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Critical Reviews™ em Expressão Gênica Eucariótica, 26(4):317–332 (2016)

Nutrição e Diabetes Mellitus: Como estão

interligados?
Kanwal Rehmana e Muhammad Sajid Hamid Akashb

aInstitute of Pharmacy, Physiology and Pharmacology, University of Agriculture, Faisalabad, Paquistão; bFaculdade de
Ciências Farmacêuticas, Government College University Faisalabad, Paquistão

*Envie toda a correspondência para: Muhammad Sajid Hamid Akash, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Government College University Faisalabad,
Paquistão, E-mail: sajidakash@gmail.com ou sajidakash@gcuf.edu.pk

RESUMO: A prevalência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) tem aumentado exponencialmente, e o número de incidências aumenta
a cada dia. O objetivo deste artigo é resumir as evidências experimentais que sustentam a importante associação entre nutrição e
terapia baseada em dieta para o controle e manejo do DM2. Evidências de vários estudos in vitro, in vivo e humanos descobriram
amplamente que a terapia baseada em nutrição enriquecida com vários constituintes fitoquímicos importantes modula o
metabolismo de lipídios e carboidratos e melhora a toxicidade do glicolipo e a resistência à insulina. Além dessas atividades, a
terapia baseada em nutrição também demonstrou melhorar o metabolismo do tecido adiposo e aliviar vários processos pró-
inflamatórios, estresse oxidativo e vias de sinalização sensíveis ao estresse. As recomendações dietéticas para pacientes com
diabetes tipo 2 enfatizam a terapia baseada em dieta e incluem excelentes fontes de fibras alimentares e polifenóis.

PALAVRAS-CHAVE: nutracêuticos, terapia baseada em nutrição, polifenóis dietéticos, fibras dietéticas

Prova do autor
I. INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é considerado uma das

principais doenças crônicas fatais em todo o mundo.
Várias hipóteses e propostas têm sido feitas sobre a
patogênese do DM2, mas dentre elas, a importante que
tem ganhado considerável interesse é que o DM2 é uma
doença autoimune, e várias respostas inflamatórias são
responsáveis por sua progressão.1–3 As respostas
inflamatórias são ativados pela produção excessiva de
vários mediadores pró-inflamatórios, estresse oxidativo
ou ambos.
Esses mediadores pró-inflamatórios causam inflamação
em várias partes do corpo, como ilhotas pancreáticas,
células endoteliais e tecidos adiposos, hepáticos e
periféricos por meio de processos que envolvem inúmeras
vias de transcrição. Os principais indutores desses
mediadores pró-inflamatórios e do estresse oxidativo são
a hiperglicemia e a dislipidemia,1 como confirmado por
inúmeros estudos experimentais.
Embora os medicamentos antidiabéticos atualmente
usados melhorem os sintomas do DM2, eles também
podem causar várias complicações, principalmente ganho
de peso, hipoglicemia transitória, problemas cardíacos.
lemas e infecções respiratórias, gástricas e urinárias.2
Com base em evidências experimentais, várias estratégias
de tratamento antiinflamatório têm sido aplicadas. Entre
eles, o antagonista antiinflamatório natural da família das
citocinas da interleucina-1, ou seja, o antagonista do
receptor da interleucina 1 (IL-1Ra), ganhou considerável
atenção porque bloqueia competitivamente a ação da
interleucina 1 beta (IL-1ÿ).4– 6 No entanto, devido à meia-
vida biológica curta do IL-1Ra, ele apresenta algumas
limitações e várias estratégias de tratamento foram
adotadas para superar esse problema.7,8
Como o estresse oxidativo e os mediadores pró-
inflamatórios desempenham seus papéis decisivos para
a progressão do DM2, as plantas estão sendo
consideradas como uma estratégia alternativa de
tratamento para curar os sintomas do DM2 por serem
ricas fontes de antioxidantes e componentes
antiinflamatórios. Medicamentos à base de plantas têm
sido utilizados para o manejo de diversas doenças desde
a antiguidade, e recentemente essa estratégia de
tratamento tem sido considerada muito importante por
não apresentarem efeitos tóxicos conhecidos.9 Além
disso, vários estudos epidemiológicos indicam que uma dieta enriquecida co

