Resenha: O Golem à solta – Chernobyl e a cura da AIDS
O texto traz a noção da tecnologia e ciência na forma de um golem, uma
criatura com grande força e potência que pode ser influenciado para o bem e para o mal, dependendo do ponto de referência; Na verdade é extremamente complicado separar as consequências positivas e negativas da ciência e tecnologia no meio social, Pois é onde ambas estão presentes sendo desta forma, elementos frutos dela. O que se pode observar a seguir é um dilema, pois ao mesmo tempo que esses tentam ter uma visão mais focada e menos enviesada, são resultado de um ambiente por natureza interligado. Uma analogia possível é a que Aristóteles apresenta nos seus escritos intitulado "De anima", onde ele caracteriza os órgãos do corpo como diferenciáveis, mas não separáveis. De fato, a ciência e a tecnologia são "órgãos" do organismo/corpo social; um corpo social unido e dividido por culturas, religiões, localidade, trabalho e renda. Tendo esse aspecto de sociedade em mente é um grande desafio determinar barreiras e divisões corretamente; as teorias de campos de Pierre Bourdieu e o cientista como um indivíduo social de Bruno Latour nunca foram tão visíveis como nessa tentativa de olhar a questão de fora dela, mesmo sendo praticamente impossível. E se nesse trabalho teórico mental a situação se encontra confusa, ela se torna quase imensurável quando a olhamos em situações reais, tão empíricas, sentimentais, apavorantes e imprevisíveis quanto o acidente de Chernobyl e as suas consequências, ou o surto de AIDS que levou à morte milhares de pessoas. Se essas dúvidas surgiram a partir das relações de uma complexa sociedade, que coloca em questão alguns de seus métodos de investigação da realidade, seria um contra senso imaginar que alguém poderia achar uma resposta para todos esses problemas, ou até mesmo faze-lo sem ser acusado de falhar em se manter sem influências externas. É um labirinto onde não sabendo de onde se veio e nem para onde vai, resta seguir adiante com cautela e atenção, sem medo de questionar a direção, mas entendendo que a situação não permite aventuras irresponsáveis sobre risco de esquecer o caminho percorrido e ficar ainda mais desorientado, afinal não temos o mapa para a solução dos problemas e esquecer o passado é entropia de informação, que pode ser fundamental logo a frente. A realidade dos fatos criam situações específicas onde algumas vezes a ciência e a tecnologia sequer chegaram a pensar a respeito, gerando um impasse entre pontos da sociedade que não possuem uma comunicação boa(caso de Chernobyl), e desse modo geram iniciativas que amenizam essa distância(caso da crise de AIDS), e é desses momentos de ruptura que a sociedade deve absorver o aprendizado para lidar com o angustiante fato, de sermos "células" nesse corpo social às vezes tão confuso, perigoso e poderoso quanto o golem.