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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Departamento de Engenharias da Mobilidade

NOTAS DE AULA

EMB 5115 - Vibrações

Prof. Filipe Dutra da Silva

Joinville (SC)

Setembro 2020
Sumário

Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 VIBRAÇÕES LIVRES - SISTEMAS COM UM GRAU DE LIBER-


DADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1 Equação de Movimento de um Sistema de translação não Amortecido 5
2.1.1 Segunda Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1.2 Princípio da Conservação de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1.3 Sistema Massa-Mola em Posição Vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Vibração Livre de Sistemas Não Amortecidos . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.1 Sistemas Torcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3 Método da Energia de Rayleigh - Cálculo da Frequência Natural . . 15
2.4 Vibração Livre com Amortecimento Viscoso . . . . . . . . . . . . . . 17
2.4.1 Caso 1: Sistema Subamortecido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4.2 Caso 2: Sistema Criticamente Amortecido . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4.3 Caso 3: Sistema Subamortecido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4.4 Sistema Torcional Amortecido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4.5 Decremento Logarítmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.5 Estabilidade de Sistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.6 Sistemas com Amortecimento de Coulomb (Atrito Seco) . . . . . . 32

3 VIBRAÇÕES EXCITADAS HARMONICAMENTE - SISTEMAS COM


UM GRAU DE LIBERDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2 Equação do Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3 Resposta de um Sistema não Amortecido . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.4 Fenômeno do Batimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.5 Resposta de um Sistema Amortecido . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.6 Resposta de um Sistema Amortecido à Movimento Harmônico de
Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.6.1 Transmissão de Força . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
SUMÁRIO 3

3.7 Isolamento de Vibrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51


3.7.1 Isolamento de Força transmitida à Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.7.2 Isolamento de Movimento de Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.8 Sistemas com Desbalanceamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.9 Medição de Vibrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.9.1 Acelerômetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.9.2 Medição de amortecimento pelo método da Banda de meia Potência . . . 59

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4

1 Introdução

Ver material em Slides.


5

2 Vibrações Livres - Sistemas com um


Grau de Liberdade

2.1 Equação de Movimento de um Sistema de translação não Amortecido


Vamos considerar o seguinte sistema massa-mola:

Figura 1 – Sistema massa-mola

Encontraremos a equação do movimento do sistema de duas maneiras:

2.1.1 Segunda Lei de Newton


Se a massa constante m for deslocada por uma distância → −x (t) quando uma força


resultante F (t) agir sobre ela na mesma direção, temos:

d→
− d2 x(t)
 

− d x (t) →

F (t) = m =m 2
= m ẍ (2.1)
dt dt dt


Onde ẍ é a aceleração da massa.
Obs: No caso de movimento rotacional:

→ →

M (t) = J θ̈ (2.2)

Onde:


M (t)=Momento Resultante Sobre o Corpo;
J=Momento de inércia de massa;


θ̈ =Aceleração Angular resultante;
A aplicação da eq. 2.1 resulta em:

F (t) = −kx = mẍ


Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 6

Figura 2 – Diagrama de corpo livre da massa

Ou,
mẍ + kx = 0 (Equação do movimento) (2.3)

Obs: Sistema torcional J θ̈ + kt θ = 0

2.1.2 Princípio da Conservação de Energia


Sistema Conservativo: Sem perdas de energia devido ao atrito ou outras formas de
dissipação.
Se não houver trabalho realizado por forças externas:

T = 1 mẋ2
2
T + U = cte (2.4)
U = 1 kx2
2

 
d 1 2 1 2
mẋ + kx = 0
dt 2 2
1 1
2ẋẍ + 2kxẋ = 0
2 2
mẍ + kx = 0

2.1.3 Sistema Massa-Mola em Posição Vertical

Figura 3 – Diagrama de corpo livre da massa


Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 7

No equacionamento estático,

ωn = mg = kδst

Se a massa sofre uma deflexão até uma distância +x.

Figura 4 – Diagrama de corpo livre da massa

mẍ = −k(x + δst ) + W

Como: kδst = W , obtemos,


mẍ + kx = 0

Que é idêntica á equação 2.3. Podemos ignorar o peso W desde que x seja medido em
relação ao equilíbrio estático.

2.2 Vibração Livre de Sistemas Não Amortecidos


Podemos encontrar a solução da equaçao 2.3 admitindo uma solução da forma,

x(t) = Cest (2.5)

onde C e s são constantes


Substituindo 2.5 em 2.4:
C(ms2 + K) = 0

com C 6= 0,
ms2 + k = 0 (equação característica)

cujas raízes são,


 1
k 2
s=± − (Autovalores/valores característicos) (2.6)
m
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 8

 k 12
Definimos ωn = m como a frequência natural do sistema.Teremos como soluções,
a partir dos valores característicos

x 1 = C1 s1 t e x 2 = C2 s2 t

Como ambas as funções satisfazem a equação 2.4, temos a solução geral na forma,

x(t) = C1iωn t + C2−iωn t (2.7)

ou, utilizando a fórmula de Euler,

x(t) = A1 cos (ωn t) + A2 sin (ωn t) (2.8)

Precisamos de 2 condições iniciais (EDO de segunda ordem)

x(t = 0) = xo → A1 = xo

ẋ(t = 0) = ẋo → ωn A2 = ẋo

Portanto, para um sistema sujeito a estas condições iniciais (C.I.s):


ẋo
x(t) = xo cos (ωn t) + sin (ωn t) (2.9)
ωn
As soluções são harmônicas no tempo. O sistema massa mola é denominado um
oscilador harmônico.
Considerando na equação 2.8,

A1 = A cos φ , A2 = A sin φ

com, q
A = (A21 + A22 ) → Amplitude
 
A2
φ = arctan → Ângulo de fase
A1
pode-se escrever,

A = [x2 + ( ẋo )2 ] 21
o ωn
x(t) = A cos(ωn t − φ) (2.10)
φ = arctan ( ẋo )
o xωn

ou na forma de seno,

A = A = [x2 + ( ẋo )2 ] 21
o o ωn
x(t) = Ao sin(ωn t + φo ) (2.11)
φ = arctan ( xo ωn )
o ẋo
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 9

𝑥0ሶ (inclinação) 𝑇 = 2𝜋/𝜔𝑛


𝑥(t)

𝑥0 𝑋

𝜙
𝜔𝑛

𝑥 𝑡 = 𝑋𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑛 𝑡 − 𝜙) 𝑡
2
𝑥ሶ 0 𝑥ሶ 0
𝑋= 𝑥02 + 𝜙 = arctan
𝜔𝑛 𝜔𝑛 𝑥0

Figura 5 – Gráfico para um Sistema Não Amortecido

Exemplo 1 Encontrar:
a) A frequência Natural e o período natural de vibração transversal da caixa d’água.
b) A resposta de vibração x(t) resultante de um x0 = 0, 35.
c) Valores máximos de velocidade e aceleração.
x(t)

m m
l

Solução:
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 10

a)
P 3EI
K= = 3
δ L
r r
K 3EI 2π
ωn = = (rad/s) → τ = (s)
m L3 m ωn
b)
ẋo
x = xo cos (ωn t) + sin (ωn t)
ωn
Logo:
π
x(t) = 0, 25 cos (ωn t) ou x(t) = 0, 25 sin (ωn t + )
2
c)
π
ẋ = 0, 25ωn cos (ωn t + )
2
π
ẍ = −0, 25ωn2 sin (ωn t + ) = 0, 25ωn2 sin (ωn t + π)
2
Exemplo 2 Encontrar a vibração transversal resultante devido a queda da massa m.


