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MÓDULO I

Gramática e Linguagem na
Língua Portuguesa

Professor:
Me. Fabiane Carniel
Me. Fátima Christina Calicchio
DIREÇÃO

Reitor Wilson de Matos Silva


Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria de Design Educacional Débora Leite


Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho
Diretoria de Permanência Leonardo Spaine
Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
Projeto Gráfico Sabrina Novaes e Arthur Cantarelli
Editoração Sabrina Novaes

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância; CARNIEL, Fabiane; CALICCHIO, Fátima Christina.

Gramática e Linguagem na Língua Portuguesa.
Fabiane Carniel; Fátima Christina Calicchio;
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2020.
28 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
1. Alfabeto. 2. Numerais. 3. Artigos. 4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 469.5


CIP - NBR 12899 - AACR/2

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obtidas a partir do site shutterstock.com

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Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
trajetória profissional

Me. Fabiane Carniel


Mestre em Educação pela Universidade do Oeste Paulista (2013), especialista em
Metodologia da Língua Portuguesa pelo Centro Universitário de Maringá, Especialista
em Administração Pública pelo Centro Universitário de Maringá, especialista em
Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá. Possui gradua-
ção em Letras - habilitação Português/Espanhol pelo Centro Universitário de Maringá
(2005). Atua como coordenadora do Curso de Licenciatura em Letras e também doo
Curso Superior de Tecnologia em Secretariado no Núcleo de Educação a Distância do
Centro Universitário de Maringá - Unicesumar. Tem experiência no ensino de Língua
Portuguesa, Docência no Ensino Superior, Metodologia de Pesquisa, Formação de
Professores da Educação Básica e Educação a Distância. Atua ainda como revisora de
periódico da Revista Cesumar - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Me. Fátima Christina Calicchio


Mestra em Letras na área de Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de
Maringá (2014). Especialista em Língua Portuguesa pelo Instituto Paranaense de Ensino
e Faculdades Maringá (2010). Graduada em Letras, com habilitações Português/Inglês
e respectivas literaturas, pela Universidade Estadual de Maringá (2009); professora
mediadora do curso de Letras. Tem experiência na área de Linguística, atuando prin-
cipalmente nos seguintes temas: ensino de produção textual e análise linguística.
apresentação

Gramática e linguagem na língua portuguesa


Olá, Alunos! Sejam bem-vindos ao módulo Gramática e Linguagem na Língua Portuguesa!
É importante iniciarmos esta apresentação esclarecendo que gramática não é sinônimo de
língua, linguagem e comunicação. Tal situação é facilmente percebida em sua interação diária com
falantes da língua portuguesa. Sobre isso, é importante destacar que tal interação e contato com
essa língua são fatores primordiais para o desenvolvimento dela. Porém, mesmo não sendo a gra-
mática normativa sinônimo de língua e comunicação, ela é um ponto de partida essencial para
compreender como ocorre a organização da língua portuguesa no que diz respeitos às normas.
Diante disso, neste módulo optamos por apresentar a vocês as classes de palavras da
língua portuguesa trabalhando mais especificamente conceitos morfológicos.
Na primeira unidade, será possível compreender como se organiza o alfabeto da língua
portuguesa e, em seguida, conhecer a classe de palavras numerais. Por último, será possível
compreender os artigos e sua função na língua portuguesa.
Já na segunda unidade, nosso trabalho se dará no sentido de apresentar os subs-
tantivos. Uma classe de palavras de muita importância e que tem como função
primordial nomear as coisas e os seres.
Ao adentrarmos na terceira unidade, será possível apresentar os verbos e sua função na
língua portuguesa. O verbo está diretamente relacionado com a existência e com a ação do
homem no mundo. Por exemplo, toda vez que queremos dizer que alguém fez alguma coisa
ou alguém é, empregamos verbos.
Na quarta unidade, será o momento de apresentar os adjetivos e os pronomes.
Na quinta e última unidade, finalizaremos nossos estudos acerca das classes de palavras
estudando os advérbios, as preposições, as conjunções e as interjeições.
Com isso, esperamos levar a vocês a oportunidade de desenvolvimento cada vez mais
fluente da língua portuguesa de forma que domínio dela seja alcançado. Vale dizer que
dominar ou ter fluência nessa língua leva o cidadão a exercer seu papel pleno e alcançar
objetivos pessoais e profissionais. Conseguir estabelecer uma comunicação eficiente e ade-
quada nos diversos meios comunicativos é fundamental para aproximar as pessoas de seus
sonhos e objetivos, visto que a linguagem é essencial para comunicação, para ter acesso à
informação, para compartilhar e defender pontos de vista e para construir conhecimento.
Bons estudos!

4
sumário
06 Alfabeto, Numerais e
Artigos

08 Alfabeto

11 Numerais

16 Artigo
UNIDADE I
ALFABETO, NUMERAIS E ARTIGOS

Me. Fabiane Carniel


Me. Fátima Christina Calicchio

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar o Alfabeto da Língua Portuguesa Brasileira.
• Apresentar e caracterizar os Numerais e Artigos.

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O Alfabeto.
• Os Numerais.
• Os Artigos.
introdução

Caro (a) leitor (a) falante de uma língua estrangeira, a presente unidade tem o objetivo de
prover-lhe informações, de maneira introdutória, sobre a estrutura e o funcionamento do
Alfabeto da Língua Portuguesa Brasileira, sobre as classes de palavras como os Numerais e
os Artigos, a fim de conscientizar-lhe acerca do papel que esses elementos gramaticais de-
sempenham nas comunicações orais e escritas na língua Portuguesa Brasileira.
Diante disso, neste material, preocupamo-nos em introduzir os conteúdos mediante
um diálogo curto, a fim de mostrar-lhe o funcionamento da língua portuguesa em situa-
ções efetivas de comunicação. Para isso, empregamos nomes fictícios para denominar os
personagens desses diálogos.
A organização deste material, ou seja, das unidades deste estudo privilegiam a Gramática
Estruturalista ou Gramática Normativa Brasileira e quando a situação nos permitir abordare-
mos a Gramática Reflexiva de uso da língua.
Dessa forma, nesta unidade estudaremos sobre a caracterização e empregos dos
Numerais, Artigos e traremos propostas de atividades, ao final das classes de palavras para
ajudar-te na aprendizagem do conteúdo.
Esperamos que este estudo possa colaborar para que você -falante de outro idioma-
alcance, desenvolva as suas competências comunicativas e possa apresentar uma melhor
compreensão e melhor uso da Língua Portuguesa Brasileira, como faltante dessa língua.
Bons estudos!
Professoras Fabiane e Fátima

7
ALFABETO
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 9

Leitor (a), iniciaremos os estudos desta unidade I com o Alfabeto da Língua Portuguesa
Brasileira. Para isso, leia este texto:

Na cafeteria...
Fernanda: - Diego, por favor, como se diz
“bocadilho” em português?
Diego: - Se diz sanduíche.
Fernanda: - Como?
Diego: - “San- du- í- che”.
Fernanda: - Como se escreve, com “x” ou “ch”?
Diego: - Com “ch”.
Fernanda: - Sanduíche. Assim está certo?
Diego: - Sim. Muito bem!

Leitor (a), como podemos observar no diálogo a personagem Fernanda não conhece
totalmente o sistema de escrita da Língua Portuguesa Brasileira, uma vez que ela apre-
sentou dúvida ao escrever a apalavra “sanduíche”, se com “x” ou “ch”. Isso porque no
sistema ortográfico da Língua Portuguesa existem letras diferentes para representar
o mesmo som. Isso ocorre por causa da origem da palavra e, nem sempre, haverá no
vocabulário da Língua sons e letras que se equivalem, mas para se escrever adequa-
damente as palavras da Língua Portuguesa é necessário entender algumas regras
que são estudadas pela Ortografia.
10 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Assim, leitor (a) podemos entender que ortografia tem a função de definir
regras pelas quais as palavras devem ser escritas para que sejam consideradas cor-
retas e para que a comunicação escrita e falada seja compreendida e, para isso,
você falante de uma língua estrangeira precisa conhecer o Alfabeto da Língua
Portuguesa Brasileira que é constituído de 26 letras como: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k,
l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z. Dessas letras 5 são vogais, como: a, e, i, o, u que
são lidas com som aberto , como: á, é, í, ó, u. A letra “h” é apenas uma letra, a qual
falamos /agá/, mas não representa nenhum som na língua. Exceto o “y” as demais
letras são as consoantes, como: b, c, d, f, g, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, x, z, as quais
lemos assim: /bê/, /cê/, /dê/, /efe/, /gê/, /jota/, /cá/, /ele/, /eme/, /ene/, /pê/, /quê/,
/erre/, /esse/, /tê/, /vê/,/xis/,/ ípsilon/, /zê/.
Leitor (a), agora que você já conhece o alfabeto da língua Portuguesa Brasileira,
vamos estudar um pouco sobre uma dentre as 10 classes de palavras que vamos
abordar neste material. Estamos nos referindo à classe dos Numerais.

reflita
Leitor (a), você já se perguntou que, de algum modo, nós vemos as coisas
envolvidas em classificações? Vemos as coisas numeradas ou ordenadas em
grupos, transformadas em números em um contexto do qual fazemos parte.
Fonte: autoras
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 11

NUMERAIS
12 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Anúncio

Helena está anunciando em uma página de empregos que aceita encomendas de


doces. Leia o anúncio dela e responda as perguntas:

Olá, meu nome é Helena. Sou da Venezuela,


mas vivo em Maringá. Faço parte dos quase três
milhões de venezuelanos que fugiram do país
por causa da crise política e humanitária que
atingiu a população desde 2015 e vim para o
Brasil para procurar refúgio. Sou Confeiteira. Gosto
muito da arte de cozinhar doces. Faço entrega
em domicílio sem taxa. Meu número de celular
para encomendas: é 9915702314.

1. Praticando...

a) Onde Helena Vive? .


b) Qual é a profissão de Helena? .
c) Qual é o número do celular de Helena? .

Leitor (a), como podemos observar no texto, há informações que necessitam de dados
quantitativos, expressando quantidade precisa em destaque no texto. As palavras desta-
cadas são denominadas pela Gramática Normativa do Português Brasileiro de Numerais.
Numeral é a palavra variável que expressa sentido quando se refere à quanti-
dade exata de seres de uma espécie ou a posição exata que cada um ocupa numa
sequência. O numeral aceita flexão de gênero e de número. Os numerais acompa-
nham os substantivos e, às vezes, os substituem.
O gramático Mesquita (2014) explica que o sistema de numeração da língua
Portuguesa Brasileira tem origem hindu e os árabes foram os responsáveis pela di-
vulgação na Europa, mediante as invasões no século IX. Por essa razão, os algarismos
que empregamos na atualidade são denominados de indo-arábicos.
Além disso, os romanos desenvolveram algarismos que são, também, emprega-
dos até hoje, mas em situações específicas como na enumeração dos séculos, nomes
de Papas, soberanos e partes de uma obra (capítulos). Repare estes exemplos:
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 13

• Papa João Paulo II;


• Papa João XXIII;
• Henrique V;
• Luiz XV;
• D. Pedro I;
• Capítulo IX;
• Século XXI.

Vamos estudar como os numerais são classificados? Os numerais são classificados


em Cardinais, Ordinais, Multiplicativos e Fracionário.

Cardinais
Os Números Cardinais são os que indicam quantidades como: um, dois, três, quatro...
dez, vinte..., cem..., mil.... Observe estes exemplos:

a. Éramos apenas três pessoas, mas comemos cinco tortas; foi um exagero!

b. Sabíamos que oito passageiros não caberiam naquele carro, contudo essa
foi a quantidade de pessoas que nele viajaram.

c. Tirar dez na prova daquele professor era um desafio!

d. Mil reais são necessários para pagar a encomenda do box de livros de


Machado de Assis.
14 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Ordinais
Os Numerais denominados de Ordinais
são os que indicam quantidades, ordem ou
uma posição de sucessão entre os seres.
Repare este exemplo:
Observe, leitor (a) que a palavra “última”
que se refere ao substantivo “prova”indica que
existe uma sucessão de provas e que, esta do
texto do exemplo, é a última que resultará
na graduação de alguém em Biomedicina.

Fonte: os autores

Multiplicativos
Os Numerais Multiplicativos, como o próprio nome significa, são os numerais que
indicam a multiplicação das quantidades dos seres. Veja este exemplo:

Eu precisava do triplo do meu salário para comprar aquelas obras dos clássicos
da literatura infantil.
Assim como o numeral “triplo” do exemplo, o dobro, o quádruplo, quíntuplo..., décuplo...,
cêntuplo... caracterizam os numerais multiplicativos.

Fracionários
Os Numerais Fracionários indicam a divisão ou fração das quantidades dos seres.
Exemplo:

Segundo a orientação bíblica um terço do salário recebido de uma pessoa


deve ser direcionada ao dízimo.
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 15

Flexão dos numerais


Numerais Cardinais: variam em gênero os numerais:

• Um/uma, dois/duas;

• Os terminados em “entos” que indicam centenas, como: duzentos/duzen-


tas, trezentos/trezentas etc.

• Varia em gênero as formas terminadas em “-ão”, como em: milhão/milhões,


bilhão/bilhões, trilhão/trilhões etc.

Importa destacar, leitor (a) que os demais cardinais não variam.

Os Numerais Ordinais flexionam-se em gênero. Veja:

• Primeiro/primeira e número como: primeiras/primeiros, centésimo (a), cen-


tésimo (s), milésimo (a), milésimos (as).

Os Numerais Multiplicativos são invariáveis quando têm função de substantivo,


precedido de artigo. Repare:

Em seu novo emprego, João ganhará o dobro.

Observe, leitor(a) que neste exemplo o artigo “o” precede o numeral multiplicativo
“dobro” e, conforme a regra, não flexiona em gênero e número.
É importante deixar claro para você, leitor (a) que os Numerais Multiplicativos variam
em gênero e número quando têm função de adjetivo, como monstra este exemplo:

As filas duplas em frente às escolas, nos horários de início e término das aulas
congestionam o trânsito.

Os Numerais Fracionários são variáveis em gênero e número, como: um terço>


uma terça parte; dois quintos> duas quintas partes. Observe este exemplo:

Dois terços da família de Helena vivem na Venezuela.


16 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

saiba mais
Leitor (a), vamos aprender como se escreve números por extenso? Observe:
A conjunção “e” deverá ser usada…
Entre centenas, dezenas e unidades:
• 25 - vinte e cinco
• 225 - duzentos e vinte e cinco
• 205 - duzentos e cinco
Entre os milhares e as centenas, quando o número acaba nas centenas:
• 2400 - dois mil e quatrocentos
• 6300 - seis mil e trezentos
• 9100 - nove mil e cem
Nota: Quando o número terminar nas dezenas ou nas unidades, não deverá
ser usada a conjunção “e” entre os milhares e as centenas: 2435 - dois mil
quatrocentos e trinta e cinco.

A escrita de um número grande deverá ser feita por classes. Não deverá
ser usada nem a conjunção e nem a vírgula para separar as classes. A con-
junção “e” só deverá ser usada para separar os algarismos da mesma classe:
• 251 364 102 - duzentos e cinquenta e um milhões trezentos e ses-
senta e quatro mil cento e dois.
• 5 800 906 012 - cinco bilhões oitocentos milhões novecentos e nove
mil e doze.
Nota: Segundo diversos gramáticos nunca deverá ser usada a vírgula na
escrita de numerais por extenso.

Fonte: disponível em <Neves, Flávia. Números por extenso. Disponível em<


https://www.normaculta.com.br/numeros-por-extenso/> Acesso em 21,
nov. 2019.

Caro (a) leitor (a), terminamos os estudos sobre os Numerais. A partir deste tópico,
vamos nos dedicar sobre os estudos dos Artigos.
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 17

ARTIGO
18 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Leitor (a), para começarmos a estudar sobre os Artigos, leia este e-mail:

Querido, Luiz!
Como vai? Espero que bem. Estamos muito
bem aqui no Brasil. Envio uma foto da nossa
casa aqui em Maringá, que fica em uma rua
muito tranquila. A casa está em ótima locali-
zação... perto de escola, de supermercados, de
bancos, de hospital.
Até mais!
Anaya

Leitor (a), observe que neste e-mail, encontramos substantivos como “ foto”, “rua” e
“casa”, por exemplo, precedidos pelas palavras “uma” e “a”. A palavra “uma” antecipa os
substantivos “foto” e “rua”, sugerindo uma determinação vaga e a palavra “a” que ante-
cede o substantivo “casa” refere-se a esse substantivo determinando-o. A Gramática
Normativa do Português Brasileiro classifica essas palavras que se relacionam com
os substantivos como artigos.
O gramático Bechara (2009) explica que o Artigo é a palavra que precede um
Substantivo, individualizando-o ou generalizando-o. Observe:

O jovem espalhou a novidade pelos corredores da escola.

Artigo definido Substantivo

Note, leitor (a), que o artigo “O” está particularizando a palavra (substantivo) jovem,
logo temos um exemplo de artigo definido.
Agora, observe este exemplo:

Um jovem espalhou a novidade pelos corredores da escola.

Artigo definido Substantivo


Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 19

Repare, leitor (a), que neste segundo exemplo a palavra “Um” está generalizando a
palavra (substantivo) “jovem”, logo, temos um artigo indefinido.
Assim, os artigos são classificados em definidos e indefinidos:

• Definidos: são artigos que se juntam aos substantivos de forma que estes
possam ser claramente determinados pelo leitor ou ouvinte. Exemplo: o
homem, a mulher, a sala, o museu, a escola.

• Indefinidos: são artigos que juntam aos substantivos, indicando-os de


maneira indeterminada para o leitor ou ouvinte. Exemplo: um jogo, uma
partida, uma sala, uma escola.

Leitor (a), existe algumas regras para o emprego dos artigos. Nos quadros abaixo,
selecionamos essas regras para que você entenda um pouco mais sobre os artigos.

Quadro 7- Uso obrigatório do artigo definido


Regras Exemplos
Após o numeral “ambos”. O diretor puniu ambos os dois.
Quando não se deseja repetir substantivo Lavei a blusa azul e a amarela (está implí-
já mencionado. cito a blusa amarela)
Antes de nomes de países, estados, con-
tinentes e acidentes geográficos (rios, A Venezuela, o Brasil, o rio Paraná.
serras etc.)
Tive os professores mais competentes.
Na formação do grau superlativo relativo
Ou
dos adjetivos.
Tive os mais competentes.
Fonte: adaptado de Mesquita (2014)

A seguir, leitor (a), vamos estudar o emprego facultativo dos artigos definidos.
Observe o quadro 8.
20 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Quadro 8- Emprego facultativo do artigo definido


Regras Exemplos
Antes de nome próprio de
A Paola, minha vizinha é candidata a vereadora.
pessoa, mas observe que o
Ou
emprego do artigo indica
Paola, minha vizinha é candidata à vereadora.
familiaridade.
Venderam o meu livro por engano.
Antes de pronome possessivo.
Venderam meu livro por engano.
Fonte: adaptado de Mesquita (2014)

Leitor (a), a seguir estudaremos um pouco sobre o emprego proibido do artigo in-
definido. Para isso, fique atento (a) ao quadro 9.

Quadro 9- Emprego proibido dos artigos definidos


Regras Exemplos
Após o pronome relativo cujo (cuja, cujos, Essa é a criança cujo pai é professor.
cujas).
Antes de pronomes de tratamento. Vossa excelência chegará hoje.
Antes do pronome indefinido outro (outros, Alguns homens chegaram, outros
outrem). saíram.
Antes de substantivos usados em sentido geral Pobreza não é defeito.
e indeterminado.
Antes da maioria dos nomes de cidades. Maringá é encantadora.

Após o pronome indefinido todo, no sentido O jovem leu todo romance (=qual-
de qualquer. quer romance) de Machado de
Assis.
Fonte: adaptado de Mesquita (2014)

Leitor (a), no quadro 10, estudaremos sobre o uso obrigatório do artigo indefinido.
Repare:
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 21

saiba mais
Para que servem os artigos?
Os artigos não são apenas meros acompanhantes dos substantivos. Quase
sempre, a presença ou ausência de artigo assume um papel decisivo na pre-
cisão do sentido que se pretende dar ao texto. O artigo pode, por exemplo,
particularizar ou generalizar, como em Gostaria de ter um filho novamente /
Gostaria de ter o filho novamente; pode se referir à parte ou ao todo, como
em A comissão foi formada por moradores da rua (alguns) / A comissão foi
formada pelos moradores da rua (todos).
Fonte: Cereja; Magalhães, 2013, p. 138.

Quadro 10- Emprego obrigatório do artigo indefinido


Regras Exemplos
Diante de um numeral, quando se quer
O gato adotado deve ter uns dois meses.
indicar uma quantidade aproximada.
Fonte: adaptado de Mesquita (2014)

A seguir, leitor (a), vamos analisar o emprego facultativo do artigo indefinido. Assim,
repare o quadro abaixo.

