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INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS

PEDRO AUGUSTO SILVA LEMOS MORAIS – TELET – 3º ANO

CONSTRUÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO


Impactos ambientais e ações mitigatórias

Ipatinga-MG
2023
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3
2. IMPACTOS AMBIENTAIS ........................................................................................... 4
2.1. IMPATCTOS SOBRE A FLORA ............................................................................... 5
2.2. IMPATCOS SOBRE A FAUNA ................................................................................. 6
2.3. IMPACTOS SOBRE A BIODIVERSIDADE .............................................................. 7
2.4. IMPACTOS SOBRE O SOLO .................................................................................... 8
2.5. IMPACTOS NA REDE DE DRENAGEM DE RECURSOS HÍDRICOS .................... 8
2.6. IMPACTOS EM ÁREAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UC) .................... 9
2.7. IMPACTOS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APPs) .................. 9
3. MITIGAÇÕES................................................................................................................ 9
3.1. RECONFORMAÇÃO DO TERRENO........................................................................ 9
3.2. IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE DRENAGEM ............................................... 10
3.3. ESTOCAGEM DA CAMADA SUPERFICIAL DOS SOLOS .................................. 11
3.4. RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DE CANTEIROS DE OBRAS, ACESSO E DE
EMPRÉSTIMO QUE NÃO FAZEM PARTE DA FAIXA DE SERVIDÃO......................... 12
3.4.1. COMPENSAÇÃO E REPOSIÇÃO FLORESTAL OBRIGATÓRIA ..................... 13
3.4.2. COMPENSAÇÕES GERAIS DE REVEGETAÇÃO ............................................. 13
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 14
5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 14
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1. INTRODUÇÃO
Com o avanço no desenvolvimento econômico, a preocupação com a contínua
necessidade de se oferecer energia elétrica também cresce. Assim, tanto a prospecção quanto o
próprio fornecimento de energia, são primordiais na manutenção da qualidade de vida nos seus
destinos, fazendo com que tenham fortes impactos na expectativa econômica local.
No Brasil, com sua vasta dimensão territorial e com sua riqueza de recursos hídricos
– sujeitos à sazonalidade – utilizados para compor a maioria da matriz energética nacional, nem
sempre a localidade viável para a geração deste tipo de energia é próxima aos grandes centros
de demanda energética. Portanto, com a necessidade de se escoar a energia das localidades
geradoras para as consumidoras, surgiu o Sistema Interligado Nacional (SIN) que interliga
todos os estados brasileiros (com exceção de Roraima, que é abastecido pela Usina Hidrelétrica
de Guri da Venezuela) em uma única malha de linhas de transmissão (LTs) de energia (Figura
1). Esse sistema de transmissão, concede dinamicidade ao controle da distribuição energética
do país, que dentre diversas outras coisas, é capaz de contornar a sazonalidade escoando energia
de regiões que não estão sofrendo com seus efeitos de forma alternada (trabalhando
especialmente com seus extremos norte e sul).

