EDITAL Nº 1, DE 28 DE JUNHO DE 2023

CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DE DIPLOMATA

CARGO: TERCEIRO-SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATA

Data e horário da prova: domingo, 30/07/2023, às 9h30.

INSTRUÇÕES
● Você receberá do fiscal:
○ um caderno da prova objetiva contendo 35 (trinta e cinco) questões, e cada questão será composta por 4
(quatro) itens; e
○ uma folha de respostas personalizada.
● Verifique se a numeração das questões, a paginação do caderno da prova objetiva e a codificação da folha de
respostas estão corretas.
● Quando autorizado pelo fiscal do Clipping, no momento da identificação, escreva, no espaço apropriado da
folha de respostas, com a sua caligrafia usual, a seguinte frase:

“Quem espera sempre alcança”

● Você dispõe de 3 (três) horas para fazer a prova objetiva, devendo controlar o tempo, pois não haverá prorrogação
desse prazo. Esse tempo inclui a marcação da folha de respostas.
● Somente 1 (uma) hora após o início da prova, você poderá entregar sua folha de respostas e o caderno da prova
e retirar-se da sala.
● Somente será permitido levar o caderno da prova objetiva 2 (duas) horas e 45 (quarenta e cinco) minutos após
o início da prova.
● Deixe sobre a carteira apenas o documento de identidade e a caneta esferográfica de tinta preta, fabricada com
material transparente.
● Não é permitida a utilização de nenhum aparelho eletrônico ou de comunicação.
● Não é permitida a consulta a livros, dicionários, apontamentos e (ou) apostilas.
● Ao sair e retornar à mesa e ao local onde você está realizando a prova, imagine estar na companhia de um fiscal.
Restrinja sua locomoção entre espaços da sua casa.
● Não será permitida a utilização de lápis em nenhuma etapa da prova.

INSTRUÇÕES PARA A PROVA OBJETIVA

PRIMEIRA FASE – MANHÃ

● Verifique se os seus dados estão corretos na folha de respostas da prova objetiva. Caso haja algum dado
incorreto, comunique ao fiscal.
● Leia atentamente cada item e assinale sua resposta na folha de respostas.
● Cada item deverá ser julgado como CERTO ou ERRADO, de acordo com o(s) comando(s) a que se refere.
● A folha de respostas não pode ser dobrada, amassada, rasurada ou manchada e nem pode conter nenhum
registro fora dos locais destinados às respostas.
● O candidato deverá transcrever, com caneta esferográfica de tinta preta, fabricada com material transparente,
as respostas da prova objetiva para a folha de respostas.
● A maneira correta de assinalar a alternativa na folha de respostas é cobrir, fortemente, com caneta esferográfica
de tinta preta, fabricada com material transparente, o espaço a ela correspondente.
● Marque as respostas assim:

Realização
 Língua Portuguesa
Itens de 1 a 11
Texto 1 para responder à questão 1.
1 Uma das coisas mais difíceis, tanto para uma
pessoa quanto para um país, é manter sempre presentes
diante dos olhos os três elementos do tempo: passado,
4 presente e futuro. Ter em mente esses três elementos é
atribuir uma grande importância à espera, à esperança,
ao futuro; é saber que nossos atos de ontem podem ter
7 consequências em dez anos e que, por isso, pode ser
necessário justificá-los; daí a necessidade da memória,
para realizar essa união de passado, presente e futuro.
10 Contudo, a memória não deve ser predominante
na pessoa. A memória é, com frequência, a mãe da
tradição. Ora, se é bom ter uma tradição, também é bom
13 superar essa tradição para inventar um novo modo de
vida. Quem considera que o presente não tem valor e
que somente o passado deve nos interessar é, em certo
sentido, uma pessoa a quem faltam duas dimensões e
16
com a qual não se pode contar. Quem acha que é preciso
viver o agora com todo o ímpeto e que não devemos
nos preocupar com o amanhã nem com o ontem pode
19
ser perigoso, pois crê que cada minuto é separado dos
minutos vindouros ou dos que o precederam e que
não existe nada além dele mesmo no planeta. Quem
22
se desvia do passado e do presente, quem sonha com
um futuro longínquo, desejável e desejado, também se
25 vê privado do terreno contrário cotidiano sobre o qual
é preciso agir para realizar o futuro desejado. Como
se pode ver, uma pessoa deve sempre ter em conta o
28 presente, o passado e o futuro.
FANON, Frantz. Alienação e liberdade. São Paulo: Ubu, 2020, p. 264-265
(com adaptações).
QUESTÃO 1
Com base nas ideias contidas no texto 1, julgue (C ou
E) os itens a seguir.
1  O autor associa a memória ao passado; o momento de
superação da tradição ao presente e “um novo modo
de vida” (linhas 13 e 14) ao futuro.
2  Depreende-se do texto que aquele que preconiza
apenas a tradição, desconsiderando as duas outras
dimensões da vida, não é digno de confiança.
3  Infere-se do texto que a memória não é imprescindível,
em virtude de se “atribuir uma grande importância à
espera, à esperança, ao futuro” (linhas 5 e 6).
4  Aquele que só prioriza o presente, além de ser sempre
perigoso, é essencialmente individualista, visto que
acredita não existir “nada além dele mesmo no
planeta” (linha 22).
SIMULADO CACD 2023
Texto 2 para responder às questões 2 e 3.
1 Há muitas línguas na língua portuguesa. Para dar
voz e rosto a culturas e religiosidades tão díspares e
distantes, esse idioma passou a existir dentro e fora
4 do seu próprio corpo. Nós, brasileiros, portugueses,
angolanos, moçambicanos, caboverdianos, guineenses,
santomenses, falamos e somos falados por uma língua
7 que foi moldada para traduzir identidades que são
profundamente diversas e plurais.
Vivemos na mesma casa linguística, mas fazemos
10 dela uma habitação cujas paredes são como as margens
dos oceanos. São linhas de costa, fluidas, porosas, feitas
de areia em vez de cimento. Em cada uma das divisórias
13 dessa comum residência, mora um mesmo modo de
habitar o tempo, um mesmo sentimento do mundo
(nas palavras do poeta Drummond). Essa língua é feita
16 mais de alma do que de gramática. A língua não é uma
ferramenta. É uma entidade viva. Com esse idioma,
construímos e trocamos diversas noções do tempo e
diferentes relações entre o profano e o sagrado.
19
Jorge Amado atravessou o oceano num momento em
que as colônias portuguesas na África se preparavam
para a luta pela independência. Na década de cinquenta
22
do século passado, intelectuais e artistas africanos
estavam ocupados em procurar a sua própria identidade
individual e coletiva. Nessa altura, era clara a necessidade
25
de rupturas com os modelos europeus. Escritores de
Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São
28 Tomé e Príncipe procuravam caminhos para uma escrita
mais ligada à sua terra e à sua gente. Carecíamos de
uma escrita que nos tomasse como não apenas autores
31 de estórias, mas também sujeitos da sua própria história.
Precisávamos de uma narrativa que nos escrevesse a
nós mesmos.
34 Muito se especula sobre as semelhanças entre
as nações africanas e o Brasil. Essas comparações
resultam muitas vezes de simplificações, mistificações
37 e romantizações. Na maior parte das vezes, essas
analogias são fundadas em estereótipos que pouco têm
a ver com uma realidade que é composta por dinâmicas
40 e complexidades que desconhecemos.
O que é mais africano no Brasil e mais brasileiro na
África não é o candomblé, não são as danças nem os
43 tipos físicos das pessoas. O que nos torna tão próximos
é o modo como, de um e de outro lado do Atlântico,
aprendemos a costurar culturas e criar hibridizações. A
46 presença africana não mora hoje apenas nos descendentes
dos escravizados. Essa presença permeia todo o Brasil.
Dito de outra maneira: a semelhança não está no pano.
