Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Rotocolo de Identificação Precoce Dos Problemas de Leitura Estudo Preliminar Com Escolares de Ano Escolar
Rotocolo de Identificação Precoce Dos Problemas de Leitura Estudo Preliminar Com Escolares de Ano Escolar
367
Capellini SA et al.
368
Identificação precoce dos problemas de leitura
369
Capellini SA et al.
Tabela 1 - Distribuição da média, desvio padrão, mínimo, máximo e p-valor do desempenho dos
escolares em subtestes no Teste de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura.
370
Identificação precoce dos problemas de leitura
Tabela 2 - Distribuição dos pares de variáveis, coeficiente de correlação e p-valor do desempenho dos escolares
em subtestes no Teste de Identificação Precoce dos Problemas de Leitura.
MT x NR 83 -0,271 0,013
L x NR 83 -0,339 0,002
Legenda: MT = memória de trabalho; L = leitura de palavras e não palavras; NR = nomeação rápida de figuras. Análise esta-
tística: Teste de Correlação de Spearman.
371
Capellini SA et al.
372
Identificação precoce dos problemas de leitura
informação fonológica, o que corrobora com os que possuem, como na língua portuguesa, siste-
achados descritos na literatura24, evidenciando ma de escrita com base alfabética. Tais estudos
a relação entre velocidade e tempo de nome- descreveram que, dentre as habilidades específi-
ação em escolares, com e sem dificuldades de cas, a consciência fonológica é uma competência
aprendizagem. fundamental para a formação de leitores profi-
O resultado descrito neste estudo mostra o cientes no sistema alfabético, pois a habilidade de
baixo desempenho obtido pelos escolares na manipular fonemas não depende da maturidade
prova de compreensão de frase a partir de figura, psiconeurológica e só pode ser alcançada por
que, conforme estudo descrito na literatura25, a meio de instrução explícita, ou seja, pelo ensino
compreensão de leitura depende da ativação de do princípio alfabético do sistema de escrita.
relevantes conhecimentos que estão fortemente
relacionados com o desenvolvimento do voca- CONCLUSÃO
bulário, da linguagem oral e da experiência de Os resultados permitem concluir que os esco-
mundo de cada indivíduo, além do desenvolvi- lares do 1º ano do ensino fundamental avaliados
mento da expressão clara e organizada de ideias, neste estudo apresentaram desempenho inferior
tanto na forma oral como na escrita, o que em em habilidades que são consideradas na literatura
indivíduo disléxico pode apresentar lentidão. nacional e internacional como preditoras para a
Os resultados descritos neste estudo apontam alfabetização, o que demonstra que os escolares
para a necessidade de refletirmos sobre as meto- de escola pública municipal deste estudo, em
dologias de ensino empregadas na alfabetização, início de alfabetização, não apresentam domínio
pois a falta de instrução formal quanto ao uso do de habilidades cognitivo-linguísticas necessárias
mecanismo de conversão letra-som em séries para aprender o princípio alfabético do sistema de
iniciais de alfabetização pode gerar problemas escrita do português brasileiro.
na aquisição do princípio alfabético da língua Esses resultados apontam para a necessidade
portuguesa. Dessa forma, seria necessário que, de continuidade do presente estudo, pois quanto
independentemente da metodologia de ensino menos conhecermos o perfil de escolares de séries
utilizada pelos professores em situação de sala iniciais de alfabetização quanto ao domínio de
de aula, eles empregassem o uso de atividades habilidades metafonológicas e leitura, menor será
de consciência fonológica, memória de trabalho a condição do professor para realizar a detecção
fonológica, nomeação rápida e leitura em voz alta precoce do escolar de risco para o aprendizado
nos primeiros anos de escolarização, para que, da leitura e escrita.
assim, os escolares possam aprender a leitura e
escrita por meio do uso dos mecanismos de con- AgradecimentoS
versão grafofonêmico e fonografêmico. Ao CNPq, pelo apoio científico em forma de
A reflexão descrita está pautada em estudos bolsa de produtividade em pesquisa concedida
internacionais11,16,19,26 desenvolvidos em países à primeira autora.
373
Capellini SA et al.