Figura 1

Print do Mapa Dinâmico do SIN


Disponível em: <https://bit.ly/3CEXSXm>. Acesso em 20 jun. 2023

Assim, dada a importância do fornecimento de energia para o desenvolvimento


econômico, as linhas de transmissão se fazem componentes essenciais na constituição dessa
tarefa. Contudo, junto a sua construção, se encontram os impactos ambientais provocados por
ela. A esses e às ações mitigatórias cabíveis será dado o foco deste texto.
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2. IMPACTOS AMBIENTAIS
Antes de adentrar nos impactos ambientais causados pela construção das linhas de
transmissão, é necessário a compreensão de que a construção de LTs, se distinguem da
construção de outros empreendimentos de grande porte justamente pelo seu objetivo – conectar
uma fonte geradora até a subestação responsável por distribuir a energia pelo centro consumidor
– ou seja, uma vez que podem adquirir grandes extensões, elas estão sujeitas a cobrir áreas
dotadas de distintos atributos, sejam eles bióticos, abióticos, hídricos, minerais, arqueológicos,
paleontológicos ou até legais – como as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Unidades
de Conservação (UCs). Assim, é adicionado um fator de complexidade ao planejamento prévio
e às responsabilidades envolvidas com a consolidação de obras desse porte.
Nesse contexto, aqueles empreendimentos que foram considerados necessários ao
sistema de transmissão nacional por parte do Ministério de Minas e Energia (MME) – que estão
incluídos em documentos emitidos anualmente denominados, respectivamente, Plano de
Ampliações e Reforços na Rede Básica (PAR) e Programa de Expansão da Transmissão (PET)
– que já foram leiloados e passaram a ser responsabilidade exclusiva do consórcio ou da
empresa vencedora, estão sujeitos ao processo de licenciamento do órgão ambiental vigente (se
fazendo de forma distinta das usinas hidrelétricas, onde o processo de licenciamento tem início
antes da concessão contratual) o que pode provocar mudanças na viabilidade econômica
prevista através dos relatórios emitidos para o processo de licitação. No licenciamento
ambiental é analisada a viabilidade socioambiental do empreendimento, para englobar as
variáveis que sofrerão os efeitos mais significativos, diretos ou indiretos, durante e após a fase
de implantação, tão quanto durante a fase de operação do empreendimento. O Estudo de
Impacto Ambiental (EIA), que faz parte do processo de licenciamento, deve propor medidas
mitigatórias e de controle ambiental, e apontar o percentual de investimento a ser aplicado (que
não pode ser inferior a 0,05% do valor total investido no empreendimento) para fins de
compensação ambiental, e suas conclusões devem ser apresentadas em um documento acessível
ao entendimento do público, denominado Relatório de Impacto Ambiental (Rima), essencial
para o processo de divulgação do empreendimento e para se observar a aceitação pública e dos
órgãos municipais e estatais quanto a sua localização. Somente após a análise de seus
resultados, consulta prévia aos órgãos ambientais (OEMAs), de patrimônios históricos
(IPHAN) e naturais, das comunidades indígenas (Funai), quilombolas (Fundação Palmares), de
assentamentos rurais (INCRA), de conservação da biodiversidade (ICMBio), entre vários
outros, é que então o Ibama concede a Licença Prévia (LP).
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Uma vez com a posse da LP, o empreendedor então deve elaborar um plano para o
acompanhamento, mitigação e compensação dos impactos ambientais definidos no EIA, para
então obter a Licença de Instalação (LI), que autoriza a instalação do empreendimento de
consoante o cumprimento das etapas do plano definido previamente, fase na qual deve ser
informada a área a ser desmatada para o deferimento da Autorização de Supressão de Vegetação
(ASV), imprescindível para se poder intervir de fato com o desmatamento, para só assim
solicitar a emissão da Licença de Operação (LO) que reflete na elaboração de relatórios que
descrevam a implantação das etapas previstas no plano realizado na LP e que sujeita o
empreendimento a vistorias periódicas cuja finalidade é verificar se todas as exigências e
detalhes técnicos descritos no projeto aprovado foram concebidas ao longo de sua instalação,
possuindo uma validade que não pode ser superior a 10 anos, carecendo de renovação.

2.1.IMPATCTOS SOBRE A FLORA


Consistindo basicamente no desmatamento da vegetação, os impactos sobre a flora se
dão em maioria durante a fase de instalação das LTs no que abrange ao estabelecimento e na
manutenção da faixa de servidão – região de largura em função da tensão da linha e que se
estende por toda a extensão do projeto, como previsto pela NBR 5422/1985 (Figura 2) – limpeza
das áreas onde serão montadas as torres e das áreas onde serão realizadas as operações de
lançamentos dos cabos – denominadas praças de lançamento – (Figura 3); limpeza das áreas de
acesso e de logística (que envolvem estradas, pontes, passagens terrestres ou fluviais,
instalações sanitárias, vestiários, áreas de lazer, ambulatórios, oficinas de manutenção de
equipamentos, almoxarifados, refeitórios, escritórios, entre outros).

Figura 2

Faixa de servidão
Disponível em: <https://bit.ly/3XgUsmY>. Acesso em 20 jun. 2023
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Figura 3

Print praça de lançamento


Disponível em: <https://bit.ly/3pdB1z0>. Acesso em 20 jun. 2023

A remoção dos indivíduos que compões a flora por meio do desmatamento, provoca
alterações na composição e na quantidade de biomassa, podendo desencadear no esgotamento
do substrato uma vez que houve desequilíbrio no ciclo dos nutrientes. Quanto às espécies
protegidas por lei, elas podem ser sobrepostas, serem removidas com prévia autorização ou, em
casos mais extremos, ocasionar no desvio do traçado. Além disso, existem outras consequências
resultantes da abertura da faixa de servidão, como a queda de exemplares de vegetação
resultantes da canalização dos ventos através do corredor formado pela faixa de supressão de
vegetação, e aquelas ligadas à fragmentação da área vegetal nativa, o que provoca alterações
no fluxo energético dos biótipos atingidos além de gerar um oportunismo perigoso (por
dificuldades quanto à forma de lidar) ao conceder acesso a áreas antes inacessíveis no interior
da mata o que pode favorecer a práticas ilegais em áreas remotas e de difícil fiscalização, como
o extrativismo ilegal e desmatamentos irregulares.
Assim, o impacto na flora causado pela implantação de LTs é direto, regional, imediato
e permanente