49 Está na costura. Está no costureiro. E esse costureiro é a
história. E é a língua que partilhamos. Essa língua é, ao
mesmo tempo, linha, pano e mãos tecedeiras.
COUTO, Mia. As infinitas margens do oceano. In: Panorama da Contri-
buição do Brasil para a Difusão do Português. Brasília: FUNAG, 2021, p.
421-424 (com adaptações).
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 QUESTÃO 2
Considerando os sentidos e a estrutura do texto 2, julgue
(C ou E) os itens a seguir.
1  Infere-se do trecho “Na década de cinquenta do
século passado, intelectuais e artistas africanos
estavam ocupados em procurar a sua própria
identidade individual e coletiva” (linhas 22 a 25) que
Jorge Amado, quando em visita aos países africanos
de língua portuguesa, foi hostilizado.
2  O emprego sequencial de períodos simples no último
parágrafo, no trecho “A presença africana não mora
(...) mãos tecedeiras”, é opção estilística a fim de
enfatizar o conteúdo de cada uma das afirmações
feitas.
3  Depreende-se do texto a crítica às teorias que
assemelham o Brasil às nações africanas, com base,
sobretudo, na religiosidade, nas danças e nos tipos
físicos das pessoas.
4  O autor vale-se da metáfora como estratégia
argumentativa, a fim de esclarecer a tese de que a
semelhança entre o Brasil e os países africanos da
comunidade lusófona consiste em “costurar culturas
e criar hibridizações” (linha 45).
QUESTÃO 3
Considerando aspectos linguísticos e gramaticais do
texto 2, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  Em “Vivemos na mesma casa linguística, mas
fazemos dela uma habitação cujas paredes são
como as margens dos oceanos.” (linhas 9 a 11),
foram empregadas a metonímia e a comparação,
respectivamente, a fim de construir a imagem
paradoxal de semelhança e diferença entre os países
falantes da língua portuguesa.
2  O período “Precisávamos de uma narrativa que nos
escrevesse a nós mesmos.” (linhas 32 e 33) estabelece
relação de causa e efeito, respectivamente, com
“Nessa altura, era clara a necessidade de rupturas
com os modelos europeus.”
3  O paralelismo sintático e o polissíndeto, empregados
em “a semelhança não está no pano. Está na costura.
Está no costureiro. E esse costureiro é a história. E
é a língua que partilhamos. Essa língua é, ao mesmo
tempo, linha, pano e mãos tecedeiras.” (linhas 47 a
51), contribuem para a criação dos efeitos estilísticos
de ênfase.
4  Embora predomine no texto a função referencial
da linguagem, devido a seu aspecto informativo,
também foram empregadas, de forma significativa,
as funções metalinguística e poética.
SIMULADO CACD 2023
Texto 3 para responder às questões 4, 5 e 6.
1 Gosto de contar histórias e poder repassar minha
trajetória, porque permite pensar como a história
do Brasil vem sendo contada. Temos uma visão da
4 perspectiva do colonizador. Como as nossas populações
nunca tiveram a oportunidade de contar sua versão,
porque foram vozes silenciadas ou, quando muito,
7 colocadas nos rodapés da história, muitos acabaram não
ouvindo nem descobrindo o que de fato era feito com
essa população: perseguição, escravização, extermínio,
10 genocídio.
Ao Brasil foi negada a possibilidade de conhecer
outros modos de existência e ainda hoje isso é negado às
13 nossas crianças, de modo que todo estereótipo nascido
a partir dessa visão equivocada vai corroborar a história
do vencedor e nunca reforçar a resistência do vencido.
16 Nós, que fomos considerados eternamente vencidos,
soubemos lutar para nos mantermos vivos.
Nasci no dia 6 de fevereiro de 1964. No dia 1º de
19 março, foi dado o golpe dos militares. Por conta disso,
sou filho do regime militar e vítima dele — não como
perseguido naquele momento, mas como uma criança
22 que teve que ir para a escola obrigada por um projeto
de “integração”, palavra usada pelos militares. Havia
uma política integracionista e ela partia do princípio de
25 que era preciso fazer com que os “índios” se tornassem
civilizados. Desenvolviam uma política economicista de
ensinar a trabalhar de acordo com os padrões ocidentais
28 de desenvolvimento. Jogavam as crianças indígenas em
contexto escolar fora das suas comunidades, porque
assim elas poderiam aprender a “ser gente” e abririam
31 mão de sua própria condição de indígena.
Eu não tinha costume de usar roupa e foi a primeira
tortura que eu sofri: colocar a tal da farda, acompanhada
34 de um tênis Conga que apertava os nossos dedos. Foi a
primeira vez na vida que calcei um sapato e foi muito
torturante. E foi dessa maneira, todo troncho, que
37 cheguei na escola e, imediatamente, fui recepcionado
pelos meus colegas me chamando de “índio”. Confesso
que eu não sabia o que era índio. Fiquei procurando,
40 achando que era um passarinho. Só depois que descobri
que estavam se referindo a mim e que estava ligado a
coisas negativas. Fui descobrindo isso de uma forma
43 muito dolorosa: com rejeição, com falta completa de
empatia das pessoas, com a negação de participação na
vida social das pessoas. Isso tudo me dava uma angústia
46 muito grande e isso fez com que eu prometesse a mim
mesmo que eu não queria ser índio. Achava que era
possível arrancar a minha cara. Lembro que havia uma
49 moda de usar água oxigenada para ficar loiro e eu tentei
fazer isso para descaracterizar o meu cabelo, para fugir
do estereótipo que jogavam sobre mim e me humilhava.
52 [...]
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 Meu avô Apolinário, um velho sábio muito
importante na minha vida, é quem vai estabelecer em
55 mim a marca que hoje eu trago, tanto na fala, quanto na
escrita: a marca da esperança, de querer que as pessoas
olhem para os nossos povos não do jeito que elas querem
58 que a gente seja, mas como somos.
Um dia, eu estava sentado na beira de um igarapé e
o velho me convidou pra tomar um banho com ele. A
61 palavra do velho é sagrada, ele me levou a um lugar que
eu ainda não conhecia na Amazônia, meio paradisíaco,
formava um belo lago e tinha uma queda d’água. Ele me
64 colocou sentado num lugar onde cai água e me deu uma
ordem para ouvir o que o rio tinha a me dizer. Eu não
sabia que rio falava de verdade, apesar de já ter ouvido
67 essas histórias. Naquele primeiro momento, para minha
frustração, o rio não falou. Quando muito, o senti rindo
da minha cara.
70 Meu avô disse: “você não ouviu o rio, porque está
com muito barulho na sua cabeça. Para ouvir o rio,
tem que estar com o pensamento livre”, e foi me dando
73 algumas lições ao longo dos três anos que vivi com
ele. Eram lições sobre como ouvir a natureza: “meu
neto, por acaso você já viu o rio se lamentar quando
76 encontra um obstáculo diante de si? Sabe por que
o rio não faz isso? É porque ele tem uma voz dentro
dele que fica lembrando que se desistir, ele apodrece.
79 E se ele apodrecer, não serve mais para nada, porque
no rio podre não tem vida, não tem alegria, não tem
peixe, criança não vem mergulhar. Dentro dele tem uma
82 voz lembrando que ele tem que seguir adiante, porque
a grande missão do rio é mergulhar no mar. Ele só se
realiza quando mergulha no mar”.
85 Só fui entender isso com o passar do tempo, no
momento em que ele assumiu seu papel de avô, um
papel muito importante nas culturas ancestrais em
88 geral, de ser esse referencial. Ele foi me ensinando a ler
o mundo, pois é a natureza quem nos ensina. Quando
a gente não deixa a natureza, a gente se percebe parte
91 dela e ela vai nos ensinando a como conduzir a nossa
existência. [...]
