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# 01
poesiabr
# 01
vol. 1
1ª edição
São Paulo, julho/2022
Organização, capa e projeto gráfico:
Editora Versiprosa
ISBN 978-65-997486-9-1
CDD B869.91
22-3048611 CDU 82-1(81)
13
DE FRENTE PARA O MAR
16
DELÍRIO
Sinto-me perplexa, uma incógnita que atormenta duvidando até das verdades,
Perdoa-me, os meus desejos são realidades fingidas,
Talvez sonhos, alucinações ou até mesmo recordações,
Tenho medo do furor das tempestades sombrias.
17
É por lá que sopra o vento, despertando sentimentos,
Que fazem recuperar sentidos, trazendo de volta a simples canção;
Em um tom sereno que toca o coração.
Alessandra Damascena
18
UMA PENITÊNCIA PARA O IMORTAL
Alex Costa
19
HELENA
Passava Helena,
E em sua direção vinham palavras
Desejos e as inquietudes de olhares
Vinham pétalas de acalento
Acordes em sonetos
Sussurros soprados ao vento
Helena passava e a vida por um instante parava para admirar suas curvas
Seu riso desajeitado
Seu perfume de rosas do campo
e seu andar balanceado
20
E quando Helena sumia na rua
A vida voltava aos eixos
Sem os passos de Helena para conduzir a dança do cotidiano
Tudo fica meio sem graça, vida bagunçada
Tudo sem jeito.
Alex Wolney
21
O AMIGO E O ESTRANHO
Vai tarde
A luz enobrece
Quero te desejar
Sou seu amigo
Covarde, deseje mais
O mundo acaba amanhã
O tempo continuará a seguir seu rumo
É mesmo estranho, tudo confuso
Chama.
22
OUTRA VEZ
23
AFOGAMENTO OU TENTATIVAS INÚTEIS DE
NÃO AFOGAMENTO
Muitas vezes
Me joguei ao mar
Sem boia
Sem bote
Sem salva-vidas por perto
Me afoguei
Me molho no raso
Me banho à beira
Não me afogo mais
Aline C. L. Lima
24
EXPLICAÇÃO
Aline Lourenço
25
REFLEXO
Eu sou…
o que eu sou,
não o que dizem por aí…
26
IMAGENS ILUSTRATIVAS
Alisson Tomé
27
HUM ANO
Almir Lima
28
ARRANJOS
29
É UM NADA TÃO TUDO...
30
A RAIVA
Silenciando me ouço
Com a nitidez do céu depois da chuva.
As escadas parecem infinitas,
Mas não as perco de vista.
Quero me encontrar na contramão da vida
Para me ver de frente.
Tentando decifrar as feições
Me reconheço, quase me entrego,
Mas me amo,
Amo os frutos do meu amor.
Na trilha da raiva vivo no driblar de sensações.
Uma vida feliz dentro do quadro,
Cheia de zeros.
O relógio já passou da conta
E o tempo me transformou num sopro.
Hoje sou apenas um sussurro
Do que um dia foi um grito.
Ana Martins
31
IMPALPÁVEL
32
VERSIFICAR
Ama-se muito
E a muitos
Um de meus
Amores
É bastante especial
Amo letras,
Palavras,
Frases
Adoro versificar
Penso no meu
E no teu mundo
Sem elas
Que nos envolvem
Desde o conceber
Elas estão em
Toda parte
Eu tenho ainda
Um desejo
Ao tratá-las
O de tratá-las
muito bem
Ao te ensiná-las
Que as use bem
Também
Será possível
O seu uso
Apenas com, e
Por amor?
Se elas nascem
no cérebro
E no coração
Bons sentimentos
As farão melhores
Mais ternas
Até que cheguem a
33
A ti
Que de tão inebriados
Os próprios ouvidos
Diga-as assim
Desse jeito
Também a mim!