Quadro 11- Emprego facultativo do artigo indefinido


Regras Exemplos
Transferiram certo colega do setor
Antes de um pronome indefinido Ou
Transferiram um certo colega do setor.
Fonte: adaptado de Mesquita (2014)
Caro (a) leitor (a), chegamos ao fim de mais um estudo. Esperamos que você tenha
aprendido um pouco mais sobre o Alfabeto, os Numerais e os Artigos.
considerações finais

Caro(a) leitor(a), chegamos ao fim de mais uma unidade! Nosso objetivo nesta unidade I foi
instrumentalizar lhe, mesmo introdutoriamente, no que diz respeito ao estudo do Alfabeto
da Língua Portuguesa Brasileira e das classes de palavras como os Numerais e os Artigos para
que você possa, como leitor, falante de uma língua estrangeira exercitar a sua capacidade de
compreensão, de análise e reflexão sobre a língua portuguesa brasileira! Assim, preocupa-
mo-nos em, sempre que o conteúdo nos permitiu, introduzir os estudos por diálogos como
elemento motivador para o início do nosso estudo gramatical.

Diante disso, apresentamos a você o Alfabeto da Língua Portuguesa Brasileira, com isso,
você está preparado para os próximos estudos, já que conhece as letras, com suas consoan-
tes e vogais. Na sequência, apresentamos a você a classe gramatical dos Numerais e, com
esse estudo, você observou que eles quantificam, ordenam, multiplicam ou fracionam os
nomes, e que, na nossa atualidade tão numérica assumem presença constante. Finalizamos
esta unidade I com o estudo dos Artigos e você deve ter compreendido que essa classe gra-
matical apresenta significativa importância em nossas interações, já que eles servem para
determinar ou indeterminar os nomes, as coisas.

Esperamos que este estudo seja bem produtivo para você falante de outro idioma. Desejamos
muito sucesso em suas comunicações com o português brasileiro.

Bons estudos!

Professoras Fabiane Carniel e Fátima Calicchio

22
atividade de estudo

Lendo e praticando... Debaixo dos caracóis dos seus cabelos


Uma história pra contar
Leia este texto:
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Um dia a areia branca Um soluço e a vontade
Teus pés irão tocar De ficar mais um instante
E vai molhar seus cabelos
A água azul do mar Você anda pela tarde
E o seu olhar tristonho
Janelas e portas vão se abrir Deixa sangrar no peito
Pra ver você chegar Uma saudade, um sonho
E ao se sentir em casa
Sorrindo vai chorar Um dia vou ver você
Chegando num sorriso
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Pisando a areia branca
Uma história pra contar Que é seu paraíso
De um mundo tão distante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos Uma história pra contar
Um soluço e a vontade De um mundo tão distante
De ficar mais um instante
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
As luzes e o colorido Um soluço e a vontade
Que você vê agora De ficar mais um instante
Nas ruas por onde anda
Na casa onde mora Fonte: Debaixo dos caracóis. Caetano Veloso.
Disponível em< https://www.letras.mus.br/
Você olha tudo e nada caetano-veloso/44716/> Acesso em 16, nov.
Lhe faz ficar contente 2019.
Você só deseja agora
Voltar pra sua gente

23
atividade de estudo

Atente-se para as expressões destacadas no texto (sublinhadas) e reflita sobre qual é a


função que os artigos exercem com relação aos substantivos a que se referem.

24
material complementar

História do Português Brasileiro: mudança fônica do português


brasileiro
Autor: Ataliba T. Castilho e outros
Editora: Contexto

Sinopse: Neste volume, pesquisadores de diferentes universidades do


país, renomados na área de descrição e análise fonológica da nossa língua,
trazem suas contribuições para o projeto, tratando da mudança fônica na
história do português brasileiro. Após enfrentar o desafio de investigar aspectos fonológicos
a partir de textos manuscritos de séculos passados, eles realizam de forma bem-sucedida um
traçado diacrônico do aspecto fônico de nossa língua, depreendendo da escrita processos
que se manifestam na fala. As questões linguísticas abordadas nesta obra são pertinentes,
atuais e ilustram possibilidades e alternativas de análises teóricas da Fonologia moderna.

Linguagem: a história da maior invenção da humanidade


Autor: Daniel L. Everett
Editora: Contexto

Sinopse: A linguagem foi inventada pelo Homo erectus há mais de 1,5


milhão de anos, muito antes de o Homo sapiens existir. É o que defende
Daniel L. Everett neste livro instigante e provocativo sobre a história da
invenção que diferencia os homens dos outros animais.

25
referências

BECHARA. Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Nova Fronteira, 2009.

CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática Reflexiva: texto, semân-
tica e interação.4 ed. reform. São Paulo: Atual, 2013.

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa. 8ª ed.-São Paulo: Saraiva, 2009.

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa.8ª ed.-São Paulo: Saraiva, 2014.

26
gabarito

Orientação de resposta

1. Praticando...

a) Onde Helena Vive? Maringá.


b) Qual é a profissão de Helena? Confeiteira/cozinheira de doces.
c) Qual é o número do celular de Helena? 9915702314.

Lendo e praticando

Na letra da canção de Caetano Veloso, quando dizemos “Um dia”, sabemos que o
artigo que antecede o substantivo “ dia” está indicando que se trata de um dia inde-
terminado, uma vez que não sabemos quando o sujeito do texto retornará para casa.
Dessa forma, podemos concluir que o artigo “Um” está se referindo ao substantivo
“dia” para generalizá-lo. No verso: “A água azul do mar”, sabemos que o artigo defi-
nido “o” que precede o substantivo “água” está indicando que se trata de uma água
específica, que é azul, que é do mar, a qual molhará os cabelos do sujeito da canção,
quando ele retornar para casa. Na expressão: “As luzes”, na 5ª estrofe da canção, ao
dizermos “As luzes” sabemos que o artigo “As” está no plural para concordar com o
substantivo “luzes”, assim, podemos entender que os artigos indefinidos e definidos
na letra da canção se antepõem aos substantivos a que se referem ora para indeter-
miná-los, ora para determina-los e ainda, para indicar-lhes o número plural.

27
MÓDULO I
Gramática e Linguagem na
Língua Portuguesa

Professores
Me. Fabiane Carniel
Me. Fátima Christina Calicchio
DIREÇÃO

Reitor Wilson de Matos Silva


Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho
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NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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Projeto Gráfico Sabrina Novaes e Arthur Cantarelli
Editoração Sabrina Novaes

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância; CARNIEL, Fabiane; CALICCHIO, Fátima Christina.

Gramática e Linguagem na Língua Portuguesa.
Fabiane Carniel; Fátima Christina Calicchio;
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2020.
28 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
1. Substantivos. 2. Português. 3. Linguagem. 4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 469.5


CIP - NBR 12899 - AACR/2

As imagens utilizadas neste livro foram


obtidas a partir do site shutterstock.com

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sumário
04 Substantivos

06 Conceito do Substantivo

08 Formação e Classificação
dos Substantivos

14 Flexões dos Substantivos


UNIDADE II
SUBSTANTIVOS

Me. Fabiane Carniel


Me. Fátima Christina Calicchio

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar a organização básica dos substantivos na Língua Portuguesa
Brasileira.

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Conceito do substantivo
• Classificação dos substantivos
• Formação do substantivo
• Flexões dos substantivo
introdução

Olá, Aluno(a), a presente unidade tem como finalidade apresentar estudos sobre o
substantivo na língua portuguesa. Como você já sabe, há uma parte da gramática
dessa língua que estuda as classes de palavras e os substantivos representam uma
classe fundamental a ser estudada.
Diante disso, neste material, preocupamo-nos em apresentar, com o auxílio, de quadros,
ilustrações, exemplos e aplicações em textos o uso do substantivo na prática da língua por-
tuguesa. Isso para propiciar a você o conhecimento e uso dessa língua o capacitando para
transpor possíveis barreiras impostas por ela.
A organização deste material, ou seja, das unidades deste estudo privilegiam a Gramática
Estruturalista ou Gramática Normativa Brasileira e quando a situação nos permitir abordare-
mos a Gramática Reflexiva de uso da língua.
Dessa forma, nesta unidade estudaremos o conceito de substantivo, sua formação e clas-
sificação, bem como suas flexões. Além disso, também entenderemos o uso dessa classe de
palavras na construção textual seja ela oral ou escrita.
Esperamos que este estudo possa colaborar para que você-falante de outro idioma-
alcance, desenvolva as suas competências comunicativas e possa apresentar uma melhor
compreensão e melhor uso da Língua Portuguesa Brasileira, como usuário dessa língua.
Bons estudos!
Professoras Fabiane e Fátima

5
6 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

CONCEITO DO
SUBSTANTIVO
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 7

Olá, alunos(as)! Iniciaremos os estudos desta unidade II com o estudo do substan-


tivo. Na língua portuguesa essa classe de palavras tem uma função extremamente
importante. Ela é responsável por dar nome às coisas e aos seres. Você já parou para
pensar quantos nomes falamos diariamente em nosso processo de comunicação?


Vivemos entre nomes e coisas. O homem é capaz de dar nomes às coisas e
evocá-los quando quiser, referindo-se a elas, lembrando-se delas, fazendo his-
tórias, caracterizando-as, agregando-as à sua própria vida. Esses nomes são
tão significativos que o simples fato de pronunciá-los ou escrevê-los traz à
nossa mente sua imagem ou o sentimento que provoca em nós.
Essas palavras tão ricas de significado e que muitas vezes valem por verda-
deiras imagens são os substantivos. (TERRA, 2005)

Vejamos a imagem que segue:

Nesta imagem podemos identificar vários objetos e esses possuem um nome, esse
nome, na língua portuguesa, é classificado como substantivo:
• Homem • Copo
• Mulher • Bolo
• Xícara • Prato

Para Infante (2001, p.282), “o conceito de substantivo deve incluir os pessoas, lugares, de
instituições, de grupos, de indivíduos e de entes maravilhosos.” Assim, podemos dizer
que além de muito importante para a língua portuguesa e para o nosso processo de
comunicação, o substantivo é uma classe de palavras bastante ampla, com muitas parti-
cularidades e por isso vamos ver um pouco mais sobre a organização dele nessa língua.
FORMAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
DOS SUBSTANTIVOS
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 9

A partir do que foi exposto, vamos então compreender um pouco mais sobre a for-
mação dos substantivos.
Quando pensamos na forma dos substantivos, ou seja, em seu processo de for-
mação como palavra da língua portuguesa, ele pode ser

Tipo definição Exemplo Imagem

Substantivo Formado por uma Flor


simples única palavra.

Substantivo Formado por duas Girassol


composto ou mais palavras. Couve-flor

Substantivo Quando origina Pedra – dá origem


primitivo outras palavras. à palavra pedreira

Pedreira que tem


Substantivo Quando se origina origem na palavra
derivado de outras palavras. Pedra

Fonte: as autoras

Veja esse trecho do texto Girassol e observe as palavras em destaque:

O sol começou a brilhar, cheio de alegria,


dando luz e calor para todo o mundo...
De repente, num cantinho do jardim, o sol
descobriu uma nova flor, que tinha nascido
de madrugada.
A flor girava, girava, girava... Acompanhava
todos os movimentos do sol. Por isso, ele logo
descobriu que era um girassol.

Disponível em: <https://algumashistoriasinfan-


tis.blogspot.com/2014/09/o-girassol-solitario.
html> Acesso em: 01 dez 2019.
10 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

A palavra flor é um substantivo simples, pois é formado de uma só palavra para desig-
nar seres. Já a palavra girassol é um substantivo composto, pois sua formação ocorre
com a junção de duas palavras, nesse caso o gira e o sol.

Agora leia um trecho do texto que segue:

[...] a transformação da cidade em


capital do país, em 1763, promo-
veu uma aceleração do crescimento
urbano, aumentando a importân-
cia das pedreiras como fonte de
matéria prima. Textos de viajantes
que passaram pela cidade durante
o século XVIII discorrem, com grande
frequência, sobre a singularidade das
casas construídas “em pedra” na me-
trópole carioca.

Disponível em: <https://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v8-1/pdf81/s1.pdf>.


Acesso em 01 dez 2019.

Observe a ocorrência das palavras pedreiras e pedra. Ambas são substantivos, porém,
pedra é um substantivo primitivo, ou seja, não provem de nenhuma outra palavra
ou substantivo. Já a palavra pedreiras deriva, ou seja, seja se origina da palavra pedra.

saiba mais
O hífen é um sinal de pontuação usado, dentre outras coisas, para ligar os
elementos de palavras compostas. Trata-se do seguinte sinal: - como em
pé-de-moleque
De acordo com Sacone (2008) não é o hífen que determina se um subs-
tantivo é composto. Há certos substantivos compostos que se escrevem
sem hífen como girassol, por exemplo, trata-se de um substantivo com-
posto pelas palavras gira e sol.
Sobre o uso do hífen nos substantivos compostos, é preciso atentar-se
para o fato que os prefixos super, hiper, ex, semi não formam palavras
compostas, assim, super-homem não é um substantivo composto, mas
um substantivo simples.
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 11

Ainda é possível considerar outras classificações para o substantivo, assim eles podem ser

Tipo Definição Exemplo Imagem

Indica seres ou
Substantivo
coisas de uma casa
comum
mesma espécie.

Indica um só ser
Substantivo
de uma mesma Maringá
próprio
espécie.

Fonte: as autoras

Observe o seguinte exemplos:

Minha casa fica em Maringá.

Temos nessa frase dois substantivos, são eles casa e Maringá. Casa pode ser classi-
ficado como um substantivo comum, pois indica coisa de uma mesma espécie, e
designam os seres de maneira geral. Esses substantivos são escritos com letra inicial
minúscula, a menos que, na formação de uma frase, se encaixem em outra regra da
língua portuguesa que exija sua inicial maiúscula.
Já quando falamos em Maringá, estamos designando um ser específico e por
esse motivo esse substantivo é chamado próprio. Basta pensar no seu nome, qual é
o seu nome e seu sobrenome? O seu nome e seu sobrenome são substantivos pró-
prios na língua portuguesa.
Além dessas classificações já expostas, ainda é possível classificar os substanti-
vos como concreto e abstrato. Veja no quadro abaixo:
12 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Tipo definição exemplo Imagem

Atribuem nome
Substantivo Relógio,
a seres de exis-
concreto cadeira.
tência própria.

Atribuem nomes
Substantivo a estados, sen- Tristeza,
abstrato timentos ou alegria.
ações.

Fonte: as autoras

Os substantivos relógio e cadeira designam seres que têm existência própria, quer
do mundo real, quer do mundo da imaginação. Já os substantivos tristeza e alegria
nomeiam qualidades e ações que atribuímos às características dos seres. É impor-
tante não confundir os substantivos abstratos com os adjetivos, classe de palavras
que veremos mais adiante neste material.
Ainda sobre a classificação dos substantivos, é possível citar os substantivos co-
letivos. Esses, mesmo no singular, indicam um conjunto de seres da mesma espécie.
Assim, seguem alguns exemplos:
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 13

Substantivo coletivo Conjunto de


álbum selos, de fotografias
alcateia lobos, javalis, panteras, hienas etc.
arquipélago ilhas
assembleia pessoas reunidas
atlas mapas
banca examinadores
batalhão soldados
biblioteca livros
buquê flores
cacho bananas, de uvas
cambada vadios ou malandros
caravana viajantes
cardume peixes
coletânea textos
constelação estrelas
cordilheira montanhas
elenco artistas, de profissionais
enxame abelhas, de insetos
fauna animais
frota navios, de veículos pertencentes à mesma empresa
flora plantas de uma região
grupo pessoas
multidão pessoas, de animais, de coisas
plateia espectadores
tripulação pessoas que trabalham num navio ou num avião
vocabulário palavras
Fonte: as autoras
FLEXÕES DOS SUBSTANTIVOS
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 15

Depois de conhecermos um pouco sobre o conceito do substantivo assim como sua


formação e classificação, agora é o momento de aprendermos sobre a flexão dos
substantivos. Vamos lá!
Flexão, na língua portuguesa, é a possibilidade que algumas classes de palavras
apresentam de se flexionarem, ou seja, se alteram para expressar diferentes catego-
rias gramaticais, que podem ser modo, tempo, voz, pessoa, número, gênero e grau.
Assim sendo, vamos observar o substantivo “garoto” na frase que segue:

O garoto não se aguentava de tanta alegria com o filhote que ganhara.

Ele traz consigo algumas possibilidades de alteração:

1. A garota não se aguentava de tanta alegria com o filhote que ganhara.


2. Os garotos não se aguentavam de tanta alegria com o filhote que ganharam.
3. O garotinho não se aguentava de tanta alegria como o filhote que ganhara.

Nas frases 1, 2 e 3 temos algumas flexões possíveis para os substantivos.

• No caso da frase 1, temos uma variação de gênero na qual é possível alterar


o substantivo masculino garoto por seu equivalente feminino: garota.

• No caso da frase 2, a flexão é de número, ou seja, o substantivo garoto, no


singular, é alterado para “garotos” no plural.

• Por fim, na frase 3, há a flexão de grau, nesse caso temos a ocorrência da


palavra “garotinho” que representa o diminutivo de garoto.

Diante do exposto temos então:

• Flexão de gênero: substantivo pode ser masculino ou feminino.


Exemplo: garoto – garota

• Flexão de número: o substantivo pode ser singular ou plural.


Exemplo: garoto - garotos

• Flexão de grau: o substantivo pode ser aumentativo ou diminutivo.


Exemplo: garotão – garotinho
16 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Flexão de gênero
De acordo com Hernani e Nicola (2005, p.88) “são masculinos os substantivos em
que se pode antepor o artigo o: o aluno, o homem, o atleta, o livro, o jacaré etc.” É im-
portante perceber que não basta que o substantivo seja terminado em “o” para ser
masculino, para além dessa regra, é preciso conseguir antepor o artigo “o” antes dos
substantivos para pode se certificar de seu gênero.
Considerando essa mesma ideia, são substantivos femininos aqueles nos quais é possível
antepor o artigo “a” diante deles. Assim, temos: a aluna, a mulher, a atleta, a caneta, a onça.

saiba mais
Não confunda gênero com sexo. O gênero é gramatical, isto é, mostra se a
palavra pertence ao gênero masculino ou ao feminino.
É claro que livro, relógio, caneta, escola, nomes de coisas, não possuem sexo,
embora livro e relógio sejam do gênero masculino e caneta e escola, do
feminino. Já o substantivo vítima pertence ao gênero feminino – a vítima –
seja para se referir a pessoas de ambos os sexos.
TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Gramática de hoje. São Paulo: Scipione, 2005.

Sobre os gêneros dos substantivos, temos algumas diferentes classificações. Assim,


observe o quadro que segue:
menino menina
homem mulher
carneiro ovelha
aluno aluna
Fonte: as autoras
Todos os substantivos apresentados no quadro em análise têm duas formas diferentes,
sendo uma para o gênero feminino e outra para o masculino. Esses são classificados
como substantivos biformes, isto é, duas formas.
Agora vejamos um outro quadro:

atleta
estudante
criança
onça
Fonte: as autoras
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 17

Observe que nesses casos temos apenas uma forma que serve para ambos os gêneros.
Esses são classificados como uniformes e, por sua vez, dividem-se em epicenos,
comuns de dois gêneros e sobrecomum.
Os substantivos epicenos apresentam uma única forma para nomear animais, como
nos exemplos que seguem: a onça, o jacaré, a borboleta. Para esses substantivos, uti-
liza-se a palavra macho ou fêmea caso seja necessário especificar o sexo do animal.
Assim, teremos:

• Onça macho – onça fêmea / jacaré macho – jacaré fêmea.

Veja os textos que seguem. Observe que em todas as ocorrências da palavra onça,
ela é um substantivo feminino:

Onça-pintada

A pelagem da onça varia de ama-


relo-claro a castanho e destaca-se
pela presença de várias manchas em
formato de roseta. Essas manchas
apresentam tamanhos variados e fun-
cionam como se fossem a impressão
digital do animal, o que significa que
as manchas tornam cada onça única.
Disponível em: < https://brasilesco-
la.uol.com.br/animais/onca-pintada.
htm>. Acesso em 02 dez 2019.
Projeto onça-pintada.
Disponível: <https://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/onca-pintada-simbolo-
-brasileiro-de-conservacao-da-biodiversidade/>. Acesso em 02 dez 2019.

Os substantivos comuns de dois gêneros apresentam uma forma para ambos os


gêneros e são utilizados para referir-se a pessoas. Conforme os exemplos que seguem:

O dentista A dentista
O estudante A estudante
O jornalista A jornalista
O adolescente A adolescente
Fonte: as autoras
18 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Observe que nesses casos os artigos “o” e “a” identificam se estamos nos referindo a
homem ou mulher no contexto de um texto. Assim, observe o exemplo que segue:

Aos 15 anos, Adrieny Monteiro dos


Santos Teixeira é a primeira mulher a
ganhar uma medalha de ouro em uma
das maiores olimpíadas de matemática
do mundo, que aconteceu na China, a
World Mathematics Team Championship,
(WMTC). A adolescente é estudante do
9º ano do ensino fundamental do Colégio
Pedro II, no Centro do Rio de Janeiro.

Disponível em: < https://vivamarilia.com.br/artigo/brasileira-ganha-ouro-em-olim-


piada-de-matematica-na-hora-nao-caiu-a-minha-ficha>. Acesso em 02 dez 2019.