2.2.IMPATCOS SOBRE A FAUNA


Os impactos sobre a fauna são em sua maioria consequências da modificação dos
espaços naturais geradas pelas ações da obra, e abrangem a redução de indivíduos nas
populações presentes na área de influência direta e indireta do empreendimento. As ações
causadoras envolvem a supressão de vegetação para a abertura da faixa de servidão e de acessos;
o aumento do tráfego de veículos, embarcações e de ruídos; aumento no número de pessoas,
entre outros.
No decorrer dessas ações, haverá a fuga de alguns exemplares de espécies, dotados de
boa capacidade de locomoção e fuga – como algumas aves e mamíferos – porém a permanência
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de outras com capacidade locomotora menor – como alguns répteis e anfíbios – que para se
defender procuram se esconder ao invés de fugir, o que gera risco eminente àquelas que
procurarem se esconder dentro da área a ser suprimida. Ademais, o aumento do tráfego de
veículos somada ao movimento da fauna provocado pelo ruído e movimentação anormal,
podem ocasionar eventualmente em atropelamentos.
Somado a isso, novamente devido ao acesso, a pressão de caça sobre os elementos da
fauna pode aumentar, especialmente em regiões onde a caça por subsistência ainda é praticada
(comum no norte do país). E por fim, a fragmentação causada pela supressão da vegetação para
a abertura da faixa de servidão mudam o microambiente da área de borda em relação ao interior
da floresta, ocasionando no aumento da intensidade de interações ecológicas como a
competição.
Agora, já na fase de operação de uma linha de transmissão, podem ocorrer acidentes
envolvendo a fauna local, seja ela alada ou terrestre. Aqueles que envolvem fauna alada
(animais que possuem asas) envolvem a eletrocussão, reservada à quando o indivíduo envolvido
estabelece contato simultâneo com dois condutores que apresentem diferença de potencial entre
si, o que provoca a passagem de uma alta corrente pelo seu corpo – devido à distância entre os
condutores de fase, estão geralmente relacionados a animais de grande porte – e os acidentes
por colisão, que ocorrem com o choque da ave em pleno voo com os cabos da torre (condutores
ou para-raios) ou até com a torre propriamente dita. Já aqueles que envolvem a fauna terrestre,
estão correlacionados com o processo de indução de eletricidade, resultado do campo elétrico
gerado pela alta tensão nas proximidades das linhas de transmissão, o que induz a passagem de
corrente em objetos metálicos condutores próximos, como cercas de arames, e
consequentemente pode acarretar a eletrocussão da fauna terrestre que tocá-los.
Assim, o impacto sobre a fauna causada pela implantação de LTs, é negativo, direto,
regional, imediato e permanente.

2.3.IMPACTOS SOBRE A BIODIVERSIDADE


Se tratando de uma consequência dos dois itens anteriores, os impactos sobre a
biodiversidade se dão de maneira mais intensa dependendo da localidade pela qual percorrerá
o empreendimento. Em biomas extremamente ricos em fauna e flora, como o Amazônico, o
impacto que a supressão da vegetação pode provocar é de certa forma inestimável, por conter
espécies em diversos níveis de risco de extinção, além de exemplares nem conhecidos pela
Biologia, que podem ser afetados de modo a provocar seu desaparecimento. Somado a esse
efeito direto e imediato, está outro efeito direto, porém retardado, conhecido por efeito de borda,
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que consiste na decadência progressiva nos ecossistemas florestais causada pela formação
abrupta de bordas laterais nos limites da faixa de servidão. Esse último fenômeno citado, afeta
a dinâmica das inter-relações e interdependências entre as espécies o que interfere na
conservação de exemplares vegetais.
Assim, o impacto sobre a diversidade causado pela implantação de LTs, é negativo,
direto, regional, imediato e permanente.