34
ARENA
abro os braços
e quero abraços
hoje eu quero caber
em algum espaço
em algum pedaço
quero virar para o lado
e não me arranhar
quero dar um passo
sem tropeçar
todo lugar parece diferente
você não sente (?)
ou sou eu que cresci
e depois encolhi
tudo está fora do molde
mas eu sinto ainda tanto calor
porém vivo com esse pavor
de ver na esquina
um tanto de desamor
vai
me estica
me expande
me faz caber
eu sei
sou pequena
e é tão grande essa arena
Angelica Bastarrica
35
SOS TERRA
Socorro! Socorro!
No quebrar das ondas do mar
O único som que se ouve é o choro
e tormento das águas.
O oceano está se afundando em sujeira,
as florestas virando pó e nem o ar que nos
sustenta é confiável.
O ser humano é incansável,
quanto mais poder,
dinheiro ele tiver Mais ele vai querer.
Nós nos tornamos o grande e
irreversível câncer dessa
Linda esfera azul.
Extinção, a nossa? Ainda não mas a de
muitos Animais pois para nós eles são
apenas troféus
Para colocarmos em nossas paredes
Essa conta está altíssima um dia
teremos que pagar.
Espero Por Deus não estar aqui para
ver pois O fim do homem está por
vir, só não queremos enxergar.
Beatriz Freire
36
ESPELHO DA SAUDADE
Sentimento
Ambíguo
Uma moeda
De um lado
Angústia da separação
De outro alegria e
Esperança do reencontro
Em momentos
Difíceis, reviva
Alegria dos bons momentos
De convivência
Um olhar, uma
Aventura que
Só vocês viveram
Betão
37
GENTILEZA
A sutileza de um gesto
Capaz de mudar um ser inteiro
Se hoje eu fui o alvo
Que amanhã eu seja o arqueiro
38
AO MENOS UMA VEZ
39
O MORTO-VIVO
C. G. Gouvêa
40
DENTES CANINOS
Caio Neri
41
VIELA
42
REMÉDIO PRA ALMA
Carla Gomes
43
BREVIDADE
Cátia Hughes
44
SINA DO PALHAÇO
César Buracoski
45
ADEUS MESTRE RIACHÃO
Charles Dalan
46
DOLORIDO PERDÃO
Chrys Oliveira
47
MANIFESTO, DE PERTO
- PARTES ESQUECIDAS DE MIM
Corinne Poeta
48
PULSAR
Do alto do viaduto
Escuto
A cidade falar
A cidade gritar
A cidade clamar
A cidade gemer
A cidade sorrir
A cidade chorar
A cidade veloz
Acolhida e algoz
A cidade presente e ausente
A cidade da cura
A cidade doente.
Do alto do viaduto
Escuto
O silêncio da noite
No apagar das luzes
E o bater suave do vento
Na janela de cada apartamento.
Ao longe, o som boêmio do bar
Caras e bocas
Sorrisos alegres
O flerte no olhar.
Do alto do viaduto
Escuto
A cidade pulsar.
Cosme Sanches
49
PODE IR
Pode ir, mas deixa a saudade, a vontade de ficar mais ao meu lado, de se aninhar
nos meus braços.
Carrega consigo tudo o que nos fez feliz e vê se não esquece de que sempre
houve amor.
Pode ir, mas aceite que a sua covardia desviou nosso destino.
Não se sinta tão culpado com a escolha. Em seu lugar, de fato, nunca teria feito
o mesmo, mas compreendo tuas razões. Compreendo, mas não as aceito. Julgo-o
covarde.
Agora vá, mas primeiro deixa-me lembrar-lhe o que é o amor e de como nos
transformávamos em felicidade, apenas me abrace…
Não me importo. Evite voltar seus olhos para mim por mais um momento, apenas
me deixe agora. Não te peço para ficar, se é tua vontade ir.