Os substantivos sobrecomuns possuem apenas um gênero para classificar pessoas


de ambos os sexos. Assim, temos como exemplos:

A criança
A vítima
O carrasco
Fonte: as autoras

Flexão de número
No que diz respeito à flexão de número, como vimos anteriormente, esses são sin-
gular e plural. Sobre a formação do plural dos substantivos temos que considerar
algumas regras. Vamos conhecê-las?!
Para substantivos simples temos:
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 19

a. Substantivos terminados em vogal ou ditongo formam o plural pelo acrés-


cimo da desinência -s.

singular plural
caderno cadernos
chapéu chapéus
folha folhas
adolescente adolescentes
Fonte: as autoras

b. Substantivos terminados pelo ditongo –ão podem formar os plurais –ões, -ães, -ãos.
singular plural
armação armações
pão pães
cidadão cidadãos
Fonte: as autoras

c. Substantivos terminados em –r e –z formam plural pelo acréscimo de –es


singular plural
mulher mulheres
dólar dólares
juiz juízes
Fonte: as autoras

d. Substantivos terminados em –s, quando forem monossílabos tônicos ou


oxítonos, formam o plural acrescentando-se –es. Caso não seja um monos-
sílabo, não haverá alteração.
singular plural
país países
mês meses
revés reveses
Fonte: as autoras

e. Substantivos terminados e –x não sofrem variação de plural


singular plural
tórax tórax
látex látex
ônix ônix
Fonte: as autoras
20 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

f. Substantivos terminados em al, el, ol, ul formam o plural substituindo o l


por is.
singular plural
Quintal Quintais
papel papéis
Túnel túneis
Fonte: as autoras

g. Substantivos terminados em il, se oxítonos, formam o plural substituindo o


l por is, contudo, se forem paroxítonos, o l será substituído por eis
singular plural
canil canis
míssil mísseis
réptil répteis
Fonte: as autoras

saiba mais
Na língua portuguesa as palavras recebem uma classificação quanto à posição
de sua sílaba tônica, isto é, quanto à sílaba forte da palavra. Assim temos
Oxítona – última sílaba forte - Sofá
Paroxítona – penúltima sílaba forte – telefone
Proparoxítona – antepenúltima sílaba forte - médico
Fonte: as autoras

Sofá Telefone Médico

Sobre o plural dos substantivos compostos, esse é um pouco mais complexo, pois
será preciso conhecer a classe de palavras que forma o substantivo para poder formar
seu plural corretamente. Assim, temos os seguintes casos:
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 21

a. Substantivo composto formado por duas palavras que sejam também


substantivos, pode-se colocar o primeiro elemento no plural ou os dois
elementos no plural.

singular plural
Palavra-chave Palavras-chave
Couve-flor Couves-flor
Peixe-espada Peixes-espada
Fonte: as autoras

b. Os dois elementos de um substantivo composto irão para o plural quando


tal substantivo for formado da seguinte maneira:

Formação do substantivo singular plural


Substantivo+adjetivo Amor-perfeito Amores-perfeitos
Adjetivo+substantivo Puro-sangue Puros-sangues
Numeral+substantivo Quinta-feira Quintas-feiras
Fonte: as autoras

c. Nos substantivos compostos, os verbos, advérbios e prefixos nunca variam.

Formação do substantivo singular plural


Verbo+substantivo Corre-mão Corre-mãos
Advérbio+substantivos Alto-falante Alto-falantes
Prefixo+substantivos Ex-ministro Ex-ministros
Fonte: as autoras

d. Quando o substantivo composto apresentar preposição, somente o primei-


ro elemento sofrerá flexão de plural.

Formação do substantivo singular plural


Substantivo+prep.+substantivo Pé-de-moleque Pés-de-moloque
Substantivo+prep.+substantivo Mula-sem-cabeça Mulas-sem-cabeça
Substantivo+prep.+substantivo Água-de-colônia Águas-de-colônia
Fonte: as autoras
22 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Grau do substantivo
Os substantivos na língua portuguesa apresentam basicamente dois graus, são eles
o aumentativo e o diminutivo. Na maioria das vezes usa-se o prefixo “ão” para o au-
mentativo e “inho/zinho” para o diminutivo, mas existem outras possibilidades de
terminações para o grau dos substantivos. Como por exemplo:

substantivo aumentativo
Barca barcaça
homem homenzarrão
corpo corpanzil
Fonte: as autoras

substantivo diminutivo
barba barbicha
porta portinhola
rua ruela
Fonte: as autoras
considerações finais

Prezados, alunos! Chegamos ao final de mais uma unidade. Nela tivemos a oportunidade de
refletir sobre a importância do substantivo na língua portuguesa e ainda de compreender o
conceito, a formação, a classificação e as flexões dessa classe de palavras. Tivemos também
como finalidade que você observasse que os substantivos são essenciais na língua, uma vez
que eles são responsáveis pela nomeação dos seres e coisas que nos rodeiam, bem como
pelos nossos sentimentos e de nossas ideias.
Embora tivemos um enfoque gramatical, esse é um ponto de partida bem importante
para o seu processo de aquisição da língua portuguesa.
Sobre esse processo de aquisição, é importante compreender que especialmente na for-
mulação de textos escritos e na leitura de textos de gêneros secundários essa composição
gramatical normativa se fará necessária, porém, na fala esse rigor nem sempre será tão ob-
servado. Quando falamos em uso da língua, observar o contexto e se adaptar a ele, no que
diz respeito à linguagem, é uma forma de interação muito importante para as pessoas e que-
remos transmitir essa ideia para você.
Assim, é importante que você compreenda que em diferentes situações usará diferentes
possibilidades da língua e nosso objetivo com essa unidade é que você possa fazer especial-
mente nas situações relacionadas ao uso dos substantivos em nossa língua.

Bons estudos!
Professoras Fabiane Carniel e Fátima Calicchio

23
atividade de estudo

Lendo e Praticando Tem muita gente com nome de flor...


Tem mesmo: tem violeta, tem rosa
Leia o texto que segue: Tem cravo, camélia, dália e jasmim...
Nome de gente E tem carmem que quer dizer jardim.
Tem muito nome de gente
Dulce quer dizer que é doce
Muito significado
Lia, que é trabalhadora
Prudêncio que é prudente
Olga, que é nobre moça
Tito que é honrado
Berenice, a vencedora
Hugo que é previdente
Bárbara é estrangeira
Reinaldo que é ousado
Estela, que é estrela
Tem muito nome de gente
No meio de tantas belas
Muito significado
É vera que é verdadeira
Tem muito nome de gente
Tem muito nome por causa do tempo
Que é nome de bicho
Nomes por causa da hora e do mês
Tem jonas que é pombo
É sim, tem nome que lembra o momento
E raquel que é ovelha
Lembra o dia em que nasceram os bebês
E tem leon
Que quer dizer leão Natalício e Natalino
Com nome de bicho Nasceram os dois no natal
Tem uma porção Domingos foi num domingo
Na páscoa, nasceu Pascoal
Ataulfo é nobre-lobo
Genaro foi em janeiro
Arnaldo, águia potente
Em março nasceu Marçal
Arnulfo é águia e lobo
Aurora porque nasceu. Na hora que nasce o sol
Arlindo, águia e serpente
Leandro, homem-leão Compadre, tem muito nome de gente
Leonardo é leão forte Dizer tudo é uma coisa de louco
Catulo, um pequeno cão Quê que a gente faz: para ou vai em frente?
Bernardo é urso forte Seguinte: vamos cantar mais um pouco

24
atividade de estudo

Lucas, é reluzente
Adalgisa nasceu nobre
Camila foi livremente
Cássio porque nasceu pobre
Albano é albino e branco
Esaú é cabeludo
Bruna, de pele morena
Branca, o nome disse tudo

Tem muito nome e a gente


Cantou somente um bocado
É muito nome de gente
Prum verso de pé quebrado
A gente fica contente
Se ninguém ficar zangado
Se nesse quase repente
Seu nome não foi cantado

Reflita sobre os efeitos de sentido do texto e


produza um pequeno texto falando da im-
portância do nome das coisas e seres em
uma língua. Você pode, inclusive, falar sobre
os substantivos em sua língua materna.

25
material complementar

Minigramática
Autor: Ernani Terra
Editora: Scipione

Sinopse: Nesta Minigramática, Ernani Terra apresenta os conceitos de


forma objetiva, sem rodeios ou complicações com o intuito de levar os
estudantes a uma postura mais analítica e reflexiva sobre os fatos grama-
ticais. A obra apresenta extensa seleção de exercícios, incluindo questões
de exames.

26
referências

NICOLA, José de; IFANTE, Ulisses. Gramática Essencial. 3ª ed. São Paulo: Editora
Scipione, 2001.

TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Gramática de hoje. São Paulo: Scipione, 2005.

27
MÓDULO I
Gramática e Linguagem na
Língua Portuguesa

Professoras
Me. Fabiane Carniel
Me. Fátima Christina Calicchio
DIREÇÃO

Reitor Wilson de Matos Silva


Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria de Design Educacional Débora Leite


Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho
Diretoria de Permanência Leonardo Spaine
Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
Projeto Gráfico Sabrina Novaes e Arthur Cantarelli
Editoração Sabrina Novaes

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância; CARNIEL, Fabiane; CALICCHIO, Fátima Christina.

Gramática e Linguagem na Língua Portuguesa.
Fabiane Carniel; Fátima Christina Calicchio;
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2020.
30 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
1. Verbos. 2. Conjugação. 3. Locuções. 4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 469.5


CIP - NBR 12899 - AACR/2

As imagens utilizadas neste livro foram


obtidas a partir do site shutterstock.com

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
sumário
04 Verbos

06 Conceitos dos Verbos

07 Estrutura das Formas


Verbais

10 Flexão dos Verbos

16 Formas Nominais do
Verbo

18 Conjugação Verbal

21 Locuções Verbais
UNIDADE III
VERBOS

Me. Fabiane Carniel


Me. Fátima Christina Calicchio

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conceituar a classe de palavras verbo na língua portuguesa
• Expor a estrutura do verbo.
• Apresentar as possibilidades de flexão dos verbos.
• Apresentar as formas nominais dos verbos
• Apresentar o funcionamento das conjugações verbais
• Conceituar as locuções verbais

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Conceitos dos verbos
• Estrutura das formas verbais
• Flexão dos verbos
• Formas nominais dos verbos
• Conjugação verbal
• Locuções verbais
introdução

Conjugar verbos é algo que faz parte de nossa vida no processo de comunicação. A todo
momento, ainda que não nos atentamos a isso, estamos conjugando verbos.
Os verbos desempenham uma função muito importante na língua portuguesa uma vez
que as orações se organizam em torno dele apresentando assim ações, fenômenos da na-
tureza e ainda estado.
O verbo está diretamente relacionado com a existência e com a ação do homem no
mundo. Por exemplo, toda vez que queremos dizer que alguém fez alguma coisa ou alguém é,
empregamos verbos. Assim, juntamente com o nome, o verbo é a base da linguagem verbal.
Nesse sentido, nesta unidade vamos apresentar a você a organização básica dessa classe
de palavras tão importante de forma que esse conhecimento possa contribuir com seu apren-
dizado de nossa língua e para sua fluência nela.
Dessa forma, pretendemos, primeiramente, apresentar o conceito básico da classe de
palavras em questão: os verbos. Em seguida, apresentaremos a estrutura e seu processo de
formação.
No sentido de atingir nossos objetivos, apresentaremos as possibilidades de flexão dos
verbos e para finalizar os tempos verbais.

5
6 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

CONCEITOS DOS
VERBOS
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 7

Caro aluno, a partir de agora nos deteremos em compreender um pouco mais


sobre os verbos na língua portuguesa. Assim, leia o texto que segue:

Lição de Gramática


“Eu estou, você está , e ela está, e ele também; e todos os que estavam, es-
tiveram e estão muito bem. Estamos, estaremos nós; ela e ele estarão lado
a lado, e eu, que estive, estarei. E, se acaso estivesse alguém que não tenha
estado naquela vez, Bem-vindo! Porque estar é o que importa - e que todos
estejam”. CHERICIAN (2011, on-line)1.

Tradicionalmente, o verbo é a classe de palavras da língua portuguesa que tem como


função indicar ações, fenômenos da natureza e estado. Dessa forma, nas frases do texto
é possível perceber o verbo estar em diferentes flexões trazendo a ideia de estado.
Sobre o conceito dos verbos, vale apresentar as palavras de Infante (2001, p. 201)
“Verbo é a palavra que se flexiona em número, pessoa, modo, tempo e voz. Pode
indicar, entre outros processos:

• Ação (correr, pular);

• Estado ou mudança de estado (ser, ficar);

• Fenômeno natural (chover, anoitecer);

• Ocorrência (acontecer, suceder);

• Desejo (querer, aspirar).”

Uma das principais características do verbo é que ele é variável e assim suas flexões são
fundamentais em nossa língua, são até mais importantes que seu próprio significado.
Nesse sentido, é importante conhecer um pouco a respeito da estrutura dos verbos.
ESTRUTURA DAS
FORMAS VERBAIS
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 9

De acordo com a gramática da língua portuguesa os verbos são formados por radical,
vogal temática e desinência. Essa estrutura compõe os verbos na língua portugue-
sa, esteja ele conjugado ou não. Assim, veja o exemplo abaixo:

Est a remos

radical vogal temática desinência modo-temporal


e número pessoal
Fonte: as autoras

O radical é a parte do verbo que concentra a significação básica da palavra. No


exemplo acima est do verbo estar.
A vogal temática agrupa-se aos verbos para indicar-lhes a conjugação a que per-
tencem. Os verbos na língua portuguesa apresentam três conjugações. Conjugar
uma forma verbal é flexioná-la em seus modos, tempos, pessoas, números e vozes.
Esse conjunto de flexões organizam-se em 3 grupos:

• 1ª conjugação: formas verbais terminadas em ar (com em: estar).

• 2ª conjugação: formas verbais terminadas em er ( como em: escrever).

• 3ª conjugação: formas verbais terminadas em ir (como em excluir).

A desinência é a parte do verbo que indica suas possíveis flexões número-pessoais


e modo-temporais.

Verbo Radical Vogal temática Desinência


Estaremos Est a remos
Estarei Est a rei
Estarão Est a rão
Fonte: as autoras

saiba mais
Segundo Cereja e Magalhães (2013), com exceção do verbo “pôr” e seus deriva-
dos como “propor”, “compor”, “recompor”, “repor”, “supor”, “antepor”, dentre outros
exemplos, por motivos históricos esses verbos perderam a vogal temática“e” pela
evolução da forma latina de “ponere” > “poer” > “pôr”, todos os demais verbos da
língua portuguesa pertencem às três conjugações , acima, mencionadas.
Fonte: adaptada de William Roberto Cereja & Thereza Cochar Magalhães (2013).
FLEXÃO DOS VERBOS
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 11

Flexão de número e pessoa


Caro(a) aluno(a), lembra-se que o verbo é um vocábulo flexional por excelência?
Por essa característica própria do verbo vamos estudar as suas variações, começan-
do pela flexão de número e pessoa.
Segundo Bechara (2009, p. 212) “a flexão de número refere-se aos participantes
no acontecimento comunicado e daí adquire capacidade quantificadora”. Em outros
termos, podemos compreender que essa categoria afeta diretamente o número de
participantes dentro de um contexto de comunicação. Assim, é próprio da nature-
za verbal as flexões no singular e no plural. Ainda, segundo esse autor, “a flexão de
pessoa determina a relação dos participantes no ato de fala”. Pela tradição gramati-
cal, a categoria de pessoa divide-se em três grupos:

• Primeira pessoa: quando é usada por um falante que exerce o papel de


locutor para falar de si. A autorreferência é uma característica, essencial, da
primeira pessoa.

• Segunda pessoa: é usada para fazer referência ao alocutário de um deter-


minado contexto de comunicação (com quem se fala).

• Terceira pessoa: é usada para indicar participantes que não são nem o
locutor e nem o alocutário de um determinado contexto de comunicação
(de quem ou de que se fala).

Flexão de pessoa Flexão de número


1ª pessoa (eu). estou. (singular)
2 ª pessoa (tu/você). estás/está. (singular)
3ª pessoa (ele/ela). está.(singular)
1ª pessoa (nós). estamos. (plural)
2ª pessoa (vós/vocês). estais/estão. (plural)
3ª pessoa (eles/elas). estão. (plural)
Fonte: as autoras.
12 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

saiba mais
Você sabia que as formas da 2ª pessoa no singular (tu) e plural (vós) está pas-
sando por um processo de evolução? Os estudos linguísticos denominam
esse processo de variação diacrônica. Assim, está ocorrendo a substituição do
pronome (você) no lugar do pronome (tu) e (vocês) em lugar do pronome
(vós). Os pronomes (tu) e (vós) são raramente empregados. Eles aparecem, por
exemplo, em contextos clássicos, em discursos mais monitorados, isto é, plane-
jados e na linguagem falada, essas formas pronominais soam como artificiais.
Fonte: a autora.

Ao voltarmos o nosso olhar para as informações que o verbo transmite em suas


flexões, podemos encontrar informações que fazem referência ao tempo. É disso que
nos ocuparemos no próximo assunto.

Flexão de tempo e modo


Como o próprio nome indica, a flexão de tempo verbal marca a relação de tempo
entre o acontecimento comunicado com o ato de fala. Na língua portuguesa esses
tempos são passado, presente e futuro.
Assim, é possível explicar que o presente assinala o momento do ato de fala, o
passado é anterior ao ato de fala e o futuro ocorrerá, posteriormente, a esse ato de
fala. A título de exemplificação sobre o que acabamos de refletir, vejamos as formas
verbais de tempo destacadas no texto que segue:
Texto para exemplo:

1. [...] Anoitecerá

2. Na estrada o farol de quem se foi

3. Já não ilumina quando te beijar

4. Parece que a vida inteira esperei para te mostrar

5. Que na rua um dia desses me perdi

6. Esqueci completamente de vencer


Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 13

7. Mas o vento lá da areia trouxe infinita paz

8. No nosso livro a nossa história é faz de conta ou é faz acontecer?

9. Acontecerá
Fonte: O Teatro Mágico ([2017], grifos da autora, on-line)2.

• Observe que cada uma da formas verbais destacadas no texto assinalam


uma noção temporal diferente. Nas linhas 2, 4, 5, 6 e 7, as formas verbais
como “foi”, “esperei”, “perdi”, “esqueci” e “trouxe” referem-se a fatos que ocor-
reram em circunstâncias anteriores ao momento do ato de fala, isto é, ao
tempo passado ou pretérito. Na linha 3, a forma verbal ”ilumina” e na linha
8, a forma verbal “é” referem-se a fatos que ocorrem no momento da fala,
ou seja, o tempo presente. Nas linhas 1 e 9, as formas verbais “Anoitecerá”
e “Acontecerá” referem-se a circunstâncias que ainda vão acontecer em um
momento posterior ao ato de fala, ou seja, a um tempo no futuro.

A leitura do texto serve-nos de exemplo para os tempos verbais na língua portuguesa


e o uso desses tempos. Sobre isso, é preciso explicar que temos algumas subdivisões
nesses tempos e a tabela abaixo pode demonstrar melhor esse processo:

Passado
Tempo Descrição Exemplo
Expressa a ideia de uma ação
Pretérito perfeito Eu fui ao cinema.
concluída.
Pretérito Expressa um fato ocorrido, Eu voltava do cinema
imperfeito contudo, não concluído. quando a chuva chegou.
Expressa a ideia de uma ação
Pretérito Meu filho já estava pronto,
concluída, anteriormente, a
mais-que-perfeito quando eu saíra para trabalhar.
outra já ocorrida.
Fonte: autoras

Presente
Tempo Descrição Exemplo
faz referência a fatos que
Presente acontecem no momento que Eu escrevo muito bem.
falamos.
Fonte: autoras
14 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Futuro
Tempo Descrição Exemplo
Precisarei de mais tempo
Futuro do Expressa uma ideia de um fato que
para entregar um bom
presente vai ocorrer.
trabalho.
Expressa uma ideia de um fato que
ocorrerá em relação a um momento
Futuro do passado que depende de uma Eu iria ao cinema, se não
pretérito condição para que tivesse ocorri- tivesse chovendo muito.
do. como: eu iria ao cinema, se não
tivesse chovendo muito.
Fonte: autoras

Como você deve ter percebido, apresentamos a você as flexões de tempo dos verbos
e ainda nos resta compreender a flexão de modo.
Ao falarmos/enunciarmos, podemos, por meio das escolhas verbais, marcar o
nosso discurso de maneira mais comprometida, ou não, ou ainda, podemos, sugerir,
aconselhar, ordenar, isto é, podemos marcar o nosso discurso no campo da certeza,
da possibilidade. Podemos, ainda, em nossos discursos, dar comandos. Assim, leia o
texto que segue como exemplo:

1. [...]Olhe bem no fundo dos meus olhos

2. E sinta a emoção que nascerá [...]

3. Mas talvez, você não entenda[...]

4. Que meu amor, não será passageiro

5. Te amarei de janeiro a janeiro[...]


Fonte: Roberta Campos e Nando Reis ([2017], Grifos da autora, on-line)3.
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 15

• As formas verbais em destaque no texto representam o papel que a cate-


goria do modo verbal pode imprimir em nossos discursos. Por exemplo, as
formas verbais nas linhas 1 e 2 como “olhe” e “sinta”, indicam a ação de um
falante dirigindo-se a um determinado interlocutor, a fim de solicitar-lhe
uma ordem ou algo assim.

