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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL – EC – MODALIDADE EAD

ESTUDO DIRIGIDO 3 – ETAPA VII


Componente: Cidade meio Ambiente, segurança e Desenvolvimento Sustentável

Tema: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO


Componente: Cidade meio Ambiente, segurança e Desenvolvimento Sustentável

Data: 18/12/2012

Professor Responsável: Carolina Oliveira

Neste estudo dirigido faremos uma abordagem teórica utilizando temas como:

1. Introdução ao uso e ocupação do solo


2. Zoneamento urbano
3. Índices Urbanísticos

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O uso e ocupação do solo tem como principal objetivo o ordenamento do


solo urbano proporcionando assim melhor qualidade de vida.
Dentre os objetivos do uso e ocupação do solo podemos destacar:
 Compatibilizar o crescimento urbano com a oferta possível de
serviços públicos.
 Compatibilizar o uso do solo urbano com a defesa do meio ambiente
e do patrimônio histórico e cultural
 Separar os usos incompatíveis entre si.
 Controlar os usos prejudiciais ao desenvolvimento das funções
urbanas
 Propor ocupação das funções urbanas.

A ordenação do solo urbano também evita:


 Conflitos de vizinhança
 Inadequação entre o uso dos terrenos e as características do sistema
viário e das redes de infraestrutura, por meio do controle de
densidades.
 Inadequação entre o uso dos lotes e as características dos mesmos
 Agravamento de questões já existentes.

Assim temos duas relações:


 Direito individual versus Direito coletivo
 Direito de propriedade versus Direito de construir
Na ordenação do solo prevalece o coletivo ao individual, isto é o
cumprimento dos seguintes princípios: função social da propriedade, da
legalidade e da igualdade.
A função social da propriedade é um princípio que está vinculado a um
projeto de sociedade mais igualitária, isso se deve em razão de submeter o
acesso e o uso da propriedade ao interesse coletivo; portanto a propriedade
urbana cumpre a sua função social quando destinada para satisfazer as
necessidades dos habitantes da cidade. Os parâmetros para a satisfação
destas necessidades são os componentes do direito às cidades sustentáveis,
como o direito à moradia digna, o acesso a terra urbana, à saúde,
educação, ao meio ambiente, ao transporte e aos serviços públicos, à
infraestrutura urbana, ao saneamento ambiental, ao trabalho, ao lazer e a
cultura. A propriedade passa, assim, a ter seu uso condicionado ao bem-
estar social e, portanto, a ter uma função social e ambiental.

O princípio da legalidade é composto pelos subprincípios da homogeneidade


da planificação, da tipicidade dos planos urbanísticos, o do
desenvolvimento urbanístico em conformidade com o plano e o da
obrigatoriedade da planificação.

A função social da propriedade é o núcleo central da propriedade urbana. O


direito de propriedade urbana somente é passível de ser protegido pelo
Estado, no caso da propriedade atender à sua função social.
Função social da propriedade é, portanto, a prevalência do interesse comum
sobre o interesse individual. É o uso socialmente justo do espaço urbano
para que os cidadãos e cidadãs se apropriem do território, democratizando
seus espaços de poder, de produção e de cultura dentro de parâmetros de
justiça social e criação de condições ambientalmente sustentáveis.

A propriedade urbana somente deve ser passível de proteção pelo Estado se


atender a sua função social. Diversos agrupamentos políticos, gestores
públicos, urbanistas, juristas e lideranças sociais tem dedicado atenção a
buscar formas concretas de viabilização para que a propriedade urbana
tenha um efetivo uso voltado a atender ao bem estar e melhoria da
qualidade de vida da população que vive nas cidades.

O Princípio da função social como garantia de que o direito da propriedade


urbana tenha uma destinação social, exige o estabelecimento dos requisitos
que a propriedade deve cumprir para que atenda as necessidades sociais de
sua cidade.

1. ZONEAMENTO URBANO

As zonas urbanas podem ser definidas a partir de


 uso ou Cominação dos usos
 Intensidade do aproveitamento do espaço

A partir da intensidade do aproveitamento do espaço podemos áreas de


baixa, média e alta densidade.

A partir do uso ou da combinação dos usos temos:


 Zona residencial
 Zona Comercial / serviços
 Zona industrial
 Zona mista
 Zonas especiais (áreas de preservação ambiental, paisagística ou
patrimonial )
 Zonas Institucionais.

Esses usos podem ser agrupados segundo sua compatibilidade e segundo


seus requisitos de acesso ou de infraestrutura como
 Residencial: Uni ou multifamiliar
 Comércio/Serviços: observar se incompatíveis com residências ou
necessidade de acesso à rodovias ou ferrovias, ou até mesmo quanto
a exigências para carga e descarga e o tamanho do porte do
empreendimento.
 Indústrias: porte e potencial poluidor, incompatibilidade entre si.

