, elas passam por um período de transição, onde os hormônios antes de declinar
de forma linear, eles ficam desregulados, que é o período do climatério, e sofrem muito. Ou
mulheres que dos 15 anos em diante tem os hormônios desregulados, nós vamos entender
aqui, por quê? Sobrepeso, obesidade, uso de remédios, excesso de álcool,
anticoncepcionais. Assim, como homens da mesma forma, os mesmos erros podem
provocar o quê? Um envelhecimento prematuro desse sistema e uma desregulação do
equilíbrio. Ou, então, hoje a gente lida com situações que não são, definitivamente não são,
biológicas, porque na natureza biologicamente isso não aconteceria, esse desequilíbrio. Não
haveria o homem paleolítico gordo, obeso, não tem como, porque não vai sobrar comida o
tempo todo. Na natureza não tem o animal que é gordo ou magro, tem um animal que
sobrevive, meus amigos, e a comida é distribuída. Como nós temos excesso de comida,
excesso de sedentarismo e estresse, então nós estamos tendo que entender esses
desequilíbrios. Só que no momento em que nós os entendemos e não os regula, o que
acontece? Doenças.
Então, uma pessoa que está ali com problemas, por quê? Porque os hábitos não
foram adequados. E esses hábitos inadequados estão provocando desequilíbrios
hormonais. Ou seja, a culpa é dele ou dela, então, esses hábitos provocam desequilíbrios
hormonais, os quais, por sua vez, acabam provocando outros problemas. E aí, o que
acontece? A pessoa vai naquele outro problema: “Deixa-me ir lá no outro problema”. Não,
peraí, você tem que regular a base, porque esse é um dos problemas determinados por
aquele desequilíbrio hormonal. Portanto, além da base dos hábitos eu devo (segundo ponto,
segundo estepe) regular aqueles hormônios que estão alterados. Terceiro, aí sim, será que
ainda vai ter necessidade de regular as outras consequências que estão acontecendo? Às
vezes não, e aí está resolvido. Então, é fundamental que a gente entenda nesse momento
que esse envelhecimento vai acontecer com todos os sistemas.

Vamos partir aqui para tireoide, por exemplo. Saí lá da pituitária anterior o TSH. Nós
vamos ter um módulo só sobre tireoide. Mas, o sistema é o mesmo aqui: o TSH vai fazer
com que a tireoide produza T1, T2, T3, T4, os hormônios da tireoide, os quais quando
chegam na periferia, as células que recebem eles, os receptores hormonais ficam cheios
deles; e eles avisam o cérebro “Já tem, não precisa mais de tanto”. Aí o TSH vai ficar
balançando sempre mais, não pode ficar muito alto, porque se estiver muito alto significa
que a tireoide está com dificuldade de produzir os hormônios dela. É como se acontecesse
assim: o TSH diz “Saí daqui, estou mandando a tireoide produzir”. A tireoide está aqui. Sai
TSH, pá! Produziu tireoide, maravilha. Agora, eu aviso o meu cérebro que já tem, então, o
TSH não fica alto, fica baixo, é o hormônio que manda a tireoide produzir. Se ele começa a
subir muito é sinal de que a tireoide não está conseguindo produzir os hormônios dela, tem
alguma coisa errada ou está disfuncional.

Então, esse sistema de retroalimentação é crucial que vocês entendam, porque é a


base, é início de tudo, e tem diversas formas de entender. A gente vai ver aqui o que pode
fazer desregular cada sistema, mas, principalmente, em homens e mulheres, a gente vai
dividi-los agora, em que os homens vão ter determinado tipo de desregulação e as mulheres
vão ter outro tipo de desregulação. Antes de falarmos de homem e de mulher, nós vamos
falar de uma coisa que no módulo passado já falamos, inclusive, mostrei esta imagem,
porque nesta aqui aparece a formulação dos hormônios esteroides sexuais e não sexuais
(em amarelo os não sexuais). Eu quero lembrar vocês de que o mais importante para a
nossa espécie são os hormônios não sexuais, porque a sobrevivência é o instinto prioritário
à perpetuação da espécie, “a” com crase.