• Nas linhas 2, 4 e 5, pelas formas verbais: “nascerá”, “ será “, “amarei“, exprimem


estados/ações que envolvem uma realidade, isto é, um sentimento que é
certo que ocorrerá em um momento futuro ao ato de fala do falante com
relação ao seu interlocutor.

• Na linha 3, do trecho da música, podemos observar que a forma verbal


“entenda” exprime uma incerteza, uma dúvida do falante em relação à
atitude do seu interlocutor.
Assim, na língua portuguesa, temos os seguintes modos verbais:

Modo verbal Descrição Exemplo


É o modo da certeza, ele expressa a
ideia de uma ação, de um fato que
Indicativo Eu faço leituras diariamente.
certamente acontece, aconteceu ou
acontecerá.
Os professores querem que
É o modo que expressa dúvida, ex-
Subjuntivo os alunos leiam todos os
pressa incerteza, possibilidades.
dias.
É o modo que exprime comandos, Leia todos os dias, mesmo que
Imperativo
sugestões, pedindo, conselhos, etc. seja um pequeno texto!
FORMAS NOMINAIS
DO VERBO
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 17

Aluno(a), você sabe por que algumas formas verbais recebem o nome de formas
nominais? Bechara (2009) explica que algumas formas verbais desempenham, além
do seu valor verbal, funções de nomes como substantivos, adjetivos ou advérbios.
Essas formas são: o infinitivo, o gerúndio e o particípio.
O infinito não faz referência às pessoas do discurso, isto é, não apresenta sujeito
de forma específica; caracteriza-se pela terminação em “r”:

Ler é um prazer.

Observe que a forma nominal “Ler” aproxima-se do valor de um substantivo, o que


nos permitiria esta paráfrase: “A leitura é um prazer”. Por se aproximar do substanti-
vo, o infinitivo é classificado como uma das forma nominais dos verbos.
O gerúndio indica ações em andamento, além da ideia de momentaneidade;
caracteriza-se pela terminação em “ndo”, como em “lendo”, “escrevendo”, “viajando”
etc. Observe este exemplo!

“Só se aprende a ler, lendo”

Merece destaque a atuação da forma verbal “lendo” que além da ideia de andamento /conti-
nuidade do processo de leitura, também atua com valor de substantivo, equivalente ao nome
“ leitura”, tal atuação nos permite a seguinte paráfrase: “ Só se aprende a ler, com a leitura”.
O particípio expressa ações já concluídas e pode ser empregado com ou sem o
verbo auxiliar como em: ” lido” /“tivesse lido”, “escrito/tivesse escrito”, “viajado/tivesse viajado”.

Devia ter amado mais


Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Fonte: Titãs-Epitáfio (2016, grifos da autora, on-line)8.

Atente-se às formas verbais em destaque na letra da música da banda Titãs e note


que elas expressam a ideia de que o processo da ação verbal chegou ao fim.
Relevante é, também, a atuação da forma nominal do particípio que pode assumir
uma função de adjetivo como:

A jovem não escolhera, foi escolhida.


Fonte: Cereja e Magalhães (2013, p. 168, grifo da autora).
CONJUGAÇÃO
VERBAL
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 19

Conforme explica infante (2001) conjugar um verbo em língua portuguesa significa


organizar todas as formas as quais ele pode assumir ao ser flexionado. Isso significa
número e pessoa, assim como tempo e modo.
É possível dividir os verbos, em língua portuguesa, em três conjugações. As dos
verbos terminados em “ar”, “er” e “ir”, sendo respectivamente primeira, segunda e ter-
ceira conjugação.
“Para cada uma dessas conjugações, há um modelo – o paradigma – que indica
as formas a serem assumidas pelas flexões verbais. Verbos regulares são aqueles que
obedecem precisamente ao paradigma da respectiva conjugação” (INFANTE, 2001,
p.205). Porém, na língua portuguesa, nem todos os verbos seguem exatamente o
modelo, ou seja, o paradigma. Alguns verbos, ao serem conjugados, sofrem alterações
nesse modelo e por esse motivo são chamados de verbos irregulares. Para Bechara
(2009, p.225), diz-se irregular: “o verbo que, em algumas formas, apresenta modifica-
ção no radical ou na flexão, afastando-se do modelo da conjugação a que pertence.”
Diante do exposto, observe os exemplos abaixo:

Presente
Primeira conjugação - pular Primeira conjugação - opinar
Eu pulo Eu opino
Tu pulas Tu opinas
Ele/ela/você pula Ele/ela/você opina
Nós pulamos Nós opinamos
Vós pulais Vós opinais
Eles/elas/vocês pulam Eles/elas/vocês opinam
Fonte: autoras

Observe que temos dois verbos diferentes, são eles pular e opinar, assim, seus
radicais mudam, contudo, como ambos são regulares e pertencem a mesma con-
jugação, suas desinências são as mesmas sendo que os dois seguem o mesmo
modelo, ou seja, o mesmo paradigma.
20 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Agora, observe o quadro que segue. O verbo estar é irregular,

Presente
Primeira conjugação - pular Primeira conjugação - opinar
Eu estou Eu opino
Tu estás Tu opinas
Ele/ela/você está Ele/ela/você opina
Nós estamos Nós opinamos
Vós estais Vós opinais
Eles/elas/ vocês estão Eles/elas/ vocês opinam
Fonte: autoras

Observe que o verbo “estar” sobre algumas alterações em seu processo de conjuga-
ção se desviando do modelo, por esse motivo, ele é classificado como verbo irregular.
Assim, podemos compreender que os verbos irregulares “são os que sofrem
modificações no radical ou na flexão, com diferenças em relação aos verbos que per-
tencem à mesma conjugação [...]”, como argumenta (BUENO, 2014, p.194).

saiba mais
Para contribuir com seu aprendizado, sugiro que consulte as conjugações
verbais no conjugador de verbos da língua portuguesa, disponível em:
https://www.conjugacao.com.br/
LOCUÇÕES VERBAIS
22 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

As locuções verbais apresentam a junção de dois verbos sendo sempre um principal


e outro auxiliar, porém, esses dois verbos, no processo de interação e comunicação,
representam um único verbo.
O verbo principal apresenta-se no infinitivo, gerúndio ou particípio. Já o verbo
auxiliar é aquele que, na locução verbal em que é empregado, não possui sentido
próprio e auxilia na conjugação de um verbo nominal. Veja:

Fonte: Unicesumar ([2016], on-line)9.

A locução verbal “Venha estudar” é formada por um verbo auxiliar “venha”, conjuga-
do no imperativo, que sozinho, nesse contexto é vazio de sentido. Esse auxiliar se
junta à forma nominal do verbo no infinitivo “estudar”, para cumprir a função de atri-
buir, com essa forma, o significado desse enunciado. Note também que a locução
verbal “venha estudar”, no texto em análise, pode ser substituída por um único verbo
ficando da seguinte forma: “Estude do seu jeito”.
Na língua portuguesa, especialmente na oralidade, é comum o uso das locuções
verbais em vez do verbo em sua forma única.
considerações finais

Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade! Nosso objetivo nesta unidade II foi
instrumentalizar-lhe, mesmo introdutoriamente, no que diz respeito ao estudo da natureza
verbal para, que você possa exercitar a capacidade de compreensão, de análise e reflexão
sobre o verbo! Assim, procuramos introduzir as discussões por enunciados, como elemento
motivador para o início do nosso percurso gramatical pelo estudo do verbo.
Nesse sentido, por meio de reflexões e inferências examinamos os conceitos, as regras
e o emprego dos verbos e, muito possivelmente, você deve ter notado que esse elemento
está diretamente ligado com a nossa existência, com a nossa realidade, isto é, com a ação
do homem no e com o mundo, uma vez que o verbo é um elemento basilar da linguagem,
da comunicação.
Você observou que, inicialmente, conceituamos a natureza verbal, bem como a sua es-
trutura, a fim de preparar-lhe para a compreensão sobre a as três conjugações verbais e o
reconhecimento das categorias gramaticais do verbo com o objetivo de compreender em
que medida esse estudo é responsável pela construção dos sentidos, da nossa realidade.
Posteriormente, procuramos oferecer conhecimentos sobre a classificação dos verbos
quanto à formação, à flexão e à função dentro dos estudos sobre a língua.
Diante disso, esperamos contribuir para os seus estudos sobre o verbo. Esperamos, ainda,
que você tome esses estudos como ponto de partida para a busca de mais leitura sobre a
natureza verbal. Vale lembrar, prezado(a) aluno(a), que na seção “anexos”, deste livro, intro-
dutório de estudos, você encontrará um material de apoio sobre as conjugações verbais.
Boa leitura! Bons estudos!

23
atividade de estudo

Lendo e Praticando

Leia o texto segue:

Disponível em: <http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=101930&tit=Saude-


-lanca-campanha-digital-sobre-medidas-de-combate-a-dengue>. Acesso em 07 dez 2019.

Considerando o uso dos modos verbais na interação a partir da língua portuguesa, identi-
fique o verbo presente no texto. Classifique seu modo e tempo e, em seguida, explique o
efeito de sentido que ele causa no texto e ainda a importância desse verbo para o gênero
textual em questão.

24
material complementar

Moderna Gramática Portuguesa


Autor: Evanildo Bechara
Editora: Nova Fronteira

Sinopse: Com a evolução dos estudos linguísticos e das pesquisas em


língua portuguesa, há muito não tínhamos uma gramática completa
que pudesse dar conta deste progresso. Pensando nisso, a Moderna
Gramática Portuguesa em sua 37ª edição, atualizada pelo novo Acordo
Ortográfico, é hoje a mais completa da língua portuguesa.
Reconhecido no Brasil e no exterior desde a sua primeira edição, a Moderna Gramática
Portuguesa tem como autor o professor e gramático Evanildo Bechara, o único represen-
tante da Academia Brasileira de Letras no novo Acordo Ortográfico.
Referência mais indicada para estudantes a partir do ensino médio ou para quem vai prestar
concursos, a edição põe nas mãos dos professores, alunos e estudiosos a mais completa soma
de fatos e soluções de dúvidas em língua portuguesa. ( Grifos do texto original.
Disponível em < http://www.submarino.com.br/produto/122856974/
livro-moderna-gramatica-portuguesa>.

25
referências

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. – 37. Ed. rev. ampl. e atual conforme o
novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

BUENO, F. da S. Gramática de Silveira Bueno. 20 ed. São Paulo: Global, 2014.

INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scpione, 2001.

26
anexo

Modelos de conjugação verbal

Quadro 1- 1ª Conjugação - Cantar - Modo Indicativo


Pretérito-
Pretérito Pretérito Futuro do Futuro do
Presente mais-que-
Perfeito Imperfeito presente pretérito
perfeito
Eu canto cantei cantava cantara cantarei cantaria
Tu cantas cantaste cantavas cantaras cantarás cantarias
Ele/Ela canta cantou cantava cantara cantará cantaria
Nós cantamos cantamos cantávamos cantáramos cantaremos cantaríamos
Vós cantais cantastes cantáveis cantáreis cantareis cantaríeis
Eles cantam cantaram cantavam cantaram cantarão cantariam
Fonte: adaptada de Soares (2012).

Quadro 2 -1ª Conjugação - Cantar - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu cante se eu cantasse quando eu cantar
que tu cantes se tu cantasses quando tu cantares
que ele/ela cante se ele/ela cantasse quando ele/ela cantar
que nós cantemos se nós cantássemos quando nós cantarmos
que vós canteis se vós cantásseis quando vós cantardes
que eles/elas cantem se eles/elas cantassem quando eles/elas cantarem

Fonte: adaptada de Soares (2012).

Quadro 3 -1ª Conjugação - Cantar - Modo Imperativo


Imperativo afirmativo Imperativo negativo
— —
canta tu não cantes tu
cante você não cante você
cantemos nós não cantemos nós
cantai vós não canteis vós
cantem vocês não cantem vocês

Fonte: adaptada de Soares (2012).


27
anexo

Quadro 5 -2ª Conjugação- Viver - Modo Indicativo


Pretérito-
Pretérito Pretérito Futuro do Futuro do
Presente mais-que-
Perfeito Imperfeito presente pretérito
perfeito
Eu vivo vivi vivia vivera viverei viveria
Tu vives viveste vivias viveras viverás viverias
Ele/Ela vive viveu vivia vivera viverá viveria
Nós vivemos vivemos vivíamos vivêramos viveremos viveríamos
Vós viveis vivestes vivíeis vivêreis vivereis viveríeis
Eles vivem viveram viviam viveram viverão viveriam

Fonte: adaptada de Soares (2012).

Quadro 6 - 2ª Conjugação - Viver - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu viva se eu vivesse quando eu viver
que tu vivas se tu vivesses quando tu viveres
que ela/ela viva se ele/ela vivesse quando ele/ela viver
que nós vivamos se nós vivêssemos quando nós vivermos
que vós vivais se vós vivêsseis quando vós viverdes
que eles/elas vivas se eles/elas vivessem quando eles viverem

Fonte:adaptada de Soares (2012).

Quadro 7 - 2ª Conjugação - Viver - Modo Imperativo


Imperativo afirmativo Imperativo negativo
— —
vive tu não vivas tu
viva você não viva você
vivamos nós não vivamos nós
vivei vós não vivais vós
vivam vocês não vivam vocês

Fonte: adaptada de Soares (2012).

28
anexo

Quadro 8 -1ª Conjugação - Dividir - Modo Indicativo


Pretérito-
Pretérito Pretérito Futuro do Futuro do
Presente mais-que-
Perfeito Imperfeito presente pretérito
perfeito
Eu divido dividi dividia dividira dividirei dividiria
Tu divides dividiste dividias dividiras dividirás dividirias
Ele/Ela divide dividiu dividia dividira dividirá dividiria
Nós dividimos dividimos dividíamos dividíramos dividiremos dividiríamos
Vós dividis dividistes dividíeis dividíreis dividireis dividiríeis
Eles dividem dividiram dividiam dividiram dividirão dividiriam

Fonte: adaptada de Soares (2012).

Quadro 9 - 3ª Conjugação - Dividir - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu divida se eu dividisse quando eu dividir
que tu dividas se tu dividisses quando tu dividires
que ela/ela divida se ele/ela dividisse quando ele/ela dividir
que nós dividamos se nós dividíssemos quando nós dividirmos
que vós dividais se vós dividísseis quando vós dividirdes
que eles/elas dividam se eles/elas vivessem quando eles dividirem

Fonte: adaptada de Soares (2012).

Quadro 10 - 3ª Conjugação - Dividir - Modo Imperativo


Imperativo afirmativo Imperativo negativo
— —
divide tu não dividas tu
divida você não divida você
dividamos nós não dividamos nós
dividi vós não dividais vós
dividam vocês não dividam vocês
Fonte: adaptada de Soares (2012).

29
MÓDULO I
Gramática e Linguagem na
Língua Portuguesa

Professoras
Me. Fabiane Carniel
Me. Fátima Christina Calicchio
DIREÇÃO

Reitor Wilson de Matos Silva


Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria de Design Educacional Débora Leite


Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho
Diretoria de Permanência Leonardo Spaine
Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
Projeto Gráfico Sabrina Novaes e Arthur Cantarelli
Editoração Sabrina Novaes

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância; CARNIEL, Fabiane; CALICCHIO, Fátima Christina.

Gramática e Linguagem na Língua Portuguesa.
Fabiane Carniel; Fátima Christina Calicchio;
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2020.
44 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
1. Adjetivo. 2. Pronomes. 3. Português. 4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 469.5


CIP - NBR 12899 - AACR/2

As imagens utilizadas neste livro foram


obtidas a partir do site shutterstock.com

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
sumário
04 Adjetivos e Pronomes

06 Adjetivo

16 Pronomes
UNIDADE IV
ADJETIVOS E PRONOMES

Me. Fabiane Carniel


Me. Fátima Christina Calicchio

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar o conceito e caracterização os adjetivos.
• Apresentar o conceito e caracterização dos pronomes.

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Adjetivos.
• Pronomes Pessoais do caso reto e oblíquos.
• Pronomes de Tratamento.
• Pronomes Possessivos.
• Pronomes Interrogativos.
• Pronomes Indefinidos.
• Pronomes Relativos.
• Pronomes Demonstrativos.
introdução

Caro (a) leitor (a) falante de uma língua estrangeira, a presente unidade tem o objetivo de
prover-lhe informações, de maneira preliminar, sobre a estrutura e o funcionamento dos
Adjetivos e dos pronomes, a fim de conscientizar-lhe acerca do papel que esse elemento
desempenha na sentença, no discurso e na construção das mais diferentes realidades e na
comunicação, seja oral, seja escrita.
Diante disso, neste material, preocupamo-nos em introduzir os conteúdos mediante um
diálogo curto, a fim de mostrar-lhe o funcionamento da língua portuguesa em situações
efetivas de comunicação. Para isso, empregamos nomes fictícios para denominar os perso-
nagens desses diálogos.
A organização deste material, ou seja, das unidades deste estudo privilegiam a Gramática
Estruturalista ou Gramática Normativa e quando a situação nos permitir abordaremos a
Gramática Reflexiva de uso da língua Portuguesa Brasileira.
Dessa forma, nesta unidade estudaremos sobre os Adjetivos com sua classificação e flexão
e, os sete tipos de Pronomes, como: Pronomes Pessoais do caso reto e oblíquos, Pronomes de
Tratamento, Pronomes Possessivos, Pronomes Interrogativos, Pronomes Indefinidos, Pronomes
Relativos, Pronomes Demonstrativos. Assim, refletiremos sobre os pronomes, apresentando
sua caracterização e emprego e a cada caracterização dos pronomes, traremos uma propos-
ta de atividade, a fim de ajudar-te na aprendizagem do conteúdo.
Esperamos que este estudo possa colaborar para que você-falante de outro idioma-
alcance, desenvolva as suas competências comunicativas e possa apresentar uma melhor
compreensão e melhor uso da Língua Portuguesa brasileira, como faltante dessa língua.
Bons estudos!
Professoras Fabiane e Fátima

5
6 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

ADJETIVO
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 7

Olá! Nesta unidade vamos falar sobre como descrever pessoas em língua Portuguesa
Brasileira. Para iniciar este estudo, leia este diálogo:

Letícia: Oi, Emília! Tudo bem?


Emília: Oi, Letícia! Estou bem. Tenho uma
novidade! Me caso em três meses.
Letícia: Sério? Conte-me, como é o seu noivo?
Emília: Ele é alto, forte, tem barba. Espera...
Veja, aqui tenho uma foto dele.
Letícia: Seu noivo é bonito! Tem os olhos
escuros, não é?
Emília: Não, ele tem os olhos claros! A foto
não é muito boa...
Letícia: O que ele faz?
Emília: É médico, trabalha em um hospital.
Letícia: Que legal! Ele é bem jovem, não é?
Emília: Bem, ele tem trinta e quatro anos…

Leitor (a), observe que no diálogo acima, há palavras destacadas como: “alto”, “forte”,
“bonito”, “jovem” que caracterizam fisicamente o noivo de Emília e as palavras “escuros”
e “claros” caracterizam a cor dos olhos do noivo. Na Gramática da língua Portuguesa
Brasileira, essas palavras são denominadas de adjetivos. Sobre esses nomes a
Gramática Normativa do Português Brasileiro explica que eles exercem a função de
modificar outros nomes, como os Substantivos, para atribuir-lhes uma característi-
ca, isto é, uma qualidade, um estado. Para entender para que servem os Adjetivos,
precisamos saber como eles se classificam. Repare:
Adjetivos primitivos e derivados

• Adjetivo primitivo: é o nome que dá origem a outras palavras, sejam elas


adjetivos ou não.

• Adjetivo derivado: é o nome formado por meio de sufixos, de subs-


tantivos, de verbos ou de outros adjetivos. Vamos entender mais sobre os
adjetivos primitivos e adjetivos derivados, observando o quadro 1.
8 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Quadro 1- Adjetivos primitivos e derivados


Adjetivo primitivo Adjetivo derivado
Rico (adjetivo) enriquecido
Formal (adjetivo) formalista
Sonoro (adjetivo) sonorizado
Barulho (substantivo) barulhento
Falar (verbo) falante
Fonte: as autoras.
Com base na leitura do quadro 1, podemos entender, leitor (a) que os adjetivos pri-
mitivos dão origem aos adjetivos derivados.
Sobre os Adjetivos precisamos saber, também, de outra classificação que eles
apresentam, como Simples e Composto, explicativos e restritivos; Pátrios. A
seguir, estudaremos cada uma dessas classificações.

1. Adjetivo simples é formado por um único elemento. Veja:

• Verde, macio

• Escuro, áspero

2. Adjetivo composto: é formado por mais de um elemento, como:

• Verde-musgo Sino-brasileiro

• Azul-escuro Recém-nascido

3. Adjetivo explicativo refere-se a uma característica própria do ser:

• Sangue vermelho Homem mortal Leite branco

4. Adjetivo restritivo refere-se a uma característica acidental do ser:

• Suco doce Homem jovem

• Sangue contaminado Leite azedo


Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 9

saiba mais
Importa esclarecer a você, leitor (a) e falante de uma língua estrangeira
que, segundo Mesquita (2014), a classificação dos adjetivos em Explicativos
e Restritivos não é empregada pela Gramática Normativa do Português
Brasileiro, contudo essa classificação é útil para facilitar-lhe o entendimen-
to sobre o funcionamento das Orações Adjetivas, estudadas sob o rótulo
da Sintaxe, para que você tenha sucesso em sua comunicação, seja escrita
ou fala com o uso da língua portuguesa.
Fonte: as autoras.

