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Como referia Marshall (op. Cit.) a universalidade da cidade como forma de organização
territorial repousa nas vantagens económicas que oferece e que não podem ser obtidas se
a população se dispersasse no território.
Que condições são necessárias para a formação de aglomerados urbanos? Desde o seu
início, a cidade é o local de concentração de indivíduos especializados em funções não
agrícolas. Assim, a formação de cidades está associada à capacidade de os agricultores
produzirem alimentos em quantidade suficiente para suprir as necessidades da população
agrícola e das populações não agrícolas.
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In Economia Regional e Urbana, Ana Paula Delgado e José da Silva Costa (com a colaboração de Isabel
Maria Godinho e Maria Isabel Mota), 2021, draft, para uso exclusivo dos estudantes.
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Essas vantagens têm que ser suficientes para cobrir os custos de transporte dos bens, pelo
que a existência de um sistema de transportes eficientes é uma condição para a troca de
bens e serviços entre as áreas não urbanas, especializadas na produção de bens do setor
primário, e as áreas urbanas, especializadas na produção de bens manufaturados e
serviços.
Como vimos a troca de produtos entre áreas urbanas e não urbanas (rurais) repousa, entre
outros, na existência de vantagens relativas na produção de bens manufaturados e
serviços, pelos habitantes das áreas urbanas. Qual a origem dessas vantagens?
Como demonstra Lösch (op.cit.) dois fatores parecem ser, em regra, determinantes:
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custo médio de produção, qualquer que seja a respetiva localização. Sendo a terá
igualmente produtiva, o equilíbrio requer que o valor do respetivo produto marginal (e,
consequentemente a renda), seja o mesmo em todos os pontos do espaço.
Pelo contrário, a concentração, gerando concorrência pelo uso do solo induz custos
suplementares - subida das rendas - sem qualquer benefício adicional.
Basta alterar qualquer uma das condições anteriores (ubiquidade dos recursos e
rendimentos constantes à escala) para que se gerem mecanismos económicos conducentes
à formação de aglomerados urbanos.
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Comecemos por analisar o conceito de indivisibilidades ou rendimentos crescentes à
escala. A função de produção de uma firma exibe indivisibilidades ou rendimentos
crescentes à escala se uma alteração proporcional da quantidade utilizada de todos os
inputs, determina uma alteração mais do que proporcional da quantidade de output. Neste
caso, o aumento do volume de produção está associado a um custo médio de produção
(custo de produção por unidade de produto), decrescente (economias de escala).
Qual a relação entre economias de escala e concentração espacial? Ou, como é que a
existência de economias de escala cria um estímulo económico para a aglomeração e a
formação de aglomerados urbanos?
Economias de escala
Rendimentos /deseconomias de escala
crescentes à escala;
Custo médio
decrescente
Custo médio de produção
Rendimentos
decrescentes à
escala;
Custo médio
crescente
Volume de produção
Estão assim criadas condições para a formação de áreas urbanas e, simultaneamente, para
o aparecimento de outras áreas urbanas de dimensão semelhante e com a mesma estrutura
económica. De facto, o crescimento da cidade e a extensão do respetivo perímetro, pode
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implicar custos de transporte intraurbanos acrescidos. Além disso, aumentando a
dimensão da cidade, observa-se uma maior concorrência pelo uso do solo, pelo que se
espera que o preço do solo aumente. O aumento do custo de transporte e do preço do solo
limita as vantagens decorrentes da concentração espacial, gerando um estímulo
económico para o aparecimento de novas áreas urbanas que, nas condições do modelo,
serão semelhantes à área urbana inicial. Veja-se, como a existência de custos de transporte
limita a área de mercado do produtor.
Custo da
3 produção
doméstica
Custo de
2 transporte
Custo da
1 produção fabril
Fábrica
d
Fábrica
04-11-2008 1
Mesmo neste cenário é possível observar uma certa diversificação das áreas urbanas
(diferentes dimensões e diferentes funções) dado que:
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• os custos de transporte promovem a concentração de atividades diferentes num
mesmo ponto;
Para além das anteriores, autores como Marshall (1890), chamaram a atenção para um
“outro tipo de economias de escala”: Economias de Escala Externas ou Economias de
Aglomeração.
Economias de aglomeração
Sem economias de
aglomeração
Custo médio de produção
O efeito das
economias de
aglomeração
Volume de produção
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As economias de localização traduzem a ideia de vantagens económicas (traduzidas na
deslocação da curva de custo médio na direção da origem) que resultam da concentração
espacial de atividades de um mesmo sector e de sectores afins. São específicas das
empresas desses sectores, ou seja, a deslocação da curva de custo médio na direção da
origem, significando que, para um dado volume de produção, as empresas desses setores
que se localizem no local onde se observam economias de localização terão custos médios
menores. Esses menores custos médios resultam do acesso a bacias de mão-de-obra
especializada, redes de fornecedores e de distribuidores, spillovers de conhecimento,
infraestruturas, entre outros. São externas à empresa mas internas à indústria e originam
cidades especializadas.
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infraestruturas, serviços intermédios e finais, entre outros. Estão assim associadas não
apenas à dimensão da cidade mas, também, à diversidade da sua base económica.
A procura de um input por uma firma particular pode não ser suficiente para
explorar economias de escala;
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As economias externas (de localização e/ou de urbanização) fundam um processo
cumulativo. A partir de uma vantagem inicial que funciona como motor de arranque
do processo de concentração espacial, as vantagens da concentração multiplicam-se e
reforçam-se mutuamente à medida que o número de atividades, empresas e pessoas
aumenta e se diversifica.
Atrai Vendedores
Muitas Maiores Atrai
Firmas Oportunidades População
OFERTA
Emprego
Maior facilidade de ajustamento entre as necessidades
de emprego e a qualificação da Mão-de-obra
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Os efeitos externos aceleram o processo de concentração das atividades e de
especialização das várias cidades e explicam porque é que os agentes económicos estão
dispostos a pagar rendas mais elevadas para se instalarem perto do centro da cidade, onde
esses efeitos são, em regra, mais intensos.
Amenidades são itens de consumo coletivo, disponíveis para os agentes económicos que
se localizam num dado lugar, e resultantes das condições naturais (clima, qualidade do
ar, entre outros) ou construídas (sistema de ensino, saúde, animação cultural, segurança,
acessibilidades, por exemplo) e do estado dessas condições em resultado da ação de
outros agentes económicos. São portanto um conjunto de fatores, naturais ou não,
produzidos voluntariamente ou em consequência da ação de outros agentes económicos,
que determinam a qualidade do meio urbano, ou seja, a qualidade das condições
potenciais de vida
O crescimento das cidades pode ainda ser limitado por incompatibilidade entre atividades
económicas ou agentes económicos.
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uma força de dispersão (centrífuga), explicada sobretudo pela existência de custos de
congestão.
Ou seja, os fatores que explicam o crescimento das cidades explicam também o seu
declínio.
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