2.4.IMPACTOS SOBRE O SOLO


Os impactos sobre o solo são ocasionados majoritariamente pelo início ou pela
aceleração de processos erosivos, resultados da remoção da vegetação ao longo da faixa de
servidão, dos canteiros de obra, das praças de lançamentos e das áreas de logística além da
movimentação anormal do solo devido o processo de implantação das fundações das torres.
Esse processo de arrastamento pode aterrar áreas férteis com materiais áridos – provocando
mudanças nas dinâmicas de drenagem do solo afetado – causando desequilíbrio na flora,
consequentemente na fauna, além de poder alterar significativamente o processo fotossintético
de recursos hídricos afetados, uma vez que tornando a água mais turva, surgem efeitos em
cadeia resultantes da dificuldade da realização de fotossíntese por parte das algas. Caso não
sejam tomadas devidas precauções com esses processos erosivos, eles podem evoluir para
sulcos e ravinas, alastrando assim a abrangência de seus impactos.
Assim, o impacto sobre o solo causado pela construção de LTs, é direto, local e
imediato, que podem evoluir para um estado permanente e irreversível.

2.5.IMPACTOS NA REDE DE DRENAGEM DE RECURSOS HÍDRICOS


Surgindo como mais uma das consequências da criação da faixa de servidão, dos
canteiros de obras e da criação ou então a melhoria dos acessos disponíveis, a remoção da
cobertura vegetal implica na mudança na dinâmica de infiltração, escoamento e drenagem das
águas, sejam elas na superfície ou debaixo delas, o que provoca mudança nas características
naturais do solo de drenar as águas que por ele percorrem. Essa mudança pode ser mais drástica
dependendo das regiões em que a linha de transmissão passará, devido à característica do ritmo
de chuvas local. Além disso, devido aos processos erosivos, sedimentos antes indisponíveis,
podem se depositar nos cursos d’água, alterando com o tempo as características bióticas deste
meio.
Assim, o impacto na rede de drenagem de recursos hídricos é local, direto, imediato e
permanente, podendo, no entanto, com prévia avaliação, serem de relevância pequena.
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2.6.IMPACTOS EM ÁREAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UC)


Por mais que Unidades de Conservação, sejam áreas sob proteção legal e que devem
ser evitadas por empreendimentos de qualquer natureza, há situações em que há impossibilidade
de se alterar o traçado de modo a evitar qualquer tipo de interferências nessas áreas. Nesses
casos em que é inevitável a interferência sobre esse território protegido, a autorização estará
sob o poder do respectivo órgão gestor responsável pela administração da UC, será
predeterminada pelo Ibama a alocação de recursos – em função do custo total da obra de
instalação do empreendimento – de compensação ambiental. Já durante as obras, serão adotadas
medidas especiais para reduzir a interferência sobre o meio local.
Assim, o impacto sobre áreas de UC é direto, local, imediato e permanente.

2.7.IMPACTOS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APPs)


Constituem as áreas de preservação permanente àquelas às margens de cursos d’águia
de nascentes, reservatórios naturais ou artificiais, topos de morro, encostas, que, portanto,
possuam importante papel na preservação dos recursos hídricos locais, da estabilidade
geológica (do terreno), da biodiversidade e do fluxo biológico da fauna e flora local, além de
proteger o solo. Assim, novamente devido à característica particular do empreendimento que
são as LTs, a interferência sobre as APPs, é previsível, no entanto, pode ser evitada por meio de
desvios. Em casos em que o desvio é inviável, serão previstas ações para a sua recuperação e
compensação.
Assim, o impacto sobre as APPs é direto, local, imediato e permanente.

3. MITIGAÇÕES
Uma vez que as linhas de transmissão são empreendimentos de responsabilidade
privada, contudo, sujeitas à licenciatura e fiscalização, é previsto como parte de seu processo
de aprovação, a determinação de ações mitigatórias a todos os impactos que por esse serão
causados. Ações essas que terão o cumprimento fiscalizado, o que é inclusive, imprescindível
para a renovação da LO, sendo assim, não há negligências quanto ao alcance dos impactos de
uma LT.