Nós indígenas somos contemporâneos, não estamos
94 presos ao passado. O passado nunca foi uma prisão
para nós, pelo contrário, sempre foi o motor da nossa
liberdade e do nosso presente. O povo indígena é da
97 natureza, da circularidade, que se sente parte de um
coletivo, que quebra a visão capitalista, monocrática de
achar que a vida é ser ocidental, ter dinheiro, ser alguém
100 na vida. A felicidade está justamente na diversidade do
Brasil, que aprendemos a não gostar.
MUNDURUKU, Daniel.
https://ipam.org.br/ouca-as-historias-de-daniel-brasileiro-nascido-mun-
duruku/. 8/10/2021.
SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 4
Considerando a pontuação empregada no texto 3, julgue
(C ou E) os itens a seguir.
1  Os dois-pontos empregados em “muitos acabaram
não ouvindo nem descobrindo o que de fato era feito
com essa população: perseguição, escravização,
extermínio, genocídio.” (linhas 7 a 11) anunciam
enumeração que esclarece o sentido do termo anterior.
2  A oração “que fomos considerados eternamente
vencidos”, em “Nós, que fomos considerados
eternamente vencidos, soubemos lutar para nos
mantermos vivos.” (linhas 16 e 17), foi destacada por
vírgulas em razão do sentido explicativo acrescentado
ao pronome substantivo “Nós”, que identifica os
povos originários.
3  As aspas, empregadas para destacar o termo “índio”
e sua flexão no plural, em “ela partia do princípio de
que era preciso fazer com que os ‘índios’ se tornassem
civilizados. (linha 25) e em “fui recepcionado pelos
meus colegas me chamando de ‘índio’”. (linhas 37
e 38), apresentam a mesma justificativa.
4  Em “Dentro dele tem uma voz lembrando que ele
tem que seguir adiante, porque a grande missão do
rio é mergulhar no mar.” (linhas 81 a 83), a vírgula
foi empregada de forma facultativa e não haveria
prejuízo gramatical caso ela fosse suprimida.
QUESTÃO 5
Com base em aspectos linguísticos e sintáticos do texto
3, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  O período composto no discurso direto presente
em “Meu avô disse: ‘você não ouviu o rio, porque
está com muito barulho na sua cabeça.’” (linhas 70
a 71) foi constituído por oração principal e oração
subordinada, empregada com função apositiva.
2  O pronome “isso”, em “e eu tentei fazer isso para
descaracterizar o meu cabelo” (linha 50), refere-se ao
processo de descolorir o cabelo com água oxigenada.
3  Nas linhas 22 e 23, verifica-se o emprego ambíguo
do termo “por um projeto de “integração’”, em “mas
como uma criança que teve que ir para a escola
obrigada por um projeto de ‘integração’”, que pode
indicar a causa de o menino ser obrigado a ir à escola,
ou o agente da ação de obrigar.
4  Atenderia à prescrição gramatical a inserção da
preposição “a”, antes do pronome relativo que
inicia a oração subordinada em “A felicidade está
justamente na diversidade do Brasil, que aprendemos
a não gostar”.
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 Texto 4 para responder às questões 6 e 7.
[XVIII]
1 Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
4 Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
7 Há só cada um de nós, como uma cave*.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se
10 abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
*cave: porão, lugar subterrâneo
PESSOA, Fernando. Poemas completos de Alberto Caeiro. Antologia.
Carlos Felipe Moisés (org.). 2ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 92.
QUESTÃO 6
Com base no sentido dos textos 3 e 4 e em aspectos
sintáticos, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  Apesar das diferentes contextualizações do texto 3
e do texto 4, verifica-se a mesma ideia em “Para
ouvir o rio, tem que estar com o pensamento livre”
(linhas 71 e 72 do texto 3), e em “Não é bastante não
ser cego / Para ver as árvores e as flores. / É preciso
também não ter filosofia nenhuma.” (linhas 3 a 5 do
do texto 4).
2  Em “Quando a gente não deixa a natureza, a gente
se percebe parte dela e ela vai nos ensinando a
como conduzir a nossa existência.” (linhas 89 a
92 do texto 3), o autor enaltece, de forma direta, a
vida em contato com a natureza; no texto 4, o poeta
compartilha esse pensamento, embora o demonstre
por meio dos aspectos negativos da vida sem a
natureza, o que se verifica em “Com filosofia não há
árvores: há ideias apenas. / Há só cada um de nós,
como uma cave” (linhas 6 e 7).
3  Não alteraria o sentido original, nem haveria prejuízo
gramatical, caso a oração, contida nos versos “Não
basta abrir a janela / Para ver os campos e o rio.”,
fosse reescrita, em prosa, da seguinte forma: Não
basta janelas abertas para ver os campos e o rio.
4  Não haveria alteração significativa quanto ao sentido,
nem desvio da norma-padrão, caso a frase contida
no verso 5, “É preciso também não ter filosofia
nenhuma.”, fosse reescrita da seguinte forma:
Precisa-se também de não ter filosofia alguma.
SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 7
Acerca de aspectos semânticos e sintáticos do texto 4,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  Seria mantido o sentido de indefinição no contexto,
caso o verso 4, “Para ver as árvores e as flores.”,
fosse reescrito sem os artigos, ficando Para ver
árvores e flores.
2  A palavra “como”, no verso “Há só cada um de nós,
como uma cave.” (verso 7), foi empregado com
sentido de conformidade.
3  Embora promovesse alteração semântica significativa,
manteria a correção gramatical a supressão do artigo
“o” no verso “Há só uma janela fechada, e todo o
mundo lá fora” (verso 8).
4  No verso 9, “E um sonho do que se poderia ver se a
janela se abrisse”, a palavra “se” é responsável por
acrescentar ao período sentido de hipótese ou de
suposição, razão por que poderia corretamente ser
substituída por caso.
Texto 5 para responder às questões 8 e 9.
1 Existe uma outra mentira histórica que afirma que o
negro aceitou passivamente a escravidão, adaptou-se a
ela docilmente porque, afinal, os senhores de escravos
4 luso-brasileiros foram muito bons e cordiais. E, como
prova disso, dizem que a mãe preta foi o modelo dessa
aceitação. Mas a gente pergunta: ela tinha outra escolha?
7 Claro que não, pois era escrava e justamente por isso foi
obrigada a cuidar dos filhos de seus senhores.
Além disso, muitas vezes seus filhos recém-nascidos
10 eram arrancados delas para que se “dedicassem”
inteiramente às crianças brancas, amamentando-as
com exclusividade. Aquelas que não aceitassem eram
13 cordialmente torturadas ou simplesmente liquidadas.
Mas, como já dissemos no início, as africanas eram
muito valorizadas, e ainda são, enquanto mães. Por isso
16 não é de estranhar que, no Brasil, as escravas tenham
lutado por manter a dignidade da função materna,
até mesmo quando a exerciam com crianças brancas.
19 Com sua força moral, tudo fizeram para sustentar seus
companheiros e tratar da sobrevivência dos filhos,
educando-os nas mais precárias condições de existência.
22 Com isso, mantiveram viva a chama dos valores
culturais afro-brasileiros, que transmitiram a seus
descendentes. E nisso também influenciaram mulheres
e homens brancos, a quem aleitaram e educaram. Graças
25
a elas, apesar de todo o racismo vigente, os brasileiros
falam “pretuguês” (o português africanizado) e só
28 conseguem afirmar como nacional justamente aquilo
que o negro produziu em termos de cultura: o samba,
a feijoada, a descontração, a ginga ou jogo de cintura
31 etc. É por essa razão que as “mães” e as “tias” são tão
respeitadas dentro da comunidade negra, apesar de
todos os pesares.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios,
intervenções e diálogos. Flávia Rios e Márcia Lima (org.). 1 ed. Rio de
Janeiro: Zahar, 2020, p. 201-203.
PÁGINA 5/16
 QUESTÃO 8
Com base em aspectos linguísticos e estilísticos do
texto 5, julgue (C ou E) os itens a seguir:
1  A pergunta retórica “Mas a gente pergunta: ela tinha
outra escolha?” (linha 6) evidencia o emprego da
função conativa da linguagem, que visa à interação
com o leitor.