5. Adjetivos Pátrios referem-se à nacionalidade, à pátria, o lugar, a proce-


dência dos seres em geral. Esses adjetivos, também, são denominados de
gentílicos, quando se referem a um grupo étnico ou raça. Nos quadros
abaixo, selecionamos para você alguns exemplos:

Quadro 2 – Adjetivos Pátrios de Continentes


África-africano Europa-europeu
América-americano Oceania-oceânico
Ásia-asiático

Fonte: as autoras.
No quadro 3, vamos estudar um pouco sobre os Adjetivos Pátrios, quando precisa-
mos nos referir a países. Repare:

Quadro 3 – Adjetivos pátrios para Países


Alemanha-alemão Índia-indiano
Arábia-árabe Inglaterra- inglês
Áustria-austríaco Irã-iraniano
Bélgica- belga Israel-israelita-israelense
Brasil-brasileiro Porto Rico-porto-riquenho
China-Chinês Portugal-português
Costa Rica- costa-riquense ou
Rússia-russo
costa-riquenho
Espanha-espanhol Suécia-sueco
Estados Unidos-Estadunidense,
Suíça-suíço
norte-americano
França-francês Venezuela-venezuelano

Fonte: as autoras.
10 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

No quadro, 4, leitor (a), vamos estudar sobre Os Adjetivos Pátrios, quando precisa-
mos nos referir a Estados e Cidades:

Quadro 4 –Adjetivos Pátrios para Estados e Cidades


Acre-acreano Ceará-cearense
Bahia-baiano Curitiba-curitibano
Espírito Santo-espírito-santense ou
Cabo Frio- cabo-friense
capixaba
Mato Grosso- mato-grossense Florianópolis-florianopolitano
Mato Grosso do Sul- mato-grossense-do sul Goiânia-goaianense
Paraná-paranaense Itu-ituano
Porto Alegre-porto alegrense Maringá-maringaense
Rio Grande do Norte- rio-grandense-
Recife-recifense
-do norte
- Roraima-roraimense
- Sarandi-sarandiense
- Tocantins-tocantinense

Fonte: as autoras.

Ainda sobre os Adjetivos Pátrios, leitor (a), é importante esclarecer para você que, às
vezes, para identificarmos esses adjetivos precisamos formar palavras compostas, e,
para isso, o primeiro elemento desse composto assume uma forma reduzida, como
podemos ver a seguir:

• Dizemos Franco-italiano e não francês-italiano.

• Dizemos hispano-brasileiro e não espanhol-brasileiro.

No quadro 5, selecionamos alguns exemplos de Adjetivos Pátrios compostos com


formas reduzidas, para você estudar mais:

Quadro 5-Formas reduzidas na formação de adjetivos pátrios compostos


África-afro- Bélgica- belgo- Grécia-grego- ou greco-
Alemanha-teuto- ou
China-sino- Índia-indo-
germano-
América-américo- Espanha- hispano- Inglaterra-anglo-
Ásia-ásio- Europa- euro- Itália-ítalo-
Áustria-austro- França-franco Japão-nipo
- - Portugal-luso-

Fonte: as autoras.
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 11

Leitor (a), muitas vezes, para caracterizar um substantivo usamos uma expressão formada
por mais de uma palavra. A essa expressão a Gramática Normativa da Língua Portuguesa
Brasileira denomina de Locução Adjetiva. Sobre isso, veja estes exemplos:

• Amor de mãe = amor materno

• Dever de pai = dever paterno

• Obediência de filho = obediência filial

Essas locuções adjetivas podem ser formadas por uma preposição (sobre esse
termo estudaremos na próxima unidade) + um substantivo (esse termo, também,
estudaremos em outra unidade). Observe estes exemplos:
Rosto de anjo Jornal da tarde

Preposição + substantivo Preposição + advérbio

Importa deixar claro para você, leitor (a), falante de uma língua estrangeira, que nem
sempre a locução adjetiva apresentará um adjetivo correspondente. Veja:

• Janela de cima

• Artigos de primeira

• Meninos de rua

• Respostas sem pés nem cabeça

No quadro 6, separamos alguns exemplos de locuções adjetivas com adjetivos correspondentes.

Quadro 6- Locuções adjetivas e adjetivos correspondentes


De águia- aquilino De estômago -estomacal De gato-felino
De aluno-discente De estrela-estelar De gelo-glacial
De anjo-angelical De fábrica-fabril De Guerra-bélico
De homem- humano ou
De ano-anual De dedo-digital
viril
De audição- ótico De dia-diurno De idade-etário
De bispo- episcopal De dieta-dietético De igreja-eclesiástico
De boca bucal ou oral De fera-ferino ou feroz De ilha-insular
De cabelo- capilar De ferro-férreo De cidade-urbano
Sem cabelo- calvo De filho-filial De circo-circense
De campo- campestre ou
De noite-noturno De coração-cardíaco
rural
12 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

De criança-infantil ou
De cão-canino De olho-ocular
pueril
De céu-celeste De orelha-auricular De dedo- digital
Sem cheiro-inodoro De ouro-áureo De dia-diurno
De garganta-gutural De ouvido-auditivo De espaço-espacial
De pele-epidérmico ou
De pai-paternal De paixão passional
cutâneo
De inverno- hibernal- invernal De jovem-juvenil De lago-lacustre
De manhã-matinal De mestre- magistral De nariz-nasal
De pescoço- cervical De professor-docente De rei-real
De tarde- vesperal ou
De sol-solar De velho-senil
vespertino

Fonte: adaptado de Mesquita (2014)

Flexão do adjetivo
Leitor (a), assim como acontece com os Substantivos, o Adjetivo, flexiona-se em,
gênero, número e grau. Vamos entender essas flexões a seguir.
Flexão de gênero, o Adjetivo assume o gênero do Substantivo a que se refere.
Assim, eles se dividem em Uniformes e Biformes.

1. Uniforme é o Adjetivo que apresenta uma forma para o masculino e fe-


minino, como em:

• Menino inteligente Menina inteligente

• Campo verde Mata verde

• Homem feliz Mulher feliz

2. Biforme é o adjetivo que apresenta duas formas: uma para o masculino e


outra para o feminino. Observe:

• Menino esperto Menina esperta

• Aluno italiano Aluna italiana

• Homem honesto Mulher honesta


Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 13

Leitor (a) para formarmos o feminino dos Adjetivos Biformes, precisamos considerar
as regras, conforme mostram o quadro abaixo:
Quadro 7- Formação dos Adjetivos femininos
Terminação em o Troca-se por a, exemplos: belo> bela
Acrescenta-se a: nu> nua, japonês>
Terminação em u, ês e or
japonesa, vendedor> vendedora
Terminação eu Troca-se por eia: europeu> europeia
Terminação éu Troca-se por oa: ilhéu>ilhoa
Terminação ão Troca-se por ona: chorão> chorona

Fonte: adaptado de Cereja e Magalhães (2013)

Flexão de número dos Adjetivos


Quanto à flexão de número, os Adjetivos podem apresentar as formas singular
e plural, conforme o Substantivo a que se referem. Veja estes exemplos:

a. Aluno atento
“Aluno” é o Substantivo e está no singular
“Atento” é o Adjetivo da palavra “aluno” e, também, está no singular.

b. Alunos atentos
“Alunos” é o Substantivo e está no plural
“Atentos” é o Adjetivo e está no plural para concordar com o Substantivo que se refere.

Plural dos Adjetivos Compostos


Leitor (a), para fazermos o plural dos Adjetivos Compostos (aqueles formados por
duas ou mais palavras), precisamos, primeiramente, analisar a classificação gramati-
cal das palavras que os compõem. Repare:

• Se todas as palavras da construção composta forem Adjetivos, somente


a última vai para o plural. Para entender melhor essa regra, vamos ana-
lisar este exemplo:
14 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Acordo sino-russo-japonês

Note, leitor (a), que neste Adjetivo composto temos “sino”= adjetivo referente à China,
“russo”= adjetivo referente à Rússia, “japonês”; como vimos todas as palavras são ad-
jetivos, portanto, conforme a regra, somente o último termo vai para o plural, como:

Acordos sino-luso-japoneses

Se nas palavras dos Adjetivos Compostos, o segundo elemento for um substantivo,


ele ficará invariável. Exemplos:

• Uniforme verde-oliva tem o plural como:

• Uniformes verde-oliva, assim, conforme a regra o termo (segundo desse


composto) não varia porque é um Substantivo.

Importa destacar que são invariáveis os compostos como: azul-marinho, azul-celes-


te, furta-cor, sem-sal.

• Casaco azul-marinho> casacos-azul-marinho

• Piscina azul-celeste>piscinas azul-celeste

• Esmalte furta-cor>esmaltes furta-cor

• Histórias sem-sal> histórias sem-sal.

Grau do Adjetivo
Neste espaço, leitor (a) falaremos sobre a flexão de grau dos Adjetivos, que expres-
sa a intensidade maior ou menor com que o Adjetivo caracteriza o Substantivo. Este
grau ou flexão pode ser realizado de modo sintético e analítico.
Sintético é formado pelo auxílio de intensificadores como “dificílimo” (sufixo –
imo), barcaça (sufixo-aça)
Analítico faz-se com o auxílio de palavras que designam intensificação como:
muito inteligente.
Sobre o grau dos Adjetivos, podemos falar em grau Comparativo e
Superlativo. No grau comparativo compara-se qualidades entre dois ou mais
seres. Assim, esse grau pode ser:
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 15

• Igualdade como em Maria é tão inteligente quanto João.

• Superioridade como em Maria é mais alta que João.

• Inferioridade como em a prata é menos valiosa que o ouro.

O grau Superlativo indica uma característica atribuída em máxima intensidade ao


substantivo e classificam-se em absoluto e relativo.
No grau Superlativo Absoluto a superioridade de um ser é ressaltada sem
nenhuma relação com outros seres. Pode ser Analítico e Sintético.
Analítico: o adjetivo é modificado por um advérbio. Veja:

Eu sou muito feliz Sou extremamente feliz

Adverbio + adjetivo Adverbio + adjetivo

Sintético: o adjetivo é acrescido de um sufixo. Observe:

Este curso de Português é utilíssimo.

sufixo

Vamos analisar, abaixo o Adjetivo Superlativo Relativo. Esse adjetivo considera a


qualidade em relação a de outro ser e apresenta-se sempre na forma analítica. Pode
ser de Superioridade e Inferioridade.

• Superioridade: expressa a qualidade em seu grau inferior mais intenso, como:

Já está disponível o mais novo livro de Walcyr Carrasco.

• Inferioridade: expressa a qualidade em seu grau inferior mais intenso,


como monstra este exemplo:

Ela era a menos estudiosa da turma.

Leitor (a), chegamos ao fim do conteúdo sobre os Adjetivos. Na sequência, fala-


remos sobre os Pronomes.
PRONOMES
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 17

Olá! Neste tópico vamos falar sobre apresentação entre pessoas (falantes da língua por-
tuguesa brasileira). Para iniciar este estudo, leia este diálogo entre Machado e Anaya:

Machado: -Oi/Olá! Meu nome é


Machado de Assis.
Anaya: -Oi/Olá! Eu sou Anaya Augustine.
Machado: -De onde você é, Anaya?
Anaya: -Eu sou de Moçambique e você,
é brasileiro?
Machado: -Sim, eu sou do Paraná.
Anaya: -Onde você vive? Vive em Curitiba?
Machado: -Não, eu vivo em Maringá.
Machado: -Você mora com sua família?
Anaya: -Sim, moro com meus pais,
em Maringá.

Leitor (a), observe que no diálogo acima, há palavras destacadas como: “Meu”, “eu”, “você”,
“meus”, “sua”. Na língua portuguesa brasileira, chamamos essas palavras de pronomes.
Observe que, neste diálogo, há três pessoas, como: “Machado de Assis” (quem fala),
“Anaya” (com quem “Machado” fala) e uma terceira pessoa (sobre quem “Machado” e
“Anaya” falam, no contexto do diálogo, são os pais de Anaya). Para ajudar-te na com-
preensão desses pronomes, responda às perguntas do quadro 1.

Quadro 1- Compreensão do texto


a. Como se chama o homem?
b. Machado é paranaense?
c. De onde é Anaya?
d. Onde vive Machado?

Fonte: as autoras.

Você deve ter observado que, para responder de forma completa às perguntas do
quadro 1, você precisou usar pronomes para substituir nomes como: “homem” e
“Machado” por (Ele) e “Anaya” por (Ela). Essa substituição é necessária para evitar repe-
tição de algum nome como o substantivo “homem”, “Machado” pelo pronome (Ele).
Você precisou, também, usar o pronome (Ela) para substituir o nome “Anaya”. Os pro-
nomes (Ele), (Ela) servem para situar as pessoas no discurso. Dessa forma, temos três
pessoas no discurso:
18 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

• Primeira pessoa: aquele que fala (singular eu; plurais nós).

• Segunda pessoa: aquele com quem se fala (singular tu, você; plural nós).

• Terceira pessoa: aquele de quem se fala (singular ele, ela; plural: eles, elas)

1. Como dizer e perguntar o nome de alguém em português.

a. Qual é o seu nome?

b. Me chamo Machado.

2. Origem/ nacionalidade

a. De onde você é?

b. Eu sou do Brasil.

3. Lugar de residência

a. Onde você vive?

b. Eu vivo em Maringá.

Quadro 2- Pronomes pessoais-gênero


Masculino Feminino
Ele é... Ela é...
Basileiro Mocçambicana

Fonte: as autoras.

Como você deve ter observado, leitor (a), os pronomes exercem uma função, a qual
irá classificá-los em pessoais do caso reto, pessoais do caso oblíquo, pessoais de tra-
tamento; possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Veja!

Quadro 3- tipos de pronomes


Pessoal: Substitui uma das pessoas do discurso.
Possessivo: Indica que algo pertence a uma das pessoas do discurso.
Refere-se ao substantivo, indicando, por exemplo, posição no
Demonstrativo:
espaço.
Indefinido: Refere-se à 3ª pessoa gramatical, de maneira indeterminada.
Refere-se à 3ª pessoa gramatical; é um pronome indefinido, com
Interrogativo:
sentido de interrogação.
Relativo: Refere-se a uma palavra já citada, introduzindo nova oração.

Fonte: adaptado de Mesquita 2009, p. 260-261.


Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 19

Vamos estudar cada um desses pronomes? Iniciaremos este estudo pelos pronomes
pessoais do caso reto e do caso oblíquo. Veja este quadro.

Quadro 4 – Pronomes pessoais dos casos reto e oblíquos


Número Pessoa Caso Reto Caso Oblíquo Átonos Caso Oblíquos Tônicos
1ª eu me mim, comigo
Singular 2ª tu te Ti, contigo
3ª ele, ela se/o, a, lhe si, consigo/ele, ela
1ª nós nos nós, conosco
Plural 2ª vós vos vós, convosco
3ª eles, elas se/os, as lhes si, consigo/eles, elas

Fonte: as autoras.

Leitor (a), pela ilustração do quadro 4, você pode observar que a divisão dos prono-
mes pessoais é baseada na função que eles exercem na frase. Veja estes exemplos:

Minerva quebrou o vaso.

ser que pratica objeto que sofreu a ação=


a ação = sujeito complemento do verbo quebrar

Substituindo-se os substantivos por pronomes, temos:


Ela quebrou-o.

pronome pessoal pronome pessoal do caso


reto = sujeito oblíquo = complemento do verbo

Pelos exemplos, leitor (a), podemos compreender que o pronome pessoal do caso
reto desempenha a função de sujeito da oração e o pronome pessoal do caso oblíquo
desempenha a função de complemento do verbo.
Vamos praticar para ficar mais clara a característica e função dos pronomes pes-
soais? Observe que os pronomes estão em destaque nas orações.
É importante que fique claro para você, falante de uma língua estrangeira, que
os pronomes pessoais do caso reto, sempre, substituem as pessoas gramaticais e,
por essa razão, são denominados de pronomes substantivos. Os pronomes do caso
oblíquo são átonos, quando empregados sem preposição, quando empregados
com preposição, são tônicos. Vamos refletir sobre alguns empregos dos pronomes
pessoais tanto do caso reto, como oblíquo?
20 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

1. Pense! Qual é a forma correta, eu ou mim?

Para a Gramática Normativa Brasileira, os pronomes pessoais eu e tu (somente eles)


exercem a função de sujeito na oração, pois essas formas não podem ser regidas de
preposição. Dessa forma, empregamos as formas oblíquas mim e ti. Observe:

Ela chegou até mim e abraçou-me carinhosamente.

Sujeito Verbo Preposição Pronome oblíquo átono

Eu trouxe o livro para ti.

Sujeito Verbo Complemento Preposição Pronome oblíquo


do verbo trazer átono

saiba mais
Os gramáticos Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português
Contemporâneo explicam que, em algumas regiões do Brasil, o emprego da
forma tu -pronome de tratamento de segunda pessoa- limita-se a algumas
regiões do Sul do País e alguns pontos da Região Norte. E nas demais regiões
do país, esse pronome pessoal está sendo substituído pela forma você
(falado com pessoas do grupo familiar ou de amizades). Além disso, essa
forma também é empregada como tratamento entre pessoas de igual para
igual ou de superior para superior.
Fonte: as autoras.

Os gramáticos Cereja e Magalhães na obra Gramática Reflexiva explicam que para a


norma padrão os pronomes oblíquos si e consigo são empregados apenas como
pronomes reflexivos na 3ª pessoa. Veja:

Deslumbrado pela vaidade Narciso só enxergava a si mesmo.

Discretamente, ele guardou os comentários caluniosos consigo.

Os professores Cereja e Magalhães (2013) na obra Gramática Reflexiva esclarecem


que as formas compostas dos pronomes oblíquos: comigo, contigo, conosco,
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 21

convosco, que já trazem incorporadas a preposição com são empregados normal-


mente na função de complementos na oração como ilustra este exemplo:

“Comigo vai tudo azul


Contigo vai tudo em paz.”
(Caetano Veloso)

2. As formas o, a, os, as exercem a função de objeto direto, como mostra este


exemplo:

Alice encontrou Chapeleiro na hora do chá.

Suj. Verbo complemento do


verbo encontrar

Alice encontrou-o na hora do chá.

Suj. Verbo pronome na função


de objeto direto

3. A formas lo, la, los, las substituem os pronomes o, a, os, as, respectiva-
mente, quando eles ocorrem, na oração, depois dos verbos terminados em
r, s, z. Observe:

“Eu experimentava uma estranha espécie de prazer ao vê-lo com aquela cara[...]”
(Antônio Tavares)

Verbo ver + o

4. As formas no, na, nos, nas, também, substituem os pronomes o, a, os, as,
quando eles ocorrem depois dos verbos terminados em ditongos nasais
como am, em, ão, õe. Veja:

“E os meninos vermelhos e risonhos amassavam-na com as mãos [...]”


(Cecília Meireles)

Verbo terminado Pronome oblíquo


em ditongo nasal
22 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

5. Os pronomes ele, ela, eles, elas exercerão a função de oblíquos ao se con-


traírem com as preposições de ou em. Veja:

A obra Alice no país das maravilhas é um clássico da literatura universal. O autor


dela é Charles Lutwidge Dodgson, conhecido pelo pseudônimo Lewis Carroll.

(de + ela = obra)

Selecionamos para você algumas contrações possíveis:

Quadro 5- Contração dos pronomes com as preposições de e em


de + ele= dele
de + ela= dela
de + eles = deles
de + elas = delas
em + ele= nele
em + ela= nela
em + eles= neles
em + elas= nelas

Fonte: as autoras.
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 23

Pronome pessoal de tratamento


Anaya: - Por aqui, senhor Machado? Como
o senhor está?
Machado de Assis: - Olá, senhorita Anaya!
Estou bem, obrigada. Sou professor nessa
Instituição.
Anaya: - Que bom revê-lo. Até mais, professor!
Machado de Assis: -Até mais!