A massa m cai e atinge M com velocidade Vm gh. Pelo principio da conservação do
momento linear:
mVm = (M + m) ẋo (Choque inelástico)
   
m m p
ẋ0 = Vm = gh → C.I.
M +m M +m
Para determinar xo , precisamos encontrar a nova posição de equilíbrio do sistema.
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 11

Momento da Colisão Após a Colisão


t=0 t>0

M m
P.E. 1

M x(t)
P.E. 2

K
K

=
Com as condições iniciais encontradas,

mg m 2gh
x(t) = − cos(ωn t) + · · sen(ωn t)
K M +m ωn
r s
k 3EI
ωn = = 3
M +m l (M + m)
ou
x(t) = Acos(ωn t − φ)
r
xo
A = (xo )2 + ( )2
ωn
ẋo
φ = arctan( )
xo ωn

Exemplo 3 Encontrar a equação de movimento para o liquido no interior do manôme-


tro. Despreze o efeito viscoso.
A

L p

Vamos considerar a energia potencial devido ao deslocamento da porção de fluido em


relação ao equilibrio:
x x
V = ρgA · − (ρgA · x) · (− ) = ρgA · x2
2 2
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 12

Para energia cinetica:


mẋ2 ρALẋ2
T = =
2 2
Considerando o sistema conservativo
∂(T + U )
=0
∂t
2
2ρgAxẋ + ρALẍẋ = 0
2
2g
ẍ + ·x=0
L
ẍ + ωn x = 0
r
2g
ωn =
L
s
2π L
τn = = 2π
ωn 2g

Exemplo 4 Determinar a frequência natural de oscilação do sistema composto por um


fio tensionado com uma massa pontual no seu ponto médio. A tensão T no fio varia com
as oscilações do sistema(pequenos deslocamentos). Despreze a massa do fio.

Sistema Original Modelo


X(t)
m
m
Keq

2 2

Montando o diagrama de corpo livre (D.C.L.) teremos,

T m T Para peq. deslocamentos


Fr(Força Restauradora) Ѳ≅ Ѳ≅ Ѳ
m Ѳ
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 13

Logo,
X
mẍ = Fx

mẍ = −2T senθ = −2T θ

mas,
x 2x
tgθ = −→ θ =
l/2 l
2T 2 4T
mẍ(t) + x = 0 −→ mẍ(t) + x=0
l l
Da eq. do movimento podemos identificar que:
r
4T
ωn = [rad/s]
lm
ou r
1 4T
fn =
2π lm

2.2.1 Sistemas Torcionais


De forma análoga, a eq. de movimento para o sistema torcional não amortecido é:

Jo θ̈ + kt θ = 0 (2.12)

Onde: Jo = Circo de Rotação; K = k equivalênte do sistema.


Ou,
θ̈ + ωn2 θ = 0 (2.13)

onde, r
kt
ω= (2.14)
Jo
A solução da equação 2.12 terá a forma:

θ = A1 cosωn t + A2 senωn t (2.15)

com a aplicação das condições iniciais:

θ̇
θ = θo cosωn t + senωn t (2.16)
ωn

Exemplo 5 Pêndulo simples (sistema torcional).


Determine a frequência natural de um pêndulo simples.
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 14

Ѳ m Fr
Ѳ

W=mg
m Fr
Ѳ m
W=mg
X
Jo θ̈ = Mo = −Fr · l

Jo θ̈ = −W lsenθ=
˜ − W lθ

Jo θ̈ + W lθ = 0

mas,
Jo = Jcg + ml2 −→ N este caso Jcg << ml2

Logo,
g
θ̈ + θ = 0
l
r r
g 1 g
ωn = [rad/s] e fn = [Hz]
l 2π l

Exemplo 6 Determine a frequência natural do sistema abaixo:


2L/3 L/3

massa - m K
M
 2
ml2 l
Jo(barra) = +m
12 6
Métodao da Energia:
2
kl2
  
k lθ 1
V = = θ2
2 9 2 9
2
Jo θ̇2 M

2l
T = + θ̇
2 2 3
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 15

Assim, temos:
ml2 4M l2 kl2 θ
 
+ θ̈2 + =0
9 9 2
k
θ̈ + θ=0
m + 4M
sendo ωn , r
k
ωn =
m + 4M

2.3 Método da Energia de Rayleigh - Cálculo da Frequência Natural


Usaremos o Método da Energia para determinar as frequências naturais de um sistema
com 1 G.L. Para um sistema conservativo:

T1 + U1 = T2 + U2 (2.17)

Sendo 1 e 2 instanstes de tempo dif erentes.


Vamos escolher 1 para o momento na qual a massa passa pela posição de equilíbrio
e 2 para o instante de máximo deslocamento.

T1 + 0 = 0 + U2

No movimento harmônico, igualamos:

Tmáx = Umáx

Exemplo 7 Efeito da massa da mola sobre ωn


*Mola de massa
o
y não desprezível
ms
L
dy

x(t)
M
x

O deslocamento até a distância y, em relação ao suporte, é y l . A velocidade do
elemento dy é y ẋl . E a energia cinética do elemento de mola é:


1  ms  y ẋ 2
 
dTs = dy
2 l l
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 16

Onde, ms = massa da mola.


A energia cinética total é dada por:
l
mẋ2 y 2 ẋ2 mẋ2 ms ẋ2
Z  
1  ms 
T = Tm(massa) + Ts(mola) = + dy = +
2 y 2 l l2 2 6

A energia potencial total do sistema:

kx2
U=
2
Admitindo movimento harmônico:

x(t) = Xcosωn t −→ ẋ(t) = −Xωn2 senωn t

Onde, X = deslocamento máximo.


Os valores máximos de energia são:
1 ms  2 2
Tmáx = m+ X ωn
2 3
kX 2
Umáx =
2
Logo, com Tmáx = Umáx :
s
kX 2 1 ms  2 2 k
= m+ X ωn −→ ωn =
2 2 3 m + m3s

Obs: Para este caso, a massa equivalente é obtida adicionando 1/3 da massa da mola à
massa principal do sistema

Exemplo 8 Calcule a frequência natural de oscilação usando o método da energia. Con-


siderando que a roda rola sem escorregamento e não há perda de energia.

x(t)

r
Ѳ
o

m, J
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 17

A energia cinética rotacional é:


J θ̇2
Trot =
2
A energia cinética translacional é:

mẋ2
TT =
2

 θ e a translação x estão relacionadas por x = rθ. Logo, ẋ = rθ̇ e Trot =


A rotação
1 J ẋ2
2 r2
.
Considerando x(t) = Acosωn t encontraremos os valores máximos de energia,

mẋ2máx 1 J ẋ2máx
 
1 J
Tmáx = + = m + 2 ωn2 A2
2 2 r2 2 r

kx2máx kA2
Umáx = =
2 2
Igualando,  
1 J k
m+ 2 ωn2 =
2 r 2
Desse modo, s
k
ωn = J
m+ r2
J

Obs: m + r2
é a massa equivalente.

2.4 Vibração Livre com Amortecimento Viscoso


A força de amortecimento viscoso é proporcional a velocidade ẋ e pode ser expressa
como:
F = −cẋ,

onde c é a constante de amortecimento viscoso e o sinal negativo na equação representa


o sentido oposto ao sentido da velocidade.

Consideremos o seguinte sistema,


Aplicando a Lei de Newton:

mẍ = −cẋ − kx

Ou,
mẍ + cẋ + kx = 0. (2.18)
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 18

K C
Kx Cẋ

M M
x(t) x
Figura 6 – Diagrama de corpo livre massa-mola amortecido

Consideramos a solução,
x(t) = Cest , (2.19)

sendo C e st constantes a serem determinadas.