2  O termo “Além disso”, no início da linha 9, foi
empregado com função anafórica e poderia ser
corretamente substituído por Ademais.
3  No 1º parágrafo, a fim de enfatizar a explanação
do que a autora denomina “mentira histórica”, foi
empregada a ironia.
4  O emprego da palavra “cordialmente” caracteriza
o eufemismo que serviu de base para a construção
do trecho “Aquelas que não aceitassem eram
cordialmente torturadas” (linhas 12 e 13).
QUESTÃO 9
Com base em aspectos gramaticais e sintáticos do texto
5, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  O acento grave empregado em “para que se
‘dedicassem’ inteiramente às crianças brancas”
(linhas 10 e 11) justifica-se pela junção da preposição
“a”, exigida pela palavra “inteiramente”, com o artigo
“as” que acompanha o substantivo “crianças”. Caso
tal artigo fosse suprimido, a forma correta seria para
que se “dedicassem” inteiramente a crianças
brancas.
2  Está correta a transposição da voz passiva, em “Além
disso, muitas vezes seus filhos recém-nascidos eram
arrancados delas” (linhas 9 e 10), para a voz ativa,
considerando-se a indeterminação do agente do verbo
arrancar, do seguinte modo: Além disso, muitas
vezes se arrancavam delas seus filhos recém-
nascidos.
3  A substituição da preposição “por” pela preposição
“para”, em “que, no Brasil, as escravas tenham
lutado por manter a dignidade da função materna”
(linhas 16 e 17), alteraria o sentido original, mas não
promoveria incoerência ao período, nem prejuízo
para a correção gramatical.
4  No trecho “E nisso também influenciaram mulheres
e homens brancos, a quem aleitaram e educaram.”
(linhas 24 e 25), o pronome relativo que inicia as
orações subordinadas adjetivas, coordenadas entre si,
foi empregado com função sintática de complemento
direto único para os dois verbos.
SIMULADO CACD 2023
Texto 6 para responder às questões 10 e 11.
1 A mulher, e sobretudo a mulher bela, ocupando quase
sempre o centro do romance novecentista no Brasil,
talvez se possam definir e diferenciar os escritores pela
maneira de considerá-la e descrevê-la. No tratamento,
4
não só dos caracteres femininos, como dos dotes das
heroínas, deixa o romancista patente sua concepção
do romance, e, portanto, da vida, esta maior ou menor
7
compreensão das criaturas, sua visão do mundo.
Evidentemente, o mesmo se poderá dizer em relação
10 às personagens masculinas, que também revelam a
posição e os pontos de vista do autor; quer-me porém
parecer que, ao lidar, mesmo literariamente, com o outro
13 sexo, (já que os homens foram senhores exclusivos do
romance durante quase todo o século passado, D. Júlia
Lopes da Almeida, a primeira ficcionista digna de nota
16 só surgindo quando já ia adiantando o último decênio)
eles deixaram transparecer mais claramente seus tabus
e preconceitos, ou, ao contrário, sua ousadia, sua
19 liberdade espiritual e moral.
Talvez a simples lista de adjetivos aplicados à
formosura já bastasse para classificar de idealistas ou
22 realistas, sensuais ou sentimentais os que os usaram,
se não nos devêssemos lembrar das mudanças, muito
rápidas, sofridas pela nossa linguagem. A de José de
25 Alencar, tão acusado no momento de brasileiramente
incorreto, e de fato tão atento em registrar as nossas
formas peculiares de expressão, está muito distante
28 da que hoje empregamos. “Lábios mimosos”, “sorriso
divino”, “gaza preciosa” (por cabelo), “tez esmaltada”
são louvores que se repetem em seus livros e ficariam
31 ridículos nos de hoje; as palavras envelhecem e caducam
como a gente, o que é melancólico para os que nelas
põem o melhor de si, e mais ainda, o deve ser para quem
34 escreve com a ilusão de perdurar. Passando assim de
moda os vocábulos, e particularmente os adjetivos que,
mais vários, mais ligados, por sua mesma diversidade,
ao feitio, à personalidade de quem os escolhe — escolha
37
mais limitada no caso dos verbos e substantivos —
sofrem bruscas quedas de prestígio, não poderemos,
por eles, avaliar da atitude do criador em face de suas
40
heroínas, sem incorrer em erros e injustiças. Se, porém,
soltas são traidoras as palavras, dentro de seu contexto
43 não podem mentir, já que estão a serviço de conceitos e
imagens a traduzirem as ideias e sensações do escritor.
Quando este compara uma mulher a anjo ou deusa,
46 sabemos muito bem onde situá-lo, tenham embora
resistido ao tempo as expressões que lhe ocorrem: no
romantismo que, essencialmente individualista, foi
49 contraditoriamente, levado por seu idealismo, incapaz
de caracterizar as personagens femininas, vendo nelas
antes um tipo, fosse o da donzela pura, o da cortesã
52 nobre, o da faceira, o da intrigante, e sei lá quantos mais.
PEREIRA, Lúcia Miguel. De Ceci a Capitu. In: Escritos da maturidade:
seleta de textos publicados em periódicos (1944-1959). Rio de Janeiro:
Graphia Editorial, 1994.p. 263-264.
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 QUESTÃO 10
Com base nas ideias contidas no texto 6 e em aspectos
linguísticos, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  As duas referências temporais empregadas pela
autora em “ocupando quase sempre o centro do
romance novecentista” (linhas 1 e 2) e “durante quase
todo o século passado” (linha 14) aludem ao século
XIX, objeto de sua crítica literária.
2  Depreende-se do texto que, por serem subjetivos,
os adjetivos empregados na caracterização dos
personagens, sobretudo os femininos, evidenciam a
cosmovisão, mais conservadora ou mais progressista,
de cada autor.
3  O pronome demonstrativo “a”, em “A de José de
Alencar, tão acusado no momento de brasileiramente
incorreto” (linha 24), redução de “aquela”,
foi empregado a fim de substituir a expressão
“linguagem”, imediatamente anterior.
4  No 2º parágrafo, a autora faz alusão ao dinamismo
da língua, que se modifica com o passar do tempo,
sobretudo, nas variantes literárias, como afirma em
“as palavras envelhecem e caducam como a gente, o
que é melancólico para os que nelas põem o melhor
de si, e mais ainda, o deve ser para quem escreve com
a ilusão de perdurar.”.
Área livre
SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 11
Com base em aspectos linguísticos e sintáticos do texto
6, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  O termo composto “A mulher, e sobretudo a mulher
bela”, que inaugura o texto, funciona apenas
como tópico frasal, destacando o assunto a ser
desenvolvido, visto que, do ponto de vista sintático,
não exerce função alguma.
2  Caso o trecho “No tratamento, não só dos caracteres
femininos, como dos dotes das heroínas” (linhas 4
e 6) fosse flexionado integralmente no singular, ter-
se-ia a seguinte forma: No tratamento, não só do
caráter feminino, como do dote da heroína.
3  A conjunção “se”, em “Se, porém, soltas são traidoras
as palavras, dentro de seu contexto não podem
mentir” (linhas 41 a 43), acrescenta ao período
em que se insere a ideia de causa, podendo ser
corretamente substituída por já que.
4  Atenderia à prescrição gramatical e não alteraria o
sentido original, caso o trecho “Quando este compara
uma mulher a anjo ou deusa, sabemos muito bem
onde situá-lo, tenham embora resistido ao tempo
as expressões que lhe ocorrem” fosse reescrito
como: Quando este compara uma mulher com
anjo ou deusa, sabe-se muito bem aonde situá-lo,
conquanto tenha resistido ao tempo as expressões
que lhe ocorrem.