As zonas especializadas num só tipo de uso interessam aos empresários


(incentivos especiais) ou às camadas de maior renda (exclusivamente
residenciais), não são em geral nocivas à cidade.

É interessante obsevar que o Estatuto da Cidade não prevê, como


tradicionalmente se falava, o "zoneamento urbano" (de cunho puramente
territorial e dos usos segregados), mas sim o zoneamento ambiental, já
que, nos tempos atuais, a questão ambiental ganhou no País, muito mais
importância e relevo do que a questão urbanística.

A tendência do zoneamento é combinar os usos compatíveis estimulando a


complementariedade. Assim pode-se separar usos nocivos ou desagradáveis
à coletividade e estabelecer maior restrição quanto aos impactos tanto no
sistema viário quanto no meio ambiente.

Quanto a intensidade de ocupação tem-se o controle de:


 Número de pessoas que residem, trabalham nas edificicações
 Número de veículos circulantes,
 Áreas livres, de lazer
 Equipamentos institucionais e comunitários
 Rede de infraestrutura
 salubridade das edificações

2. ÍNDICES URBANÍSTICOS

Índices urbanísticos são utilizados para controlar a intensidade de ocupação


(densidade).

Assim nós temos como elementos estruturantes do espaço urbano:


 Lotes (Figura 1a),
 Quadras (Figura 1b),
 Vias de circulação (Figura 1c)
(a) (b)

(c)
Figura 1 - Elementos estruturantes do espaço urbano

As quadras podem ser:


 ortogonais quadradas
 tabuleiro zadrez
 ortogonal retangular
 grelha

(a) (b) (c) (d)


Figura 2 - Quadras ortogonais: (a) quadrada; (b) tabuleiro xadrez; (c) retangular;
(d) grelha

As quadras também podem ter vias de circulação as penetrando, como


 Quadras em agrupamento de espinha de peixe
 Quadras com vias de circulação de penetração em T

 Quadras com vias de circulação de penetração em alça.

Para compreender a forma dos lotes, deve-se considerar:


 área
 testada
 topografia do terreno
 custo da terra
 Custo da infraestrutura

Então quanto maior o número de lotes, menor o custo da terra. E quanto


maior o número do lotes menor o custo da infraestrutura.

As retículas urbanas podem ser


 Fechadas
 Abertas
 Mistas

As retículas urbanas fechadas (Figura 6) são divididas em:


 Tabuleiro xadrez (quadrado)
 Grelha (retangular)
 Malha fechada não ortogonal
 Malha fehcada triangular
Figura 6 - Retículas urbanas fechadas: (a) Tabuleiro xadrez (quadrado); (b) Grelha
(retangular); (c) Malha fechada não ortogonal; (d) Malha fehcada triangular

Quanto a retícula urbana é ortogonal o custo de implantação é menor.

As retículas urbanas abertas são divididas em:


 Espinha de peixe
 com saídas sem saída em T
 Traçado aberto
 Semiaberta (vias de circulação sem saída e em alça)

Figura 7 - Retículas urbanas aberta: (a) Espinha de peixe; (b) com saídas sem
saída em T; (c) Traçado aberto; (d) Semiaberta

As retículas urbanas mista são uma combinação de traçados.


O seu desempenho e mais adequado e mais econômico. Assim o ideal são
as retículas urbanas fechadas para as vias de circulação com trânsito rápido
e as vias arteriais (principais) e para as vias de circulação local e secundária
sugere-se a malha aberta.

A figura 8 ilustra um modelo de malha mista.


Figura 8 - Planta da cidade de Welwin.

As principais diferenças entre as retículas urbanas são demonstradas no


quadro 1.

Quadro 1 - Diferenças entre as retículas urbanas


FECHADA ABERTA
Custos de Quadrada = Altamente econômica
infraestrutura antieconômica
Retangular= mais
econômica
Fluidez do tráfego Distâncias Distâncias
menores/velocidade maiores/problemas
menor, muitos com manutenção das
cruzamentos vias/maior velocidade
nas vias principais
Segurança Risco para veículos e Muita segurança para
pedestres (muitos pedestres e crianças
cruzamentos)
Compreensão espaço Facilmente codificável Difícil compreensão
urbano
Serviços urbanos Facilidade para Dificuldade/ aumento
entrega/coleta custos operacionais
Tipo de forma de vida Relacionamento Vida comunitária mais
distante intensa
Paisagem urbana Monótona/ pouco Espaço rico, atraente.
atrativa

As vias de circulação são um espaço público por excelência.


São atividades que se desenvolvem nas vias de circulação:
 Acesso aos lotes
 tráfego de passagem

Ambas as atividades são perturbadoras, pois o trafego de passagem é


elemento perturbador do acesso aos lotes e este por sua vez é elemento
perturbador do tráfego de passagem devido a entrada e saída de veículos,
estacionamento, carga e descarga e tráfego de pedestre.

