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NOÇÕES INICIAIS

Considere a proposição:

Pedro foi um bom presidente.

Você saberia me dizer se essa proposição é verdadeira ou falsa? Bom, para isso,
teríamos que definir o que vem a ser um bom presidente. Podemos avaliar as
conquistas na área econômica, as melhorias na área social, os prêmios internacionais, a
quantidade de escândalos de corrupção, etc.

Veja que cada um desses itens pode ter um peso maior ou menor a depender de
quem avalia, pois o conceito de “bom presidente” é um conceito subjetivo. Para um
grupo de pessoas, essa afirmação é considerada verdadeira, já para outro grupo de
pessoas, esta afirmação é considerada falsa.

Bom, o que eu quero dizer é que o objetivo da Lógica da Argumentação não é a


avaliação do conteúdo em si, mas a forma com que as informações são apresentadas,
se determinado raciocínio foi ou não bem construído, se podemos chegar a alguma
conclusão baseada no raciocínio apresentado, independentemente dos valores
subjetivos dos conceitos.

Vejamos um exemplo:

José é um uma pessoa legal.

Será que podemos avaliar se essa proposição é verdadeira ou falsa? Mais uma vez seria
muito subjetivo, além de não sabermos de que José estamos falando. Agora, se eu falo
“José é uma pessoa legal, pois ele é baiano e todo baiano é legal”.

Nesse caso, estamos diante de uma conclusão baseada em alguns fatos que foram
apresentados. Assim, independentemente do José que estou me referindo, sabendo
que todo baiano é legal e que José é baiano, eu posso afirmar sem nenhuma dúvida
que ele é legal.

No estudo da Lógica da Argumentação, nos baseamos em regras de inferência lógica.


A argumentação centra-se essencialmente em alcançar conclusões por meio do
raciocínio lógico, isto é, fatos baseados em premissas.

O argumento é uma sequência determinada (finita) de proposições (premissas) que


leva a uma proposição final, uma conclusão do argumento.

Observe esse argumento:

● Todo baiano é legal (premissa)


● Marcos é baiano (premissa)
● Marcos é uma pessoa legal (conclusão)
Nesse argumento as duas premissas podem ser chamadas de antecedentes e dão
suporte à conclusão, que pode ser chamada de consequente. Podemos utilizar um
diagrama para mostrar que este argumento é válido. Vejamos

Observando o diagrama, podemos perceber que Marcos está dentro do conjunto dos
baianos, pois ele é baiano, e o conjunto dos baianos está dentro do conjunto das
pessoas legais pois todo baiano é legal.

Um argumento é constituído de proposições P1, P2, P3, ..., Pn, chamadas de premissas,
que servem de base para afirmar que uma outra proposição C é verdadeira, chamada
de conclusão.

Quando temos apenas duas premissas e uma conclusão, estamos diante de um


Silogismo. Assim, o silogismo nada mais é do que uma argumentação com duas
premissas e uma conclusão.

No estudo da Lógica da Argumentação o que nos interessa são os “Argumentos


Válidos”. Dizemos que um argumento é válido (legítimo), quando a sua conclusão é
uma consequência obrigatória do seu conjunto de premissas. Assim, não é possível
saber se a conclusão do argumento é verdadeira se nós não considerarmos todas as
premissas como verdadeiras.

Dizemos que um argumento é inválido (ilegítimo, falacioso, sofisma) quando, mesmo


considerando suas premissas como verdadeiras, ainda assim, não é possível garantir a
verdade da conclusão, ou seja, a conclusão não é uma consequência obrigatória do seu
conjunto de premissas.