Área livre
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 Política Internacional
Itens de 12 a 22
QUESTÃO 12
Ao longo dos últimos 15 anos, os BRICS se consolidaram
como um dos grandes projetos da diplomacia brasileira,
em coordenação com alguns dos grandes países
emergentes do mundo contemporâneo. Acerca deste
agrupamento, julgue (C ou E) os itens a seguir:
1  Antes de se consolidarem como um grupo, seus
integrantes originais – Brasil, Rússia, Índia e China –
já haviam realizado reunião de consulta às margens da
Assembleia Geral da ONU, a partir da identificação
de que havia elementos a serem coordenados entre
eles.
2  Os desafios impostos pela crise financeira iniciada
no ano de 2008 levaram o agrupamento a assumir
características institucionais de uma organização,
com a aprovação de um estatuto, uma sede em
Xangai, e fórmulas bem definidas de financiamento.
3  O Novo Banco de Desenvolvimento, estabelecido
pelos integrantes do BRICS em 2015, admite a
possibilidade de novos integrantes, que ingressam
em condições de paridade acionária com os cinco
membros fundadores.
4  Irã e Argentina formalizaram seus pedidos de
ingresso nos BRICS.
QUESTÃO 13
Tomando por base o histórico recente da política
envolvendo o Iraque, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  A invasão ao Kuwait, em 1990, teve como uma de
suas consequências o temor pela segurança da Arábia
Saudita, o que levou os Estados Unidos a intervirem
contra o governo de Saddam Hussein.
2  Saddam Hussein e Hafez al-Assad – ambos
vinculados ao partido Ba’ath – foram aliados ao
longo de suas presidências, com governos marcados
pela retórica crítica aos Estados Unidos.
3  O Iraque já havia iniciado o desenvolvimento de
armas químicas, biológicas e nucleares ao longo
dos anos 1980, no contexto da guerra contra o Irã, e
as desconfianças de que alguns destes projetos não
haviam sido paralisados foram a justificativa para a
invasão, liderada pelos EUA, em 2003.
4  Os xiitas, importante minoria no Iraque, ganharam
poder após a queda de Saddam Hussein, o que
significou a aproximação do país ao Irã.
SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 14
O fenômeno do terrorismo representa a principal
preocupação para a segurança internacional nos dias de
hoje. Sobre tal ameaça, julgue (C ou E) os itens a seguir:
1  O terrorismo é um recurso utilizado sistematicamente
pelos povos muçulmanos desde o início do século
XX, na busca pela concretização dos seus anseios,
como a descolonização e auto-determinação, ainda
que os métodos tenham passado por mudanças com
o passar do tempo.
2  Os atentados de 11 de setembro foram capazes de
mudar a concepção internacional sobre o terrorismo,
que passou a ser visto como uma das mais importantes
ameaças à segurança internacional, motivando até
mesmo o engajamento da OTAN e do Conselho de
Segurança da ONU.
3  O objetivo fundamental dos grupos terroristas desde
os atentados contra os Estados Unidos, em 2001,
é conquistar territórios e consolidar sua expansão
geográfica, como demonstraram as estratégias de Al
Qaeda e Estado Islâmico ao longo dos últimos anos.
4  A África Austral vem sendo vista como um caso
de sucesso no combate ao terrorismo por parte
de instituições regionais, com uma diminuição
significativa de grupos militantes ativos, em
contraposição ao crescimento do risco terrorista na
África Ocidental.
QUESTÃO 15
Acerca das teorias de Relações Internacionais, julgue
(C ou E) os itens a seguir.
1  O realismo é criticado pelas teorias críticas por
sua proposta de uma hierarquização temática das
Relações Internacionais, ao estabelecer que questões
relacionadas à segurança são sempre superiores aos
demais temas.
2  A anarquia, segundo o construtivismo de Alexander
Wendt, assume duas formas primordiais: uma
conflitiva e outra cooperativa.
3  O feminismo se expressa nas Relações Internacionais
pelo desenvolvimento de um corpo teórico que
critica a prevalência das experiências masculinas
nas análises internacionais, por meio de ambientes
androcêntricos, como a academia, a diplomacia e as
forças armadas.
4  Autoras feministas da teoria das Relações
Internacionais atuam de forma coesa, de modo a se
posicionarem conjuntamente diante de críticas vindas
de teóricos das correntes tradicionais da área, como
realismo e liberalismo
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 QUESTÃO 16
Tendo em vista a formulação e aplicação da política
externa brasileira durante os anos 1970, julgue (C ou E)
os itens a seguir.
1  Depois de décadas de repúdio à tese, formulada
por vizinhos sul-americanos, das duzentas milhas
marítimas como limite para a exploração econômica,
o Brasil passou a endossar o pleito, no início dos
anos 1970.
2  O chanceler Mário Gibson Barboza deu
prosseguimento à aproximação brasileira diante da
África, ao visitar diversos países do continente, além
de ter reconhecido a independência da Guiné Bissau
– até então colônia portuguesa.
3  Em nome do pragmatismo e da afirmação de
autonomia, o Brasil apoiou a Resolução 3379 (1975)
da Assembleia Geral, que condenava o sionismo
como forma de discriminação racial, de modo a se
aproximar dos países árabes, em um momento de
escassez energéticas. No mesmo ano, o Itamaraty
reforçou os laços com a África do Sul, principal
parceria econômica do Brasil no continente africano.
4  A diplomacia brasileira articulou o acesso à
tecnologia nuclear oriundo de países desenvolvidos, o
que levou à construção das usinas de Angra I e Angra
II, concluídas em parcerias com, respectivamente, a
República Federal da Alemanha e com os Estados
Unidos.
QUESTÃO 17
Com base em seus conhecimentos acerca da inserção
da Rússia no cenário internacional, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
1  Vladimir Putin ascende ao poder russo valendo-
se de sua posição de representante da oposição ao
ex-presidente Boris Yeltsin, e adota postura oposta
àquela de seu sucessor, estabelecendo relações tensas
com os EUA e países da Europa Ocidental.
2  Uma das pautas de Vladimir Putin à frente da Rússia
foi a busca pela consolidação das independências de
Abcásia e Ossétia do Sul, regiões da Geórgia que
já tinham autonomia do governo central desde a
primeira metade dos anos 1990.
3  A Rússia manteve relações cooperativas e pautadas
em troca de informações nos anos que se seguiram ao
11 de setembro, dado o objetivo comum de combate
ao terrorismo.
4  Rússia, Ucrânia e Belarus lideraram o processo de
dissolução da União Soviética, por meio dos Acordos
de Belovezh, que estabeleceram, entre outros termos,
a transferência das ogivas nucleares remanescentes
da URSS para a Rússia.
SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 18
O regime de não-proliferação nuclear traz consequências
tanto para a segurança internacional quanto para a
geração de energia, dois dos temas mais relevantes
para a política internacional. No que tange a esse tema,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  EUA e Reino Unido estiveram à frente da formulação
do Tratado de não-proliferação de armas nucleares
(TNP), que não foi assinado de forma imediata por
todos os possuidores de armas nucleares: a URSS
assinou o documento nos anos 1980 e China e França,
nos anos 1990.
2  O Protocolo Adicional ao TNP amplia as
possibilidades de fiscalização por parte da Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas
é voluntário, o que leva a um alcance parcial dos
países, tendo sido assinado por mais da metade dos
membros da ONU.
3  Os membros permanentes do Conselho de Segurança
não realizam testes com ogivas nucleares há 25 anos.
4  Apenas cinco membros da ONU não são signatários
do TNP: Índia, Paquistão, Israel, Irã e Coreia do
Norte.
QUESTÃO 19
A política externa da China é uma das mais importantes
do mundo na atualidade, pelo peso econômico, político
e militar deste país. Sobre a inserção internacional
chinesa, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  Nos anos posteriores à Revolução Maoísta, a
República Popular da China buscou uma inserção
internacional mais próxima ao terceiro-mundismo do
que a União Soviética mas, em nome da manutenção
de boas relações com Moscou, optou por não
participar da Conferência de Bandung (1955)
2  As relações entre a China e a União Soviética se
deterioraram de forma significativa durante o período
da liderança soviética de Brezhnev, ao longo da qual
os chineses desenvolveram artefatos nucleares, contra
as recomendações de Moscou.