1045-4403/16/$35,00 © 2016 Begell House, Inc. www.begellhouse.com 317

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318
capacidade oxidante e que os compostos polifenólicos
previnem significativamente tanto o DM2 quanto seus
fatores predisponentes associados.10–15 Devido à
importância dos tratamentos dietéticos à base de plantas, o
termo nutracêutico foi introduzido.16 Considerando o
impacto significativo dos nutracêuticos no DM2, temos
focado principalmente em resumir o papel emergente das
estratégias de tratamento baseadas em nutracêuticos para
o manejo do DM2.
II. METODOLOGIA DE PESQUISA
Usamos diferentes bancos de dados eletrônicos para
pesquisar a literatura científica inglesa sobre diabetes
mellitus e terapia baseada em nutrição, incluindo estudos in
vitro, in vivo e humanos com design apropriado. Além disso,
também consideramos artigos de revisão de boa qualidade
para nosso estudo. Primeiro, descrevemos brevemente os
nutracêuticos e, em seguida, resumimos os dados
experimentais e epidemiológicos que mostram como os
Prova do autor
nutracêuticos e os suplementos alimentares melhoram os
sintomas do DM2.
III. O QUE SÃO NUTRACÊUTICOS?
Há uma famosa declaração “hipocrática” que diz “deixe o
alimento ser seu remédio e o remédio ser seu alimento”. A
relação entre alimento e medicamento está cada vez mais
próxima, e o alimento usado como medicamento agora
recebeu um nome: nutracêutico. Os nutracêuticos fornecem
a forma concentrada de agentes bioativos de plantas com o
objetivo de curar doenças humanas. A quantidade de
agentes bioativos presentes nos nutracêuticos é maior do
que nos alimentos normais.17 Os nutracêuticos são
considerados substancialmente seguros, com menos efeitos
secundários do que muitos medicamentos convencionais
prescritos rotineiramente para o tratamento de certas
doenças. Os nutracêuticos também são conhecidos como
alimentos funcionais, pois proporcionam benefícios à saúde
ao reduzir ou minimizar o risco de certas doenças além de
fornecer o valor nutricional básico. O principal problema
para a produção de nutracêuticos é que os teores de
constituintes bioativos de uma planta variam dependendo
de vários fatores de crescimento, notadamente temperatura,
umidade, clima, clima e
Rehman e Akasha
composição do solo. Esses fatores são considerados muito
importantes na manutenção da uniformidade do conteúdo
do agente bioativo presente nos nutracêuticos. Também
precisamos de técnicas analíticas avançadas para identificar
suas estruturas e bioatividade.18
4. NUTRACÊUTICOS E DIABETES
MELLITUS
Estratégias baseadas em nutrição para o tratamento do
DM2 são mais importantes para o manejo do diabetes e
suas complicações associadas. Os nutracêuticos e os
componentes bioativos dos alimentos nutricionais estão
sendo considerados como uma nova modalidade de
tratamento para melhorar os sintomas patofisiológicos do
DM2 e suas complicações associadas.19,20
A. Polifenóis dietéticos
Os polifenóis são componentes fitoquímicos naturais que
são metabólitos secundários e são abundantes em vários
alimentos à base de plantas, principalmente frutas, vegetais,
grãos integrais, legumes, frutas vermelhas, chá, kiwi, café,
cereja, maçã, cacau e pêra.11,21 ,22 Até agora, mais de
8.000 polifenóis foram identificados em diferentes alimentos.
Entre eles, os mais importantes são os ácidos fenólicos,
flavonóides, estilbenos, lignanas e lignanas poliméricas.15
Um terço dos compostos polifenólicos são ácidos fenólicos
que são ainda classificados em dois tipos principais; (1)
derivados de ácido hidroxibenzóico, que incluem ácido
protocatecuico, ácido gálico, ácido p-hidroxibenzóico; e (2)
derivados do ácido hidroxicinâmico, que incluem ácido
cafeico, ácido clorogênico, ácido cumárico, ácido ferúlico e
ácido sinápico.22 Os flavonóides são os compostos
polifenólicos mais abundantes que estão presentes na dieta
humana, e 4.000 tipos de flavonóides foram identificados
fiado. Os flavonóides são ainda classificados em seis tipos
principais, notadamente antocianinas, flavonóis, flavanonas,
flavonas e isoflavonas.15,22
Os polifenóis dietéticos são enriquecidos com
capacidade enzimática antioxidante e são relatados como
tendo várias atividades biológicas.23 Estudos experimentais
demonstram claramente que os polifenóis dietéticos são os
principais responsáveis pela absorção tardia de
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Nutrição e Diabetes Mellitus