Se a sobrevivência é o mais importante, é muito mais importante eu produzir aqueles


hormônios mineralo e glicocorticoides, principalmente o cortisol. E, no momento que estou
produzindo mais esses hormônios, o que acontece? Um ou outro fica em segundo plano.
Então, qual é a primeira causa de problemas no nosso sistema de produção de hormônios
sexuais? Estresse, seja ele psicológico ou metabólico. Se você não lembra do estresse
psicológico e metabólico, você vai voltar (vai voltar, acabou essa aula aqui, ou agora
mesmo, pausa e volta) na última aula que eu dei sobre doenças autoimunes e doenças
inflamatórias. “Pô, Victor, mas eu não tenho, eu quero só os hormônios”, mas está tudo
explicado ali, senão terei que repetir para quem já é sócio anual e já assistiu. Aquilo ali é o
sistema inflamatório, isto é, o que que faz você despertar demais esses hormônios do
cortisol e ter um desequilíbrio nos outros.

Neste módulo passado estão as respostas: pode ser aspectos psicológicos ou


metabólicos. O simples fato de você comer uma comida inadequada lhe faz despertar mais
problemas, e você não entende o porquê da sua testosterona ser mais baixa, se você é
homem ou mulher, ou porquê a sua menstruação está errada, ou porque está com ovário
policístico. Nós vamos ter módulo só sobre ovário policístico, um pouco mais a frente,
porque inicialmente, os primeiros módulos tem que agradar gregos e troianos, homens e
mulheres possam aproveitar, mas depois vamos ter coisas, bonos especiais, sobre ovário
policístico, sobre disfunção erétil nos homens, enfim, coisas mais específicas para cada
sexo.

Bom, sabendo que esses são os mais importantes é muito fácil desregular os
hormônios sexuais, não é? É super fácil, porque a gente vive uma vida com muito estresse.
Ou seja, essa curva de envelhecimento, onde os hormônios vão declinando e as nossas
limitações vão aumentando, ela que tradicionalmente aconteceria entre os 40 e 50 anos,
tradicionalmente, quanto que elas passam a acontecer na gente? Não sei hoje. Hoje eu
preciso ver para crer, ver para crer. “À, mas eu tenho 25 anos, 30 anos, não vou fazer
exame, o médico falou que não precisa”. Como não precisa? Quem garante que você está
com um bom equilíbrio hormonal? E mais, quem garante que parte das suas queixas não
vem desse desequilíbrio? Porque os hormônios são os mensageiros, meus amigos, do
corpo todo, são cruciais, fundamentais para todas as nossas funções, para todas as nossas
regulações. Portanto, não é só nessa faixa dos 40, 50 anos que vocês estão vendo aí,
geralmente a gente precisa avaliar. “Não precisamos sair avaliando para todo mundo?”
Olha, há controvérsias. Na minha visão, eu Victor, gosto de enxergar o que está
acontecendo, eu gosto, porque se possível, se puder regular alguma coisa ou descobrir
alguma coisa que está desequilibrada, que pode vir no futuro a provocar um problema, estou
prevenido para que possa regular antes.
Neste outro quadro aqui vocês veem exemplos de algumas coisas que podem alterar
enzimas que são responsáveis pelo o equilíbrio desses hormônios todos. Então, nós temos
enzimas que fazem com que a testosterona vire o estrogênio feminino, enzima que faça com
que o estrogênio seja estradiol ou a estrona (que está em azul), ou as outras formas de
Hidrona-4-OHE 2, 4-hidroxiestrona ou 2-hidroxiestrona ou 16. Tem outros metabólitos que a
gente pode levar para o outro lado, para o cortisol. Enfim, não quero que vocês se tornem
expert nisso, porque boa parte de vocês não é médico e não vai utilizar, especificamente,
cada coisa disso. Isso aqui é para que vocês entendam que dietas impactam nisso, drogas e
medicamentos impactam nessas enzimas (estou dando alguns exemplos ali), inflamação,
problemas genéticos, apneia do sono, hipófise.

Então, tem muita coisa que altera as enzimas e, quando eu altero estas enzimas
(estão vendo ali as CYPs?), eu altero o metabolismo desses hormônios. E alterando o
metabolismo desses hormônios eu tenho, consequentemente, sintomas que se eu não olhar
para os hormônios, às vezes vão parecer que são doenças. Quer um exemplo? Muitas
vezes eu tenho desequilíbrio aqui, um exemplo mais clássico, na produção de testosterona
no homem, até que está normal: “Não, mas está em 400, não é para estar com uma libido
tão ruim, por que estou me sentindo tão mal assim?”. “Á, não, se não tem motivo a gente
vai, primeiro, botar um Viagra, qualquer remédio para ereção”. Olha, pode até ajudar na
ereção, mas e o resto? Testosterona é responsável por mais de 200 funções dentro do
corpo, e o resto? E o risco de depressão, risco de doenças cardiovasculares? Bom, esse é o
exemplo clássico para os homens. Só que tem um problema. Cheguei na testosterona ali, aí
vocês vão ver que tem uma enzimazinha chamada aromatase, que vai estar entre a
testosterona e o estradiol, 17-alfa-estradiol, E2. Se eu não olhar nesse meu estradiol, pode
ser que o problema dele não seja o número de testosterona, mas seja o excesso de
estradiol. O que é muito comum em pessoas com sobrepeso, que têm consumo regular de
álcool, que usam algumas medicações crônicas, que têm muito estresse, que dormem de
má qualidade, que comem errado, que inflamam o intestino. Vocês percebem que se eu não
olhar o estradiol como saberei se o cara está bem eu não está bem? Eu preciso ver a
relação entre eles.

