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CNC
Leonardo Santana
Graduando, Curso Superior de Tecnologia em Mecatrônica Industrial, IFSC.
E-mail: lecosantana@hotmail.com
Abstract- This project’s goal is to develop a small turn CNC with didactic characteristics,
to be used in classroom. The machine presents simple structure, reduced dimension,
friendly interface e low cost production and operation. It is intended for machining of
materials such as polyacetal, polyethylene, polyamide and other polymers of low
hardness. The integration of CNC technology is based on the use MACH3 controller,
which configures the machine as small turn automated. The tests with the machine
occurred in three distinct stages, with the aim of identifying errors as hysteresis, compare
the machined parts with the same CAD model, and finally monitoring the speed of the
spindle in order to check whether it was consistent as indicated in the control software.
The results showed that despite some limitations on the construction, the device showed
satisfactory results for the activities to which it was submitted.
2 Metodologia
O projeto segue a metodologia baseada no modelo PRODIP (Projeto integrado de
produtos) onde se seguem etapas de desenvolvimento bem definidas, que garantem que
o fluxo de informações, materiais e conhecimento, se materializem na forma de um
produto com características e funcionalidades que atendam o foco do projeto, que nada
mais é que a satisfação do cliente. As etapas propostas por este modelo são: projeto
informacional, conceitual, preliminar e detalhado.
A etapa informacional se caracteriza pelo primeiro contato com os clientes, que
neste projeto dá-se por professores e alunos da instituição, e com base nestes que irá se
determinar suas necessidades e expectativas em relação ao produto. Cabe a esta etapa
também desenvolver pesquisas de produtos existentes no mercado e normas e leis que o
afetam, com o intuito de estabelecer as especificações metas do projeto. A conclusão do
projeto informacional se define como a entrada da etapa conceitual, que busca
desenvolver a concepção do produto, isto é, descrever aproximadamente todas as
tecnologias e princípios de funcionamento que o mesmo poderá ter. Já o projeto
preliminar está destinado a elaborar o layout final do produto, bem como a analise de sua
viabilidade técnica e econômica, com construção do protótipo do produto.
O projeto detalhado é a ultima etapa proposta pelo PRODIP, tendo como metas a
aprovação do protótipo, a finalização e especificação dos componentes, o detalhamento
do plano de manufatura e a solicitação de investimento. Para o projeto que aqui se
segue, como o objetivo neste momento não é a produção em série, e sim o
desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica, tem-se apenas a construção do protótipo
do produto, ou seja, a última etapa é o projeto preliminar.
No projeto preliminar, a fabricação foi auxiliada por máquinas comuns da indústria
metal-mecânica como tornos e fresadoras convencionais, equipamentos de ajuste
manual e equipamentos CNC e com isso, cada componente projetado pôde ser fabricado
atendendo as formas e dimensões requeridas. Sendo que a maioria das peças seguiram
a cadeia CAD-CAM, em que foram auxiliadas tanto no projeto como na manufatura por
computador. Já para a montagem do conjunto, o que mais influenciou na etapa foi o
projeto do mesmo, pois a prioridade por uso de parafusos padronizados, que já nos havia
ficado claro nos requisitos de produto como facilidade de manutenção, tornou a tarefa
mais prática e suscetível a correções de tolerância, como alinhamento de eixos e
paralelismo de guias.
Para arrecadar os dados foi adotada uma estratégia que buscou dividir a fase de
teste em três etapas distintas. Em um primeiro momento realizou-se testes a fim de
identificar a histerese encontrada nos eixos X e Z da máquina, ou seja, o erro entre as
medições na ida e na volta do carro móvel e mesa, utilizando como instrumento de
medição um relógio comparador solidário a uma base magnética e posicionado de forma
paralela ao eixo de movimentação a ser avaliada. Num segundo momento foi aferida a
velocidade do spindle, para avaliar o controle feito via software, empregando um
tacômetro. Por último, foi feito o teste de usinagem, onde todas as funções do
equipamento foram testadas em conjunto. Para tal teste foi criada uma peça padrão
utilizando o software CAD SolidWorks e foi gerado o código CNC por meio da trajetória
criada pelo programa EdgeCam. O código CNC foi por sua vez executado pelo programa
Mach3, que interpreta e comanda todas as funções do equipamento. Posteriormente a
usinagem, as peças foram aferidas e comparadas com o modelo CAD gerado
anteriormente.