A substituição da eq. 2.19 na eq. 2.18 resulta na eq. característica,

ms2 + cs + k = 0 (2.20)

com as seguintes raízes:


√ r
−c ± c2 − 4mk −c c 2 k
s1,2 = = ± − (2.21)
2m 2m 2m m
Portanto, a solução da eq. 2.18 é dada pela combinação das duas soluções:

x(t) = C1 · es1 t + C2 · es2 t (2.22)

Define-se amortecimento crítico cc como o valor de c para que o radical da eq. 2.21
seja nulo,
 c 2 k
c
− =0
2m m
r
k
cc = 2m = 2mωn
m
Define-se fator de amortecimento como ξ = ccc . Logo,
c c cc
= · = ξωn
2m cc 2m
.
Portanto, os valores característicos 2.21 ficam:
 p 
s1,2 = −ξ ± ξ 2 − 1 ωn (2.23)
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 19

e a solução geral 2.22 fica:


 √   √ 
−ξ+ ξ 2 −1 ωn t −ξ− ξ 2 −1 ωn t
x(t) = C1 · e + C2 · e

O comportamento da solução depende da natureza das raízes s1 e s2 , que depende


da magnitude do amortecimento. O caso ξ = 0 resulta em vibrações não amortecidas.
Para ξ 6= 0 temos 3 casos.

2.4.1 Caso 1: Sistema Subamortecido


Sistemas Subamortecidos são aqueles que possuem ξ < 1. Neste caso, (ξ 2 − 1) é
negativo. Então,  
p
s1,2 = −ξ ± i 1 − ξ 2 ωn

Portanto,  √   √ 
−ξ+i 1−ξ 2 ωn t −ξ−i 1−ξ 2 ωn t
x(t) = C1 e + C2 e , (2.24)

ou, h p  p i
x(t) = A1 cos 1 − ξ 2 ωn t + A2 sen 1 − ξ 2 ωn t e−ξωn t , (2.25)

onde,
p
1 − ξ 2 −→ ωd (frequência de vibração amortecida)

.
Obs: ωd é sempre menor que ωn . (e−ξωn t ).
Como isso, temos: p 
x(t) = Xe−ξωn t cos
1 − ξ 2 ωn t − φ . (2.26)
 
−1 −A2
q
2 2
X = A1 + A2 , φ = tg
A1
Note que a resposta é uma função oscilatória, de frequência ωd cuja amplitude decai
exponencialmente com o tempo (e−ξωn t ).
As constantes dão determinadas por meio das C.I.s,
ẋo + ξωn xo
A1 = xo e A2 = p
1 − ξ 2 ωn

. Logo,  
−ξωn t ẋo + ξωn xo
x(t) = e xo cosωd t + senωd t (2.27)
ωd t

Obs: ωd < ωn → O amortecimento aumenta o período de oscilação.


Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 20

x(t)
𝜏 = 2𝜋/𝜔𝑑

𝑋𝑒 −𝜉𝜔𝑛 𝑡

𝑥 𝑡 = 𝑋𝑒 −𝜉𝜔𝑛 𝑡 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑑 𝑡 − 𝜙)

0
t

Figura 7 – Gráfico para um Sistema Subamortecido

2.4.2 Caso 2: Sistema Criticamente Amortecido


Sistemas criticamente amortecidos são aqueles que possuem um ξ = 1. Neste caso, as
raízes da equação característica são reais e iguais, sendo assim, lembrando que cc = 2mωn :
−cc
s1 = s2 = = −ωn
2m
.
A solução é dada por,
x(t) = (C1 + C2 t)e−ωn t (2.28)
Aplicando as condições iniciais,

C1 = xo e C2 = ẋo + ωn xo

Logo, substituindo na eq. 2.28,

x(t) = [xo + (ẋo + ωn xo )t]e−ωn t (2.29)

2.4.3 Caso 3: Sistema Subamortecido


(ξ > 1) e (c > cc ) −→ raízes reais e distintas.
p
s1,2 = (−ξ ± ξ 2 − 1)ωn < 0
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 21

x(t)

máx
xo

tmáx
t

Figura 8 – Gráfico para um Sistema Criticamente Amortecido

Logo, a solução é dada por,


 √   √ 
−ξ+ ξ 2 −1 ωn t −ξ− ξ 2 −1 ωn t
x(t) = C1 e + C2 e (2.30)

Aplicando as condições iniciais,


p p
xo ωn (ξ + ξ 2 − 1) + ẋo −xo ωn (ξ − ξ 2 − 1) − ẋo
C1 = p e C2 = p
2ωn ξ 2 − 1 2ωn ξ 2 − 1
O Sistema Criticamente Amortecido é um caso particular do Sistema Superamorte-
cido. Observando a Figura 9, é possível notar que, para as mesmas condições iniciais,
o sistema criticamente amortecido tende a retornar para o posição de equilíbrio em um
tempo menor, em comparação aos sistemas superamortecidos. Em contrapartida, a de-
flexão máxima reduz com o aumento do fator de amortecimento.
Do ponto de vista matemático, é necessário um tempo infinito para o sistema encerar
seu movimento. Na prática, quando a amplitude se torna pequena, outros tipos de força
de atrito se tornam importantes e encerram o movimento.

2.4.4 Sistema Torcional Amortecido


Os processos apresentados para um sistema translacional podem ser estendidos para
um sistema rotacional.
−→ Torque devido a um amortecedor torcional viscoso:

Td = −ct θ̇

−→ Equação de Movimento:

Jeq θ̈ + ct(eq) θ̇ + kt(eq) θ = 0 (2.31)


Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 22

x(t) ζ=1
ζ=1.25
ζ=1.5

x_0

0
0 t
Figura 9 – Gráfico para um Sistema Superamortecido

−→ Frequência Natural: s
kt(eq)
ωn = (2.32)
Jeq
−→ Amortecimento crítico / Fator de amortecimento:
ct(eq) ct(eq)
ξ= = (2.33)
ct(cr) 2Jeq ωn

Exemplo 9 Porta com fechamento automático.


Dados: h=2,13m de altura; a=0,76m de largura; b=0,038m de espessura; m=34Kg;
kt =10,17 N.m
rad .
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 23

kt

ct

m(b2 +a2 ) a 2

Sabendo que: Jcg = 12 e Jo = Jcg + 2
a)Considere amortecimento crítico e encontre o valor da constante de amortecimento.
b)Se a porta é aberta a 90◦ , qual o tempo para atingir 1◦ com amortecimento crítico?
c)Se a porta está inicialmente fechada em θo = 0, qual deve ser a velocidade inicial-
mente transmitida a porta para que ela abra 80◦ .
Solução:
a) Sendo
ct = 2Jo ωn

temos que,
Jo = 1, 64 + 4, 91 = 6, 55Kg.m2

logo,
N ms
ct = 16, 32
rad

b)
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 24

x(t)

Conhecendo o comportamento de um sistema com amortecimento crítico (olhar gráfico)


temos que,
θ = (C1 + C2 t)e−ωn t
π
C.I.s: θo = e θ̇o = 0
2
π
θ(t = 0) = (C1 + 0) · 1 = θo −→ C1 =
2
θ̇(t) = −ωn e−ωn t (C1 + C2 t) + eωn t C2

θ̇(t = 0) = −ωn C1 + 1 · C2 = θ̇o −→ C2 = θ̇o + ωn C1

θ(t) = (1, 57 + 1, 95t)e−1,24t

o tempo para alcançar 1◦ ou 0, 017rad,

0, 017 = (1, 57 + 1, 95t)e−1,24t


0, 017
= e−1,24t
1, 57 + 1, 95t
 
0, 017
−1, 24t = ln
1, 57 + 1, 95t
Resolvendo por processo iterativo −→ t = 5, 18s

c) A resposta do sistema, aplicadas condições iniciais de forma genérica é:

θ(t) = [(θ̇o + θo ωn )t]e−ωn t

Se derivarmos θ(t) teremos,

θ̇(t) = −ωn e−ωn t [(θo + (θ̇o + θo ωn )t] + e−ωn t [θ̇o + θo ωn ] = 0

(Igualamos a zero para descobrirmos o tempo onde ocorre o máximo)

ωn e−ωn t [(θo + (θ̇o + θo ωn )t] = e−ωn t [θ̇o + θo ωn ]


Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 25

1 1
t= =⇒ tmáx =
ωn ωn
Logo, como o enunciado especifica θo = 0,

θmáx = θ(t = tmáx )

θmáx = [θ̇o tmáx ]e−ωn tmáx


θ̇o −1
θmáx = e .
ωn
Substituindo com os respectivos valores de ωn e θmáx (80 ◦ em radianos), encontraremos,

rad
θ̇o = 4, 729
s
Exemplo 10 Desprezando a massa da barra, encontre a frequência de vibração amorte-
cida do sistema, para pequenas oscilações.