carboidratos no intestino via modulação de várias enzimas
que estão envolvidas no metabolismo da glicose.24,25 Além
disso, os polifenóis também regulam a homeostase hepática
da glicose26 e a captação periférica de glicose em tecidos
sensíveis à insulina e não insulina por meio da ativação de
transportadores de glicose, como o transportador de glicose
tipo 4 (GLUT4) e a via da proteína quinase ativada por AMP
(AMPK).27
O estresse oxidativo induzido pela glicotoxicidade é um dos
principais fatores críticos responsáveis pelo desenvolvimento
do DM2,1,28,29 enquanto os compostos polifenólicos têm a
capacidade de proteger as células ÿ das ilhotas pancreáticas
dos efeitos deletérios do estresse oxidativo, potencializando
o antioxidante natural capacidade e inibir a peroxidação
lipídica.30 Estudos experimentais provaram que os polifenóis
dietéticos têm a capacidade de modular várias vias de
sinalização celular, notadamente proteínas quinases ativadas prandial e a tolerância à glicose, atenuando a secreção de
por mitógeno (MAPK), fator nuclear kappa-B (NF-ÿB), GLP-1 e GIP.36,37
proteína ativadora 1 DNA ligação (AP-1) e proteína quinase
regulada por sinal extracelular (ERK).23 Devido às diversas
Prova do autor
propriedades biológicas dos polifenóis, eles são considerados
uma terapia baseada em dieta apropriada para o manejo de
vários aspectos do DM2.
1. Efeitos anti-hiperglicêmicos dos
polifenóis
A hiperglicemia e a glicotoxicidade são os fatores que
provocam decisivamente a patogênese do DM2.
Vários fatores são responsáveis pela indução da
hiperglicemia, mas os mais críticos são metabolismo de
carboidratos prejudicado, aumento da resistência à insulina
nos tecidos periféricos, aumento da gliconeogênese,
depleção do armazenamento de glicogênio, aumento da
produção hepática de glicose, defeito nas vias de sinalização
da insulina e disfunção das células ÿ. que prejudica a
secreção de insulina.1,2 Evidências experimentais coletadas
de modelos animais experimentais in vitro e ensaios clínicos
indicam que os polifenóis dietéticos têm o potencial de
modular o metabolismo de carboidratos, homeostase da
glicose, absorção intestinal de carboidratos dietéticos, vias
de sinalização de insulina, sensibilidade à insulina em
tecidos periféricos e produção hepática de glicose.24,25,31,32
ÿ-glicosidase e ÿ-amilase são as principais enzimas
responsáveis pela conversão
Volume 26, Edição 4, 2016
319
carboidratos dietéticos em glicose, enquanto polifenóis
dietéticos, especialmente flavonóides, ácidos fenólicos e
taninos, diminuem o metabolismo de carboidratos por inibir
a ativação de ÿ-glicosidase e ÿ-amilase.24,33 Transportadores
de glicose dependentes de Na+, como o tipo de transportador
ligado à glicose-só 1 (SGLT1) e o transportador de sódio-
glicose tipo 2 (SGLT2) são responsáveis pela absorção de
glicose do intestino, enquanto os polifenóis inibem a ativação
de SGLT1 e SGLT2.34,35 Os polifenóis mais notáveis com
atividade inibitória incluem quercetina, catequinas ,
naringenina, epicat echins, ácidos tânicos, ácidos ferúlicos,
ácidos cafeicos e ácidos clorogênicos. Da mesma forma, a
secreção de polipeptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1)
e polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP)
causa hiperglicemia pós-prandial e intolerância à glicose.
No entanto, os polifenóis da dieta melhoram a glicemia pós-
O metabolismo dos carboidratos e a homeostase do
metabolismo hepático da glicose regulam principalmente os
níveis de glicose no sangue. Vários estudos revelaram que
uma variedade de polifenóis dietéticos, principalmente ácido
ferúlico, hesperidina e naringina, facilitam a normoglicemia
potencializando a atividade da glucoquinase hepática e o
conteúdo de glicogênio. Esses polifenóis dietéticos também
suprimem as atividades da glicose-6-fosfatase e
fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK), que também
normalizam os níveis de glicose no sangue . a regulação
positiva de PEPCK.40 AMPK é uma das vias mais
importantes que inibem a produção de glicose a partir da
gliconeogênese, e o galato de epigalocatequina (EGCG), um
polifenol do chá verde, demonstrou ativar a AMPK.41 No
entanto, a captação e/ou uso de glicose na tecidos periféricos
e adiposos é regulado principalmente pelas enzimas chave
GLUT4 e AMPK.
Quercetina, resveratrol e EGCG foram relatados para