Mas antes, deixe apenas seu sorriso, o olhar doce e a lembrança dos tantos eu
te amo que ouvi. Apenas garanta-me que permanece a vontade de voltar, ainda
que tardiamente, de ficar para sempre, de me amar.
50
ELA
Ela nua,
ela, ela.
Assim mesmo,
Desse jeito,
É que ficava tão bela.
Débora Amaro
51
APENAS MAIS UM
De lá pude avista-la e do mesmo pedestal onde antes a encontrara agora estava só,
Fria, nua e sem ação. Buscava em meio à multidão seus olhos, mas os desencontros
venceram – vilões! Frente a frente com o espelho que já não refletia nada, salvo o
reflexo da memória que trazia em um mero momento em minha mente. Louco!
Dizia e pensava e via. Mas não, trazia no peito uma vida não vivida, um espetáculo
abandonado, um show sem final, a música sem partitura... Agora, tudo era silêncio
ressoando o eco do não vivido, pairando na mente do louco sem sentido.
52
EU TE QUERO, TU ME QUERES
53
No sonho
Na cama
No olhar
Na conversa segredada que é só tua
Que é só minha
DOMGAIA
54
DOMÍNIO
E. Lewis
55
CATARINA
Eduardo A. Rodrigues
56
AUTÊNTICO AMOR
Ernande Arcanjo
57
DESATINOS
F.F
58
ABISMO
59
●
60
BEATRIZ, A FILHA QUE NUNCA EXISTIU
Fernando Ffherush
61
SAL
Salpica saúde
Se em excesso e amiúde
Também ilude
Tempera o insosso
Se em dose de colosso
No futuro dói na carne e no osso
Reluz alvura
Se nos olhos sem sutura
Até cega a bravura
Cristaliza ao vento
Se em pilhas de fermento
Impede a gastronomia do experimento
62
VENTO
Flávia Santos
63
TUDO O QUE SOMOS
G.s
64
SUA VITÓRIA É LUTAR
No corredor,
Ela imaginou uma pista de corrida
Com direito a linha de largada
E uma faixa ao chegar.
Voa, Resoluta
A sua vitória é lutar!
65
ESTÁTUA
Gabriela Zimmer
66
VESTÍGIOS DA PANDEMIA
Chegou sorrateiramente
E de repente se expandiu
Por todos os continentes
Passando aqui no Brasil.
Os hospitais se lotavam
De gente contaminada
Até quem nada sentia
Fazia o teste e acusava.
67
Por essa contaminação
Que muitos têm que lidar
Chamada de depressão.
Começaram-se os protestos
Pras coisas normalizar
Que chegou algumas vacinas
Pra gente se imunizar.
Viva a esperança!
68
INTUIÇÃO
Géssica Menino
69
CÍTRICO
(Sinestesia ou nonsense?)
Não digo as palavras certas, mas tua cor traz som ao meu gosto.
E eu gosto.
É leve.
É sonho.
É meu.
E teu.
Sou tua (talvez).
Giovana Lucas
70
POESIA NÃO É FIM, MAS RECOMEÇO
Giuliano Martins
71
LAMENTO LUSOTROPICAL
Lágrimas do sal da terra que uniu pelo tempo tão lusófono lamento.
72
CANOS QUEBRADOS RANGEM
canos velhos
é a única coisa que consigo perceber.
é uma avalanche.
Helen Kaliski
73
EFÊMERA PAIXÃO
Hellen Carvalho
74
ANTIFUTURISMO
Henrique de Abreu
75
O AMOR ENTRE VOCÊ E EU
Ingrid Brito
76
FUGA PARA O EXTERIOR
J.A.Silva
77
MENSAGEM AO RADICAL
Jénerson Alves
78
QUEIMADAS
79
PRIMEIRO CHORO
Saber-me fecunda
Gerando e parindo
Vidas, Palavras, Ideias, Discursos
Se não...
Inquietação, desassossego e dor!
Voltei ao meu!
