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FaE. Filosofia. Epistemologia da Educação. NFIIC e IIE. Profa.

Magda Guadalupe

Filosofia do Iluminismo. Mary Wollstonecraft e seu livro infantil

1. Mary Wollstonecraft

Nascimento 27 de abril de 1759
Spitalfields, Londres, Inglaterra

Morte 10 de
setembro de 1797 (38 anos)
Somers Town, Londres,
Inglaterra

Filósofa, educadora e escritora do final do século XVIII.


Desenvolveu as teorias iluministas na Inglaterra e as posicionou tanto intelectualmente,
quanto na prática vivida, da perspectiva dos direitos das mulheres.

Escritora e educadora
Como escritora, ela publicou um livro infantil ilustrado pelo pintor William Blake.
Nas páginas escritas e nas ilustrações, podia-se visualizar algumas de suas preocupações
com a educação das mulheres.

No livro se defendia a necessidade de que as meninas recebessem uma boa educação, tal
com os meninos.

O livro intitulado “Relatos originais da vida real” foi o único livro dedicado ao público
infantil escrito por Mary Wollstonecraft.

Além de filósofa, educadora, ela foi também mãe de Mary Shelley, autora do livro
Frankenstein.
Contudo, veio a falecer justamente quando do nascimento de sua filha, que segue as
inspirações de escritora de sua mãe, mesmo sem poder tê-la conhecido.

Em pleno século XVIII, cada uma delas foi capaz de viver de seu trabalho e seus
escritos, sem depender dos recursos econômicos de seus pais e maridos, sem estarem
submetidas à autoridade de alguns deles.

Não se tratava de revolta, de rebelião, mas de luta pela autonomia de ser e poder ser
uma mulher no século XVIII.

Se sua filha se preocupou em escrever na obra Frankenstein formas de repensar o lugar


do homem no meio das invenções científicas.

Por sua vez, Mary Wollstonecraft se preocupava principalmente com a educação de


meninas, de jovens, de mulheres.

O livro.
O livro de estórias, “Relatos originais da vida real”, narrava o encontro de duas
meninas, Mary e Caroline, educadas por uma professora, Mrs. Mason.

Seu objetivo
era que as meninas fossem virtuosas, com qualidades;
que aprendessem como é o mundo e inclusive esquecessem, por meio de fábulas,
contos, muitos dos princípios e valores assentados na sociedade da época,
especialmente, aqueles que afirmavam que a mulher era inferior ao homem.

Nos ensinamentos de Mrs. Mason


se encontravam assuntos cotidianos como a pontualidade, o controle dos instintos, a
lealdade, a crítica ao egoísmo, o respeito aos animais, e também propostas em defesa
dos direitos das mulheres.

Tais tópicos
Foram desenvolvidos por Mary Wollstonecraft posteriormente em Reivindicação dos
direitos da mulher- Vindication of the Rights of woman, de 1792.

Estes direitos são, sobretudo:


Direito a uma boa educação para as mulheres, apesar da oposição dos políticos do
século XVIII.
Tal educação não deveria ser tomada somente em benefício individual da mulher,
mas como um objetivo valioso de educar a sociedade em seu conjunto:

“Se as mulheres eram as que educavam os filhos, era imprescindível que fossem bem
educadas, algo que estes obtusos políticos não haviam reparado”! (Wollstonecraft.
Vindication)
O original dos projetos de Wollstonecraft foi publicado em primeira Edição de
Relatos originais da vida real (Original Stories from Real Life,1788).como livro
anônimo para evitar represálias.

Contudo, o êxito da publicação de Vindication tornou sua pessoa bastante


famosa, razão pela qual o editor decidiu capitalizar sua popularidade em
benefício do livro de estórias infantis.

Quando da publicação da segunda edição, seu nome ali já aparecia como autora,
e só então a obra foi ilustrada, o que permitiu ao editor aumentar o preço da
venda.

As ilustrações do escritor e pintor William Blake, um personagem também


peculiar para a Inglaterra do século XVIII, tornou a obra ainda mais cobiçada.