Resumindo o que já falamos até aqui, não estamos interessados em saber se cada
proposição de um argumento é verdadeira ou falsa, mas sim, se o argumento é válido,
ou seja, se a conclusão é uma consequência obrigatória das premissas, considerando
que as premissas sejam verdadeiras simultaneamente. Assim, o argumento é
classificado em válido ou inválido e não em verdadeiro ou falso (as proposições é que
são classificadas em verdadeiras ou falsas).
Vejamos dois exemplos:

P1: Todos os baianos são nordestinos


P2: Pedro é baiano
C: Pedro é nordestino

P1: Todos os baianos são nordestinos


P2: Existem nordestinos que são ricos
C: Existem baianos que são ricos

TIPOS DE QUANTIFICADORES
Basicamente, existem dois tipos de argumentos: Argumentos Categóricos e
Argumentos Hipotéticos. Não é necessário saber esta classificação, mas sim como
resolver as questões que envolvem cada um desses dois tipos. Comecemos com os
argumentos categóricos. Os argumentos categóricos são aqueles que apresentam
premissas representadas por enunciados simples, contendo um quantificador, um
sujeito, um verbo de ligação e um predicado.

Vejamos alguns exemplos:

TODO BAIANO É NORDESTINO


● todo: Quantificador
● baiano: Sujeito
● é: Verbo de ligação
● nordestino: Predicado

EXISTE BAIANO QUE É RICO


● existe: Quantificador
● baiano: Sujeito
● é: Verbo de ligação
● rico: Predicado

NENHUM CARIOCA É BAIANO


● nenhum: Quantificador
● carioca: Sujeito
● é: Verbo de ligação
● baiano: Predicado

ALGUNS NORDESTINOS NÃO SÃO BAIANOS


● alguns: Quantificador
● nordestinos: Sujeito
● não: Partícula de negação
● são: Verbo de ligação
● baianos: Predicado

Representamos acima os quatro tipos de proposições com quantificadores:

Todo A é B (universal afirmativo),


Nenhum A é B (universal negativo),
Algum A é B (particular afirmativo) e Algum A não é B (particular negativo).

Vamos explicar as conclusões que podem ser tiradas a partir desses quantificadores:

Todo A é B
A partir dessa informação podemos ter certeza que a área pintada de vermelho não
possui nenhum elemento e que a área pintada de azul possui algum elemento. Todos
os elementos do conjunto A estarão localizados dentro do conjunto B. Pode existir
algum elemento de B que não seja de A (área branca), mas isso nós não temos como
saber apenas com a afirmação de que “Todo A é B”. A negação desse quantificador é
dizer que existe elemento de A na área vermelha, ou seja, dizer que “Algum A não é B”.

Nenhum A é B

A partir desta informação podemos ter certeza que a área pintada de vermelho não
possui nenhum elemento e que a área azul possui algum elemento. Todos os
elementos do conjunto A estarão localizados fora do conjunto B. A negação desse
quantificador é dizer que existe elemento de A na área vermelha, ou seja, dizer que
“Algum A é B”.

Algum A é B

A partir desta informação podemos ter certeza que a área pintada de azul possui
algum elemento. Ou seja, podemos concluir que A e B possuem pelo menos um
elemento em comum. Pode existir algum elemento de B que não seja de A, e algum
elemento de A que não seja de B, mas isso nós não temos como saber apenas com a
afirmação de que “Algum A é B”. A negação desse quantificador é dizer que não existe
elemento de A na área azul, ou seja, dizer que “Nenhum A é B”.

Algum A não é B
A partir desta informação podemos ter certeza que a área pintada de azul possui
algum elemento. Podemos concluir que A possui algum elemento que não pertence a
B. Pode existir algum elemento de A que seja de B, mas isso nós não temos como
saber apenas com a afirmação de que “Algum A não é B”. A negação desse
quantificador é dizer que não existe elemento de A na área azul, ou seja, dizer que
“Todo A é B”.

Agora, vamos aprender a resolver as questões de concurso que apresentam esses


quantificadores nas premissas.

EXERCÍCIO
Considere a seguinte sequência de proposições:
P1 – Todos os pássaros são animais.
P2 – Os animais são seres vivos.
P3 – O papagaio é um pássaro.
C – O papagaio é um ser vivo
Nessas condições, é correto concluir que o argumento é válido ?

Solução:
Para resolver essa questão, vamos começar representando as premissas por meio dos
diagramas. Utilizaremos os diagramas mais comuns.

É possível observar que temos um argumento válido.

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