Primeiro choro.
Jolene Paula
80
CHROMOSOMES
Jorge Abreu
81
DIADORA
No galho da mangueira
havia uma portentosa arara
gulosa e sublime em sua gingada.
82
SOBRE NOSSA CASA COMUM
* Faço uma referência à série televisiva homônima (Euphoria, 2019-), criada por Sam
Levinson.
83
Em quantos espaços o tempo nos leva,
Quantos lugares percorremos numa vida?
Quantas memórias em nuvens são armazenadas
Que não equivalem àquelas que ficam ao final do dia?
A distância entre a Terra e Vênus
É maior do que as tantas sombras na avenida?
O silêncio ontem tão sagrado
Algum dia será ouvido por quem grita?
84
SAUDADE
85
Oh nobre Deusa da aproximação,
Sublimação personificada em nós
Curvo-me ao teu altar para exaltar
Sem me ocultar de tua presença
E não permitirei que nenhuma tentação me convença
Que tu, Deusa encantada, seja violentada
Aqui dentro de mim!
Jota Vilaça
86
LUGARES INACESSÍVEIS
Ju Cerqueira
87
ROBALOS ROUBADOS EM COSTAS DO ADEUS
Na saúde
e na doença,
o sangue
é uma estratégia
Julia Peccini
88
CASA DA ALMA
Juliana Almeida
89
RUDÁ
Juliano Lira
90
UM MAIS UM SÃO DOIS E MEIO.
K. Kalli
91
ROTEIRO
Kattherine
92
O TEMPO
Leonardo Elgin
93
VAZIO DE FILHA
Letícia Dantas
94
NOV 11, COM CHUVA
95
REPETINDO 22
96
TUA
Lua Vargas
97
RETRÔ.EXPECTIVA
Transitei
mesmo quando tive medo
eu fui
Me arrisquei
vivi
caí
Levantei
em diferentes danças
todo o meu corpo
Sambei
na terra firme
movimentos tantos
Habitei
as minhas tantas partes
diferentes personagens de mim
Experimentei
em ondas de ir e vir
calmas e turbulentas
Mergulhei
na vida
dores e amores
aberturas e recolhidas
Equilibrei
na vastidão de sentires
e na feiura do que meus olhos veem
98
Me reinventei
mais uma vez
não a última
Caminhei...
Luana Souza
99
A MULHER DO FIM DO MUNDO
100
O LUAR E A MENINA BELA
Noite de estrelas,
Sombras da noite.
O luar e a menina bela,
Um sonho de amor!
Lúcia Paulino
101
DA CRIAÇÃ 0 EM ZER 0
102
FINAL DE TARDE
No entardecer da vida
O sol se põe calado
De pouco a pouco se esconde
Em nosso final de tarde.
Nossas certezas
Se esvaem
Com o pôr do sol
Que nos para
Nos ensina
Nos cala
Em nosso final de tarde.
Lucinha Amaral
103
POEMA NOVO
trocar de olhos
riscar um fósforo
na escuridão
buscar o novo
ver o contorno
da imensidão
seguir o vulto
tatear o escuro
da imaginação
deter o logro
fugir do engodo
da presunção
sustar o susto
pular o muro
da solidão
garimpar o ouro
encontrar o outro
em comunhão
104
O QUE VIER VEIO, MAS O QUE VEIO FICOU
Vai
Rega a memória
A imagem, o tato, o som
Lembra
Lembra pra mim
Vem
E traz
Eu espero.
O que vier veio
mabs
105
●
Manuela Poiana
106
A PERGUNTA
rachada a superfície
quebrada a terra
desponto ao sol
em sal e solo
água de chuva
e proteção
raízes - força
folhas - sombra
flores - pássaros e insetos
frutos - alimento
tronco - casa
na calma da mata
o tempo imóvel
a contar as eras
a vida em doação
o existir por servir
Marcel Luiz
107
PECADO REVOGADO?