aumentar a captação de glicose nos tecidos periféricos e
adiposos.42,43
A insulina é secretada pelas células ÿ das ilhotas
pancreáticas, e a disfunção das células ÿ pode prejudicar a
secreção de insulina. Em condições normais, a glicose estimula o
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320
secreção de insulina via sinalização de AMP cíclico/proteína
quinase A. Vários estudos mostraram que isofla vones,
particularmente genisteína, têm efeitos surpreendentes nas
células ÿ das ilhotas pancreáticas, exibindo os efeitos
agonísticos no AMP cíclico/proteína cinas A.44,45
O estresse oxidativo é um dos mais críticos
fatores que induzem a patogênese do DM2 por meio de
seus efeitos drásticos nas células ÿ das ilhotas pancreáticas,
levando à secreção prejudicada de insulina. Nos tecidos
periféricos, no entanto, ocorre resistência à insulina e
intolerância à glicose.1,2,28,29 Estudos realizados com
resveratrol, um dos polifenóis conhecidos, revelaram que
ele pode proteger significativamente as células ÿ da
hiperglicemia e dos danos induzidos pelo estresse oxidativo
.30,46 As antocianinas extraídas do bayberry chinês também
exibiram efeitos protetores nas células ÿ das ilhotas
pancreáticas contra danos induzidos pelo estresse oxidativo,
modulando várias vias de sinalização, incluindo ERK1/2, PI3K/
Akt e heme oxigenase 1,43
Prova do autor
2. Efeitos antioxidantes dos polifenóis
Como mencionado anteriormente, o estresse oxidativo é um
dos fatores patogênicos responsáveis não apenas pelo
desenvolvimento do DM2, mas também pela progressão de
várias outras complicações microvasculares e
macrovasculares associadas.47,48 A inibição do estresse
oxidativo pode prevenir o aparecimento dessas complicações. complicações.
Os compostos polifenólicos e seus metabólitos ativos são
considerados potentes fitoquímicos antioxidantes com
capacidade de reduzir a formação de hidroperóxidos, EROs
e radicais livres . , NADH oxidase, xantina oxidase,
monooxigenase microssomal, lipoxigenase e ciclooxigenase.
Além disso, os polifenóis também demonstraram melhorar
o sistema de defesa antioxidante endógeno, levando a um
equilíbrio entre as funções oxidante e antioxidante.
3. Efeitos dos polifenóis nos adipócitos
Metabolismo
Os adipócitos também desempenham um papel fundamental na
facilitação da moglicemia e da função de secretária das células ÿ por liberação
Rehman e Akasha
adipocitocinas. Adiponectina e leptina são bem conhecidas
como adipocitocinas. Essas duas citocinas exercem seus
efeitos imunomoduladores na patogênese do DM2. A
adiponectina exerce seus efeitos antiinflamatórios, enquanto
a leptina é um agente pró-inflamatório e induz a apoptose
nas ilhotas pancreáticas via indução de IL-1ÿ. A disfunção
dos adipócitos está principalmente associada ao
comprometimento das células ÿ e da secreção de insulina e
à indução de resistência à insulina nos tecidos periféricos e
adiposos . vários receptores celulares ou vias de sinalização
chave na lipogênese.51,52
As antocianinas também foram relatadas para melhorar a
sensibilidade à insulina nos tecidos adiposos, modulando a
secreção de adipocitocinas dos adipócitos.
Além disso, as antocianinas também podem diminuir o
acúmulo de gordura nos tecidos adiposos, aumentando a ÿ-
oxidação.53,54
4. Efeitos dos Polifenóis Dietéticos no
Metabolismo de Carboidratos
O metabolismo dos carboidratos e a homeostase da glicose
são os principais reguladores dos níveis de glicose no
sangue. Quaisquer anormalidades no metabolismo de
carboidratos e na homeostase da glicose podem influenciar
diretamente a normoglicemia. Uma variedade de polifenóis
dietéticos, notadamente antocianinas, flavanonas,
proantocianidinas, catequinas, elagitaninos, flavonas,
flavonóis e isoflavonas, desempenham um papel fundamental
no metabolismo de carboidratos e na homeostase da glicose
(Figura 1), inibindo as atividades de ÿ-amilase, ÿ- glucosidase
e glucoquinase hepática.25,55–57 Além disso, os polifenóis
dietéticos também regulam o metabolismo de carboidratos
e a homeostase da glicose inibindo a absorção de glicose
no intestino34,58 e aumentando a captação de glicose nos
tecidos periféricos e adiposos.59–61 Além disso, , polifenóis
dietéticos também são relatados para ativar a AMPK
hepática e suprimir a gliconeogênese41,62
que
finalmente regula a homeostase da glicose.
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Nutrição e Diabetes Mellitus 321