SUMMARY
Early identification of reading problems: preliminary study with stu-
dents of 1st grade
374
Identificação precoce dos problemas de leitura
Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(1):56-68. core deficit in dyslexia: double deficits explo-
10. Hay I, Elias G, Fielding-Barnsley R, Homel R, red. J Exp Child Psychol. 2009;103(2):202–21.
Freiberg K. Language delays, reading delays, 20. Scheltinga F, Van der Leij A, Van Beinun F.
and learning difficulties: interactive elements Importance of phonological skills and under-
requiring. multidimensional programming. J lying processes to reading achievement: a
Learn Disabil. 2007;40(5):400-9. study on dyslexic and specific language im-
11. Ryder JF, Tunmer WE, Greaney KT. Expli- paired children. IFA Proc. 2003;25:21-30.
cit instruction in phonemic awareness and 21. Brizzolara D, Chilosi A, Cipriani P, Di Filippo
phonemically based decoding skill as an in- G, Gasperini F, Mazzotti S, et al. Do phono-
tervention strategy for struggling readers in logic and rapid automatized naming deficits
whole language classrooms. Read Writ Int differentially affect dyslexic children with and
Journ. 2008;21(1):349-69. without a history of language delay? A study
12. Scliar-Cabral L. Princípios do sistema al- of Italian dyslexic children. Cog Behav Neu-
fabético do português do Brasil. São rol. 2006;19(3):141-9.
Paulo:Contexto;2003. 263p. 22. Wolf M, Bowers PG. Naming-speed proces-
13. Moojen S, Lamprecht R, Santos RM, Freitas ses and developmental reading disabilities:
GM, Brodacz R, Siqueira M, et al. CONFIAS an introduction to the special issue on the
- Consciência fonológica: instrumento de ava- double-deficit hypothesis. J Learn Disabil.
liação seqüencial. São Paulo:Casa do Psicólo- 2000;33(4):322-4.
go;2003. 23. Capellini SA, Ferreira TL, Salgado CA, Cias-
14. Queiroga BA, Borba DM, Vogeley AC. Habi- ca SM. Desempenho de escolares bons leito-
lidades metalinguísticas e a apropriação do res, com dislexia e com transtorno do déficit
sistema ortográfico. Rev Soc Bras Fonoaudiol. de atenção e hiperatividade em nomeação
2004;9(2):73-80. automática rápida. Rev Soc Bras Fonoaudiol.
15. Salgado CA, Capellini SA. Programa de re- 2007;12(2):114-9.
mediação fonológica em escolares com disle- 24. Capellini SA, Conrado TLBC. Desempe-
xia do desenvolvimento. Pró-Fono Rev Atual nho de escolares com e sem dificuldades de
Cient 2008;20(1):31-6. aprendizagem de ensino particular em habi-
16. McQuiston K, O’Shea D, McCollin M. Impro- lidade fonológica, nomeação rápida, leitura
ving phonological awareness and decoding e escrita. Rev. CEFAC [periódico na inter-
skills of high school students from diverse ba- net]. Epub 06-Mar-2009 [acesso em 2009 Jul
ckgrounds. Prev Sch Fail. 2008;52(2):67-70. 31];11p. Disponível em: www.scielo.br/scielo.
17. Cirino PT, Israelian MK, Morris MK, Morris php?script=sci_arttext&pid=S1516184620090
RD. Evaluation of the double deficit hypothe- 05000002&lng=pt&nrm=iso
ses in college students referred for learning 25. Santos MTM. Dislexia: princípios para a in-
difficulties. J Learn Disabil. 2005;38(1):29-44. tervenção fonoaudiológica. In: Barbosa T,
18. Capellini AS, Oliveira KT. Problemas de Rodrigues CC, Mello CB, Capellini AS,
aprendizagem relacionados às alterações Mousinho R, Alves LM, eds. Temas em
de linguagem. In: Ciasca SM, ed. Distúrbios Dislexia. São Paulo:Artes Médicas;2009.
de aprendizagem: proposta de avaliação in- p.115-22.
terdisciplinar. São Paulo:Casa do Psicólogo; 26. Ygual-Fernandez A, Cervera-Merida JF, Ros-
2003. p.113-40. so P. The value of phonological analysis in
19. Vaessen A, Gerretsen P, Blomert L. Naming speech therapy. Rev Neurol. 2008;46(Suppl
problems do not reflect a second independent 1):S97-100.
375