A gente vai explorar um pouco mais ainda para entender isso, mas vocês precisam
entender, inicialmente, nessa bagunça toda aqui, que parece uma bagunça, pois é um
resumo de um sistema, eu preciso que, quando eu quero avaliar alguém, o trivial nem
sempre é o correto. “Não, mas estou com libido, vou ver a testosterona está boa, então, não
é, é outro problema, é falta de Viagra”. De uma hora para outra é falta de Viagra que é o seu
problema. Não, isso vai resolver talvez a ereção, mas tem todas as outras funções
fisiológicas da testosterona. E mais, os problemas do excesso de estradiol.
Sabem o que o excesso de estradiol no homem pode provocar? Crescimento das
mamas (ginecomastia, que já é uma condição que às vezes tem que fazer cirurgia),
crescimento de gordura abdominal, externa e não visceral, e aumento da próstata,
sensibilização da próstata, aumento de risco de doenças prostáticas, inclusive, do câncer
prostático. Pode também levar os homens a ficarem mais irritados, com risco de depressão.
Percebem que em pouco tempo de aula vocês já veem: “Poxa vida! Isso aqui eu deveria
estar medindo no adolescente que está comendo tudo errado, em um jovem!” Não tem
idade, porque o simples fato desta desregulação em um destes dois hormônios pode ser
uma catástrofe para a vida do homem, e pode abrir quadros para tudo que é tipo de queixa
dele.

Por outro lado, nas mulheres é a mesma coisa. Deixe-me dar um outro exemplo das
mulheres aqui, ainda sobre a testosterona. Mulher que tem muita gordura periférica, gordura
branca, assim como homem, ela tem muita aromatase. Aromatase, essa enzima é produzida
pela gordura branca. Então, quanto mais gordura branca eu tiver, mais aromatase eu tenho.
As mulheres já tem que ter bastante, mas o fato é que, se eu tiver em excesso essa
aromatase, a testosterona se converte demais em estradiol, e aí essa mulher fica com
pouca testosterona. Excesso de estradiol para mulher é ruim: risco de ansiedade, de
irritabilidade, de depressão, risco maior de câncer de mama, de mioma uterino, de
endometriose, de tensão pré-menstrual, ganho de peso. Então, esses excessos aqui ou eu
avalio, ou então, clinicamente determino que: “Peraí, está com sobrepeso, come errado, tem
excesso de estresse, toma remédio, anticoncepcional, intestino ruim”. Ou seja, ou eu avalio
ou vai ficar em branco aqui, vai passar em branco. Aí o que acontece? Está faltando no seu
corpo um antidepressivo, um ansiolítico. Os hormônios são os mensageiros aqui, nós temos
receptores desses hormônios no cérebro, no tecido ósseo, tecido adiposo, nas gorduras, no
fígado, no coração, enfim, em todos os órgãos. Os hormônios são interdependentes.

Entendendo esse início, que é um início que eu sei que é denso, então, assistam
novamente. Eu vou parar por aqui, porque já deu uns 30 e pouquinhos minutos e eu quero
que vocês digiram isso, olhem isso. Não precisam estudar, se quiserem estudar maravilha,
para serem médicos agora, apesar de que boa parte dos médicos não entendem nada
disso, até porque às vezes não é a área da maioria das pessoas. E aqui, nós estamos
falando de saúde e daquilo que é importante para iniciar essa compreensão de hormônios
sexuais sem um preconceito e sem um entendimento errôneo do “acho que sei”, “porque eu
não tenho uma idade avançada, então, não preciso medir porque o meu médico falou que é
bobagem”. Não, não é bobagem, vocês já viram tudo que pode acontecer. Certo? Então, até
a próxima aula!
Todos os direitos são reservados para: ALEXANDRE SCHNEIDER MACEDO EIRELE, PS
MUST SOLUÇÕES DE MARKETING ME, KAMILA LIMA MONTEIRO ME.

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