Prova do autor
FIGO. 1: Alvos terapêuticos dos polifenóis. Os efeitos hipoglicêmicos dos polifenóis são atribuídos principalmente à redução
da absorção intestinal de carboidratos da dieta, modulação das enzimas envolvidas no metabolismo da glicose, melhora da
função das células ÿ e ação da insulina e estimulação da secreção de insulina.

5. Efeitos protetores dos polifenóis na prevenção são responsáveis pela secreção de insulina ou pela utilização
de complicações associadas ao diabetes de glicose.

As complicações associadas ao diabetes são críticas e
potencialmente fatais. Foi relatado que os polifenóis
dietéticos têm efeitos preventivos e curativos notáveis contra
várias complicações associadas ao diabetes, notadamente
microangiopatia, fibrose mesangial e glomeruloesclerose.63–
66
B. Fibras Dietéticas
A fibra dietética é encontrada em uma variedade de frutas,
vegetais, legumes e grãos integrais. Existem dois tipos de
fibra alimentar: fibra solúvel, que se dissolve em água, e
fibra insolúvel, que não se dissolve em água.
Além dos inúmeros papéis benéficos dessas duas fibras no

Os estudos mencionados nas seções anteriores
elucidam claramente a capacidade dos polifenóis da dieta
de curar e prevenir favoravelmente a patogênese do DM2,
interagindo com várias enzimas responsáveis pela produção
de glicose e vias de sinalização que
trato gastrointestinal (TGI), vários pesquisadores forneceram
evidências de que ambos os tipos de fibra alimentar têm
papéis significativos no manejo e controle do DM267-69 ,
melhorando os fatores fisiopatológicos que induzem isto.

Volume 26, Edição 4, 2016

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322
1. Efeitos anti-hiperglicêmicos da dieta
Fibra
A absorção de glicose no intestino está diretamente
associada aos níveis de glicose no sangue. A presença de
fibra alimentar no TGI inibe a absorção de glicose e frutose,
o que acaba por diminuir o nível de glicose no sangue.70–
72 Recentemente, uma meta-análise de vários estudos foi
realizada para investigar os efeitos de uma dieta rica em
fibras na níveis de glicose no sangue. Os resultados deste
estudo indicaram que os níveis de glicose no sangue
diminuíram em um terço dos participantes do estudo.
Também foi constatado que a fibra dietética é responsável
pela redução da glicemia.73,74 Outro estudo relatou que a
fibra dietética leva à redução da glicemia pós-prandial por
suprimir a atividade da alfa-glicosidase.75
2. Efeitos da fibra alimentar na sensibilidade
à insulina
Prova do autor
A resistência à insulina também é um dos fatores
responsáveis pela patogênese do DM2. A resistência à
insulina ocorre nos tecidos periféricos e adiposos quando a
captação e utilização de glicose diminuem e, como resultado, oxidativo induzido por peróxido de hidrogênio em células
ocorre hiperglicemia. Vários fatores são responsáveis pela endoteliais humanas cultivadas . compostos antioxidantes
indução da resistência à insulina (Fig. 2). Foi relatado que o
uso a longo prazo de fibra dietética, principalmente amido
resistente dietético, aumenta a sensibilidade à insulina, o
que acaba levando ao aumento da captação de glicose nos
tecidos periféricos e diminuição do armazenamento de
triglicerídeos nos músculos.76,77
C. Suplementos Nutracêuticos em T2DM
A resistência à insulina é um dos principais fatores
causadores da patogênese do DM2. Vários fatores estão
envolvidos para induzir a resistência à insulina (Fig. 2).
Entre vários fatores causadores descritos na Figura 2, o
estresse oxidativo é considerado um fator crítico no
desenvolvimento da resistência à insulina em tecidos
periféricos e adipócitos. Evidências experimentais indicam
que a resistência à insulina está associada à disfunção
mitocondrial, que é um local importante para a produção de
estresse oxidativo.78 Derosa et al.79
descreveu brevemente o papel dos nutracêuticos para a
Rehman e Akasha
manejo do DM2, mas nas seções a seguir, resumimos as
evidências experimentais de como os suplementos
nutracêuticos exibem efeitos antidiabéticos em diferentes
órgãos e tecidos (Fig. 3).
1. L-Carnitina
O suplemento nutracêutico l-carnitina (ÿ-hidroxi ÿ-
trimetilaminobutirato) é um composto natural semelhante a
uma vitamina e é um componente onipresente dos tecidos
e plasma de mamíferos. As principais fontes de l-carnitina
são carne, laticínios e biossíntese de lisina e metionina. Os
ácidos graxos são a principal fonte de produção de estresse
oxidativo nas mitocôndrias e podem causar danos
mitocondriais através do aumento dos níveis de ROS e ÿ-
oxidação.2
A l-carnitina exibe efeitos hipolipemiantes ao facilitar a
eliminação de ácidos graxos de cadeia curta e média que
se acumulam nas mitocôndrias.79 Calò et al.80 investigaram
o papel benéfico da l-carnitina na expressão gênica e
proteica do estresse oxidativo–
proteínas relacionadas (óxido nítrico sintase endotelial e
heme oxigenase 1) na presença ou ausência de estresse
(ÿ-tocoferol e Trolox).
Além disso, Lee et al.81 investigaram os efeitos lipolíticos
da l-carnitina em adipócitos 3T3-L1 e descobriram que a l-
carnitina poderia estimular a lipólise e a ÿ-oxidação, que
suprimem o acúmulo de lipídios nas mitocôndrias. O
estresse oxidativo também é responsável pelo início de
vários mediadores pró-inflamatórios e vias de transcrição
que são os principais fatores causadores da patogênese do
DM2.1 Em vários estudos recentes, a l-carnitina exibiu
melhores efeitos terapêuticos em pacientes com diabetes
tipo 2, reduzindo peso, hiperglicemia, lipidemia e níveis de
vários marcadores pró-inflamatórios.82,83
Além disso, esses estudos também revelaram que a l-
carnitina tem melhores efeitos terapêuticos em combinação
com orlistat ou sibutramina quando comparada com orlistat
ou sibutramina isoladamente.84,85
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Nutrição e Diabetes Mellitus 323