Leitor (a), no diálogo acima, você pode observar que foram empregados pronomes de
tratamento. Esse tipo de pronome, também, é pessoal, uma vez que eles se referem
às pessoas com quem se fala. São empregados para substituir outros pronomes pes-
soais quando a situação de comunicação exigir mais formalidade ou quando há a
necessidade de demonstrar mais respeito, como no emprego das formas senhor,
senhorita que denota que aquele que fala deseja demonstrar respeito, cerimônia
com quem se fala.
A forma você é utilizada para contextos entre pessoas da família e amigos, ou
seja, essa forma é utilizada para demonstrar intimidade e ou proximidade com quem
se fala. No quadro 6, fizemos uma seleção de pronomes de tratamentos emprega-
dos no português brasileiro. Veja:

Quadro 6- Formas de tratamento


Tratamento Abreviatura Usado para
Pessoas com quem temos intimidade e ou
Você v.
proximidade.
Vossa alteza V.A. Príncipes e duques.
Vossa Eminência V. Em.ª Cardeais.
Altas autoridades do governo e das forças
Vossa Excelência V. Ex.ª
armadas.
Vossa Magnificência V. Mag.ª. Reitores de universidades.
Vossa Santidade V. S. Papa.
Funcionários públicos graduados, oficiais (até
Vossa Senhoria V. Sª.
coronel) e pessoas de cerimônia.
Geralmente pessoas mais velhas que nós ou
quem queremos tratar com distanciamento e
Senhor, senhora Sr., sra.
respeito; a forma senhorita (está em desuso) é
empregada para moças solteiras.
Professor/professora Prof./prof.ª Professores/professoras
24 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Tratamento Abreviatura Usado para


Para quem tem doutorado e para médicos,
Doutor/doutora Dr./Drª
advogados.
Vossa meritíssima Por extenso Juízes/juízas

Fonte: adaptado de Cereja e Magalhães, 2013, p. 148

É importante destacar para você, leitor (a), que os pronomes de tratamento Vossa,
Vossas e Sua são grafados sempre com letra maiúscula e com o verbo e pronome,
que eles se referirem, na terceira pessoa. Observe:
Acreditamos que Vossa Excelência esteja equivocada.
Os pronomes de tratamento Vossa, Vossas e Sua, Suas apresentam outra par-
ticularidade. Veja:

• Quando se fala com a pessoa, a forma empregada é Vossa (segunda pessoa).

Pedimos de Vossa Senhoria, compaixão.

• Quando se fala da pessoa, a forma empregada é Sua (terceira pessoa)

Sua Santidade, atendeu a ao nosso pedido. (terceira pessoa)

Pronomes Possessivos
Caro (a) leitor (a), neste tópico falaremos sobre os pronomes possessivos. Para ini-
ciarmos, observe esta imagem:
Leitor (a), você deve ter obser-
vado que na imagem acima a frase:
“Conheça o nosso mascote Edu! ”, a
palavra “Nosso” refere-se à palavra
“mascote”. Essa palavra indica que algo
pertence a alguém, ou seja, indica
uma ideia de posse e concorda com
a coisa possuída e, também, com o
possuidor que, no caso da imagem é
a Unicesumar. A essa palavra e outras,
a gramática da língua portuguesa
Fonte: Imagem disponível em< https://www.insta-
chama de pronome possessivo, gram.com/p/ByKzq0kplwS/> Acesso em 01, set, 2019.
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 25

como explicam os autores Cereja e Magalhães: “Pronomes possessivos são aqueles


que indicam posse em relação às três pessoas do discurso. ” (Cereja e Magalhães,
2013, p. 149, grifo do texto original)
Normalmente, os pronomes possessivos acompanham os substantivos, por
essa razão, são chamados de pronomes possessivos adjetivos e quando os
pronomes possessivos substituem substantivos são chamados de pronomes
possessivos substantivos.
Vamos considerar a frase abaixo para entender um pouco mais sobre esse conceito.

“As suas vidas estão nas minhas mãos, mas a minha não está nas suas.“
(Adaptada de Cereja e Mesquita, 2013, p. 149)

Pron. Posses. Adjetivo Pron. Posses. Substantivo

Note, leitor (a), que na frase extraída da tirinha de Calvin e Haroldo o pronome posses-
sivo “suas” refere-se a vidas e “minhas” e o possessivo “minha” refere-se a “mãos”,
observe que esses possessivos acompanham os substantivos “vidas” e “mãos”, por
isso, são chamados de pronomes possessivos adjetivos, indicando uma ideia
de posse e os possessivos “minha” e “suas” estão substituindo os nomes: “vida” e
“mãos”, por esse motivo, são possessivos substantivos. Veja no quadro 7 os prono-
mes possessivos que separamos para você estudar um pouco mais.

Quadro 7 –Pronomes Possessivos


Número Pessoa Pronomes Possessivos

1ª Meu, minha, meus, minhas


Singular 2ª Teu, tua, teus, tuas
3ª Seu, sua, seus, suas

1ª Nosso, nossa, nossos, nossas


Plural 2ª
Vosso, vossa, vossos, vossas

Seu, sua, seus, suas
Fonte: as autoras.
26 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Pronome Demonstrativo
Apresentação a alguns amigos...
Maria: -Olá, Anaya! Quero te apre-
sentar estes amigos! -Este é João.
Ele é estudante de Fonoaudiologia.
João é meu colega de turma aqui
na universidade.
Anaya: -Olá, João! Como vai?
João: -Estou bem e você,
como está?
Anaya: -Estou bem.
Maria: -Esta é Paola. Ela é da
Venezuela. Paola trabalha em um shopping e estuda Modas.
Maria: -Aquele é Miguel. Ele, também, é venezuelano e está cursando Gastronomia.
Anaya: -Olá, pessoal! Que bom conhecê-los. Sou moçambicana.
Miguel: -Vamos combinar algo para este fim de semana? …

Caro leitor, neste tópico vamos estudar sobre os pronomes demonstrativos que
são os nomes em destaque no diálogo acima. Os pronomes demonstrativos indicam
a posição de determinado ser no espaço, no tempo e no texto. Repare:

• No espaço- indicam a uma das três pessoas do discurso;

• No tempo – mostram se o tempo é presente, passado, futuro;

• No texto – marcam se algo foi ou será dito.

No quadro, abaixo, veja os pronomes demonstrativos.

Quadro 8-Pronomes demonstrativos


Pessoa Forma Variável em Gênero e número Forma Invariável
1ª este, esta, estas isto
2ª esse, essa, esses, essas isso
3ª aquele, aquela, aqueles, aquelas aquilo

Fonte: as autoras.
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 27

Note, leitor (a) que os pronomes demonstrativos apresentam variação de gênero (mas-
culino/feminino, como este e esta) e número (singular e plural, como estes e estas).
Leitor (a), vamos refletir sobre os empregos dos pronomes demonstrativos?
Acompanhe-nos! Vamos começar pelo pronome demonstrativo com relação
ao espaço. Veja:
Este, esta e isto: indicam que o ser a que se referem está próximo da pessoa que
fala (1ª pessoa), exemplo:

Imagem disponível em< https://cultura.estadao.com.br/quadrinhos/bob-thaves,frank-e-er-


nest,711409> Acesso em: 07 de set. 2019.

O pronome demonstrativo de 1ª pessoa como este, esta, isto deve ser emprega-
do da forma que ilustra a tira, com referência a algo que está próximo de quem fala
(do ponto de vista espacial).
Os pronomes: esse, essa, isso indicam que o ser a que se referem está próximo
da 2ª pessoa (aquela com se fala). Observe este exemplo:

Imagem disponível em< https://cultura.estadao.com.br/quadrinhos/bob-thaves,frank-e-er-


nest,995760> Acesso em: 07, set. 2019.

Repare, leitor (a), que a letra “F” (personagem da tira) á aquele que fala (1ª pessoa) e
a letra “E” é aquele com quem a letra “F” está falando e as letras, os sinais apostrofe
28 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

e a letra “S” são as pessoas de quem se falam e, para se referirem a essas formas,
o locutor (1ª pessoa) empregou o pronome “esse”, pois ele está próximo da 2ª
pessoa (interlocutor).
Aquele, aquela, aquilo indicam que o ser a que se referem está próximo da 3ª
pessoa (a respeito de quem se fala) ou distante de todas elas. Repare:

Imagem disponível em: http://www.clubedotaro.com.br/site/r66_0_numerologia.asp> Acesso


em 08, set. 2019.

Observe, leitor (a) que o pronome sinalizado acima na tira está distante das pessoas
do discurso, como: o número 6 (1ª pessoa) e o número 8 (2ª pessoa), conforme pres-
creve a norma gramatica da língua portuguesa.
Caro (a) leitor (a), agora vamos refletir sobre o emprego dos pronomes com relação
ao tempo. Vimos que os pronomes fazem referência ao tempo passado, ao tempo
presente e ao tempo futuro. Vejamos, este, esta, isto indicam um tempo presen-
te em relação ao momento da fala. Veja este exemplo:

• Este momento é inesquecível.

• Esta é inesquecível.

• Isto é inesquecível.

Vejamos agora alguns exemplos com os demonstrativos: esse, essa e isso, os quais
indicam um tempo relativamente próximo em relação ao momento da fala, como em:

• Esse momento foi inesquecível.

• Essa noite foi inesquecível.

• Isso foi inesquecível.

Os pronomes aquele, aquela, aquilo indicam um tempo distante em relação ao


momento da fala. Observe:
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 29

• Aquele tempo não volta.

• Aquela noite não volta.

• Aquilo que aconteceu, não volta mais.

Leitor (a), para finalizar o estudo sobre os pronomes demonstrativos, falaremos


sobre os pronomes que fazem referência ao texto. Assim, temos esse, essa e isso
que se referem a algo que já foi expresso/ mencionado no texto, como em:

“[...]- Não vai adiantar nada - admitiu o


homem do lampião. – O que mais gosto
de fazer na vida é dormir.
-Então, não há solução-lamentou o
pequeno príncipe.
- Não há o que fazer. Bom dia!
E apagou o lampião.
“Esse sujeito” – pensou o pequeno príncipe
ao continuar sua viagem- “seria despreza-
do por todos que conheci: o rei, o vaidoso, o
bêbado e o homem de negócios.”
(SAINT-EXUPÉRY. O pequeno príncipe,
2015, p. 73.)

Note leitor, leitora, que o demonstrativo “esse” em destaque no texto faz referência
a algo que já foi expresso no texto do excerto do livro O pequeno príncipe. Esse de-
monstrativo retoma a expressão “o homem do lampião”.
O demonstrativo “isso”, com relação ao texto, também cumpre a função de fazer
a retomada de algum termo ou expressão já mencionado no texto, vejamos este
excerto extraído também da obra O Pequeno príncipe:

[…]Ele me observava segurar o martelo,


com os dedos sujos de graxa, debruçado
sobre uma peça que lhe parecia muito feia.
- Você reage como os adultos!
Ouvir isso me deixou envergonhado. […]
(SAINT-EXUPÉRY. O pequeno príncipe,
2015, p. 37-38)
30 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Note leitor (a) que o demonstrativo “isso” refere-se à expressão “Você reage como os
adultos”, já dita anteriormente do texto. Agora vejamos um exemplo com o demons-
trativo “essa”:

“[…] Estávamos no oitavo dia de minha


pane no deserto, e ao escutar a história
de vendedor de água, bebi a última gota
de minha provisão de água:
– Ah- falei ao pequeno príncipe-, são muito
interessantes essas suas recordações,
porém, ainda não consertei meu avião,
estou sem água para beber, e eu também
ficaria muito feliz se pudesse me dirigir
tranquilamente a uma fonte de água. ”
(SAINT-EXUPÉRY. O pequeno príncipe,
2015, p. 106)

Observe, leitor (a), que o demonstrativo destacado no excerto da história de Saint-


Exupéry também cumpre a função de retomar algo já mencionado anteriormente,
que no caso do excerto acima, faz uma referência às viagens de Pequeno príncipe.

reflita
Leitor (a), você já se perguntou que forma de pronome devemos empregar
em nossas comunicações? Tu ou você?
Fonte: as autoras.

Pronome Indefinido
Aluno(a) leitor(a), para dar continuidade aos nossos estudos sobre os pronomes,
vamos ler esta situação:
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 31

Anaya: - Olá! Alguém sabe se todos


estão sabendo do nosso encontro
aqui na Catedaral?
Paola: - Sim, Anaya! Avisei a todos da
turma pelo WhatsApp.
Anaya: Está bem, Paola. Então, vamos
aguardar para ver quem chega primeiro.

Aluno (a), observe que existem algumas palavras destacadas no diálogo acima como:
“ Alguém”, “todos”, “quem“. A essas palavras a gramática do português brasileiro chama
de pronomes indefinidos, pois elas fazem referência à terceira pessoa do discurso de
forma imprecisa, de forma vaga. Veja no quadro abaixo alguns pronomes indefinidos.

Quadro 9- Pronomes indefinidos


Formas variáveis Formas invariáveis
Alguma, alguma, alguns, algumas Alguém
Nenhum, nenhuma, nenhum, nenhuns, nenhumas Algo
Certo, certa, certos, certas Ninguém
Muito, muita, muitos, muitas Nada
Outro, outra, outros, outras Tudo
Pouco, pouca, poucos, poucas Cada
Quanto, quanta, quantos, quantas Outrem
Tanto, tanta, tantos, tantas Quem
Todo, toda, todos, todas
Vários, várias
Qualquer, quaisquer
Fonte: as autoras.

Leitor (a), vamos refletir sobre algumas situações de uso dos pronomes indefinidos?
Vamos começar pelos pronomes indefinidos invariáveis (aqueles que não apresentam
variação de gênero e números-plural, como: alguém, algo, ninguém, nada, outrem,
quem que são sempre substantivos. Veja:

Alguém pode me explicar o que está acontecendo?


32 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Dentre esses pronomes invariáveis, o “cada” só pode ser empregado com um subs-
tantivo, caracterizando-se como um pronome indefinido adjetivo. Como:

“Chega mais perto e contempla as palavras cada uma tem mil faces secretas
sob a face neutra. ” (Carlos Drummond de Andrade)

O gramático Mesquita (2009) explica que o pronome tudo, geralmente, é pronome


substantivo e que será pronome adjetivo em expressões como: tudo isso, tudo
isto, tudo aquilo, tudo o que. Repare estes exemplos:

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. ” (Euclides da Cunha)

Pronome substantivo

Na frase abaixo o pronome indefinido “tudo” está junto com outro pronome, por essa
razão, caracteriza-se como uma expressão marcando o sentido de um pronome in-
definido adjetivo, como em:

“[…] Tudo isso eu me dizia, quando alguém me chamou.” (Guilherme de


Almeida)

Pronome indefinido adjetivo

Ainda segundo o gramático Mesquita (2009) os pronomes indefinidos como Algum,


Nenhum, Certo/Qualquer, Todo/toda, Tudo e suas flexões podem ser pronomes
substantivos e ou pronomes adjetivos. Observe:

Todos se dedicaram para a realização da prova.

Pronome substantivo, uma vez que exerce a função de sujeito na frase.

“Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã [...]”
(Chico Buarque)

Pronome adjetivo, visto que esse termo acompanha o substantivo “dia”.


Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 33

Algum/Nenhum

Quando o indefinido Algum, na frase, é anteposto ao substantivo, tem sentido po-


sitivo, veja:

“Alguma coisa acontece no meu coração que só quando cruzo a Ipiranga com a
avenida São João[…]” (Caetano Veloso)

O gramático Mesquita (2009) explica-nos que o indefinido “Nenhum”, equivale


à forma negativa de “Algum”. Observe:

Não tenho tempo algum.


Ou
Não tenho tempo nenhum.

Nos indefinidos Certo / Qualquer, Mesquita (2009) esclarece que esses pronomes
têm sentidos opostos e ambos devem ser acompanhados de substantivos, como:

a. Certas coisas precisam de esclarecimentos entre nós

Note, aluno (a), que nesta frase “a” o indefinido “Certas” está particularizando o subs-
tantivo “coisas”, mas sem, contudo, identificá-lo, porque não se sabe que coisas são.
Já em:

b. Quaisquer coisas precisam ser ditas entre nós

Neste exemplo “b” há a ausência de particularização, logo qualquer coisa pode ser
dita entre as pessoas da frase.

Todo/Toda

Para Mesquita (2009) o pronome indefinido “Todo/Toda”, quando no singular, desa-


companhados de artigos, têm significado de “qualquer”, Vejamos:

“Toda criança chora. ” (Mesquita, 2009, p. 306)

= qualquer
34 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

“Hora de dormir todo menino dorme. Mesmo sem sono? Dorme sem pensar.”
(Carlos Drummond de Andrade)

= qualquer
O gramático Mesquita (2009) explica, também que, quando o indefinido “todo/toda”
está acompanhado de artigos, têm sentido de “inteiro”. Repare neste exemplo

Ela estudou todo o dia.

= dia inteiro

Quando os indefinidos todo/toda, em suas formas plurais, seguidos de artigo, cumprem


a função de indicar a totalidade dos seres. Veja este exemplo:

“Tudo o que vês, todos os sacrifícios, todas as agonias, todas as revoltas,


todos os martírios são formas errantes da liberdade. ” (Graça Aranha)

Tudo

Normalmente, nas frases o indefinido “Tudo” refere-se a coisas. Veja:

“Sei que canto e a canção é tudo. (Cecília Meireles)

Leitor (a), o gramático Mesquita (2009) explica que, quando um pronome indefinido
é substituído por um grupo de palavras de sentido indefinido, temos, nesse caso, as
denominadas locuções pronominais indefinidas. No quadro 10 separamos algumas
locuções pronominais indefinidas para você estudar mais.

Quadro 10- Locuções pronominais indefinidas


Cada qual Seja quem for
Cada um Todo aquele que
Qualquer um Tal qual
Quem quer que Tal e qual
Seja qual for Um e outro
Fonte: adaptado de Mesquita, 2009, p. 306.
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 35

Para que fique bem claro o sentido das locuções pronominais indefinidas, aluno (a),
veja alguns exemplos que selecionamos para você:

a. Cada qual tem seu livro de estudo.

b. Quem quer que seja o contemplado, será feliz com o prêmio.

c. Seja quem for o vencedor, receberá o comunicado.

d. Qualquer um poderá sair durante a prova.

Pronomes Interrogativos
Leitor (a), agora vamos refletir sobre os pronomes Interrogativos. Para isso, leia este diálogo:

Anaya: -Olá, turma! Quem vai à praia nestas


férias?
Miguel: -Seria legal se fôssemos juntos...
Paola: -Sim, legal! Vamos?
João: -Quem concorda?
Maria: - Qual é o valor aproximado dessa
viagem à praia?
Turma: -Vamos fazer o orçamento...

Leitor (a), observe que no diálogo acima têm palavras destacadas como: “Quem” e
“Qual”. A essas palavras a gramática do português brasileiro denomina de Pronomes
Interrogativos, porque são empregados para fazer perguntas diretas e indiretas e
somente são interrogativos em frases interrogativas, pois, em outros contextos, podem
assumir funções diferentes. No quadro abaixo, selecionamos alguns exemplos para
que você estude um pouco mais sobre os pronomes interrogativos. Repare:

Quadro 11- Pronomes Interrogativos


Variáveis Invariáveis
Qual, quais que
Quanto, quanta, quantos, quantas quem
Fonte: as autoras.
36 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

O gramático Mesquita (2009) esclarece que o pronome interrogativo “que” pode ser
um pronome interrogativo substantivo ou um pronome interrogativo adje-
tivo. Sobre esses significados, vejamos estes exemplos:

Que há de novidade nos cinemas?

Pronome substantivo, pois, na frase tem a função de sujeito. Já em:

Que presente você ganhou de aniversário?

Pronome interrogativo adjetivo porque Substantivo


acompanha o substantivo “presente”.

Vejamos algumas situações de uso dos pronomes interrogativos:

• Quem poderia me levar até o aeroporto? (Frase interrogativa direta)

• Queria saber quem poderia me levar até o aeroporto. (Frase inter-


rogativa indireta)

• Qual é o valor deste livro? (Frase interrogativa direta)

• Gostaria de saber qual é o valor deste livro. (Frase interrogativa indireta)

• Quanto vocês gastaram na festa de casamento? (Frase interrogativa direta)

• Gostaria de saber quantos vocês gastaram na festa de casamento. (Frase


interrogativa indireta)

Pronomes relativos
Leitor (a), vamos refletir sobre os pronomes
relativos. Para isso, leia este diálogo:

Professor Machado: -Olá, pessoal! Vamos fazer


a “brincadeira” do amigo secreto?
Miguel: -Professor, poderia, por favor, nos ex-
plicar como funciona essa brincadeira?
Professor Machado: -Claro! Vamos lá! O amigo
Língua Portuguesa para Estrangeiros e Refugiados 37

secreto consiste em uma comemoração entre amigos, os quais trocam presentes como
forma de confraternização, é um momento de alegria.
Paola: -Professor, em que lugar o Amigo secreto pode acontecer?
Professor: -Pessoal, normalmente, os lugares escolhidos para a realização da confra-
ternização são variados, como restaurantes, lanchonetes, cafés, praças, onde será
realizada a troca de presentes, acompanhado de comida e bebida.
Turma! -Que legal! Vamos fazer o amigo secreto sim!

Os nomes em destaque no diálogo acima, leitor (a), são denominados pela Gramática
do Português Brasileiro de Pronomes Relativos. Observe o quadro 12, com exem-
plos dos pronomes relativos:

Quadro 12 – Pronomes Relativos


Variáveis Invariáveis
O qual, a qual, os quais, as quais, Que
Cujo, cuja, cujos, cujas Quem
Quanto, quanta, quantos, quantas, quantas Onde
Fonte: as autoras.

O gramático Melo Mesquita (2014) explica que em português brasileiro o pronome


relativo refere-se a um termo já mencionado no contexto e, simultaneamente, inicia
uma oração que se relaciona com a anterior. Repare neste exemplo:

Este é o livro que eu recomendo.