Marcelo Reis
108
MULHERES PANTANEIRAS
Mulheres Pantaneiras
Acordam com o raiar do sol...
Lutam dia a dia para o sustento da família...
cuidam dos filhos, semeiam, plantam, colhem...
Transformam, reciclam...
Trabalham incansavelmente...
Vivem em suas comunidades, fazem artesanatos singulares com características
marcantes da nossa região, com temas indígenas, e outras referências culturais
do povo pantaneiro.
A flora e a fauna pantaneira estão presentes seja nas cores ou nas paisagens,
transformando tudo em uma vitrine do que é o grande pantanal...
Interagem com a natureza de forma harmoniosa,
Faça chuva ou sol nada atrapalha seu caminhar...
Às vezes sofrem caladas, mas não se deixam abater...
É o pilar da casa... onde tudo comporta, tudo suporta...
Trabalham com muita sabedoria, paciência e precisão
Mulheres que buscam seu espaço porque precisam de mais voz, mais respeito
e reconhecimento.
Bravas guerreiras pantaneiras!
Márcia Dantas
109
AMIGO BOM
110
SÓ VOCÊ NÃO PERCEBEU
Meeu reflexo sem nexo na poça da ru ua nua mergulha na cadência da boca tua
lambuzad da de céu lácteo e de vãs intrigas e de vagass paixõess e de emeergentes
clarrões que admoeestam o temp po do teempo até mattar em desejo o deesejo tolo
e vulgar doo medo que ain nda rói e dói e fere do tenddão às amídalas quee nem
existem mais mas que deeixam seus traços suas marcas entreabertas como
ponteeiros suíços de um grrande relógio de pragmátiicos pêndulos que às vezes
param como as tuas palavras que profferem tanto o fim e briincam entre as bolas
de gudes e as can nelas de meias rasgadas no pó daa terra que tingem o ar não
mais rarefeito da paisagem frria e que tanto desaafiam em brutas cores hoje
talvez ainda mais llilases ou roxas qu uem sabe branccas pálidas ou caarmins mais
do que o normal fatais como a ponta do teu punhal que bem ou maal sangra
fere mata traça seus planoss que se eu u não me engano não quero acordar me
deixa ser suaa prresa deleitee frescor nascente silêncio as ruas estão tão deseertas
já faz um bom tempoo accredite não há uma viva alma aqui só você não percebeu
EU
DISSE
REPETE
ONDE
ME
PERDI
FOI
NA
IRA
LOUCA
DA
SUA
ARDENTE
BOCA? SÓ VOCÊ NÃO PERCEBEU
Marcos Lopes
111
ARQUIPÉLAGO
Um rio de memórias
Cachoeira abaixo
Deságua
Um imenso oceano
Profundo
Na ponta da língua
A palavra
Marcus Zanom
112
PEITO DE BUKOWSKI
113
UM PASSADO TÃO PRESENTE
114
TESTAMENTO
existe um elo
o que conecta
o passado e o
vir a ser
existe um caminho
aquele que se apresenta
para todos os outros
existe o imperceptível
e existe o
nada
o silêncio absoluto
o vazio
e a impermanência
existe o morrer
e o nascer
em ciclos
existe a poesia
então a palavra vive
sem medo da eternidade.
Mariana Reis
115
●
Mariane Brugnari
116
CIGARRO
117
SOLDADO ESQUECIDO
118
O povo hoje é ingrato
Dar pra ver, não tem remorso
Pois até pra tocar o Gado
Nas campinas e nos Pastos, eles querem ir de moto.