3  Os Cinco Princípios de Coexistência Pacífica são
diretrizes básicas da política externa chinesa e
determinam, entre outras disposições, que Taiwan faz
parte da soberania da República Popular da China.
4  Duas das principais regiões em disputa entre China
e Índia são Arunachal Pradesh, que se encontra sob
domínio indiano; e Aksai Chin, região da Caxemira
que se encontra dividida por Índia e Paquistão.
Área livre
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 QUESTÃO 20
Com base em seus conhecimentos acerca do continente
africano e suas relações com o Brasil, julgue (C ou E)
os itens a seguir.
1  O relacionamento diplomático entre Brasil e África
se intensifica nos anos 1960 e representa um avanço
da agenda universalista da política externa brasileira
daquele momento, e teve como pilares a ampliação
do diálogo, a visita do então ministro das relações
exteriores e a abertura de embaixadas.
2  O Brasil acumula longo histórico de superávits com o
continente africano, que já dura mais de uma década,
calcado na exportação de produtos manufaturados e
importação de commodities, em especial o petróleo.
3  A União Africana foi criada nos anos que se seguiram
à Segunda Guerra Mundial, e congregou os países
africanos independentes, como forma de construção
de uma união política e diplomática visando à
estabilidade e ao desenvolvimento econômico.
4  Os países do continente africano vem avançando em
direção à criação de uma zona de livre comércio, que
deve ser formalizada no próximo triênio.
QUESTÃO 21
Conforme seus conhecimentos acerca do comércio
internacional brasileiro, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  O Brasil é, hoje, o segundo maior exportador mundial
de soja, atrás dos Estados Unidos, ao passo que a
China é o país que mais importa este produto no
mundo.
2  O comércio entre o Brasil e a União Europeia
atingiu um recorde histórico em 2022, superando,
pela primeira vez, a corrente de comércio com os
Estados Unidos.
3  A Argentina representa cerca de 70% do comércio
brasileiro com o Mercosul, tendo a corrente de
comércio brasileiro-argentino passado por um
crescimento de mais de 70% entre 2020 e 2022.
4  O Brasil registra déficits consideráveis com
Singapura, dada a importação de produtos de alto
valor agregado.
Área livre
SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 22
As operações de paz são simbólicas da atuação da ONU
na busca pela estabilidade internacional. Acerca de suas
características e de sua atuação geral, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
1  A Resolução Unidos para a Paz, de 1950, estabelece
que apenas o Conselho de Segurança tem poder de
ação em casos de ruptura da paz, atos de agressão e
ameaça à paz.  
2  A resolução 377 da Assembléia Geral (1950) foi
utilizada para finalidades diferentes, como a garantia
do cessar-fogo na Crise de Suez, bem como para
a implementação de sanções diplomáticas contra a
África do Sul.
3  O documento Agenda para a Paz, de 1992, estabelece
novos paradigmas para as operações de paz,
estabelecendo o fim das missões de peace-keeping,
consideradas obsoletas para a nova realidade da
segurança internacional.
4  O Relatório Brahimi, de 2000, estabelece diretrizes
para guiar as operações de paz da ONU, com o
objetivo de ampliar sua eficácia, e sugere o uso
mais intensivo de dados e análise de conflitos,
maior coordenação entre órgãos e agências da
ONU envolvidos nas operações de paz e melhor
distribuição geográfica e de gênero dos participantes
nas missões.
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 Geografia
Itens de 23 a 28
QUESTÃO 23
O encurtamento das distâncias, associado a uma
importante compressão espaço-temporal, decorrente do
desenvolvimento acelerado dos meios de comunicação
e transporte, estimula estratégias globais, sob o signo
da reestruturação do sistema económico, no sentido
de alterações na organização da produção assentes
na desintegração vertical, fragmentação das linhas
de montagem e desenvolvimento de estratégias de
subcontratação (Harvey, David- A condição pós
moderna, 1989).
Com relação a esse tema, julgue (C ou E) os itens a
seguir:
1  As transformações nos modos de produzir,
que marcaram a passagem do fordismo para o
pós-fordismo, têm base nas seguintes práticas:
flexibilidade dos processos de trabalho, dos produtos
e padrões de consumo; surgimento de novos setores
de produção e de novas maneiras de fornecimento de
serviços financeiros; manutenção de taxas altamente
intensificadas de inovação comercial, tecnológica e
organizacional.
2  As modernas tecnologias de comunicação e
transportes consolidam a ideia de multiterritorialidade
e de território em rede, a partir da lógica de territórios
nacionais da economia internacional associada à
redução das especializações produtivas locais, já
que os territórios passam a funcionar como parte da
economia-mundo.
3  Na escala da firma ocorreu um conjunto de inovações
organizacionais com base na produção sob o sistema
just in time, assentado na formação de uma rede de
fornecedores para uma empresa matriz, que podem
estar localizados em diversos países.
4  As transformações reforçaram a percepção do
predomínio dos espaços-de-fluxos, não identificados
com nenhum Estado em particular ou com
determinado território, mas sim com as redes abertas,
inclusivas e descentralizadas, sobre os espaços de
lugares. Esse movimento fragiliza a dimensão política
e os Estados Nacionais perdem a capacidade de
controlar atividades que acontecem no seu território.
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SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 24
Com relação à História da Geografia e as Escolas de
Pensamento Geográfico, julgue (C ou E) os itens a
seguir.
1  O conceito de Lugar relaciona-se com a identidade,
a vida cotidiana, o espaço de vida do indivíduo, bem
como com seu sentimento de pertencimento e suas
práticas espaciais cotidianas. Caracteriza-se pela
valorização das relações de afetividade desenvolvidas
pelos indivíduos em relação ao ambiente, sendo
o resultado de significados construídos pela
experiência, com referenciais afetivos desenvolvidos
ao longo da vida.
2  Território define-se e delimita-se por e a partir de
relações de poder, projetadas no espaço, por meio das
quais alguém exerce poder e influência sobre outrem.
Pode relacionar-se com o poder legítimo do Estado,
com ação de diversos grupos sociais e até mesmo de
grupos criminosos.
3  Rede é toda infra-estrutura, permitindo o transporte
de matéria, de energia ou de informação, e que se
inscreve sobre um território onde se caracteriza
pela topologia dos seus pontos de acesso ou pontos
terminais, seus arcos de transmissão, seus nós de
bifurcação ou de comunicação.
4  Região é uma porção do espaço delimitada a partir
do agrupamento de aspectos, em certa medida,
homogêneos, seja por um critério físico-natural,
socioeconômico, cultural, entre outros, que resulta
em uma diferenciação de área. É um conceito
muito valorizado pela Geografia Humanista, porque
valoriza diferenças entre diversas áreas do mundo,
mas não tem relevância para a Geografia crítica,
pois para essa o que importa é a territorialização das
relações capitalistas.
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 QUESTÃO 25
Com relação aos biomas brasileiros, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
1  Na caatinga do Sertão nordestino encontram-se
elementos lenhosos, que perdem as folhas na estação
seca, e que se acham mais ou menos dispersos sobre
um solo em geral raso e quase sempre pedregoso.
2  A presença dos campos no Brasil está relacionada
com as condições topográficas, sendo típicos de áreas
onde o relevo é, em geral, acidentado.
3  No bioma amazônico encontramos clara diferenciação
de características vegetais que demarcam o igapó, a
várzea e a mata de terra firme. A responsável por
essa diferenciação é a estrutura geológica, com bacia
sedimentar quaternária no igapó, bacia sedimentar
terciária na várzea e escudo cristalino na mata de
terra firme.