L1 L2

L3 o
c
Ѳ

Solução:
X
Mo = Jo θ̈

Jo θ̈ = −(L2 − L1 )2 cθ̇ − kL21 θ − mg(L3 − L1 )θ

m(L3 − L1 )2 θ̈ + (L2 − L1 )2 cθ̇ + [kL21 − mg(L3 − L1 )]θ = 0


s
kL1 + mg(L3 − L1 ) kt(eq)
ωn = =
(L3 − L1 )2 m Jeq
(L2 − L1 )2 c p
ξ= −→ Se 0 < ξ < 1, então ωd = ω n 1 − ξ2
2(L3 − L1 )2 mωn
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 26

2.4.5 Decremento Logarítmico


O decremento logarítmico (δ) é definido pelo logaritmo natural da razão das ampli-
tudes de vibração em ciclos sucessivos.

x(t)

− − ф)
o

Figura 10 – Gráfico Decremento Logarítmico

Xo e−ξωn t cos(ωd t − φ)
   
x(t)
δ = ln = ln
x(t + τd ) Xo e−ξωn (t+τd ) cos(ωd (t + τd ) − φ)

δ = ln(e[−ξωn t−(−ξωn t−ξωn τd )] )

2π 2πξ
δ = ξωn τd = ξωn p =p (2.34)
2
1 − ξ ωn 1 − ξ2
para ξ << 1,
δ
δ = 2πξ =⇒ ξ ≈ (2.35)

Desta forma, conhecendo o decremento logarítmico, é possível obter o fator de amor-
tecimento do sistema. Isso pode ser feito experimentalmente através da medição dos
valores de deslocamento em picos sucessivos.
Caso os picos estejam afastados em mais de um período,
 
1 x(t)
δ = ln ,
n x(t + nτ )
onde n um número inteiro de períodos.

2.5 Estabilidade de Sistemas


Nas análises feitas até aqui foram assumidos parâmetros de meq , ceq e keq positi-
vos na equação de movimento do sistema. Desta forma, encontramos respostas para
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 27

sistemas não-amortecidos, subamortecidos, criticamente amortecidos e superamortecidos


(comportamento estável).
Em outras situações, dependendo das naturezas das raízes da equação característica
podemos ter outros comportamentos de solução. Analisaremos esses comportamentos
por meio de dois exemplos.

I. Sistemas Não Amortecidos


Considere o pêndulo invertido mostrado na Figura 11.

k k L
kL
kL

barra rígida
Lcos
mg mg
L/2
o o

Figura 11 – Sistema Barra-Mola

A força das duas molas é 2kLsenθ.


mL2
Pela segunda Lei de Newton (com Jo = 3 ):

mL2 W Lsenθ
θ̈ + (2kLsenθ)Lcosθ − =0
3 2
para ângulos pequenos,
mL2 WL
θ̈ + (2kL2 − )θ = 0
3 2
Teremos a seguinte equação característica,
mL2 2 WL
s + (2kL2 − )=0
3 2
Logo, v
u 2kL2 − W L
u
p
2
s1,2 = ±t mL2
= ± −α2
3

com a solução geral dada por,


√ √
−α2 t −α2 t
θ = C1 · es1 t + C2 · es2 t = C1 · e + C2 · e−
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 28

A solução depende do sinal do termo dentro da raiz.

Caso 1: α2 > 0 −→ s1 e s2 são complexas.

θ(t) = A1 cos(ωn t) + A2 sen(ωn t)



12kL − 3W L
1/2 √
ωn = = α2
2mL2
Sistema é estável com oscilações estáveis (Figura 12).
Ѳ (t)

Figura 12 – Gráfico de Oscilações Estáveis (caso1)

Caso 2: α2 = 0 −→ s1 e s2 nulas.
Teremos assim,
θ(t) = C1 t + C2

O sistema instável e, se for imposta uma velocidade inicial, o deslocamento angular


aumenta linearmente.
Ѳ (t)

Ѳo
t
˙ 0>0
Figura 13 – Gráfico do caso 2 com theta

Caso 3: α2 < 0 −→ s1 e s2 reais, sendo uma delas positiva.


A solução fica:
θ(t) = B1 · eαt + B2 · e−αt
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 29

1
θ(t) = [α(θo + θ̇o )eαt + (αθo − θ̇o )e−αt ]

O deslocamento aumenta exponencialmente com o tempo, logo, a solução é instável.

Ѳ (t)

t
Figura 14 – Gráfico da Instabilidade Divergente

Obs: Os casos instáveis ocorrem quando:


L
(− θ) > (2kL2 θ)
2
sendo (W L2 θ), o momento da força peso e (2kL2 θ), o momento restaurador gerado pelas
molas.

II. Sistema Amortecido


Vamos considerar um modelo grosseiro para uma asa de avião,

mẍ + cẋ + kx = γ ẋ

sendo (γ ẋ) o modelo para Forças Aerodinâmicas.


Assim, podemos reescrevê-lá como:

mẍ + (c − γ)ẋ + kx = 0

As raízes da equação característica neste caso são,


p
−(c − γ) ± (c − γ)2 − 4mk
s1,2 =
2m
Consideremos os casos com resposta oscilatória,
√ √
−(c−γ)t (c−γ)2 −4mk − (c−γ)2 −4mk
x(t) = e 2m [C1 · e 2m + C2 · e 2m ]

.
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 30

Consideremos os casos com resposta oscilatória,

x(t) = e−αt [C1 · eiωd t + C2 eiωd t ]

. Caso 1: (c − γ) > 0
Neste caso, a parte real de s1 e s2 são negativas,

x(t) = Xe−ξωn t cos(ωd t − φ)

x(t)

Figura 15 – Gráfico Assintoticamente Estável

Caso 2: (c − γ) = 0
Solução para sistema não amortecido,

x(t) = Xcos(ωn t − φ)

x(t)

Figura 16 – Gráfico de Oscilações Estáveis

Neste caso as raízes s1 e s2 possuem parte real positiva,


Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 31

x(t) = Xe|α|t cos(ωd t − φ)

Note que a exponencial possui argumento positivo e real. Temos, portanto, umas
solução oscilatória cuja a amplitude aumenta exponencialmente com o tempo. O sistema
é instável (“flutter”).

x(t)

Figura 17 – Gráfico de reposta oscilatória instável


Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 32

2.6 Sistemas com Amortecimento de Coulomb (Atrito Seco)


Considere o sistema da Figura 18.
x
k
M (coeficiente cinético de atrito)

Figura 18 – Sistema Massa-Mola com atrito

Vamos analisar as forças atuando no bloco,

x(t) x(t)
mg mg

Kx >0 Kx <0
N N
F= .mg F= .mg
Figura 19 – D.L.C. do sistema

A força de atrito sempre resiste ao movimento. Seu sentido depende do sinal da


velocidade.

−µmg, ẋ > 0
mẍ + kx = (2.36)
µmg, ẋ < 0

ou,
|ẋ|
mẍ + µmg + kx = 0 −→ EDO não Linear

É possível obter uma solução analítica se analisarmos a equação para cada meio ciclo.
Teremos,
mẍ + kx = −µmg

quando x > 0 e ẋ < 0 ou x < 0 e ẋ > 0, cuja solução é:

x(t) = A1 cos (ωn t) + A2 sin (ωn t) − µN.


Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 33

Por outro lado, se ẋ < 0 com x > 0 ou x < 0, a equação será:

mẍ + kx = µmg,

com resposta,
µN
x(t) = A3 cos (ωn t) + A4 sin (ωn t) + .
k
Consideremos o caso no qual x(t = 0) = xo e ẋ(t = 0) = 0. Para o primeiro meio
ciclo,
µN
A3 = x o − ; A4 = 0
k
 
µN µN
x(t) = xo − cos (ωn t) +
k k
Esta solução é válida para
π
0 < t <
ωn
 
π
sendo ωn meio período.
π
Quando t = ωn ,    
π 2µN
x t= = − xo −
ωn k
2µN
Obs: ocorreu uma redução na magnitude do deslocamento de k em relação ao
deslocamento inicial.
Esta será a condição inicial para o segundo meio-ciclo. Neste caso, a resposta será,
 
3µN µN
x(t) = xo − cos (ωn t) −
k k

e é válida para
π 2π
< t <
ωn ωn
   
2π 4µN
No fim do segundo meio-ciclo: x t = ωn = xo − k

Esta será a CI para o terceiro meio-ciclo. O processo de solução continua até que o
sistema encerre o movimento. Isso ocorre quando a força restauradora da mola é menor
do que a força de atrito.  
π
k x 2n
< µmg
ωn
Capítulo 2. Vibrações Livres - Sistemas com um Grau de Liberdade 34

x(t)
xo

4
(xo- )

2
- (xo- )

Figura 20 – Gráfico do Movimento do Ciclo

O movimento se encerra no n-ésimo ciclo:


kxo 1
n> −
4µmg 4

Principais Características:
1. Equação de movimento não-linear;
2. O sistema oscila com a frequência natural;
3. O sistema encerra o movimento após um certo número de ciclos, atingindo o repouso;
4. Amplitude decai linearmente com o tempo.
35

3 Vibrações Excitadas Harmonicamente -


Sistemas com um Grau de Liberdade

3.1 Introdução
Um sistema mecânico sofre vibração forçada sempre que a energia externa é fornecida
ao sistema durante a vibração.
Neste momento, consideremos os casos nos quais a excitação tem comportamento
harmônico no tempo,
F (t) = Fo · ei(ωt+φ)

Ou,
F (t) = Fo cos(ωt + φ) ou F (t) = F0 sin(ωt + φ)

sendo ω a frequência de excitação e φ o ângulo de fase.


Ex: Maquina de lavar, turbina de avião e pneus de automóvel.
No caso de um sistema linear, se a excitação é harmônica, a resposta é harmônica.

Excitação Harmônica −→ [Sistema linear] −→ Resposta Harmônica

3.2 Equação do Movimento


Consideremos o caso de um sistema massa-mola viscosamente amortecido:

K C
Kx Cẋ

M M
x x
F(t) F(t)
Figura 21 – Sistema Massa-Mola
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 36

Temos a seguinte equação do movimento,

mẍ + cẋ + kx = F (t) −→ E.D.O. não Homogênea (3.1)

Neste caso, a solução geral é dada pela soma da solução homogênea xn (t) com a
solução particular, xp (t).
No caso amortecido, a solução homogênea decai com o tempo. Desta forma, a solução
geral se aproxima de xp em regime permanente.

3.3 Resposta de um Sistema não Amortecido


Consideremos o seguinte caso,

mẍ + kx = Fo cos ωt (3.2)

ou,
ẍ(t) + ωn2 x(t) = fo cos ωt
Fo
onde fo = m. A solução homogênea é dada por,

xn (t) = A1 cos ωn t + A2 sin ωn t (3.3)

Como a excitação é harmônica a solução particular é harmônica e tem a mesma frequên-


cia:
xp (t) = X cos ωt (3.4)

Substituindo a 3.4 em 3.2:


Fo fo δo
X= 2
= 2 =  2 (3.5)
k − mω ωn − ω 2 ω
1− ωn

Fo
sendo δo = k .
Considerando a solução geral x(t) = xn (t) + xp (t) e aplicando as condições iniciais:

Fo fo ẋo
A1 = x o − 2
= xo − 2 2
e A2 =
k − mω ωn − ω ωn
temos,
     
Fo ẋo Fo
x(t) = xo − cos ωn t + sin ωn t + cos ωt (3.6)
k − mω 2 ωn k − mω 2
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 37

Define-se fator de amplificação como:


X 1
=  2 (3.7)
δo ω
1− ωn

ω
Quando 0 < ωn < 1 o denominador da 3.7 é positivo e a resposta xp está em fase
com a força externa.
F(t) xp

F0 X

t t

Figura 22 – Gráficos Comparação entres as Fases

ω
Quando ωn > 1 a solução particular fica:

δo
xp = −X cos ωt e X =  2
ω
ωn −1

Logo, a resposta é defasada de 180◦ em relação a excitação.


F(t) xp

F0

t t

-X

Figura 23 – Gráficos Comparação entre a Defasagem

ω
Quando ωn = 1, X −→ ∞. Esta condição, onde ω = ωn é denominada ressonância. Para
este caso, a solução particular não é linearmente independente, logo a solução será:

xp = X sin ωt (3.8)

e    
xo δo ωn t
x(t) = xo cos ωn t + sin ωn t + sin ωn t (3.9)
ωn 2
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 38

 
δ 0 ωn t
aonde 2 é amplitude e aumenta linearmente com o tempo.

x(t)
0
2
xo
2

0

2

Figura 24 – Gráfico do Sistema

As amplitudes podem levar à falha de elementos do sistema.

Obs: A solução que considera pequenas deflexões para linearidade dos componentes
deixa de ser válida.

A resposta da 3.6 ainda pode ser escrita na forma:


δo
x(t) = A cos(ωn t − φ) +  2 cos ωt (3.10)
ω
1− ωn

Exemplo 11 Sistema Massa-Mola com um k = 5000 N


m , sujeito a uma força harmônica
com Fo = 30N e f = 20Hz.
A massa vibra com amplitude de 0, 2m. Qual é a massa do sistema, assumindo que
xo = ẋo = 0?

Solução
Fo
x(t) = (cos ωt − cos ωn t)
k − mω 2
ou,    
2Fo ωn + ω ωn − ω
x(t) = sin t sin t
k − mω 2 2 2
Com a amplitude conhecida:
2Fo
= 0, 2
k + mω 2
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 39

portanto,
m = 0, 2976Kg

Exemplo 12 Projete um suporte com a qual a câmera terá uma deflexão máxima de
0,01m. Qual é o comprimento L se a seção transversal tem 0,2x0,2m.

Nota: O comprimento deve-se ter no mínimo 0,5m para que se tenha uma boa visão.

Vento Focost

Câmera

L Suporte

Dados: Fo = 15N, ω = 2πf, f = 10Hz, mcam = 3Kg

Solução
Pontos a se considerar:
i) Desprezar vibração torcional, ii) Ignorar a massa do suporte e iii) C.I.s: xo = ẋo = 0.

x(t)

Focost
x(t)

K Focost

K
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 40

A eq. de movimento é:
3EI
mẍ(t) + x(t) = Fo cos ωt
L3
Para uma viga retangular:
bh3
I=
12
Portanto,
3Ebh3 Ebh3
ωn2 =
=
12mL3 4mL3
Para a amplitude menor do que 0,01m:
fo
x(t) = (cos ωt − cos ωn t)
ωn2 + ω2

sendo:
2fo 10 N
ω 2 − ω 2 < 0, 01 e EAlum = 7, 1.10 m2

n

2fo
Caso 1: −0, 01 < 2 −ω 2
ωn

2fo < 0, 01ω 2 − 0, 01ωn2


Ebh3
0, 01ω 2 − 2fo > 0, 01
4mL3
portanto,
L > 0, 6848m

2fo
Caso 2: 2 −ω 2
ωn
< 0, 01

2fo < 0, 01ωn2 − 0, 01ω 2


Ebh3
2fo + 0, 01ω 2 < 0, 01
4mL3
portanto,
L < 0, 576m

Assim, escolheremos o caso 2, considerando que este caso poupará mais material.
Tendo em vista, que as limitações do projeto: 0, 5m < L < 0, 576m.
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 41

3.4 Fenômeno do Batimento


Vamos considerar um caso não amortecido com frequência de excitação externa pró-
xima à frequência natural:
Fo m
x(t) = (cos ωt − cos ωn t) −→ C.I.s : xo = ẋo = 0
ωn − ω 2
Assim,     
Fo /m ωn + ω ωn − ω
x(t) = 2 2 sin t sin t
ωn − ω 2 2 2
A diferença entre as frequências é:

ωn − ω = 2ε

sendo ε um valor pequeno positivo.