Prova do autor
FIGO. 2: Causas da resistência à insulina. Existem vários fatores que podem potencializar a resistência à insulina nos tecidos
periféricos. Estes incluem hiperglicemia (devido ao aumento da produção hepática de glicose, diminuição da captação celular
de glicose) e anormalidades no metabolismo da gordura (dislipidemia) que também podem potencializar a secreção de vários
mediadores pró-inflamatórios. Esses mediadores nas ilhotas pancreáticas podem causar a disfunção das células ÿ, o que
acaba levando à resistência à insulina. As vias intracelulares, como JNK e IKKÿ, e fatores genéticos também estão associados
à resistência à insulina.

2. Ácido ÿ-Lipóico al.,89 o ácido ÿ-lipóico melhorou significativamente a

sensibilidade à insulina em termos de HOMA e aumentou a
O ácido ÿ-lipóico, também conhecido como ácido 1,2- capacidade antioxidante nos tecidos cardíacos. AMPK é
ditiolano-3-pentanóico e ácido tioctico, contém uma ligação uma das principais enzimas que modulam vários fatores
dissulfeto. É um potente antioxidante que é sintetizado no causadores responsáveis pela patogênese do DM2.90–92
fígado. No corpo humano, o ácido ÿ-lipóico está presente Foi relatado que o ácido ÿ-lipóico exibe efeitos antiobesidade
na forma de complexos multienzimáticos que desempenham através da inibição da AMPK no hipotálamo.93
um papel fundamental na oxidação da glicose.86 Estudos Além disso, também foi relatado que a ÿ-lipóica aumenta a
experimentais confirmaram que o ácido ÿ-lipóico pode sensibilidade à insulina e a captação de glicose nos tecidos
aumentar a utilização de glicose nos tecidos periféricos e periféricos pela ativação da AMPK nos músculos
suprimir a modificação de proteínas. 87 esqueléticos.94
Além disso, o ácido ÿ-lipóico também tem sido usado para
tratar a neuropatia diabética.88 O estresse oxidativo é um 3. Berberina
dos principais fatores causadores da patogênese do DM2.1
Uma dieta rica em gordura é uma causa de estresse A berberina é um alcalóide isoquinolínico e é o principal
oxidativo, e em estudo recente conduzido por Thirunavukkarasuconstituinte
et fitoquímico ativo da