3 Descrição do equipamento
Para um melhor entendimento do produto e para facilitar a busca por soluções ao
longo do projeto, foi necessário dividir o mesmo em três frentes de desenvolvimento que
se caracterizam pelos módulos mecânico, eletrônico e de programação, como pode ser
observado na síntese funcional apresentada abaixo (figura 1), e que será descrita ao
longo deste artigo.
Monitorar emergência
Controlar eixo-árvore
Sustentar estrutura
Interpolar motores
Rotacionar Spindle
Movimentar eixos
Fixar ferramenta
Definir trajetória
Provocar parada
Placa Interface
Para o Spindle
Gerar código G
Para os eixos
Fixar peça
Posicionar
Periféricos
Hardware
Software
Spindle
Spindle
Eixos
Eixos
EIXO X
EIXO Z
PC GABINETE
MACH3 ELÉTRICO
FIM DE CURSO
INTERFACE SOFTWARE INTERFACE HARDWARE
HOME
SPINDLE
USUÁRIO ENCODER
SINAIS ESTRUTURA MECÂNICA
ENERGIA
GABINETE ELÉTRICO
PORTA PARALELA
ESTRUTURA MECÂNICA
INTERFACE HOME X E Z
C10
MOTOR EIXO X
MOTOR EIXO Z
STR8
STR8
DG
CHARGE SPINDLE
PUMP ENCODER
C4
FIM DE CURSO
LIBERAR TRAVAMENTO
FONTE FONTE
220V/60Hz
O gabinete é formado por uma série de componentes que podem ser divididos
segundo as funções que realizam dentro do sistema que compõe o minitorno. Um deles é
formado pelas fontes de alimentação que são supridas pela rede de alimentação local
com tensão AC de 220V que será adequada por cada uma delas segundo as
necessidades os elementos consumidores. No caso a fonte de 70V alimenta o
servodriver DC, a fonte de 50V os drivers dos motores de passo dos eixos X e Z, a fonte
24V os elementos presentes no intertravamento, à fonte 12V atua no fornecimento de
energia para os circuitos lógicos do servodriver e para a fonte 5V que alimenta as placas
C4 e C10.
No canto superior esquerdo está a placa de interface C10 responsável por coletar
os dados enviados pelo controlador por meio da porta paralela e transmiti-los ao restante
dos blocos, além dos sinais de entrada a placa de interface também envia sinais ao
computador onde que são empregados pelo software nos processos de referenciar os
eixos, monitorar os fins de curso e identificar paradas de emergência.
A placa C4 conectada a interface é responsável por executar uma função de
segurança denominada de Charge Pump. O Charge Pump é um dos sinais de saída do
Mach3 que tem como função, manter um sinal de onda quadrada com frequência de
12,5kH enquanto o controlador estiver ativo e operando corretamente, durante uma
situação de emergência ou por exemplo, um problema no PC, a falta do sinal do Charge
Pump provocará a parada dos dispositivos eletrônicos do gabinete. A placa C4 por sua
vez, fica monitorando esse sinal de onda quadrada enviado pelo Mach3 via porta
paralela, se tudo estiver correto esta placa aciona um relé conectado ao circuito de
intertravamento informando que o controlador está em condições plena de
funcionamento.
O intertravamento corresponde ao bloco que realiza a lógica de ativação da
máquina CNC, sua função é impedir que os drivers sejam alimentados caso ocorra uma
situação em que o controlador MACH3 não apresente condição normal, um acionamento
de fim de curso, durante uma parada de emergência, por mau funcionamento de alguns
dos drivers. Esse bloco é formado por um conjunto de chaves mecânicas que
correspondem aos botões de emergência, sensores de fim de curso e por contatos de
relés que são comandados pelos circuitos de segurança dos drivers e pela função
Charge Pump.
Caso alguma dessas chaves, ou contatos citados anteriormente sejam ativados por
algum erro ocorrido no sistema o circuito elétrico formado pelos mesmos é interrompido
provocando o desligamento das bobinas de um conjunto de relés,que por sua vez iram
simultaneamente enviar o sinal de erro para o software, desabilitar os comandos lógicos
dos drivers e cortar a alimentação da fonte que supre o acionamento do eixos
transversais e do eixo árvore. O relé de potência, que está incluído no cinjunto de relés
do intertravamento tem a função de cortar a alimentação de 220V enviada para o
enrolamento primário da fonte de 70V que energiza os drivers. O intertravamento atua
somente no corte de energia do circuito de potência, as demais fontes (24V, 12V e 5V) ,
os circuitos de comando (C10 e C4) e outros periféricos ( relés, ventuinha,
optoacopladores etc) permanecem ligados normalmente.