Logo, ωn ≈ ω e ωn + ω ≈ 2ω.
Multiplicando as equações anteriores,

ωn2 − ω 2 = 4εω

que substituindo na equação de x(t) resulta em


 
Fo /m
x(t) = sin εt sin ωt
2εω
sendo que (sin εt) varia lentamente.
x(t)

Figura 25 – Gráfico Batimento

2π 2π
τd = 2ε = ωn −ω −→ Período de batimento: tempo entre dois pontos de amplitude zero
ωd = 2ε = ωn + ω −→ Frequência de batimento
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 42

Exemplo 13 A massa equivalente de um sistema de 1 G.L. é de 10kg. O sistema tem


frequência natural de 80 rad
s . O sistema encontra-se em repouso e no equilíbrio. Determine
e represente graficamente a resposta do sistema se ele for sujeito a uma força:
a) 10cos(40t) N
b) 10sen(82t) N

3.5 Resposta de um Sistema Amortecido

mẍ + cẋ + kx = Fo eiωt (3.11)


A solução particular também tem a forma

xp = X̃eiωt (3.12)

sendo X̃ uma constante complexa. A solução física é dada pela parte real. Substituindo
a equação 3.11 em 3.12:

−ω 2 m + ciω + k X̃eiωt = Fo eiωt




Logo,
X(iω) 1
= = G(iω) = G̃(ω) (3.13)
Fo (k − mω 2 ) + (cωi)
Essa é a chamada Função Resposta em Frequência (FRF) complexa do sistema. Multi-
plicando numerador e denominador por [(k − mω 2 ) − icω],
k − mω 2
 

X̃ = Fo −i (3.14)
(k − mω 2 )2 + c2 ω 2 (k − mω 2 )2 + c2 ω 2

Assim, podemos reescrevê-la na forma x + iy = Aeiφ , onde A é:


Fo
X̃ = e−iφ
[(k − mω 2 )2 + c2 ω 2 ]1/2
a onde φ é:  
−1 cω
φ = tg (3.15)
k − mω 2
A solução em regime permanente torna-se,
Fo
xp (t) = ei(ωt−φ) (3.16)
[(k − mω )2 + c2 ω 2 ]1/2
2
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 43

−→ Re[xp ] se F (t) = Fo cosωt


−→ Im[xp ] se F (t) = Fo senωt

Outras formas da amplitude complexa:

Fo /m
X̃(ω) = X(iω) =
ωn2 − ω 2 + i2ξωωn
ou,
Fo /k
X̃(ω) = X(iω) =
1 − (ω/ωn )2 + i2ξω/ωn

A equação 3.16 pode ser representada por,

x(t) = Fo G̃(ω)eiωt

X̃(ω)
onde G̃(ω) = F̃ (ω)
é a função resposta em frequência do sistema dada pela equação 3.13.
A FRF é uma função de ω que depende apenas das características do sistema e é
independente da excitação. A função dada pela equação 3.13 é a chamada receptância
do sistema.
1 1/k
G̃(ω) = p = (3.17)

[(1 − (ω/ωn ) ) + (2ξ(ω/ωn ))2 ]1/2
2 2 2
(k − mω ) + (ωc) 2 2

" #  
−1 Im[G̃(ω)] ωc
φ(ω) = tg − = tg −1
Re[G̃(ω)] k − mω 2

É possível também representar a FRF na forma adimensional,


" #
X̃k 1
H̃(iω) = = (3.18)

Fo [(1 − (ω/ωn )2 )2 + (2ξ(ω/ωn ))2 ]1/2

Outras representações de FRF:

ṽ(ω)
V (iω) = −→ Mobilidade
Fo
sendo ṽ(ω) é a Amplitude da Velocidade.


Ã(ω) = −→ Acelerância
Fo
Fo
Z̃(ω) = −→ Impedância mecânica
v
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 44

3
ξ=0

ξ=0.2
2.5

2
X k/F = k|G(iω)|

ξ=0.3

1.5 ξ=0.4
0

ξ=0.6
1
ξ=0.7
ξ=0.8
0.5 ξ=1
ξ=1.2

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
r

Figura 26 – Gráfico da FRF

Observações:
Xk
i) Para ξ = 0, Fo −→ ∞ quando r −→ 1.
Xk
ii) Qualquer valor de ξ > 0 reduz Fo .
iii) Para qualquer valor de r, um valor mais alto de ξ reduz M.
Xk
iv) Em um caso de força constante, r = 0 −→ Fo = 1 X = Fo /k = δo .
Xk
v) A redução de Fo na presença de amortecimento é mais significante na ressonância (ou
próxima).
Xk
vi) Quando r −→ ∞, Fo −→ 0.
  p p
1 X
vii) Para 0 < ξ < √2 , δo ocorre quando r = 1 − 2ξ 2 ou ω = ωn 1 − 2ξ 2 .
  máx p
X 1
viii) δo = √ , quando r = 1 − 2ξ 2 em ω = ωn , têm-se δXo = 2ξ
1
.
máx 2ξ 1−ξ 2
ix) Para ξ = √12 , dM √1
dr = 0 quando r = 0. E para ξ > 2 o gráfico decresce monotonica-
mente.

Observações sobre a fase:


Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 45

200
ξ=0
ξ=0.2
ξ=0.4
ξ=0.6
150 ξ=0.8
ξ=1
ξ=1.2

ξ=2

100
φ

ξ=1.6

50

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
r

Figura 27 – Fase da FRF - Receptância

i) Para ξ = 0, φ = 0 para 0 < r < 1 e 100◦ para r > 1.


ii) Para ξ > 0, 0 < r < 1, a fase é dada por 0 < φ < 90◦ . Desta forma, a resposta se
atrasa em relação à excitação.
iii) Para ξ > 0 e r > 1, 90◦ < φ < 180◦ . A resposta se adianta em relação à excitação.
iv) Para ξ > 0 e r = 1, φ = 90◦ . A fase entre excitação e respostaa é 90◦ .
v) Para ξ > 0 e alto r, φ se aproxima de 180◦ .

Em ω = ωn ocorre a ressonância do sistema. A fase entre excitação e resposta é 90◦ ,


independente do valor de ξ e,
Fo
X'
2ξk
Essa região é denominada Amortecimento-controlada. Note que alteração de k irá tirar
o sistema da ressonância.
Para ω << ωn :
Fo
X'
k
Região Rigidez controlada. Fase entre excitação e resposta se mantém próxima a zero.
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 46

Para ω >> ωn :
Fo
X(ω) '
mω 2
Região Massa controlada. Fase entre excitação e resposta próxima a 180◦ .