Note, leitor (a) que o termo “que” é um pronome relativo porque refere-se ao nome
livro e, ao mesmo tempo, introduz a oração “[…] eu recomendo. ”
Para que você estude um pouco mais os pronomes relativos, vamos refletir sobre
estes exemplos:
Melo Mesquita (2014) explica que o pronome relativo “Que” é o mais usado/em-
pregado e refere-se a coisas e pessoas. Veja:

Que

a. Os alunos que foram aprovados, compareceram para a colação de grau.

Neste exemplo, o pronome relativo “que” retoma o antecedente: “alunos”; portanto


refere-se a pessoas.
38 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

b. Os livros que encomendei foram suficientes para todos os alunos.

Note, leitor (a), que, neste exemplo, o pronome relativo “que” retoma o antecedente
“livro”; portanto, referindo-se a coisas.

Quem

O pronome relativo “Quem” refere-se à pessoa ou coisa personificada. Quando tiver antece-
dente marcado (explícito), aparece, sempre, regido de preposição. Observe este exemplo:

Esta é a mulher de quem lhe falei. Nesse exemplo o “quem” refere-se ao termo
“mulher”, ou seja, “pessoas”.

Preposição

“E dar um beijo em cada mão de quem trabalha. ” (Manuel Bandeira)

Preposição

Note, que, neste exemplo, o pronome relativo “quem” retoma o antecedente “mão”,
logo refere-se a coisa personificada.

Onde

A palavra onde será pronome relativo quando couber a substituição pelos prono-
mes “ em que”, no qual, na qual, nos quais, nas quais, como em:

A rua onde moro é bastante tranquila.

Substituindo, teríamos:

A rua em que moro é bastante tranquila.

Os pronomes relativos cujo, cuja, cujos, cujas indicam sempre posse equivalem a do
qual, da qual, dos quais, das quais, de que, de quem, como em:

O café, cujo cheiro recendia na casa, ainda era preparado artesanalmente.

refere-se ao cheiro do café


considerações finais

Caro (a) leitor (a), chegamos ao fim de mais uma unidade! Nosso objetivo nesta unidade IV
foi instrumentalizar lhe, mesmo introdutoriamente, no que diz respeito ao estudo dos qua-
lificadores dos substantivos, ou seja, dos Adjetivos e a natureza pronominal para que você
possa, como leitor, falante de uma língua estrangeira exercitar a sua capacidade de com-
preensão, de análise e reflexão sobre a língua portuguesa brasileira! Assim, preocupamo-nos
em, sempre que o conteúdo nos permitiu, introduzir os estudos por diálogos como elemen-
to motivador para o início do nosso estudo gramatical.
Dessa forma, leitor (a), chegamos ao fim deste estudo sobre os Adjetivos e os Pronomes.
Com isso, você deve ter observado que esses elementos gramaticais exercem função fun-
damental nas interações comunicativas, pois os Adjetivos qualificam os (Substantivos) e os
Pronomes expressam formas sociais de tratamento e substituem, acompanham palavras e
orações já mencionadas nos contextos.
Esperamos que este estudo seja bem produtivo para você falante de outro idioma.
Desejamos-te muito sucesso em suas comunicações com o português brasileiro.
Bons estudos!
Professoras Fabiane Carniel e Fátima Calicchio

39
atividade de estudo

Lendo e praticando

O Mito de Narciso

Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Por ocasião de seu
nascimento, seus pais consultaram o oráculo Tirésias para saber qual seria o destino do menino.
Muitas moças e ninfas apaixonaram-se por Narciso, quando ele chegou à idade adulta.
Porém, o belo jovem não se interessava por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das mais
apaixonadas, não se conformou com a indiferença de Narciso e afastou-se amargura-
da para um lugar deserto, onde definhou até que somente restaram dela os gemidos. As
moças desprezadas pediram aos deuses para vingá-las.
Nêmeses apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma caçada num dia muito
quente, a debruçar-se numa fonte para beber água. Descuidando-se de tudo o mais, ele
permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face refletida e assim morreu.
No próprio Hades ele tentava ver nas águas do Estige as feições pelas quais se apaixonara.
(Cereja e Magalhães. Português: linguagens. Atual Editora, p. 23.)

O texto lido – O mito de Narciso - traz um ensinamento sobre sabedoria, sobre beleza,
sobre amor. Atente-se às palavras em destaque no texto, faça uma reflexão e explique qual
é a função de cada palavra destacada no texto.

40
material complementar

Gramática de bolso do português brasileiro


Autor: Marcos Bagno
Editora: Parábola Editorial

Sinopse: Gramática pedagógica do português brasileiro. O principal


objetivo aqui é oferecer informação imediata e precisa para as pessoas
empenhadas na exigente tarefa da educação linguística. Não há aqui
longas digressões teóricas. A Gramática de bolso do português brasileiro
se concentra diretamente sobre o que se deve ou não se deve ensinar nas aulas de portu-
guês no Brasil neste início de século XXI.

41
referências

CELSO CUNHA & LINDLEY CINTRA. Nova gramática do português contemporâneo. 6ª


ed.-Rio de Janeiro: Lexikon, 2013.

CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES,Thereza Cochar. Gramática Reflexiva: texto, se-
mântica e interação.4 ed. reform.-São Paulo: Atual, 2013.

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa.8ª ed.-São Paulo: Saraiva, 2009.

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa.8ª ed.-São Paulo: Saraiva, 2014.

Saint-Exupéry, Antoine de. O pequeno príncipe. São Paulo: Geração Editorial, 2015.

42
gabarito

Lendo e praticando

O Mito de Narciso

No texto: O Mito de Narciso a palavra “belo” na linha 1 do 1º parágrafo antecede o substan-


tivo “ rapaz” e belo”, novamente, na linha 5, do 2º parágrafo antecede o substantivo “jovem”,
a palavra “deserto” na linha 7 do 2º parágrafo refere-se ao substantivo “lugar”, a palavra “des-
prezadas” na linha 8, também do 2º parágrafo, refere-se ao substantivo “moças”, a palavra “
quente”, na linha 10, ainda no 2º parágrafo refere-se ao substantivo “ dia” e a palavra “ininter-
rupta”, na linha 11, no 3º parágrafo, refere-se ao substantivo “contemplação”. Essas palavras
referem-se a esses substantivos para atribuir a eles uma qualidade ou ainda modificá-los
que é umas características dos adjetivos.

43
MÓDULO I
Gramática e Linguagem na
Língua Portuguesa

Professores
Me. Fabiane Carniel
Me. Fátima Christina Calicchio
DIREÇÃO

Reitor Wilson de Matos Silva


Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria de Design Educacional Débora Leite


Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho
Diretoria de Permanência Leonardo Spaine
Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Zagonel
Projeto Gráfico Sabrina Novaes e Arthur Cantarelli
Editoração Sabrina Novaes

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância; CARNIEL, Fabiane; CALICCHIO, Fátima Christina.

Gramática e Linguagem na Língua Portuguesa.
Fabiane Carniel; Fátima Christina Calicchio;
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2020.
31 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
1. Advérbios. 2. Preposições. 3. Conjunções. 4. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 469.5


CIP - NBR 12899 - AACR/2

As imagens utilizadas neste livro foram


obtidas a partir do site shutterstock.com

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
sumário
04 Advérbios, Preposições,
Conjunções e Interjeições

06 O Advérbio

10 As Preposições

16 Conjunções

22 As Interjeições
UNIDADE V
ADVÉRBIOS, PREPOSIÇÕES, CONJUNÇÕES E INTERJEIÇÕES

Me. Fabiane Carniel


Me. Fátima Christina Calicchio

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Apresentar e caracterizar os Advérbios.
• Apresentar e caracterizar as Preposições.
• Apresentar e caracterizar as Conjunções.
• Apresentar e caracterizar as Interjeições.

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Os advérbios.
• As Preposições.
• As Conjunções.
• As Interjeições.
introdução

Caro (a) leitor (a) falante de uma língua estrangeira, a presente unidade tem o objetivo de
prover-lhe informações, de maneira introdutória, sobre a estrutura e o funcionamento das
classes de palavras como, um estudo sobre os Advérbios, as Preposições, sobre as Conjunções
e um estudo sobre as Interjeições, a fim de conscientizar-lhe acerca do papel que esses ele-
mentos gramaticais desempenham nas comunicações orais e escritas na língua portuguesa
brasileira.
Diante disso, neste material, preocupamo-nos em introduzir os conteúdos mediante um
diálogo curto, a fim de mostrar-lhe o funcionamento da língua portuguesa em situações
efetivas de comunicação. Para isso, empregamos nomes fictícios para denominar os perso-
nagens desses diálogos.
A organização deste material, ou seja, das unidades deste estudo privilegiam a gramática
estruturalista ou Gramática Normativa Brasileira e quando a situação nos permitir abordare-
mos a Gramática Reflexiva de uso da língua.
Esperamos que este estudo possa colaborar para que você-falante de outro idioma-
alcance, desenvolva as suas competências comunicativas e possa apresentar uma melhor
compreensão e melhor uso da Língua Portuguesa brasileira, como faltante dessa língua.
Bons estudos!
Professoras Fabiane e Fátima

5
6 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

O ADVÉRBIO
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 7

Caro (a) leitor (a), iniciaremos os estudos desta unidade V, refletindo sobre a classe
de palavra denominada de Advérbio. Para tanto, leia este texto:

Carlos: -Olá, Joana! Como vai?


Joana: -Olá, Carlos! Estou bem, e você?
Carlos: - Estou bem. O que você vai fazer
no fim de semana, à noite?
Joana: -Não sei... talvez vou descansar,
possivelmente ler...
Joana: - E, você, o que vai fazer?
Carlos: - Vou ao cinema. Vamos? A Paola
e o João também irão!
Joana: -É que estou cansada...
Carlos: - Anima-te, Joana! Vamos nos divertir um pouco!
Joana: - Sim, vamos! Certamente será bom...
Carlos: - Legal! Então, passarei em tua casa, às 20h. Pode ser?
Joana: - Sim, combinado. Até!
Carlos: - Até sábado!

Leitor (a), observe que no diálogo acima as palavras em destaque marcam alguma
circunstância em relação às palavras a que se referem. Por exemplo, o termo “à noite”
refere-se ao fim de semana e marca uma ideia de tempo, ou seja, à noite. A palavra
“talvez” e “possivelmente”, referem-se ao verbo “fazer” e indicam uma dúvida. A palavra
“pouco” refere-se à palavra “divertir”, intensificando-a. E as palavras “Sim” e Certamente”
indicam uma circunstância de afirmação em relação ao termo “diversão”. A essas pa-
lavras que expressam circunstâncias de outras, a Gramática Normativa da Língua
Portuguesa denomina de Advérbios.
Como vimos, leitor (a), os Advérbios expressam circunstâncias ou ideia em relação às palavras
que se referem, por essa razão, eles apresentam algumas classificações. Às vezes, empregare-
mos duas ou mais palavras ou expressões que têm a mesma função que um Advérbio. A essas
construções a Gramática Normativa da Língua Portuguesa chama de Locuções Adverbiais.
Leitor (a), tanto os Advérbios como as Locuções Adverbiais, em razão de ex-
pressarem circunstâncias ou ideias em relação ao nome a que se referem, recebem
classificações. Essas classificações dependem do sentido que essas palavras apre-
sentam. Para que você estude um pouco mais sobre os Advérbios e as Locuções
Adverbiais, observe o quadro abaixo:
8 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Quadro 12 – Advérbios e Locuções Adverbiais


Circunstância Advérbio Locução Adverbial Exemplo:
Às vezes, à tarde, à
Ontem, hoje, amanhã, noite, de manhã, de
agora, depois, logo, repente, de vez em
cedo, tarde, breve, quando, de quando O resultado do
nunca, sempre, jamais,
Tempo em quando, a qual- processo seletivo
outrora, antes, raramen-
te, ainda, diariamente, quer momento, de sairá amanhã.
já, anteriormente, então tempos em tempos,
etc. de súbito, em breve,
hoje em dia etc.
Às pressas, às claras, às
Bem, mal, devagar, de- cegas, à toa, à vontade,
pressa, assim, melhor, às escondidas, aos
pior, somente, rapi- poucos, desse jeito, Às pressas
Modo
damente, e outros desse modo, dessa saímos do cinema.
formados com o sufixo maneira, em geral,
-mente etc. frente a frente, lado a
lado, a pé, em vão etc.
Não permitiram
De modo algum, de
Não, tampouco, absolu- a nossa entrada
Negação jeito nenhum, de
tamente, jamais etc. no cinema após o
forma alguma etc.
início da sessão.
Sim, realmente, certa-
Sem dúvida, de fato, Certamente sai-
mente, deveras, decerto,
Afirmação por certo, com certeza remos no fim de
efetivamente, indubita-
etc. semana.
velmente etc.
Talvez, acaso, quiçá, por-
Talvez sairemos
Dúvida ventura, provavelmente, Que sabe etc.
no fim de semana.
possivelmente, etc.
Aqui, aí, ali, acolá,
A distância, de longe, A sala do cinema
aquém, atrás, dentro,
de perto, em cima, à fica ao lado
Lugar fora, através, perto,
direita, à esquerda, ao direito do
abaixo, acima, adiante,
lado, em volta, de fora. shopping.
longe etc.
Muito, pouco, demais,
mis, menos, quase, Em excesso, de todo,
quanto, tanto tão, de muito, por comple- O filme estava
Intensidade
apenas, demasiada- to, tão só, tão somente muito bom.
mente, completamente, etc.
bastante etc.
Fonte: adaptado de Mesquita (2014)
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 9

Flexão do Advérbio
Mesquita (2013) esclarece que os Advérbios não se flexionam em gênero e número. Observe:

• Há menos pessoas no cinema, pois não existe a palavras “menas”.

• Elas moram longe do shopping, pois não existe a palavra “longes”.

Esse gramático ainda, esclarece, ainda, que os Advérbios apresentam flexão de grau,
classificando-se em graus Comparativo e Superlativo. Observe:

Comparativo
• Superioridade. É representado por palavras e expressões como: mais...
que/do que. Exemplo: Falou mais baixo que/do que o colega.

• Igualdade é representado por meio de palavras e expressões como: tão...


quanto, tão... como, tanto... quanto. Exemplo: Falou tão baixo quanto o colega.

• Inferioridade: é representado por palavras e expressões menos...que/do


que. Exemplo: Falou menos baixo que o colega.

Superlativo
Segundo Mesquita (2013), leitor (a), o Grau Superlativo dos Advérbios classifica-se
em Sintético e Analítico. Veja:

• Sintético é expresso por meio do acréscimo de sufixos como -issimo,


-mente. Exemplos:
a. O expectador entrou lentíssimo na sala de cinema.

b. O expectador entrou lentissimamente na sala de cinema.

• Analítico é expresso por meio de um advérbio de intensidade como “muito”,


“ pouco”, “demais” etc.
Exemplos:
a. Viajaremos por lugares muito longe daqui.

b. Viajaremos por lugares longe demais.

Caro (a) leitor (a) chegamos ao fim de mais um estudo. Esperamos que você tenha
aprendido um pouco mais sobre a classe de palavras como o Advérbio.
AS PREPOSIÇÕES
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 11

Neste tópico vamos falar sobre as Preposições. Para iniciar este estudo, leia este diálogo:

Carla: - Oi, Paula! Tudo bem?


Paula: -Oi! Estou bem, e você?
Carla: -Entre! Venha conhecer meu apar-
tamento novo. Como você vê, ele é
bastante grande... Aqui é a sala, ampla...
Lá encima estão os dormitórios e a suíte.
Embaixo desta escada fiz a casa dos
pets, mas eles gostam de ficar encima
do sofá ou atrás da cortina, das janelas.
Paula: -Que fofos! Adoro gatos! Ah! Adorei
o seu apartamento!
Carla: -Vamos comer alguma coisa? Me ajude a preparar alguns sanduiches naturais.
Paula: - Sim, sim.

Leitor (a), observe que no diálogo acima, há palavras destacadas como: “encima”, “embaixo”
e ‘atrás”, as quais no diálogo têm a função de indicar uma ideia de lugar dos espaços do
apartamento e dos lugares que os gatos (pets) de Carla mais gostam de ficar.
Na Gramática da Língua Portuguesa Brasileira essas palavras são denominadas
de Preposições. Mesquita (2013) explica que Preposição é a palavra invariável que liga
duas outras palavras, realizando entre elas relações de sentido e dependência. Repare:

Os gatos de Carla gostam de ficar entre as cortinas e as janelas.

Note, leitor (a), como o “de” relaciona Os gatos” e “Carla”, indicando uma ideia de posse
e a palavra e a palavra “entre” relacionam as palavras “ficar” e “cortinas e janelas”, esta-
belecendo uma ideia de lugar.

Classificação
A Gramática Normativa do Português Brasileiro classifica as Preposições em essen-
ciais e acidentais.
As Preposições essenciais recebem esse nome porque sempre desempenha-
rão a função de preposição como: a, ante, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por (per), sem, sobre, trás. Observe este exemplo:
12 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Precisam de ti.

A palavra “de”, sempre, exercerá a função de preposição, por essa razão, é denomina-
da de essencial.
As Preposições acidentais recebem esse nome porque funcionam como pre-
posições, mas, também, porque pertencem a outras classes gramaticais. Veja algumas
preposições acidentais que selecionamos para você estudar: afora, conforme, con-
soante, durante exceto, fora, mediante, salvo, segundo etc. Repare este exemplo:

O gato estava salvo no apartamento, pois ele possui telas de proteção nas janelas.

Note, leitor (a), que neste exemplo a palavra “salvo” tem função de adjetivo, mas repare
este outro exemplo:

Salvo o apartamento de Carla, os demais não possuem telas de proteção.

Veja, leitor (a) que neste segundo exemplo a palavra “salvo” tem a função de conjun-
ção, uma preposição acidental.
Quando duas ou mais palavras são empregadas com a função de uma prepo-
sição, constituem uma Locução Prepositiva. Veja estes exemplos que separamos
para você estudar mais: ao lado de, além de, abaixo de, através de, dentro de, a par
de. Você observou, leitor (a) que a Locução Prepositiva, sempre termina com uma
preposição. Selecionamos algumas Locuções Prepositivas no quadro 1.

Quadro 1- Locuções Prepositivas


Abaixo de A despeito de À frente de Ao encontro de
Acerca de À distância de Além de Ao invés de
Acima de Adiante de Antes de A par com
À custa de A fim de À maneira de A par de
Ao lado de D acordo com Diante de Em torno de
Ao longo de Debaixo de Embaixo de Em vez de
Ao modo de De cima de Em cima de Em via de
Apesar de De encontro a Em face de Fora de
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 13

A respeito de Defronte de Em favor de Graças a


Até a Dentro de Em frente de Junto a
Atrás de Depois de Em lugar de Junto com
Através de Devido a Em redor de De junto de
Cerca de De trás de
Fonte: adaptado de Mesquita 2014, p. 442

Combinação e Contração
Quando as preposições a, de, em, por, para, e com ligam-se a outras palavras como
artigos, pronomes ou advérbios, formam Combinações e Contrações.

Combinação
O fenômeno da Combinação ocorre quando não há alteração na estrutura e no
fonema da preposição ao juntar-se a outra palavra. Veja:

Aonde foram os gatos?

Note, leitor (a), que neste exemplo há a preposição (a) + o advérbio (onde), resultan-
do em “aonde” sem alteração da estrutura e fonema da palavra.
Quando algumas preposições se unem a outras palavras, apresentando altera-
ção na estrutura e ou perda de algum elemento fonético, chama-se de Contração.
Observe este exemplo:

A cama dos gatos fica embaixo duma escada.

Note, leitor (a) que a palavra “duma” é a Contração da preposição (de) + o Artigo
indefinido (uma), resultando em alteração fonética e estrutural, uma vez que
ocorreu o apagamento do elemento “e” dessa composição. No quadro 1 selecio-
namos algumas contrações possíveis:
14 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Quadro 2 –Contrações possíveis das Preposições


Preposição Outro elemento Contração
A, as À, às
Aquele, aqueles Àquele, àqueles
A
Aquela, aquelas Àquela, `aquelas
aquilo àquilo
Do, dos
O, os
Da, das
A, as
Dum, duns
Um, uns
Duma, dumas
Uma, umas
Deste, destes
Este, estes
Desta, destas
Esta, estas
Desse, desses
Esse, esses
DE Dessa, dessas
Essa, essas
Disto, disso
Isto, isso
Daquele, daqueles
Aquele, aqueles
Daquela, daquelas
Aquela, aquelas
Daquilo
Aquilo aí, ali, aqui
Daí, dali, daqui
Outro, outros
Doutro, doutros
Outra, outras
Doutra, doutas
O, os, No, nos,
A, as No, nos, na, nas
Um, uns Num, nuns
Uma, umas Numa, numas
Este, estes Neste, nestes
Esta, estas Nesta, nestas
EM
Esse, esses Nesse, nesses
Essa, essas Nessa, nessas
Isto, isso Nisto, nisso
Aquele, aqueles Naquele, naqueles
Aquela, aquelas Naquela, naquelas
Aquilo Naquilo
O, os Pelo, pelos
POR (PER)
A, as Pela, pelas
Fonte: adaptado de Mesquita 2014, p. 444
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 15

Leitor (a), o gramático Mesquita (2013) esclarece que, conforme as relações que as
Preposições estabelecem com outras palavras, várias são os sentidos que elas ex-
pressam. Veja:

Quadro 3- Relações Semânticas das Preposições


Relações Exemplo
Tempo Os alunos farão o curso durante as férias.
Finalidade Os estudantes estudarão para se aperfeiçoarem na língua portuguesa.
Posse Os livros dos estudantes do curso estão na sala de aula.
Alguns alunos do curso correram por medo de se molharem com
Causa
o temporal.
Matéria A capela da Instituição foi construída de pedra antiga.
Origem Os alunos retornaram confiantes da aula.
Os estudantes estrangeiros estão contra o retorno para os seus países
Oposição
de origem.
Direção Professores alunos farão um passeio para o museu da Instituição.
Ausência Aquelas pessoas cumprimentavam sem vontade o governador.
Modo Os imigrantes estão vivendo com tranquilidade naquela cidade.
Estado Uma das ruas de acesso à Instituição está em reforma.
Meio As pessoas, na atualidade, têm o hábito de locomoverem de bicicleta.
Lugar Os estrangeiros já estão em suas casas em segurança.
Companhia Aqueles amigos sairão com seus animais de estimação no fim de semana.
Fonte: autoras
CONJUNÇÕES
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 17

Caro (a) leitor (a), finalizamos os estudos sobre as Preposições e a partir de agora es-
tudaremos sobre as Conjunções. Para tanto, leia este texto:

Lúcia: - Olá, Rose! Tudo bem?


