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Resumo:
Abstract:
Contemporary art with the popularization of the Expanded Field concept broadened horizons, providing
the artist with various means of production, circulation and interaction between the public and artistic
images. Previously, the relational communication between the work and the viewer made use of a
strategy aimed at a passive observer, after the sixties, this passive observation was broken, thus opening
spaces for other forms of conviviality where relational interaction is emphasized. Therefore, the present
writing will aim to point to new relational dynamics between author, intermediary and visitor.
1. Mediação cultural
Em se tratando de mediação cultural, podemos verificar que Mariana Ratts Dutra, em
Curdoria compartilhada na experiência de mediação cultural do Museu de Arte Contemporânea
do Ceará, 2014 conceitua que “O mediador cultural é, sim, aquele que está entre a produção
artística e o público, sendo responsável pelas diversas formas de se relacionar com ele, indo
além da prática de apenas receber o público por visitas guiadas de maneira informativa (pag
50). Partindo desta primícia seguimos para o artigo “Curadorias educativas a consciência do
olhar: Percepção imaginativa perspectiva fenomenológica aplicadas à experiência estética,
1996”, de Luiz Guilherme Vergara que nos aponta as ações de Mary Jane Jacob como curadora
de arte pública atuando em Nova York, em comparação com as ações realizadas pelos museus
Metropolitan Museum of Art e The New Museum of Contemporary Art, onde o mesmo nos
aponta:
O que existe em comum entre estes casos são os seus esforços para expandir
os conceitos de curadoria para tornar suas exibições aquilo que Mary Jane
Jacob aponta como foco de uma Ação Cultural. Tornar arte acessível a um
público diversificado é torná-la ativa culturalmente. Esse é um ponto que tem
sido crucial de debates e simpósios internacionais sobre museus de arte e sua
redefiniçõ. Ação Cultural da Arte implica em dinamização da relação
arte/indivíduo/ sociedade – isto é, formação de consciência e olhar. [...] Neste
sentido, ao se propor a exibição de arte como ação cultural – se tem como
objetivo criar uma perspectiva de alcance para a arte ampliada como
multiplicadora e catalizadora dentro de um processo de concientização
cultural. Sem dúvida, é preciso fundamento teórico/prático para transformar a
experiência estética junto as exposições em um centro de interações
multidisciplinar e diversificado acessível para vários níveis de público.
(VERGARA, 1996, 243)
Entendemos assim que o mediador era instruído com informações sobre os artistas e as
obras e assim, transmitia este conhecimento adquirido para o público em um modelo
verticalizado, de certa forma, sendo colocado como fonte de conhecimento e saber estético,
seguindo a ordem imagem/mediador-interpretante/público-receptor passivo.
Assim como o Demiurgo1 media o processo como inteligência capaz de vincular os
diferentes modos de um ser, onde a relação homem-mundo é mediada por ele, o papel do
mediador seria, em tese, fazer -metaforicamente- essa ponte entre os âmbitos distintos, entre
espectador e a obra, fazendo uma interlocução, trazendo o seu conhecimento, fazendo
indagações e provocações, estimulando o visitante a trazer suas experiências restritas ao seu
modo de recepção da mensagem do mediador, para assim, gerar possíveis novos entendimentos
que nascem deste confronto. O mediador, agindo como um demiurgo, na primeira fase deste
processo de entendimento e comunicação, entra em contato com um conhecimento e traduz, a
seu modo, aos visitantes que por sua vez, filtram a informação que recebem, segundo seus
modos exclusivos de recepção.
Entretanto, Stuart Hall, em Da diáspora: identidades e mediações culturais, nos aponta
sua ideia de codificação/ decodificação, onde nem sempre, no caso da relação entre obra e
interpretante, o que está descrito é o recebido pelo espectador:
1
Platão discorre em Timeu - “O demiurgo empreende uma actividade mimética. Ao criar o mundo sensível por
meio da imitação do arquétipo, assemelha-se em grande medida a um artífice, que, antes de produzir alguma coisa,
tem em conta uma forma da qual assimilará as propriedades que fará corresponder no material que trabalha.”
Então, a primeira tomada de posição de "Codificação/ Decodificação" é, em parte, a
de interromper esse tipo de noção transparente de comunicação para dizer: "Produzir
a mensagem não é uma atividade tão transparente como parece." A mensagem e uma
estrutura complexa de significados-que não é tão simples como se pensa. A recepção
não é algo aberto e perfeitamente transparente, que acontece na outra ponta da cadeia
de comunicação. E a cadeia comunicativa não opera de forma unilinear. (HALL, 2003,
p. 354).
Durante a observação do autor nas visitas guiadas relizadas na exposição Ato Falho, foi
possível verificar em loco estes sinais de mudança, pois o mediador em um primeiro momento
solicitava que o público observa-se as obras, para que o mesmo fizesse sua própria análise tendo
como base suas próprias experiências, e após este primeiro momento, iniciava a apresentação
de seu próprio entendimento, obtido à partir de estudos sobre os artistas e as obras, como
podemos visualizar nas figuras 1 e 2.
Figuras 1 e 2. À esquerda: Mediador apresentando a obra e solicitando que cada observador fizesse uma
observação inicialmente passiva da obra “Mimordi”, 2015 do artista Marcelo Gandini, na exposição Ato Falho,
Casa Porto das Artes Plásticas, 2022. À direita: Mediador apresentando seu entendimento da obra “Mimordi”,
2015 do artista Marcelo Gandini, na exposição Ato Falho, Casa Porto das Artes Plásticas, 2022 (Fonte: Acervo
do autor)
Observamos ainda que na sequência da comunicação entre mediador e visitante ocorreu
uma resposta (compreensão) do visitante, iniciando assim um quiproquó um diálogo bilateral,
onde os diferentes atores culturais estabeleceram uma dialética que teoricamente abriu também,
uma possibilidade de novas sínteses, para ambos, como podemos visualizar nas figuras 3 e 4:
Figuras 3 e 4. À esquerda: Mediador recebendo a análise deste observador, dando início ao quiproquó,
Exposição Ato Falho, Casa Porto das Artes Plásticas, Vitória, 2022. À direita: Mediador dando continuidade ao
quiproquó, Exposição Ato Falho, Casa Porto das Artes Plásticas, Vitória, 2022. (Fonte: Acervo do autor)
5. Conclusão
Entendemos assim que a forma de atuação do mediador cultural vem sofrendo
mudanças, visto que a transmissão de conhecimentos do mediador passou a sofrer intervenções
dos visitantes através do diálogo, onde podemos observar a tríade entre: dois sujeitos (mediador
e visitante), um objeto (imagens artísticas) e dois interpretantes.
Sanders Peirce nos apresenta o encantamento e a qualidade estética, que no caso da
exposição, é metaforicamente realizada entre mediador e visitante, e a busca desse
encantamento se vem justamente a partir dessa bagagem visual única de cada indivíduo.
Quando tratamos da questão do encantamento estético que um observador é submetido como
sujeito diante de uma imagem artística, Sanders aponta em seu livro Semiótica,2005:
Um Signo, ou Representâmen, é um primeiro que se coloca numa relação triádica
genuína tal com um segundo, denominado seu Objeto, que é capaz de determinar um
Terceiro, denominado seu Interpretante, que assume a mesma relação triádica com
seu objeto na qual ele próprio está em relação com o mesmo objeto. (PEIRCE, 2005,
p 64)
4. Referências