3.1.RECONFORMAÇÃO DO TERRENO
Trabalhos de reconformação do terreno, visam restaurar características semelhantes às
que antecedem a intervenção sobre ele, sendo uma ação eficaz quanto a remediação de
processos erosivos e outros relacionados a drenagem do solo.
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A reconformação faz uso de tratores para preparar as áreas para plantios e conservação,
usufruindo da estratégia de canalizar a água das chuvas de modo a evitar o escoamento em
forma de enxurrada – principais causadoras de erosão – e assim conduzi-la para locais onde
existam estruturas de dissipação de energia apropriadas. Esse processo é feito mediante
estruturas artificiais, denominadas terraços.
Existem diversos tipos de terraços (Figura 4) apropriados para a reconformação do
terreno, e a escolha será feita baseada nas condições locais – declividade, propriedades do solo,
cobertura vegetal, entre outros – de forma a determinar aquele que será mais adequado. Dentre
os tipos de terraços existentes que são aplicados nesse processo, estão:

Figura 4

Terraço de base média


Disponível em: <https://bit.ly/3qJ3XPB>. Acesso em 20 jun. 2023

• Terraços Mangum: recomendados para áreas com baixa precipitação pluviométrica de


até 10% de declividade e com solos mais permeáveis;
• Terraços de Base Larga: recomendados para áreas de relevo ondulado, de até 12% de
declividade;
• Terraços de Base Média: recomendados para áreas com declives entre 8 e 15%;
• Terraços de Base Estreita: recomendados para áreas com declives de até 20%;
• Terraços de patamar: recomendados para áreas com declive entre 20 e 55%.

3.2.IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE DRENAGEM


A implantação de sistemas de drenagem visa reestabelecer os padrões hidrodinâmicos
originais das áreas afetadas pela construção das LTs, sendo recomendado com base em estudos
detalhados de micro e macrodrenagem locais desenvolvidos durante a execução das obras, se
fazendo eficiente na mitigação dos impactos às características do solo (Figura 5).
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Figura 5

Sistema de drenagem para escoamento de águas pluviais


Disponível em: <https://bit.ly/3qJ3XPB>. Acesso em 20 jun. 2023

3.3.ESTOCAGEM DA CAMADA SUPERFICIAL DOS SOLOS


A prática de estocagem da camada superficial dos solos, tem o objetivo de conservar
a matéria orgânica – extremamente importante na formação do solo, pois incrementa a
fertilidade e gera condições propícias ao desenvolvimento da vegetação e da biota – sendo
aplicada especialmente em regiões cujo clima favorece ao empobrecimento superficial do solo,
atribuindo mais valor ao solo que é fértil. Assim, com a prática de estocagem, é possível
reatribuir essa matéria orgânica a áreas que serão recuperadas, ajudando a retomar as
características originais do solo local.
A estocagem se inicia com a remoção das camadas superficiais do solo
(aproximadamente 20 cm de espessura) das áreas atingidas pelas obras – que também recebem
o nome de expurgos – e devem ser armazenadas em local plano, próximas do seu destino,
protegidos de enxurradas, erosões, dispostas em faixas procurando evitar sua compactação
durante o processo. Sua estocagem dá-se geralmente em pilhas de aproximadamente 1,50 a 1,80
m de altura (Figura 6).
Figura 6

Expurgo armazenado em pilhas


Disponível em: <https://bit.ly/3qJ3XPB>. Acesso em 20 jun. 2023
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Quanto ao seu uso, um fator imprescindível está no seu espalhamento sobre as áreas
em recuperação com o menor prazo possível desde sua retirada, pois a decomposição do
material orgânico, reduzem a sua eficácia e poder de recuperação de áreas degradadas (Figura
7).
Figura 7

Expurgo disposto sobre solo em processo de recuperação


Disponível em: <https://bit.ly/3qJ3XPB>. Acesso em 20 jun. 2023

O aproveitamento do solo orgânico retirado e de galhadas de bitola fina produzidas


pelo processo de desmatamento, se fazem como excelentes fontes de matéria orgânica útil para
futura incorporação no solo e recuperação das condições físico-químicas dele que antecediam
as obras, além de no período entre sua estocagem e uso, servir de abrigo para fauna.

3.4.RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DE CANTEIROS DE OBRAS, ACESSO E DE


EMPRÉSTIMO QUE NÃO FAZEM PARTE DA FAIXA DE SERVIDÃO
Assim como as demais ações mitigatórias, a recuperação de áreas de canteiros de obras
e áreas de empréstimo possui o objetivo de restaurar as condições naturais das áreas que após
a finalização do processo de implantação do empreendimento, se encontram em condições de
reposição florestal. Dentro desse processo, encontram-se previstos o plantio nas encostas,
taludes e em áreas planas após abandono; recolocação da camada superior dos solos
(proveniente da estocagem) e a construção de estruturas de desvio de águas pluviais quando
necessário.
É importante destacar, que embora todas as áreas impactadas devam ser recuperadas,
será dada prioridade a áreas consideradas mais sensíveis sob a ótica ambiental, priorizando-se
as APPs, áreas de passagem de fauna, áreas de compensação e reposição florestal, entre outras.
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3.4.1. COMPENSAÇÃO E REPOSIÇÃO FLORESTAL OBRIGATÓRIA