Volume 26, Edição 4, 2016

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324
FIGO. 3: Alvos terapêuticos de suplementos nutracêuticos.
Prova do autor
planta herbácea Coptis chinensis, que tem uma história
muito longa como um potencial agente terapêutico para
o tratamento de DM2.95–97 Yin et al.98 relataram que a
berberina diminuiu significativamente a glicemia de jejum,
triglicerídeos plasmáticos, HbA1c e glicose pós-prandial,
tanto em pacientes diabéticos recém-diagnosticados
como mal controlados. Em outro estudo,61
A berberina apresentou resultados semelhantes aos observados expressão de PPAR-ÿ e NF-ÿB, mas aumentou a
por Yin et ai. A berberina aumenta a expressão de
insulina99 e receptores de lipoproteína de baixa
densidade98 em vários modelos de roedores. Além disso, cromo112 foram relatados para prevenir retinopatia e
a berberina também pode modular vários fatores
causadores no desenvolvimento de DM2, ativando a AMPK nos
e tecidos periféricos. 101,102
4. Cromo
O cromo é um oligoelemento que está presente em sua
forma trivalente em diversos vegetais (brócolis, cogumelos,
grãos integrais, arroz, cereais, batatas, legumes frescos),
carnes (peito de frango, coxas de frango, frutos do mar,
peixes), ovos, e produtos lácteos. Demonstrou-se que o
cromo regula o metabolismo da glicose e aumenta a
eficiência dos receptores de insulina para potencializar a
ação da insulina, e sua deficiência está associada à
tolerância diminuída à glicose.103,104
Rehman e Akasha
Vários estudos investigaram os potenciais terapêuticos
de diferentes formas de cromo, principalmente cromo
orgânico,105 cloreto de cromo,106,107 e picolinato de
cromo,108–110 contra o DM2. Nesses estudos, o cromo
diminuiu mais eficientemente os níveis de glicose no
sangue em jejum e pós-prandial em pacientes com
diabetes tipo 2. Além disso, o cromo também diminuiu a
expressão do substrato do receptor de insulina 1.
Recentemente, histidinato de cromo111 e picolinato de
macroangiopatia induzidas por diabetes em ratos com
estreptozotocina
hepatócitos100induzida diabetes.
5. Magnésio
O magnésio é um oligoelemento muito importante que
está amplamente presente em uma variedade de frutas
(bananas, frutas secas, abacates e nozes), vegetais
(legumes de folhas escuras), frutos do mar, iogurte, peixe
e chocolate amargo. Como cofator em várias vias
enzimáticas envolvidas na oxidação da glicose, o
magnésio modula o transporte de glicose através da
membrana celular. Além disso , o magnésio também
aumenta a secreção de insulina das células ÿ das ilhotas
pancreáticas e a sensibilidade à insulina nos tecidos periféricos.
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Nutrição e Diabetes Mellitus
A deficiência de nesium, também conhecida como hipomagnesemia, há duas décadas, não há legislação específica para controlar a
pode causar resistência à insulina em pacientes diabéticos.
6. Ácidos graxos poliinsaturados ômega-3
Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (PUFA ÿ-3) têm sido
usados para a prevenção e controle de várias doenças
cardiovasculares.113,114 No DM2, a lipotoxicidade e/ou
dislipidemia também potencializam o estresse oxidativo e vários
mediadores pró-inflamatórios que acabam por causar DM2
evidente. No entanto, ÿ-3 PUFA foi relatado para regular os níveis
aumentados de vários perfis hiperlipidêmicos.115–117
V. DIETA NUTRICIONAL MÉDIA PARA
PACIENTES DIABÉTICOS
Uma dieta balanceada não só controla a hiperglicemia, mas
também regula todo o metabolismo que acaba por melhorar os
sintomas do DM2 e suas complicações associadas.10 De acordo
Prova do autor
com a idade e sexo, cada paciente diabético tem necessidades
calóricas específicas e, mantendo o tratamento o mais simples
possível , é necessário conscientizar os pacientes diabéticos
sobre a importância de uma alimentação balanceada para o
controle dos sintomas do diabetes. O aconselhamento educacional
contínuo de pacientes diabéticos pode melhorar a saúde do
paciente.
Existem recomendações publicadas de várias sociedades
científicas sobre quantas calorias devem ser incluídas na dieta
(Tabela 1).79 Essas recomendações estão disponíveis online
para o atendimento de pacientes diabéticos.118,119 A maioria
das sociedades científicas recomenda que a dieta inclua fibras,
frutas , legumes, leguminosas e cereais. Além disso, há evidências
crescentes de investigações epidemiológicas que ilustram que o
suplemento dietético com quantidades enriquecidas de compostos
antioxidantes e polifenólicos está diretamente relacionado à
redução dos riscos de DM2 e suas complicações associadas.15,120
VI. QUESTÕES REGULATÓRIAS
PARA NUTRACÊUTICOS E SUPLEMENTOS
ALIMENTARES
Desde que o termo nutracêutico foi criado em torno de
Volume 26, Edição 4, 2016
325
fabricação e garantia de qualidade de nutracêuticos, especialmente
na Europa, e eles têm sido considerados sob as mesmas leis que
regulam os medicamentos.18 De acordo com o US Dietary
Supplement Health and Education Act 1994 , suplementos e
nutracêuticos não precisam passar pelo mesmo rigorosodeprocesso
aprovação e comprovar a segurança e eficácia a serem
comercializados como os demais medicamentos terapêuticos
(http://www.cfsan.
fda.gov/dms/dietsupp.html). Nos Estados Unidos, a Food and
Drug Administration dos EUA regula os nutracêuticos sob um
conjunto de regulamentos e diretrizes diferentes daqueles que
são usados para alimentos e medicamentos convencionais.17
Recentemente no Paquistão, a legislação intitulada “Drug
Regulatory Authority of Pakistan (DRAP)” foi aprovado em 2012,
e exige que as indústrias de fabricação de fitoterápicos e/ou
nutracêuticos sejam registradas na DRAP (www.dra.gov.
pk). O papel fundamental da DRAP é regular a garantia de
qualidade e os níveis farmacêuticos desses nutracêuticos. Até
agora, cerca de 5.000 indústrias de ervas se registraram na DRAP.
A implementação de diretrizes regulatórias melhorará a segurança
e eficácia dos suplementos nutricionais contra uma variedade de
doenças.
VII. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS FUTURAS
Neste artigo, nos concentramos no papel emergente dos
nutracêuticos para o gerenciamento do DM2. As evidências
experimentais e epidemiológicas indicam que o uso de
nutracêuticos para o tratamento do DM2 é uma tendência
emergente nos cenários atuais.
Tendo em vista os efeitos benéficos dos nutracêuticos sem
qualquer toxicidade conhecida, legislações como a DRAP no
Paquistão foram feitas para regular o processo de fabricação e a
garantia de qualidade dos nutracêuticos. Várias organizações
como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Academia
Mundial de Ciências (TWAS) e a Fundação Científica do Paquistão
(PSF) alocaram fundos especiais e também incentivaram jovens
pesquisadores e cientistas a trabalhar na área de nutracêuticos.
Os avanços em nutracêuticos mudaram a mentalidade
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326 Rehman e Akasha