A hierarquização das vias visa diminuir os conflitos resultantes da


superposição do tráfego de passagem com os elementos decorrentes do
acesso aos lotes.

Assim para minimizar os conflitos entre transeuntes e veículos temos os


seguintes elementos (Figura 9 ):
 Calçadas - áreas de uso exclusivo de pedestres
 Pista de rolamento - áreas de uso exclusivo de veículos
 sarjeta
 Meio fio
 alinhamento predial

Figura 9 - elementos estruturais das vias de circulação.

As vias de circulação também asseguram o espaço para penetração do ar e


do sol nos lotes. Assim as ruas devem ser orientadas com relação aos
ventos dominantes e ao movimento do sol.

A arborização urbana nas vias de circulação garantem:


sombra
 beleza cênica
 renovação do ar
 microclima ideal
 evita ilhas de calor

Porém o excesso ou o uso de arborização urbana inadequada pode causar:


- Insolação;
- estragos na via de circulação, bem como na rede de infra-estrutura
- Dificultar a iluminação
- Impedir a circulação do ar.

O sistema viário é classificado como


 Vias expressas
 vias arteriais
 Vias coletoras
 vias locais
As vias expressas (Figura 10) são aquelas vias com máxima mobilidade,
acessos diretos eliminados (uso de marginais), além de interligar áreas
distantes.

Figura 10 - Vias expressas ou de trânsito rápido

As vias arteriais (Figura 11) são vias de circulação que ligam as rodovias à
cidade, são vias principais.

Figura 11 - Vias arteriais

As vias coletoras (Figura 12) são vias de circulação que garantem


mobilidade e acessibilidade entre as vias arteriais e as locais.

Figura 12 - Vias coletoras

Vias locais (Figura 13) são vias de acesso aos lotes lindeiros, seja
residenciais, comerciais ou industriais. Garante o trânsito local.

Figura 13 - Vias locais

A largura das vias é determinada em função da sua classificação (expressa,


arterial, coletora, local), da taxa de ocupação. Assim, é nessário adequar o
projeto de execução das vias as necessidades dos usuários para minimizar
os custos.

2.1. Índices Urbanísticos

São índices urbanísticos


 Lote mínimo
 Taxa de ocupação
 coeficiente de aproveitamento
 gabarito (número de pavimentos)
 recuos
O tamanho do lote pode variar de acordo com o uso e a zona. A dimensão
pode tanto incentivar quanto desestimular a ocupação.

Exemplos:
Loteamentos residenciais classe alta são lotes maiores, com taxa de
ocupação e coeficiente de aproveitamento baixos de maneira a não adensar
o local. Enquanto que numa zona predominantemente residencial os lotes
residenciais são menores os lotes para demais usos são maiores, com isso
desestimula-se os usos não residenciais.

A taxa de ocupação é a razão entre a área coberta (ocupada) e a área do


lote.

Figura 14 - taxa de ocupação

A área coberta é o somatório de todas das áreas cobertas independentes do


número de pavimentos.

Para saber qual a área máxima de ocupação em determinado terreno basta


multiplicar a área do terreno pela taxa de ocupação.

Assim a área descoberta dentro do lote será a área permeável que serve
para:
 Drenagem das águas pluviais
 preservação das áreas verdes
 lazer
 estacionamento
 carga e descarga
 ventilação iluminação

O coeficiente de aproveitamento é a razão da área construída e da área do


lote, em que a área construída é a somatória das áreas de todos os pisos.
Para saber qual a área máxima edificável em determinado terreno basta
multiplicar a área do terreno pelo coeficiente de aproveitamento.
Figura 15 - coeficiente de aproveitamento

O número máximo de pavimento visa o controle da densidade e controle


visual (proteção paisagem natural e do monumento histórico).

Exemplo: Dado um terreno cujo lote apresenta as seguintes dimensões 10


m²x 50 m², em que apresenta coeficiente de aproveitamento de 3,5 e taxa
de ocupação de 60% calcule a área máxima edificável, a área máxima de
ocupação e o número máximo de pavimento.

área lote: 10 x 50 = 500 m²


área edificável (área construída - AC) = 500 x 3,5 = 1.750 m²
área máxima de ocupação = 500 x 60% = 300 m²
Número máximo de pavimentos: 1.750/300 = 5,83 6 pavimentos

Caso minha área de ocupação fosse 200 m² e a legislação permitir o


número máximo de pavimentos será de 9 pavimentos.
1.750/200 = 8,75 9 pavimentos.

Os recuos podem ser:


 Frontal
 Lateral
 de fundos

Figura 16 - tipos de recuo.

Os objetivos na fixação de recuos mínimos são


 Recuo frontal:
 manter o alinhamento predial, ou seja, evitar invasão das calçadas
pelas saliências das edificações, varandas ou fundações.
 Espaço para arborização
 Reservar área para eventuais alargamentos de vias de circulação

 Recuo lateral/fundos
 Para ventilação/insolação
 simplicidade das soluções construtivas

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