Consideradas no próprio EIA, as áreas protegidas por lei que preveem reposição
obrigatória, como APPs e UCs, se encontram incluídas no Programa de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD). O processo mitigatório das interferências sobre estes espaços, dá-se antes
pela prevenção – com a busca da mínima interferência sobre as áreas, com a abertura da faixa
necessária para a instalação da LT, evitando quaisquer torres e estruturas de suporte, sempre
que possível – e com o desenvolvimento de novas estratégias de construção que exerçam menor
influência sobre o meio, até a própria compensação propriamente dita, que pode ser realizada
em uma área externa à dos limites da preservação, como técnicas gerais que serão abordadas
no próximo tópico, quanto por estratégias de recuperação já mencionadas nos tópicos
anteriores.

3.4.2. COMPENSAÇÕES GERAIS DE REVEGETAÇÃO


• Implantação de viveiro: será previsto ainda pelo EIA, baseado nos relatórios feitos em
sua antecedência, a fim de selecionar espécies relevantes da flora e fauna, recolhidas
onde haverá as frentes de supressão de vegetação do empreendimento, para garantir a
preservação de seus exemplares para posterior reintrodução no ambiente (Figura 8).

Figura 8

Vista parcial do plantio de mudas em um viveiro


Disponível em: <https://bit.ly/3qJ3XPB>. Acesso em 20 jun. 2023

• Plantio de mudas: deve contar com um cronograma de plantio e ser executado no


período chuvoso da região do empreendimento, estando cumprimos a prévia definição
do espaçamento e marcação, além da adequação das propriedades físico-químicas do
solo.
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• Regeneração natural: cabível somente em áreas em que apresentavam pouca cobertura


vegetal, adequada para áreas recém-desmatadas com a presença de banco de
sementes, plântulas, cepas, entre outros, seno geralmente aliada ao uso da estocagem
de solo
• Semeadura direta: são utilizadas espécies herbáceas nativas da região para a cobertura
vegetal rápida e eficaz de áreas degradadas, feita através do lançamento de sementes
sobre as áreas selecionadas, seguida do gradeamento mecânico feito com auxílio
detratores, promovendo assim a incorporação das sementes.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em função dos objetivos que envolvem a construção de uma linha de transmissão, tão
quanto as peculiaridades deste tipo de empreendimento, é notório que é sempre necessário
estabelecer um equilíbrio entre benefícios e impactos e a sua implantação irá gerar. Nesse
contexto, é fundamental a importância de cada uma das partes, e esse papel é suprido pelas
instituições reguladoras responsáveis por gerar o licenciamento ambiental necessário para a
implantação do empreendimento. No fim, é necessário ponderar entre o benefício maior, pois
em suma, a energia foi e sempre será o símbolo da expectativa do desenvolvimento, e por isso,
os benefícios socioeconômicos resultantes da construção das LTs juntamente com todas as
medidas mitigatórias cabíveis aos impactos trazidos por elas e os programas sociais, tornam
todo o empreendimento viável.

5. REFERÊNCIAS
BÁSICO, P. Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste
Setentrional -Trecho VII -Ramal do Agreste - MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL PROGRAMAS
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<https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/2923/2/BS%2032%20Estudo%20de%20caso%2
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ENERGIZOU. Sistema Interligado Nacional: o que é e como funciona? Disponível em:


<https://blog.energizou.com.br/sistema-nacional-
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FACHIN, J. V. S. | E. P. Os impactos ambientais das linhas de transmissão de energia elétrica.


Entrevista especial com Larissa Donida Biasotto. Disponível em:
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linhas-de-transmissao-de-energia-eletrica-entrevista-especial-com-larissa-donida-biasotto>. Acesso
em: 20 jun. 2023.

GOPFERT, L. IMPACTOS AMBIENTAIS PELA IMPLANTAÇÃO DA LINHA DE TRANSMISSÃO 500 KV


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2023.

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Acesso em: 20 jun. 2023.

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O que é o SIN - Sistema Interligado Nacional? Disponível em:


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TOBOUTI, A. K.; SANTOS, V. L. P. DOS. IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS NA IMPLANTAÇÃO DE


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