Ele era de fortes crenças religiosas, abraçava a pluralidade de entendimentos


religiosos, como gnosticismo, ocultismo e até preocupações de estudos de
magia.

Mas era contrário à escravidão e partidário da igualdade entre mulheres e


homens, assim como defensor de ideologias revolucionárias.

Chegou a ser processado por uma declaração inflamada contrária à monarquia


inglesa.
As ilustrações de Blake em cinco gravuras

muito combinavam com o espírito do livro de Wollstonecraft.

Ela inclui em suas narrações morais temas como a pobreza, a morte, o


abandono e a miséria, tanto econômica quanto emocional,

com a intenção de que as meninas aprendessem sobre a vida,

que se tornassem maduras, tivessem ferramentas com as quais pudessem


enfrentar a vida adulta e não idealizassem a infância .

O que dizia o livro:

• No livro se defendia a necessidade de que as meninas recebessem uma


boa educação, tal com os meninos. Mary Wollstonecraft se
preocupava principalmente com a educação de meninas, de jovens, de
mulheres.
• Mas também mencionava como os jovens meninos eram infantilizados em
suas famílias.
• O livro . O livro de estórias, “Relatos originais da vida real”, narrava
o encontro de duas meninas, Mary e Caroline, educadas por uma
professora, Mrs. Mason.
• Seu objetivo. era que as meninas fossem educadas como virtuosas ,
• com qualidades sobre o mundo real .

ENSINAR E APRENDER

• O que devia ser ensinado às crianças?


• O que deveriam elas aprender?
• como é o mundo real, conhecendo o sofrimento alheio,
responsabilizando-se pelo outro.
• No livro se critica: a forma como, por meio de fábulas, contos, com
alguns dos princípios e valores assentados na sociedade da época, se
afirmava a inferioridade das mulheres em face aos homens.

As crianças, segundo Wollstonecraft, não deveriam ser educadas desta forma:


liberdade e igualdade deveriam prevalecer na Educação,

AINDA SOBRE O LIVRO INFANTIL OU PARA SE EDUCAR AS CRIANÇAS

• No livro, de 1788, se encontravam assuntos cotidianos como a


pontualidade , o controle dos instintos, a lealdade , a crítica ao egoísmo , o
respeito aos animais, e também propostas em defesa dos direitos das
mulheres.
• Estes tópicos foram desenvolvidos por Mary Wollstonecraft
posteriormente em Reivindicação dos direitos da mulher- Vindication of
the Rights of woman, de 1792.
• Estes direitos são, sobretudo:
• Direito a uma boa educação para as mulheres, apesar da oposição dos
políticos do século XVIII.

O QUANTO VALE A EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS?

• Tal educação não deveria ser tomada somente em benefício individual da


mulher em que a criança um dia haveria de se tornar.
• Mas como um objetivo valioso de educar a

sociedade em seu conjunto: “Se as mulheres eram as que educavam os


filhos,

era imprescindível que fossem bem educadas, algo que estes obtusos
políticos não haviam reparado”! (Wollstonecraft. Vindication)

Os impasses na história

Apesar de que o livro Relatos originais da vida real tenha sido um êxito e que
foi reeditado com frequência até o início do século XIX,

Mary Wollstonecraft passou muitos anos estigmatizada (julgada e condenada) e


também considerada um exemplo distante dos paradigmas da educação.

O motivo foi causado pelas memórias escritas por seu marido William Godwin
quando Wollstonecraft faleceu logo após o parto de sua filha Mary.
Embora se pudesse supor que as memórias eram uma sincera homenagem a sua
falecida esposa,

a revelação de que sua primeira filha teria sido extramatrimonial (com o


primeiro companheiro),

que ela Mary Wollstonecraft teria protagonizado (tentado) vários suicídios, além
de ter tido outros amores anteriores em sua vida,

provocou uma forte e preconceituosa reação de da sociedade britânica do Século


XVIII.