Saudades de Antigamente
Onde o Jegue minha gente, tinha muita serventia
Hoje perdeu seu deleite, e ainda virou em alguns banquetes
Uma Carne de Iguaria
Mateus Peixoto
119
A SEMANA QUE JÁ FAZ 100 ANOS
Matheus Nunes
120
PERDA DA AURÉOLA
121
O exército psicossocial tenta ver deus
e o imprevisível relógio da peleja
Ver a sua queda no pendor das moedas
Ver a imponente rua vazia
e sentir azia ao tremer do grave do tambor
que em tempo bater sem ser carnaval
Mattos Rodrigues
122
PARA LYDIA
Midori
123
UMA AMPULHETA E UM(A) BIRUTA
Murilo Creado
124
CICLO, CÍRCULOS E CIRCO
Natanael Otávio
125
O CASAMENTO
Romântica incorrigível,
Ana sonhara a vida inteira
Com o dia tão especial.
Rubens, seu noivo, respeitando seu desejo,
Deixara todos os preparativos em suas mãos.
Ao completarem três anos de namoro,
Rubens a pediu em casamento.
No mesmo dia,
Ana contactara o hotel fazenda.
Seria um casamento vespertino
E primaveril,
Com vistas ao pôr-do-sol.
Ana encantara-se com os campos de lavanda de lá,
Que perfumara tudo ao redor.
Para cerimônia, um juiz de paz
E um trio de cello, piano e voz,
Que embalaria sua entrada
E pela noite adentro.
No lápis, relacionou 150 convidados.
Permitiu que fossem descalços, se assim desejassem.
Mas não renunciou a suas seis madrinhas
Vestidas de lilás, cor de lavanda.
Na sua fantasia, seriam servidos
Bolo e champanhe.
A pedido de Rubens, abriu uma exceção
E incluiu um buffet com 3 pratos quentes.
O vestido deixara por último.
Estava envolta em diversos e variados modelos,
Não conseguia decidir.
Ela já sabia o que Rubens usaria.
Um terno na cor creme ou off-white
E um sapa-tênis na cor caramelo.
Faltava escolher o vestido.
126
A mãe, vendo a aflição de sua filha,
Ofereceu seu vestido a Ana.
Surpresa, Ana só havia visto o vestido
Nos álbuns da família.
Emocionada, Ana casou-se.
Natascha Lopes
127
QUE OS SONHOS NUNCA TERMINEM
Nelson B. Filho
128
ESCASSEZ
129
ANTEPASTO
Patrícia Reis
130
TRANSFORMAÇÃO!
Poesia transforma;
Realidade em ser;
Poesia informa;
Molda o seu conhecer.
131
FILHA E PAI
132
●
os rastros
do que já fui
carrego
nos poros
as novas
rachaduras
do meu
vir-a-ser
desenho
na carne
meu novo vício é deslizar pelas inexistências.
Pietra Garcia
133
●
...
Rafael Petito
134
FLOR AFRICANA
Railma Cavalcante
135
O QUE EU FAÇO SEM VOCÊ
136
SE AS ESTRELAS FALASSEM
Se você soubesse que eu sonho acordada em te ter por perto mais uma vez, para
sentir seus lábios nos meus, conectar nossos corações e relembrar do teu cheiro.
Rebeca R. Finkler
137
INFÂNCIA
Rejane Barros
138
VACINA JÁ
Ricardo Baba
139
DESCOMPASSO
Ricardo Xavier
140
MATURIDADE AOS 16
A maturidade
Quando saberei dar as respostas certas
no momento apropriado
Quando não ligarei
para o que não importa
Quando terei certeza do que quero
e de como conseguir
E ao conseguir
não levantarei sequer a sobrancelha direita
141
A maturidade de olhar tudo o que passou
sem um pingo de remorso
***
Meu corpo já não sangra mais como antes
Mas o coração deu pra gotejar
Enquanto espera a maturidade
Na beirada da cama
Marcas de expressão
Coração gotejante
Ânsia de viver
em plenos 16 anos
Rita Kawamata
142
VIGÍLIA
Roberta Rossener
143
O TAL SENTIMENTO
O talo
o tálamo
o álamo
o carvalho
machado no visgo da dor
floresta e orvalho
movimento mental
sofredor
144
LAMENTO DA VERDADE
A mentira se empilha
e finge ter profundidade
Uma em cima da outra
prometem uma maravilha
tem muito mais intensidade
que a realidade neutra
145
REFLEXOS
146
OS DONOS DA TERRA
Rosamares da Maia
147
VOO
Rosilene Augustin
148
PRESA A VOCÊ
Se importasse me deixaria ir
Me libertária para prosseguir
Ir ao longe sem voltar
Sem esperar você ficar.