4  A Planície do Pantanal está posicionada em altitudes
que variam entre 80 e 150 metros com declividade
muito baixa. Essa característica física, somada ao
fato do Pantanal possuir pluviosidade anual muito
superior à média do bioma cerrado, fazem com que a
cada ano, a Planície do Pantanal se transforme numa
imensa área alagada, com grande parte dos ambientes
terrestres passando para ambientes aquáticos, sujeitos
a diferentes graus e períodos de inundação, lembrados
nas lendas indígenas e nos primeiros mapas do
Marechal Rondon como “Lagoa dos Xaraiés”.
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SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 26
Em junho de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia
Estatística - IBGE, lançou a edição 2018 do estudo
Regiões de Influência das Cidades – REGIC, publicação
que pode ser considerada a maior referência para se
compreender a organização da rede urbana brasileira. O
primeiro estudo sobre esta temática foi publicado pelo
IBGE no ano 1967, com sequências em 1972, 1987,
2000 e 2007, e faz parte do esforço do instituto, por
meio de sua Coordenação de Geografia, em produzir
uma Geografia de Estado que retrate a organização
territorial e urbana do país, uma das dimensões a serem
cumpridas em sua missão institucional.
Com relação à rede urbana brasileira e as conclusões da
REGIC 2018, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  A REGIC 2018 ratificou a evolução da rede urbana
brasileira, concluindo que o Brasil tem agora
novas metrópoles na comparação com o estudo
anterior. Esse fato comprova a continuidade das
transformações no Espaço Geográfico brasileiro que,
no entanto, ocorre de forma desigual, pois as novas
metrópoles foram identificadas em três das cinco
macrorregiões: no Sudeste, Sul e no Centro-Oeste.
2  São Paulo é a única grande metrópole nacional,
situação que já tinha sido apontada no estudo anterior.
A principal metrópole paulista exerce influência
em todo território nacional e é o grande centro de
decisões econômicas do país.
3  A rede urbana do Nordeste é marcada pela
macrocefalia e concentração das principais cidades
no litoral. A deseconomia de escala e os avanços
tecnológicos nos transportes e comunicações
estão determinando maior complexidade da rede e
crescimento das cidades-médias, inclusive no interior
da macrorregião. As três metrópoles nordestinas são
litorâneas mas há exemplos de regiões metropolitanas
no interior.
4  A rede urbana brasileira passou por transformações
profundas ao longo do século XX, tanto no que diz
respeito à aspectos quantitativos, quanto qualitativos.
A população brasileira na década de 1940 era
majoritariamente rural e a população urbana era
inferior a um terço do total. Só podemos falar de um
efetivo processo de urbanização no Brasil a partir
do final da década de 1950 e início da década de
1960, como resultado da industrialização acentuada
ocorrida no governo de Juscelino Kubitschek.
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 QUESTÃO 27
Até meados de abril, a Organização das Nações Unidas
(ONU) prevê que a Índia vai ultrapassar a China como
o país mais populoso do mundo. Os dois gigantes
asiáticos possuem mais de 1,4 bilhão de habitantes
cada. Há mais de 70 anos, eles representam mais de
um terço da população mundial. A população da China
provavelmente começará a encolher no próximo ano.
No ano passado, nasceram 10,6 milhões de pessoas, um
pouco mais do que o número de mortes, graças a uma
rápida queda na taxa de natalidade.(...)
Com relação à evolução demográfica dos dois gigantes
asiáticos e outros dados da demografia mundial, julgue
(C ou E) os itens a seguir.
1  A tendência da população indiana de superar a
chinesa guarda relação com a Política do Filho
Único, que derrubou o ritmo de crescimento
populacional na China enquanto a Índia continua
com ritmo de crescimento muito elevado, superior a
2% ao ano, típica da 2ª fase do modelo Thompson.
A situação indiana tem como fator decisivo o baixo
nível de urbanização que contribui para uma taxa
de fecundidade em torno de 4 filhos por mulher em
idade fértil.
2  A implantação da política do filho único na China
ocorreu nos anos 70 e a ideia do controle de
natalidade, imposta pelo governo comunista chinês,
era a de conter a explosão demográfica, pois havia o
receio de que o crescimento populacional constituísse
uma ameaça aos planos de expansão econômica do
país.
3  O equilíbrio de gênero que caracteriza a população
chinesa (distribuição equitativa entre homens e
mulheres) tem facilitado o ingresso da população
feminina no mercado de trabalho, fato que explica,
em parte, a redução do crescimento vegetativo que
vem ocorrendo nos últimos anos.
4  A população mundial chegou, recentemente, a 8
bilhões de pessoas, mas o ritmo de crescimento anual,
em torno de 1%, já é expressivamente inferior ao
da década de 70 do século XX. Quando analisamos
o crescimento entre as diversas regiões do globo,
destacam-se a África Subsaariana e o conjunto dos
países árabes, com crescimento bem superior à média
mundial.
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SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 28
A análise da dinâmica da modernização da agricultura
brasileira é importante para o entendimento da sociedade
do Brasil contemporâneo. A esse respeito, julgue (C ou
E) os itens a seguir.
1  Foram criados, nas últimas décadas, mecanismos de
transferência de recursos do fundo público para o
agronegócio brasileiro, de modo a viabilizar a cultura
da soja para o mercado mundial.
2  As Regiões Produtivas do Agronegócio são os
novos arranjos territoriais produtivos agrícolas, os
territórios das redes agroindustriais, escolhidos para
receber os mais expressivos investimentos produtivos
inerentes ao agronegócio globalizado, representando
suas áreas mais competitivas. Nelas encontram-se
partes dos circuitos espaciais da produção e círculos
de cooperação de importantes commodities agrícolas,
evidenciando a dinâmica territorial do agronegócio.
3  O avanço da moderna agricultura no MATOPIBA,
através da territorialização das Regiões Produtivas
do Agronegócio, constitui um exemplo de
territorialização do Meio Técnico Científico
Informacional sobre o Meio Natural, o que justifica
o baixo volume de conflitos na área, mesmo com
mudança no uso da terra.
4  A agricultura familiar reúne o maior número de
unidades produtivas no País e contribui com parcela
significativa de empregos associados às atividades
agropecuárias, artesanais e agroindustriais a ele
vinculadas, seja no campo ou na cidade. Observando
apenas esses aspectos básicos, pode-se depreender
que a agricultura familiar possui um papel importante
para a segurança alimentar nacional, ao colaborar
com o consumo interno e alimentar das cadeias locais
e regionais de produção e distribuição de alimentos
e derivados.
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 Direito QUESTÃO 30
Itens de 29 a 34
Em 23 de agosto de 2021, o Supremo Tribunal
Federal proferiu acórdão no Recurso Extraordinário
QUESTÃO 29 com Agravo no 954.858, apresentado por familiares de
um tripulante do barco pesqueiro Changri-lá contra a
República Federal Alemã. Os demandantes buscavam
Em 17 de março de 2013, o Tribunal Penal Internacional
indenização da Alemanha pelos danos causados pela
anunciou ter expedido mandados de prisão contra o
morte do tripulante, considerando que havia sido
Presidente da Federação Russa e a Comissária para
descoberto que a embarcação, que foi a pique em
Direitos das Crianças daquele país, por supostamente
1943, havia sido afundada por submarino nazista em
terem cometido, em território ocupado da Ucrânia,
mar territorial brasileiro. Acerca das imunidades do
uma modalidade de crime de guerra: a deportação ou
Estado estrangeiro, da referida decisão do STF e da
transferência ilegal de criança. Acerca do papel do TPI
jurisprudência internacional relevante, julgue (C ou E)
no contexto da agressão russa à Ucrânia, julgue (C ou
os itens a seguir.
E) os itens a seguir.
1  O STF decidiu que a demanda dos familiares do
1  A Ucrânia não é Estado-parte do Estatuto de Roma.
náufrago poderia ser examinada pelos tribunais
O fundamento jurídico para a competência do TPI
brasileiros, pois a imunidade do Estado estrangeiro
provém de resolução aprovada pela 11a Sessão
para atos de império não é aplicável quando estes são
Especial de Emergência da Assembleia Geral das
violações a direitos humanos.