Entre os poucos que a valorizaram e com ela concordaram mesmo após a sua
morte estava William Blake- poeta e pintor inglês da época do iluminismo na
Inglaterra.

W. Blake.1757-1827- Inglaterra.
Blake realizou em sua honra uma ilustração gravada em que aparecia a pequena
Mary junto a sua mãe já falecida.

Embora o encontro nunca tivesse realmente ocorrido, na ilustração elas estão


juntas, como mãe e filha, possivelmente, realizando o desejo de ambas.

Sobre Mary Wollstonecraft.

Sua Reivindicação dos Direitos das Mulheres 1792.

Se tornou um livro de referência. O que ela propunha: Educar.

No Preâmbulo do livro dedicado ao bispo e diplomata Taillerand, ela escreve:

• “Numa luta pelos direitos da mulher, o meu argumento principal se baseia


neste simples princípio:

que a mulher, se não for preparada pela educação, para tornar-se


companheira do homem” (if she be not prepared by education to become
the companion of man, she will stop the progress of knowledge and
virtue),

“Ela (a mulher) barrará o progresso do saber e da virtude;

porque ou a verdade deve ser comum a todos ou o seu influxo sobre a


conduta comum será inadequado.”

• (Woolstonecraft, Vindication [1792] 2013, p.4).




Sua proposta

• Sua proposta é de diálogo das mulheres com o mundo.


• Nas leituras sobre o mundo

e nas práticas sociais e pedagógicas.


• Ela acreditava

que a inserção das mulheres no mundo só seria possível

pela Educação.
• M Wollstonecraft estaria pensando numa “estratégia pedagógica”?
• Haveria construção do conhecimento pelas mulheres com autonomia?
• Tornar as mulheres sujeitos de sua história, sujeitos adultos de sua vida
real?
• Educar como um processo  crítico na história da cultura.
• Qual o sentido da educação na formação do sujeito ativo?
• Na proposta de Wollstonecraft,
• As mulheres podiam e deviam ser ativas na construção do
conhecimento. Esta seria a verdadeira revolução iluminista.
• Ela tentou compreender a filosofia iluminista, especialmente, de Jean-
Jacques Rousseau. Criticou-lhe a separação dos direitos também na
educação.

Podemos pensar:

Os entraves vividos por esta filósofa, professora, iluminista.

Foram específicos dela? E de sua época?

O que temos hoje para mulheres e homens que ousam pensar para além dos
padrões morais e sociais determinados?

A escola hoje é acolhedora das diferenças?

Como nos responsabilizados pela educação?


Se compararmos a sua vida à vida das mulheres sufragistas do início do século
XX temos algo em comum?

Mulheres que lutam pela educação, pela educação dos corpos, dos direitos,
ousam enfrenar a estrutura do Poder, como são vistas pelo mundo?

Temos ainda traços desta luta dentro de nós?

Referências.

Sobre Mary Wollstonecraft e seu livro para crianças


Publicado em
23 de agosto 2018    /    C R E A T I V I D A D       por Eduardo Bravo 

El libro para niños en el que la «abuela de Frankenstein» defendia la


educación femenina

Disponível em
https://www.yorokobu.es/mary-wollstonecraft-pedagoga/
Acesso em 30.07.2020.

WOLLSTONECRAFT, Mary. Reivindicações dos Direitos da Mulher, 1792. Prefácio


de Maria Lygia Quartin de Moraes. Editorial Boitempo.
Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5082196/mod_resource/content/1/
Reivindicação%20dos%20direitos%20da%20mulher%20-%20Mary
%20Wollstonecraft.pdf
Acesso em 13.04.2020.

WOLLSTONECRAFT, Mary. Tópicos de Relatos originais da vida real. Livro para


crianças. Educação feminina. Revista Creatividad. 2018
Publicado em
23 de agosto 2018    /    C R E A T I V I D A D       por Eduardo Bravo 

Disponível em
https://www.yorokobu.es/mary-wollstonecraft-pedagoga/
Acesso em 30.07.2020.

Filme.
As Sufragistas. 2015.
Direção de Sara Govran.

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