149
SILÊNCIO
Sabrina Gesser
150
O MUNDO
O mundo acabou
Quando dizemos o que esperam
O mundo acabou
Quando fingimos
Quando aceitamos o errado
O início do fim começa dentro de nós
Samira Amarildo
151
REFLEXÃO
152
MENINO DE ENGENHO EM POESIA
Mas também me lembro das tristezas e das angústias que aquilo me causava
O tempo foi passando e, com ele, fui entendendo como funcionava o engenho
153
Então a hora era chegada
Da despedida malvada
Da ida ao colégio, forçada
Minha sentença estava marcada
Cheguei criança ingênua, apavorada
Saí pestinha perdida, endemoniada
Sebastião Amâncio
154
AMOR DE MÃE
Amor de mãe
Cheira à relva molhada
Chocolate derretido
Bolo saindo do forno
Banho de mangueira
numa tarde ensolarada.
Amor de mãe
É como luz na estrada escura
Sol nas manhãs de inverno
Vento que vem do mar
Água que brota da terra
Amor de mãe
É brisa que acaricia o rosto
Flor que inunda o olhar
Lua cheia que invade a noite
Mel que adoça a vida
Silvia Carvalho
155
ESPATIFADO
Silvia Ferrante
156
DENSIDADE
a textura de pedra
daqueles dias
me fizeram acreditar
que todas as florestas
sufocam
eu
que já fui sombra
a me esconder
atrás das árvores
da seiva tirei força
quebrar pedras
é um duro possível.
Tailany Costa
157
UM LUGAR SILENCIOSO
olho pro papel e me desafio a escrever algo que acalme minha mente barulhenta
desde que você foi, permaneço em silêncio
sem
mim
sigo em silêncio
Talita Branco
158
TEMPO
O tempo passa
Tudo o acompanha.
Me sinto deslocado,
Talvez não seja o único
Mas, para mim, eu sou
O tempo não para
E o que faço eu?
Para onde vou?
O tempo segue,
Eu me isolo.
Fecho os olhos
E finjo que ignoro.
thomas
159
DRUMMONDIANA
160
CANETA
Vinícius Perobeli
161
INSÔNIA
Morro de medo
que algum padre ou pastor
do lusofonismo
julgue meu verso livre
um verso Deus-me-livre.
Morro de medo
que algum professor
de cesurada fala
e de rival idade
destaque um antiartifício,
descarte da minha pena
a tal literariedade.
162
Comecei a escrever
e nunca mais adormeci.
Washington Ribeiro
163
COM AS PRÓPRIAS MÃOS
Wendel Valadares
164
TIJOLOS FURADOS
o teto baixo
lampejo de luz quase um breu
mini furos nos tijolos quase quebrados
parece tudo em paz
permanece em paz
a paz reina
o reino não oficial
tudo em paz
permanece.
Yasmin Botelho
165
AS TRÊS VISÕES DAS CÂMERAS
Então, só o tempo!
Zenildes Alves
166
TIJOLOS FURADOS
Só restaram lembranças
De um bar
De uma noite
De uma suposta vida.
As margens quebraram-se.
O que sobrou
Foi somente o centro
Que te devorou
E te respirou
Como uma triste necessidade infeliz.
Zyon Colbert
167
Esta obra foi composta nas tipologias hwt
e gentium basic, e impressa em junho de
2022 pela grafica nossa impressao.