K|()| ф
Amortecimento - controlada

Rigidez - controlada Massa - controlada

1 / n 1 / n
Figura 28 – Gráficos da FRF (Receptância)

3.6 Resposta de um Sistema Amortecido à Movimento Harmônico de


Base
Consideremos o caso de um sistema massa-mola-amortecedor que sofre movimento
harmônico em sua base.

x
x(t)

M M
K C .
K(x-y) C( -y)
y(t)

Base

Figura 29 – Sistema com excitação na Base

A equação de movimento é dada por:

mẍ + c(ẋ − ẏ) + k(x − y) = 0 (3.19)


Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 47

Se y(t) = Y eiωt , a resposta em regime permanente tem a forma x(t) = X̃eiωt , logo,

k + iωc
X̃(ω) = Y (3.20)
k − mω 2 + iωc
ou,
X̃(ω) k + iωc
T̃d =
= (3.21)
Y k − mw2 + iwc
Obtendo a magnitude e fase da equação 3.21 é possível obter:
s 2 + (ωc)2
s
X k 1 + (2ξ(ω/ωn ))2
Td = = 2 2 2
= (3.22)
Y (k − mω ) + (ωc) (1 − (ω/ωn )2 )2 + (2ξω/ωn )2

mcω 3 2ξ(ω/ωn )3
   
−1 −1
φ = tg = tg
k(k − mω 2 ) + (ωc)2 1 − (ω/ω)2 + (2ξω/ωn )2
A resposta em regime permanente será:
  
1 + i2ξr iωt
xp (t) = Re Y e (3.23)
1 − r2 + i2ξr

(s )
1 + (2ξr)2
xp (t) = Re Y ei(ωt−φ) −→ Excitação − y(t) = Y cosωt (3.24)
(1 − r2 )2 + (2ξr)2

(s )
1 + (2ξr)2
xp (t) = Im Y ei(ωt−φ) −→ Excitação − y(t) = Y senωt (3.25)
(1 − r2 )2 + (2ξr)2

Observações sobre os gráficos abaixo:


i) Td é unitário em r = 0.
ii) Para ξ = 0, Td −→ ∞ na ressonância ω = ωn .

iii) Td < 1 para r > 2, com qualquer valor de ξ.

iv) Td = 1 para r = 2, com qualquer valor de ξ.
√ √
v) Para r < 2, valores menores de ξ levama a valores menores de Td . Para r > 2,
valores menores de ξ levam a valores maiores de Td .
1
√ 1/2
vi) Td atinge o valor máximo para 0 < ξ < 1 em rmáx = 2ξ 1 + 8ξ − 1 .
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 48

3
ξ=0

ξ=0.2
2.5

ξ=0.4
X/Y

1.5
ξ=0.6

ξ=1.2
ξ=1
0.5 ξ=0.8

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
r

200
ξ=0

150

ξ=0.2

ξ=0.4
100
φ

ξ=0.6
ξ=0.8
ξ=1
ξ=1.2
50

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
r

Figura 30 – Transmissibilidade de Deslocamento e sua Fase


Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 49

3.6.1 Transmissão de Força


Para o caso com movimento de base, a força transmitida será:

Ft = k(x − y) + c(ẋ − ẏ) = −mẍ (3.26)

sendo xp (t) = Xe(iωt−φ) ,


Ft = mω 2 Xe(iωt−φ) (3.27)

Com a relação da equação 3.20 para encontrar X,


2  1/2
1 + [2ξ(ω/ωn )]2

Ft ω
= −→ Transmissão de Força (3.28)
kY ωn [1 − (ω/ωn )2 ]2 + [2ξ(ω/ωn )]2

A equação 3.28 representa uma medida adimensional de como um deslocamento y na


base resulta em uma força transmitida entre a massa e a base.

Figura 31 – Transmissibilidade de Força

Observações:
i) Diferentemente da transmissibilidade de deslocamento, a força não necessariamente cai

quando r > 2.
Ft

ii) Conforme ξ aumenta, kY tende a aumentar drasticamente para r > 2.
Ft
iii) As expressões para Td e kY são úteis no projeto para a proteção de sistemas contra
vibrações indesejadas.

Exemplo 14
x(t)

M velocidade do carro (v)


K C

0,02 m

6m
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 50

y(t) = 0, 01senωt, keq = 4.104 N 2 Ns


m , ceq = 20.10 m , m1 = 1007Kg e m1 = 1585Kg.

a) Determinar o efeito da velocidade do veículo na amplitude da resposta x(t), assim


como o efeito da massa do carro.
b) Calcule a amplitude da resposta para o carro 1 a 20Km/h.
c) Qual a velocidade que causa ressonância para ambos os carros?

−→ Relação da velocidade do carro com ω


6 2π
τb = =⇒ ω = = 1, 047v
v τ
Temos a transmissibilidade
X
|

( n )2 (n )1 / n

Caso 1
rad
ωn = 6, 324
s
m
Vc = 6, 038 −→ Ressonância
s
ξ = 0, 158

Caso 2
rad
ωn = 5, 08
s
m
Vc = 4, 85 −→ Ressonância
s
ξ = 1, 27
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 51

Amplitude para 20 Km
h ,
5, 81
r1 = = 0, 923 e Y = 0, 01m
6, 303
1/2
1 + (2ξr)2

X=Y = 0, 0319
(1 − r2 )2 + (2ξr)2
X
|
Y

r1 1 r
V (Km/h) 20 80 100 150
ω(rad/s) 5,817 23,271 29,093 43,633
Caso 1 - X (cm) 3,19 0,12 0,09 0,05
Caso 2 - X (cm) 2,52 0,07 0,05 0,03

3.7 Isolamento de Vibrações


Problemas causados por vibrações:
1. Formação de trincas em componentes do sistema;
2. Afrouxamento de elementos de fixação;
3. Necessidade de manutenção frequente em máquinas, motores e etc.;
4. Falhas estruturais e mecânicas;
5. Desconfortos em seres humanos.

Formas de controle de vibrações:


A. Modificação da fonte de vibração visando redução dos efeitos indesejados.
Ex: Balanceamento de máquinas.
Esse controle nem sempre é possível como no caso de terremotos, irregularidades na
estrada e vibrações causadas por motores, por exemplo.
B. Projetar isoladores de vibração.
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 52

3.7.1 Isolamento de Força transmitida à Base

Figura 32 – Isolamento da Força

Considere o caso de um sistema de 1 G.L. sujeito a uma força externa harmônica. A


força transmitida à base é:
Ft = kx + cẋ = −mẍ

com
x = X̃ei(ωt)

F̃t = k X̃eiωt + icω X̃eiωt

F̃t = (k + iω)X̃eiωt (3.29)

sendo que X̃ pode ser obtido de Fo G(iω).


Se encontrarmos o módulo e fase da Ft ,
s
Ft 1 + (2ξr)2
Tr = = = Td (3.30)
Fo (1 − r2 )2 + (2ξr)2

Note que a expressão é a mesma que a da transmissibilidade de deslocamento, por-


tanto o comportamento gráfico com r e ξ já foi comentado anteriormente.
Tr

Região de 1 2 r
Amplitude Região de
Isolamento

Figura 33 – Gráfico da Transmissibilidade de Força


Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 53

3.7.2 Isolamento de Movimento de Base


Neste caso devemos utilizar as equações 3.22 e 3.28.

Figura 34 – Sistema MMA e Base com Isolador

s
X 1 + (2ξr)2
Td = =
Y (1 − r2 )2 + (2ξr)2
s
Ft 1 + (2ξr)2
= r2
kY (1 − r2 )2 + (2ξr)2

3.8 Sistemas com Desbalanceamento


Uma fonte comum de vibrações em máquinas e ocasionadas por máquinas rotativas.
Vamos considerar o seguinte sistema que representa um modelo de máquina rotativa:

Figura 35 – Máquina Rotativa


Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 54

Os diagramas de corpo livre resultam em,



m (ẍ + ẋ = −F
o r r
(3.31)
(m − m )ẍ = F − cẋ − kx = 0
o r

Combinando ambas as equações:

mẍ + mo ẍr + cẋ + kx = 0

Assumindo que a máquina rotaciona com freqência constante (ω) temos:

xr = e · senωt

logo,
ẍr = −eω 2 senωt
Portanto, voltando a equação de movimento,

mẍ + cẋ + kx = mo · eω 2 senωt (3.32)

Esta equação é identica à equação 3.11 com Fo = mo · eω 2 , portanto a solução particular


é hm e i
o
xp (t) = Im r2 |G(iω)|ei(ωt−φ) = Xsen(ωt − φ)
m
com,
mX r2
=p (3.33)
mo e (1 − r2 )2 + (2ξr)2
 
2ξr
φ = tg −1
1 − r2

= 0.1 Amplitude sempre


decresce com o amortecimento
= 0.25

= 0.707

=1

r
Figura 36 – Gráfico da Função

· Para r −→ ∞ o deslocamento adimensional tende a 1.