Nações Unidas que, ante a inação do Conselho de
2  Na hipótese em que futura sentença nesse processo
Segurança, invocou o precedente “Unidos para a Paz”
determine que a Alemanha deverá pagar indenização
e encaminhou a situação no país para a atenção do
aos familiares do náufrago, ela não poderá ser
Tribunal.
executada na justiça brasileira, já que a decisão do
2  O TPI carece de competência para investigar,
STF relativizando a imunidade de jurisdição se limita
processar e julgar eventual cometimento de crime
à fase de conhecimento.
de agressão contra a Ucrânia, pois - diversamente
3  A decisão do STF alinhou a jurisprudência brasileira
do que acontece com o genocídio, o crime de guerra
àquela da Corte Internacional de Justiça, que, no caso
e o crime contra a humanidade - o exercício de sua
“Imunidades Jurisdicionais do Estado” (Alemanha v.
jurisdição em relação a esse crime se restringe às
Itália), afirmou que o direito consuetudinário havia
hipóteses em que tanto o Estado agressor quanto
evoluído no sentido de relativizar a imunidade para
o Estado agredido se vincularam às Emendas de
os atos de império.
Kampala.
4  Em 1989, o STF já havia estabelecido que atos “de
3  Essa não foi a primeira vez em que o Tribunal
jure gestionis” de Estados estrangeiros não gozam
expediu mandado de prisão contra um Chefe de
de imunidade de jurisdição, em sentença que à época
Estado ainda no exercício do cargo. Em ocasiões
posicionou o STF na vanguarda do desenvolvimento
anteriores, o TPI também havia emitido ordens de
progressivo do direito internacional, uma vez que
detenção contra o então Presidente do Sudão, Omar
esse entendimento ainda não estava consolidado no
al-Bashir, e contra o então Presidente da Iugoslávia,
âmbito internacional.
Slobodan Milošević.
4  Na hipótese em que os mandados de prisão sejam
cumpridos e os acusados sejam condenados pelas
acusações de crime de guerra, a pena máxima à qual Área livre
poderão ser sentenciados é de trinta anos de reclusão.

Área livre

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 QUESTÃO 31
Em março de 2023, após duas décadas de
negociações, concluíram-se as negociações em torno
de um acordo sobre a conservação e o uso sustentável
da biodiversidade marinha em áreas além da jurisdição
nacional, conhecido como “Acordo BBNJ” ou “Tratado
do Alto-Mar”. O instrumento complementará a
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar,
de 1982. Com base no direito do mar e no direito dos
tratados, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  Consideram-se “áreas além da jurisdição nacional” o
alto-mar e a Área. O alto-mar é o conjunto das zonas
marítimas que não se encontram sob a jurisdição
de nenhum Estado, ou seja, que não formam o
mar territorial ou a zona econômica exclusiva
de um Estado costeiro, e tampouco integram as
águas arquipelágicas de um Estado-arquipélago. A
Área, por sua vez, abarca o leito do mar, os fundos
marinhos e seu subsolo após os limites da plataforma
continental dos Estados costeiros.
2  As regras no Acordo BBNJ para disciplinar as
atividades em alto-mar são amparadas tanto pelo
princípio do patrimônio comum da humanidade como
pelas liberdades no alto-mar, a exemplo da liberdade
de pesquisa marinha científica.
3  O Acordo BBNJ estabelece mecanismo para a
repartição dos benefícios advindos da exploração de
recursos marítimos em alto-mar. Permite, igualmente,
a criação de áreas marinhas protegidas em alto-mar,
para o que bastará uma notificação à Conferência das
Partes pelos Estados que se voluntariam para assumir
as responsabilidades de monitoramento.
4  A relação de complementaridade existente entre o
Acordo BBNJ e a Convenção de Montego Bay revela
que aquele é subproduto deste, de modo que o Acordo
BBNJ poderá ser considerado um acordo executivo.
Com isso, o Brasil estará internacionalmente
vinculado ao acordo quando de sua futura assinatura.
QUESTÃO 32
O pacto federativo, tal como definido pela
Constituição Federal, prevê a possibilidade da instituição
de estados de exceção, em situações limítrofes, como
forma de garantir a própria preservação da federação,
por meio da decretação de intervenção, do estado de
sítio e de defesa.
A respeito do tema, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  A intervenção federal pode ser decretada em razão
de descumprimento de decisão judicial.
SIMULADO CACD 2023
2  As autoridades afastadas em razão da decretação da
intervenção retornarão ao exercício de seus cargos
públicos, salvo vedação legal.
3  A decretação de estado de sítio depende de
autorização congressual, sendo necessária a anuência
prévia do Conselho da República e do Conselho de
Defesa Nacional.
4  O estado de sítio autoriza a limitação de determinados
direitos individuais, sendo exemplo do referido a
possibilidade de se manter um alguém preso por
crime contra o Estado incomunicável por até 10 dias.
QUESTÃO 33
Em uma federação, os entes políticos integrantes abrem
mão de sua soberania, mantendo contudo sua autonomia.
Como decorrência dessa opção política, as competências
normativas e executivas devem ser estabelecidas no
pacto federativo, de forma a se racionalizar a atuação
dos entes federativos, evitando “overlaps” indesejados
de competências, omissões e conflitos entre os entes
federativos.
A respeito do tema, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  É possível a delegação de competências privativas da
União aos Estados e aos Municípios, por meio de lei
complementar. Competências exclusivas, contudo,
não comportam delegação.
2  Em caso de inexistência de norma federal
disciplinando aspectos gerais do tratamento
de matéria que seja de competência comum da
União, dos Estados e dos Municípios, poderão os
Estados exercer competência legislativa plena; a
superveniência de norma federal sobre normas gerais
revogará as normas estaduais anteriormente vigentes.
3  Compete exclusivamente à União permitir, nos
casos previstos em lei complementar, que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente.
4  A competência normativa do Distrito Federal é
residual.
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 QUESTÃO 34
O Direito Internacional Privado se interessa sobre
conflitos entre leis no espaço e sobre conflitos de
jurisdição, quando o objeto de uma celeuma jurídica
possui pontos de contato potencial com mais de um
ordenamento jurídico nacional (i.e. detém elementos
de estraneidade), se valendo de regras de conexão para
resolução desses conflitos.
A respeito do tema, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  Um casal de nômades argentinos que faleça em
acidente de trânsito, sem que seja possível se definir a
ordem dos óbitos, será considerado como comoriente.
2  O Direito Brasileiro autoriza o reenvio de segundo
grau.
3  Uma sentença estrangeira que versasse sobre a
compra e venda de escravos seria considerada
inválida em face do nosso ordenamento jurídico e
não seria executada pelo nosso Judiciário, ainda que
essa prática fosse autorizada naquele país, por ofensa
aos bons costumes e à ordem pública.
4  A sucessão de bens de estrangeiros, situados no
País, será regulada pela lei brasileira em benefício
do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável
a lei pessoal do “de cujus”.
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SIMULADO CACD 2023
QUESTÃO 35
O tratamento da Responsabilidade Civil do Estado
variou ao longo do tempo, caminhando, pode-se
dizer, para uma progressiva maior responsabilidade
da Administração Pública em relação aos seus
administrados, com algumas ressalvas.
A respeito do tema, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1  O Estado não é responsável pelos danos causados
por seus agentes quando estes atuam no exercício
regular de suas funções.
2  O suicídio de um preso não pode ensejar a
responsabilização do ente federativo responsável pelo
seu encarceramento, pois se trata de culpa exclusiva
da vítima, rompendo o nexo de causalidade.
3  A Teoria do Risco Integral não tem acolhida em nosso
ordenamento jurídico.
4  O Estado terá direito de regresso contra o agente
causador do dano, se este tiver agido com culpa, em
sentido amplo, para o resultado.
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