Rose: - Estou bem, e você?
Lúcia: - Estou bem também, obriga-
da! Rose, a Faculdade está com uma
campanha de prevenção ao combate
ao câncer de mama, com palestras,
exames... Vamos participar?
Rose: - Sério! Vamos sim, pois cuidar
da saúde é um gesto de amor à vida.
Lúcia: - Com certeza, amiga! Então, vamos procurar a Unidade Básica de Saúde da
Instituição e saber mais sobre essa campanha.

Leitor (a), observe as frases em destaque no texto! Note que essas palavras são verbos
e esses termos organizam as orações:

a. “[...]cuidar da saúde é um gesto de amor à vida. ”

Verbo Verbo

b. “Vamos procurar uma Unidade Básica de Saúde e saber mais sobre essa
campanha.”
Verbo conjunção Verbo

Repare, leitor (a), que para relacionar as orações no exemplo “a”, tomamos como base
o sentido, mas para relacionar as orações no exemplo “b”, foi empregado a palavra “e”
no início da oração. A essa palavra a Gramática Normativa do Português Brasileiro
classifica como Conjunção.
Conforme explica o gramático Mesquita (2014), para classificar as Conjunções, de-
vem-se levar em conta dois critérios básicos: o tipo e relação que se estabelece entre
as orações e a relação de sentido que há entre elas. Diante disso, leitor (a) podemos
falar de Conjunções Coordenativas e Conjunções Subordinativas.
Quando duas orações são unidas por uma conjunção, estabelecendo uma relação
de igualdade, de equivalência entre elas, de tal maneira que ambas sejam completas
de sentido, podemos falar de Conjunção Coordenativa. Para ficar claro para você
essa relação, veja estes exemplos:
18 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Não temo tempestade nem temo o mar.

1ª oração conjunção 2ª oração

Neste exemplo, leitor (a), temos duas orações estruturadas a partir de dois verbos
como “temo”, ‘temo”, contudo, a organização e o sentido de cada oração não depen-
dem da organização nem do sentido uma da outra. Dizemos que a palavra “nem”
(conjunção) relaciona as orações Coordenando-as.
Agora, leitor (a), repare este outro exemplo:

Temo que a tempestade destrua a lancha.

1ª oração conjunção 2ª oração

Neste segundo exemplo, leitor (a), temos também dois verbos “Temo”, “destrua” por
meio dos quais duas orações foram estruturadas, no entanto, note, que a primeira
oração “Temo” só faz sentido se usarmos a estrutura da segunda oração, como: “ que
a tempestade destrua a lancha”. Dizemos que a palavra “que” (conjunção) relaciona
essas orações Subordinando-as. Portanto, leitor (a), diante dessa reflexão podemos
entender que existem dois tipos de Conjunção: As Coordenativas e as Subordinativas.
Além de relacionar as orações ora coordenando-as, ora subordinando-as, as
Conjunções e Locuções Conjuntivas estabelecem entre elas relações lógico-semânticas.
No quadro 4 separamos as relações lógico-semânticas das Conjunções Coordenadas.

Quadro 4 - relações lógico-semânticas das Conjunções Coordenadas


Tipo/Sentido Conjunções Locuções Conjuntivas Exemplos
Os gatos desceram as
Aditiva: escadas e as crianças
relação de e, nem Não só..., mas também também.
soma Não só estudo, mas
também trabalho.
Os gatos desceram as
Adversativa: mas, porém, escadas, mas as crianças
relação de todavia, entre- No entanto, não os resgataram.
oposição, de tanto, contudo, obstante Os gatos desceram as
contraste senão escadas, no entanto as
crianças os resgataram.
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 19

Tipo/Sentido Conjunções Locuções Conjuntivas Exemplos


Alternativa:
relação de ou, ou...,ora... Ou estudamos ou não
exclusão, de al- ora; quer...quer; passaremos no processo
ternância, de seja...seja seletivo.
escolha
Os alunos estuda-
ram muito, portanto
Conclusiva:
Assim, logo, estão preparados para a
Conclusão a
pois (após Por isso, por avaliação.
partir do que
o verbo), conseguinte Os alunos estuda-
se afirma na
portanto ram muito, por isso
outra oração
estão preparados para a
avaliação.
Que
Explicativa:
(=porque),
Explicação
pois (antes Entre, pois está frio fora
para o que se
do verbo), as sala de aula.
afirma na outra
porque,
oração
porquanto

Fonte: adaptada de Mesquita 2014, p. 461.

Como vimos, leitor (a), as Conjunções Subordinativas ligam duas orações, em que uma
é a principal e a outra é a coordenada. Segundo a Gramática Normativa da Língua
Portuguesa as conjunções subordinadas compreendem dois grupos: as orações in-
tegrantes e as orações adverbiais. As integrantes referem-se às conjunções “que e “se”
para introduzirem as orações que funcionam como sujeito, objeto direto, objeto in-
direto, predicativo, complemento nominal ou aposto da oração principal. Observe:

“Esperamos que todos estudem para a prova.

Oração Conjunção Oração que funciona como


principal objeto direto da oração principal

Observe, leitor (a), que a conjunção “que” está integrando a oração substantiva obje-
tiva direta à oração principal.
O outro grupo refere-se às conjunções que iniciam orações que expressam cir-
cunstâncias adverbiais relacionadas a algum fato expresso na oração principal. Veja:
20 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Quando a chuva parou, voltamos para casa.

Conjunção Oração subordinada oração principal


adverbial temporal
Note, leitor (a), que neste exemplo temos duas orações, porque são estruturadas
por meio de dois verbos: “parou”, “voltamos”. Neste exemplo, dizemos que a conjun-
ção “quando” inicia a oração subordinada para exprimir a circunstância de tempo.
No quadro 5, separamos as conjunções adverbiais para que você compreenda
melhor esse conceito.

Quadro 5- Conjunções subordinativas adverbiais


Tipo/Sentido Conjunções Locuções Conjuntivas Exemplos
Condicional: Se você for ao cinema,
indica uma con- pode me levar?
dição para que Contanto que, desde que,
Se, caso Iremos ao cinema, a
se concretize o amenos que, a não ser que
que se afirma na menos que caia uma
outra oração tempestade.
Choveu porque fazia
Causal: Indica
muito calor.
a causa do que Por que, Uma vez que, já que visto
Visto que você está
se diz na outra que, como que, desde que
doente, não deve sair
oração
de casa.
Concessiva: Ainda que tenha
introduz uma estudado, não com-
Embora, Ainda que, mesmo que,
oposição ao preendeu a teoria.
enquanto apesar de que
que se diz na Embora tenha estudado,
outra oração não foi bem na prova.
Conforme lhe disse,
Conformativa: nada o resultado da ava-
Como, con-
introduz uma liação, sairá na próxima
forme,
ideia de con- De acordo com semana.
consoante,
formidade, de De acordo com a
segundo
acordo Gramática não se usa
crase antes de verbo.
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 21

Tipo/Sentido Conjunções Locuções Conjuntivas Exemplos


Integrante: re-
laciona duas
orações de tal Penso que eles virão.
modo que a Que, se Se eles foram aprovados,
segunda exerce não sabemos ainda.
função de um
substantivo.
Final: expressa Estudamos, porque que-
Porque (=
a finalidade do remos aprender mais.
para que),
que se afirma Para que, a fim de que Estudamos ,a fim de
que (=para
na outra que possamos enten-
que)
oração. der o conteúdo.
Está tão frio, que a água
Consecutiva: Que (depois congelou.
De modo que, de forma
que (depois de de tal, O calor está insuportá-
que, ao passo que,
tal, tanto, tão, tanto, tão, vel, de tal forma que
quanto mais (menos) que
tamanho) tamanho) algumas pessoas estão
passando mal.
Proporcional:
À proporção que, à À medida que lemos
estabelece uma
medida que ao passo mais, melhoramos nossa
relação de pro-
que, quanto mais (menos) visão de mundo.
porcionalidade
Temporal: es- Quando Jorge chegou,
tabelece uma Quando, Logo que, assim que, a aula estava acabando.
relação de mal, apenas, antes que, depois que, Assim que chegamos
tempo entre as enquanto, desde que na sala de aula, caiu
duas orações uma tempestade.

Fonte: adaptado de Mesquita 2014, p. 462.


Leitor (a) chegamos ao fim dos estudos sobre as Conjunções, mas na sequência es-
tudaremos sobre as Interjeições.
AS INTERJEIÇÕES
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 23

Leia este diálogo:

Marina: - Olá, Júlia! Tudo bem


com você?
Júlia: - Oi, Marina! Estou bem,
e você como vai?
Marina: - Estou ótima! Hoje
saiu o resultado do concurso
e fui aprovada!
Carla: - Uhul! Muito bem!
Pre c i s a m o s c o m e m o -
rar, vamos tomar um café,
comer algo?
Marina: - Obrigada! Sim...
Vamos ao shopping.
Júlia: -Boa! Quero experimentar o pão de queijo daquela cafeteria!

Leitor (a), o diálogo acima revela um ambiente de comemoração em relação a uma


conquista de uma das personagens do texto. Essa comemoração é manifestada
por meio de algumas palavras como “Uhul”, “Muito bem”, “Obrigada”, “Boa”. A essas
palavras a Gramática da Língua Portuguesa Brasileira denomina de Interjeições.
Diante dessa observação, podemos entender, leitor (a) que uma Interjeição é a
palavra que expressa emoções, sentimentos, sensações, estados de espírito etc. No
quadro abaixo, relacionamos as interjeições mais comuns, classificando-as, confor-
me o sentimento que expressam.
24 Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados

Quadro 6- Interjeições ou locuções Interjetiva


Classificação Interjeição ou Locução Interjetiva
Ah! Oh! Ui! Hem! Uai! Xi! Caramba! Puxa! Arre! Nossa! Opa!
Admiração ou
Credo! Meus Deus! Nossa Senhora! Puxa vida! Virgem Maria!
espanto
Santo Deus!
Advertência Fogo! Olha! Cuidado! Atenção! Calma! Alerta!
Obrigado! Obrigada! Grato! Grata! Agradecido! Agradecida!
Agradecimento
Valeu! Muito obrigada!
Ajuda, apelo ou
Socorro! Psiu! Alô! Hei! Ô! Ó! Valha-me Deus!
chamamento
Alegria Ah! Oba! Viva! Oh! Eh! Eta! Aleluia!
Alívio Ufa! Uf! Arre! Ah!Oh!
Animação Avante! Eia! Sus! Vamos! Coragem! Força! Ânimo!
Aplauso Bravo! Bis! Parabéns! Apoiado! Ótimo! Viva! Isso! Muito bem!
Concordância Sim! Ótimo! Claro! Pois não!
Desejo Tomara! Oxalá! Pudera! Oh! Queira Deus!
Dor! Ai! Ui! Ah! Oh!
Dúvida,
Qual! Hum! Qual o quê! Pois sim!
incredulidade
Impaciência ou
Hem! Raios! Ora bolas! Droga!
contrariedade
Pena, comiseração ou
Coitado! Oh! Ai! Pobre de mim! Que pena! Triste dele!
lamento
Reprovação ou
Ora! Qual! Francamente! Essa não!
desacordo
Satisfação Upa! Oba! Opa! Boa! Que bom!
Saudação Salve! Oi! Olá Ave! Viva! Adeus! Tchau!
Silêncio Psiu! Silêncio! Basta! Alto! Chega! Psit!
Surpresa! Oi! Ave! Olá! Ah! Ó! Quê!
Terror, medo Credo! Cruzes! Uh! Ui! Barbaridade! Que horror!
Fonte: adaptada de Mesquita 2014, p. 474.
Língua Portuguesa para Imigrantes e Refugiados 25

saiba mais
Interjeições: síntese de emoção
As interjeições permitem expressar, em uma única palavra, estados de espírito
às vezes complexos. Assim, podem ser recurso eficientes na redação de textos
que precisam ser sucintos e objetivos, como títulos de livros e nomes de revista.
[...]
Qualquer palavra, dependendo do contexto e de como que é falada, pode
se tornar uma interjeição. A palavra bravo, por exemplo, é normalmente ad-
jetivo. Mas quando alguém grita “Bravo!”, no final de um espetáculo, torna-se
uma interjeição de aplauso. É também o que ocorre no caso do nome da
revista Bravo! (substantivo)
Fonte: adaptado de Cereja; Magalhães, 2013, p. 205.

reflita
Mesquita (2014) explica que dependendo do contexto, a mesma interjei-
ção pode expressar vários sentimentos. Repare:
“Ah! Você por aqui? “
Note, leitor (a) que nesse exemplo a Interjeição “Ah! ” expressa surpresa.
Agora leia este outro exemplo:
“Ah! Como é bom estar de férias! ”
Observe, leitor (a) que neste exemplo a interjeição “Ah!” expressa alegria, alívio.
Fonte: as autoras

Como podemos observar pela apresentação e classificação das Interjeições, leitor


(a) podemos compreender que o emprego de uma interjeição ou locução interjeti-
va depende, essencialmente, do contexto e da entonação.
considerações finais

Caro (a) leitor (a), chegamos ao fim de mais uma unidade! Nosso objetivo nesta unidade V
foi instrumentalizar- lhe, mesmo introdutoriamente, no que diz respeito ao estudo das pala-
vras como Advérbios, as Preposições, as Conjunções e as Interjeições para que você possa,
como leitor falante de uma língua estrangeira, exercitar a sua capacidade de compreensão, de
análise e reflexão sobre a língua portuguesa brasileira! Assim, preocupamo-nos em, sempre
que o conteúdo nos permitiu, introduzir os estudos por diálogos como elemento motiva-
dor para o início do nosso estudo gramatical.
Nesse sentido, nesta unidade preocupamo-nos com os estudos dos Advérbios, cujas pa-
lavras expressam as circunstâncias das ações verbais, pode modificar um adjetivo e modificar
o próprio advérbio. Pelo estudo das Preposições e Conjunções você deve ter compreendido
que esses elementos gramaticais ligam palavras e orações, estabelecendo relações de senti-
dos entre as ideias, nas comunicações entre as pessoas e pelo estudo das Interjeições, você
deve ter observado a função que essa classe de palavra expressa ao revelar os sentimentos
das pessoas em conformidade com uma situação de comunicação.
Esperamos que este estudo seja bem produtivo para você falante de outro idioma.
Desejamos muito sucesso em suas comunicações com o português brasileiro.
Bons estudos!
Professoras Fabiane Carniel e Fátima Calicchio

26
atividade de estudo

Lendo e praticando
Leia este texto:

Fonte: Facebook- Unicesumar ([2017], on-line.

Nesta unidade você estudou que as conjunções e as preposições servem para estabelecer
relações. Considere o estudo sobre as Preposições, faça uma reflexão com base na leitura do
texto e explique qual é a relação da palavra “DO” com os substantivos “memória” e “coração”
e qual é a função dessa classe gramatical no texto lido.

27
material complementar

1001 Dicas de Português: Manual Descomplicado


Autor: Dad Squarisi Paulo José Cunha
Editora: Contexto
Ano: 2017

Sinopse: Esta obra funciona como um manual de gramática e sobre a


linguagem.1001 dicas de português apresenta uma organização de fácil
consulta, é perfeito para quem precisa de respostas rápidas para “brancos”
ou “pegadinhas” que nossa língua nos prega. E não enrola o leitor, vai direto ao ponto, sem
teoria desnecessária. Quando usar “ao invés de” e “em vez de”? Qual a diferença, se há alguma,
entre “aonde” e “onde”? “Água-de-colônia” se escreve com hífen mesmo? Aliás, por que tem
esse nome? Para essas e muitas outras questões, o leitor encontrará aqui respostas claras,
diretas e divertidas. Como estão em ordem alfabética, é fácil encontrar o que você precisa.

28
referências

AZEVEDO, Alexandre. O vendedor de queijos e outras crônicas. 14ª ed. São Paulo: Atual,
1991.

BECHARA. Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 2009.

DRUMMOND, Carlos de Andrade. A lua no cinema e outros poemas. São: Cia das Letras,
2011. p. 129.

CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES,Thereza Cochar. Gramática Reflexiva: texto, se-
mântica e interação.4 ed. reform.-São Paulo: Atual, 2013.

FERREIRA. Mauro. Aprender e praticar gramática: teoria, sínteses das unidades, ativida-
des e exercícios de vestibulares. São Paulo: FTD,1992.

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa.8ª ed.-São Paulo: Saraiva, 2009.

MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa.8ª ed.-São Paulo: Saraiva, 2014.

ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p.45.

29
gabarito

Lendo e Praticando...

No texto: “A gratidão é a memória do coração. ” A palavra “do” contração da preposição “de”


+ o artigo definido “o”, além de unir os substantivos “memória” e “coração”, funciona como
mecanismo caracterizador do substantivo “coração”.

30
ESTUDO DE CASO
Módulo I

Professores
Dra. Angela Enz Teixeira
Me. Cristina Herold Constantino
Me. Débora Azevedo Malentachi
Estudo de Caso

Interpretação Textual
Eduardo Gonçalves de Andrade (Tostão) nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1947.
É ex-jogador de futebol, médico, comentarista esportivo, colunista em jornais e foi professor
na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Ele escreveu o texto “lição de vida”. Leia-o.

Lição de vida
Terminei o curso primário com 10 para 11 anos, na escola Silviano Brandão, em Belo Horizonte.
Na época, o sonho de todo menino era fazer o curso ginasial e científico em um colégio
público. Além de gratuitos, eram os melhores da cidade. Por morar perto, tinha mais um
motivo para estudar no Colégio Municipal.
Era muito difícil conseguir uma vaga. A maioria dos alunos estudava um ano para fazer
a prova de admissão, que era muito difícil. Terminei o grupo, estudei bastante nas férias,
durante três meses, fiz a prova e passei. Foi uma grande festa em minha casa.
Foi também uma grande mudança em minha vida. Além de o Colégio Municipal ser
muito rígido, passei a ser tratado como adulto, bem diferente do grupo, quando havia uma
relação familiar paternalista. Passei a ter grande responsabilidade, sem estar preparado para
isso. Fiquei perdido, confuso e fui reprovado.
Na época, além das matérias tradicionais, tínhamos aulas de canto, desenho, latim, tra-
balhos manuais e outras. Era obrigado a cantar e a escrever todo o Hino Nacional Brasileiro.
Na matéria de trabalhos manuais, tinha de fazer cestas e muitas outras coisas. Minha habi-
lidade era muito mais com os pés do que com as mãos.
Na disciplina de desenho, era proibido utilizar régua e compasso. Tudo desenhado à mão.
O professor era o Mangabeira, foi ele quem criou os mascotes dos times mineiros. O Cruzeiro
é a Raposa, o Atlético é o Galo e o América, o Coelho. Não imaginava, com 11 anos, que cinco
anos depois estaria jogando no time principal da Raposa, passando antes pelo Coelho.
Tinha uma grande dificuldade em fazer os desenhos com a mão. Como precisava de
muitos pontos para passar de ano, tentei enganar o professor. Na prova final, fiz o desenho
com régua e compasso e passei o lápis por cima.

2
Estudo de Caso

No dia da correção da prova, o professor Mangabeira chamou-me em sua mesa, com


os alunos dentro da sala. Tremi. Fiquei vermelho, o coração disparou, e as mãos suavam.
Ele olhou várias vezes para o desenho e para mim e disse: “O seu desenho é suspeito”. Não
aguentei. Chorei, confessei o crime e fui reprovado.
Foi uma grande lição. Depois disso, fiz quatro anos do curso ginasial no Municipal, três
anos de científico no Estadual e mais seis anos na faculdade de Medicina, sem levar bomba.
Modéstia à parte, passei a ser bom aluno. Mais que uma lição profissional, o episódio foi
uma lição de vida, de integridade.
Tostão. Carta na Escola. São Paulo: Confiança, 2009. P. 66.

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