· Não é importante o efeito do amortecimento em r >> 1.
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 55

Exemplo 15 Considere: k = 1.105 N


m , ξ = 0, 01 e ωr = 1500rpm

massa grudada
na hélice Modelo
0.5Kg

e
ω rt
15cm m
ms= 60Kg
k , ms
ωr 20Kg

a) Qual a magnitude da deflexão transversal em 1500rpm?


b) Em qual velocidade angular a deflexão é máxima? Estime máxima deflexão.

Solução
Primeiro precisamos determinar a massa equivalente da asa na extremidade livre,
assim, usaremos a equivalência de energia cinética e um modelo com um grau de liberdade
para determinar a frequência natural de vibração.
A deflexão estática de uma viga em balanço sob uma carga concentrada em uma
extremidade é dada por:

x P

y(x) ymáx

L
P L3
sendo ymáx = 3EI .
Temos que a deflexão é dada por:

P x2
y(x) = (3L − x)
6EI
Se substituirmos a priemira equação na segunda, teremos:

ymáx x2
y(x) = (3L − x)
2L3
Sabemos que a máxima energia cinética da viga em si (Tmáx ) é dada por:

1 Lm
Z
Tmáx = [ẏ(x)]2 dx
2 0 L
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 56

Se derivarmos y(x) para expressar a variação da velocidade ẏ(x), tem-se:


ẏmáx
ẏ(x) = (3Lx2 − x3 )
2L3
Deste modo,
m ẏmáx 2 L
  Z
Tmáx = (3Lx2 − x3 )dx =
2L 2L3 0
 2    
m ẏmáx 33 7 1 33 2
= L = m ẏmáx
2L 4L6 35 2 140
Se meq denotar a massa equivalente da viga em balanço (asa) na extremidade livre,
sua energia cinética máxima pode ser expressa como:
1 2
Tmáx = meq · ymáx
2
Se igualarmos as duas equações de Tmáx que temos, teremos que:
33
meq = m
140
Assim, a massa efetiva que age na extremidade da viga é dada por:
mef = M + meq
aonde M é soma da massa grudada no hélice mais a massa do hélice.
Com isso, pelo métoda da energia, é possível obter a frequência natural:
s
k
ωn =
mef
Assim, s
k rad
ωn = = 53, 722
M + (33/140)ms s
A frequência de rotação é:
rev 1min 2πrad rad
ωr = 1500rpm = 1500 · · = 157
min 60s rev s
A razão de frequência é dada por:
ωr
r= = 2, 92
ωn
Portanto,
mo e r2
X= p = 0, 002m
mef (1 − r2 )2 − (2ξr)2
Agora, com para um ξ pequeno, vamos estimar o máximo na ressonância.
rad
ωr = ωn = 53, 722 = 513, 11rpm
s
mo e 1
X= = 0, 108m
mef 2ξ
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 57

3.9 Medição de Vibrações


3.9.1 Acelerômetros
Transdutor Piezoelétrico: cristais piezoelétricos produzem uma distribuição de carga
quando sujietos a deformação.
x(t)
x(t)

Massa
M
Cristais K C
y(t) y(t)
Base

Figura 37 – Acelerômetro

A deformação dos cristais está ligada ao movimento relativo z(t) = x(t) − y(t). Pela
equação de forças:
mẍ = −c(ẋ − ẏ) − k(x − y)

ou,
mz̈ + cz̈ + kz = −mÿ (3.34)

sendo ÿ a aceleração da base.


Com excitação harmônica y(t) = Y cosωt = Re{Y eiωt }. A resposta é harmônica
z(t) = Zcos(ωt − φ) = Re{Zeiωt }.

mz̈ + cż + kz = −mω 2 Y cosωt (3.35)

Podemos resolver a equação 3.35 por analogia com a equação 3.11, através da definição
do Fator de Ampliação.

Fo /k
Z=p = Fo |G(iω)| (3.36)
(1 − r2 )2 + (2ξr)2

Se continuarmos a manipular a equação 3.36, teremos,

mω 2 Y /k r2 Y
=p =p
(1 − r2 )2 + (2ξr)2 (1 − r2 )2 + (2ξr)2

Assim, obtendo:
Z r2
=p (3.37)
Y (1 − r2 )2 + (2ξr)2
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 58

Com um ângulo de fase,  


−1 2ξr
φ = tg
1 − r2

Z
Y

= 0.25

Sismômetro
1
= 0.5

r≅ 3 r
Figura 38 – Gráfico da Equação

Z
Logo, para frequência ω >> ωn , Y = 1 e o instrumento pode ser utilizado para
medição do deslocamento da base.
Podemos reescrever a equação 3.36 na forma:
−1
ωn2 Z = p ω2Y (3.38)
(1 − r2 )2 + (2ξr)2
p
sendo ( (1 − r2 )2 + (2ξr)2 ) o (k|G(iω)|) e (ω 2 Y ) a amplitude de aceleração.

K|G(i)| ф

Resposta
Plana Acelerômetro
1

1 r 1
r
Figura 39 – Gráfico da Equação reescrita

Teremos para ω << ωn , k|G(iω)| = 1 e φ ≈ 0. Logo,

ÿ(t)
z(t) =
ωn2

sendo o sinal de ωn proporcional a aceleração.


Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 59

3.9.2 Medição de amortecimento pelo método da Banda de meia Potência


Consideremos o gráfico da Receptância |G(iω)| medida experimentalmente através de
um teste de vibrações forçantes.

K|G(i)|

1

r1 1 r2 r
Figura 40 – Gráfico da Receptância

1
|kG(iω)| = p
(1 − r2 )2 + (2ξr)2

em r = 1,
1
|kG(iω)| = =Q

sendo "Q"o fator de qualidade.
Q
Devemos escolher dois pontos onde a magnitude será = √
2
. Para encontrar as raízes
de frequência correspondentes,
1 Q 1
p =√ = √
2 2
(1 − r ) + (2ξr) 2 2 2 2ξ

r4 − r2 (2 − 4ξ 2 ) + (1 + 8ξ 2 ) = 0

Para ξ baixo:
p
r12 = 1 − 2ξ 2 − 2ξ 1 − ξ 2 ≈ 1 − 2ξ
p
r22 = 1 − 2ξ 2 + 2ξ 1 − ξ 2 ≈ 1 + 2ξ

teremos,
ω22 ω12
r22 − r12 = − = 4ξ
ωn2 ωn2
ω22 − ω12 = 4ξωn2
Capítulo 3. Vibrações Excitadas Harmonicamente - Sistemas com um Grau de Liberdade 60

ou,
(ω2 + ω1 )(ω2 − ω1 ) = 4ξωn2

para um ξ pequeno, temos que (ω2 + ω1 ) = 2ωn . Assim, temos:

(ω2 − ω1 )
ξ≈
2ωn
Portanto, através das curvas de repostas em frequência é possível estimar o fator de
amortecimento de um sistema através das frequências na qual a magnitude é √1 H(ωn ).
2
61

Referências

BALACHANDRAN, B.; MAGRAB, E. B. Vibrações Mecânicas. [S.l.]: CENGAGE DO


BRASIL, 2011. ISBN 9788522109050.

INMAN, D. J. Engineering Vibration. [S.l.]: Pearson, 2014. ISBN 9780132871693.

KELLY, S. G. Vibrações Mecânicas: TEORIA E APLICAÇÕES. [S.l.]: CENGAGE DO


BRASIL, 2017. ISBN 9788522127009.

RAO, S. S. Vibrações mecânicas. [S.l.]: PRENTICE HALL BRASIL, 2009. ISBN


9788576052005.

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