Os blocos denominados STR8 correspondem aos drivers que acionam os motores
de passo presentes nos eixos X e Z, eles recebem sinais de controle da placa de
interface, energia da fonte de alimentação e fornecem um sinal que ao intertravamento
quando estão funcionados corretamente. DG faz referência ao servodriver DC que atua
na alimentação do servo motor do eixo árvore, além das características de ligação dos
drivers anteriores ele apresenta ainda uma entrada para conexão do encoder que enviará
pulsos referentes à movimentação do eixo do motor.
O software selecionado para controlar o minitorno denomina-se MACH3 e é
disponibilizado pela empresa americana ArtSoft para aplicação em máquinas CNC. Ele
disponibiliza modos diferentes de interface com o usuário, a que mais se adéqua a
aplicação no projeto é o perfil TURN, voltado especialmente para o controle de máquinas
de torneamento como o minitorno, sua aparência pode ser observada na figura a seguir:
Velocidade Máx.
Eixo Aceleração (mm/s²) Steps per mm
em G0 (mm/min)
X 100 266,667 600
Z 80 266,667 799.8
Splindle 760 66 12000
Tabela 2 – Entradas e Saídas
Motor Output Step Pin Dir Pin
X Axis 2 3
Z Axis 4 5
Spindle 6 7
Input Signal Pin Active Low
X Home 15 Não
Z Home 15 Não
Estop 13 Sim
4 Resultados
No caso apresentado na figura 6, onde aferia-se o eixo 'Z', utilizamos um intervalo
de medição de 0 mm até 18 mm, monitorando os pontos de 3 em 3 unidades. Foi criada
uma tabela, figura 7, que identifica todos os valores encontrados nas duas sequências de
medição para cada posição comandada, bem como os cálculos de histerese e os do
método de mínimos quadrados que define uma reta de tendência dos resultados cujo a
equação da reta é: Y=0,99824 * x + 0,01116, onde 'Y' é a posição real do eixo e 'X' é a
posição comandada pelo software de controle.
Por sua vez, o eixo 'X' teve seu curso monitorado a cada 1,5 mm na faixa de 0 mm
até 9 mm. Como para o eixo 'Z', também foi criada uma planilha de tratamento de dados,
que pode ser visualizada na figura abaixo. A reta de tendência tem como equação
Y=0,99917 * x + 0,00589, onde 'Y' é a posição real do eixo e 'X' é a posição comandada
pelo software de controle.
Por último, foi realizado o teste de usinagem, onde foram cortados cinco corpos de
prova com mesmas dimensões, porém com materiais diferentes, como pode ser
visualizado na figura abaixo:
IDENTIFICAÇÃO MATERIAL
CP 01 POLIACETAL
CP 02 POLIACETAL
CP 03 POLIACETAL
CP 04 POLIPROPILENO
CP 05 LATÃO
Figura 10- Identificação das amostras.
5 CONCLUSÃO
Levando em consideração que os objetivos principais foram alcançados, como
integração das tecnologias mecânicas, CAD, CAM, elétricas e CNC o resultado mostra
que é possível atingir as competências necessárias para realizar a automação da
manufatura em um equipamento com características didáticas e com baixo custo de
desenvolvimento.
No projeto, apesar de algumas limitações construtivas e de alguns problemas
pontuais, o resultado demostra que é possível produzir geometrias geradas a partir de um
modelo CAD mesmo com perfil circular ou de superfícies inclinadas, porém, são
necessárias algumas adequações mecânicas e eletrônicas para reduzir os erros
dimensionais, de ondulação e rugosidade, e também permitir a confecção de roscas.
Como sugestões para futuras melhorias, inclui-se o aumento da rigidez mecânica do
conjunto para diminuição das vibrações, um sistema que permita um melhor sincronismo
entre a movimentação dos eixos de translação e a rotação do Spindle para a usinagem
de elementos roscados e a aplicação de um motor de indução como substituto ao DC
com escovas para o acionamento do eixo-árvore.
Referências
INDÚSTRIAS ROMI SA. Catálogo de tornos ROMI – linha Centur. Disponível em:
<http://www.romi.com.br/mf_centur_30d000.0.html?&L=0>. Acesso em: 07/03/2012.