TABELA 1: Dieta nutricional média para diabéticos recomendada por diferentes sociedades científicas (adotada de Derosa et al.)79

Parâmetros Diabetes Europeu Diabetes americano e Diabetes canadense

Associação Associação de Nutricionistas Associação

Proteínas 10%–20% TIC 15%–50% TIC 15%–20% TIC

Carboidratos 45%–60% >130 g/1.000 kcl 45%–60% TIC

Baixo índice Sim Benefício modesto Sim

glicêmico

Açúcar 50 g/dia Sem limites dentro do conteúdo total <10% TIC

Fibra >40 g/dia 14 g/1.000 kcl 25-50 g/dia

Gorduras totais <35% TIC Personalizado <35% TIC

Gorduras saturadas <10% TIC <7% TIC <7% TIC

Gorduras <7% TIC >2 peixes/semana <10% TIC

poliinsaturadas

Gorduras 10%–20% TIC Sem referência Use em vez de saturado

monoinsaturadas

Colesterol <300% TIC <200% TIC

Ácidos graxos ômega-3 2–3 porções de peixe por semana >2 porções de peixe por semana Consuma tanto peixe quanto

Prova do autor
plantas
Álcool <10 g (mulheres) 1 copo/dia (mulheres) 2 Limite de 1/dia (mulheres)

<20 g (homens) copos/dia (homens) 2/dia (homens)

TIC, ingestão de calorias totais; kcl, quilocalorias

sobre o T2DM, para que deixe de ser considerado um 2012;101(5):1647–58.

flagelo que era tipicamente retratado na antiguidade.
Na verdade, é uma doença que pode ser tratada e
manejada adequadamente com o uso adequado de
nutracêuticos. As evidências experimentais de
nutracêuticos demonstram que o uso de suplementos
alimentares está sob o controle de indivíduos e
pacientes diabéticos podem alterar a gravidade de seu
diabetes com o uso de suplementos alimentares. Assim,
recomendamos a adoção a longo prazo de uma dieta
saudável para obter os efeitos mais benéficos.
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