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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA BIOQUÍMICA

ROTA METABÓLICA DE BACTÉRIAS METILOTRÓFICAS NA BIOSSÍNTESE DO


PHB

Acadêmico: Victor Hugo Lopes Benedito RA 118234

Turma: 9075/03
Professora: Daniel Tait Vareschini

MARINGÁ, 12 DE JULHO DE 2023.


1. Introdução
Com o crescente interesse em soluções sustentáveis para os problemas
ambientais e a necessidade de reduzir a dependência de fontes não renováveis de
plásticos, os bioplásticos têm ganhado destaque como alternativas promissoras. O
poli-3-hidroxibutirato (PHB), um biopolímero termoplástico e biodegradável, tem sido
amplamente estudado devido às suas propriedades semelhantes às do plástico
convencional e à sua degradação ambientalmente amigável.
A produção de PHB por meio de rotas metabólicas em bactérias
metilotróficas tem emergido como uma estratégia inovadora e sustentável. As
bactérias metilotróficas possuem a capacidade única de utilizar compostos
orgânicos de baixo peso molecular, como metanol ou metano, como fonte de
carbono e energia. Essa habilidade metabólica torna essas bactérias atrativas para
a produção de PHB, uma vez que esses compostos podem ser obtidos a partir de
fontes renováveis, como resíduos agrícolas, efluentes industriais ou até mesmo
gases de efeito estufa.[1]

2. Bactérias metilotróficas
São aquelas capazes de consumir moléculas que contenham apenas um
átomo de carbono como única fonte de carbono para o seu crescimento. Dentre os
substratos mais comuns estão o metano, metanol, aminas metílicas, halometanos e
espécies metílicas contendo enxofre. Essas bactérias receberam diversas
classificações ao longo dos anos, podendo ser divididas de acordo com o substrato
utilizado para crescimento em. Elas podem ser encontradas em diversos ambientes,
sendo mais comuns em solos, como na rizosfera de arrozais, por exemplo, devido à
produção natural de metano; podem ser encontradas também em plantas, pois
estas produzem metanol e em menor quantidade em ambientes marinhos, devido
ao metano dissolvido no oceano. [1]

3. Metabolismo das bactérias metilotróficas


O metabolismo das bactérias metilotróficas é diverso, mas pode ser dividido
em três etapas fundamentais. A primeira etapa é a oxidação da fonte de carbono
primária, que pode ser metanol ou metano, resultando na produção de formaldeído.
Esse formaldeído pode ser convertido em um radical metil ou metileno, em conjunto
com um cofator chamado tetrahidrofolato (H4F). [1]
Na segunda etapa, ocorre a transformação do formaldeído (na forma de metil
ou metileno-H4F) em dióxido de carbono (CO2). Essa conversão é crucial para a
eliminação do formaldeído e a liberação de CO2.
A terceira etapa envolve a assimilação da fonte de carbono primária, que será
utilizada nos diversos processos metabólicos. Nesse estágio, diferentes rotas
metabólicas são empregadas pelas bactérias metilotróficas. O Ciclo RuMP utiliza
diretamente o formaldeído como substrato, enquanto o Ciclo de Benson-Bhassham
utiliza o CO2. Já o Ciclo das Serinas utiliza uma combinação de ambos os
compostos.
Essas etapas do metabolismo metilotrófico são cruciais para a utilização
eficiente da fonte de carbono primária e para a produção de compostos essenciais
para o crescimento e metabolismo das bactérias metilotróficas.

Figura 1: Esquema representando as principais vias metabólicas de bactérias metilotróficas a partir


do metano.

Fonte: [1]

4. Biossíntese de PHB
A produção de PHB ocorre em condições de crescimento específicas, onde
um balanço adequado das condições de cultivo é necessário para maximizar a
produção de Acetil-CoA. No entanto, quando as condições de cultivo estão
equilibradas, o Acetil-CoA é predominantemente direcionado para a via do ácido
cítrico, inibindo a produção de PHB. Em contraste, quando há uma limitação de
nutrientes, o Acetil-CoA não consegue ser oxidado rapidamente o suficiente na via
do ácido cítrico, levando ao seu acúmulo. Nessas circunstâncias, especialmente em
excesso de fonte de carbono, o Acetil-CoA acumulado é redirecionado para a via do
PHB, onde é convertido em homopolímero e armazenado até que a fonte de
carbono seja esgotada. [1]

Figura 2: Representação do metabolismo de síntese do PHB através do metanol.

Fonte: [1]

Conforme ilustrado na Figura 2, existem três enzimas principais envolvidas


nesse processo. Essas enzimas são a β-ketotiolase, a acetoacetil-CoA redutase
ligada ao NADPH e a PHB sintase, sendo esta última responsável especificamente
pela produção de PHB. Quando a fonte de carbono se esgota, o PHB desempenha
o papel de uma reserva de carbono. Esse processo é mediado pelas enzimas PHB
depolimerase, β-hidroxibutirato desidrogenase, acetoacetato-succinato-CoA
transferase e β-ketiolase.

5. Referências
[1] CARDOSO, LETÍCIA. Produção de Polihidroxibutirato (PHB) por Bactérias
Metilotróficas. 2017. Tese Mestrado (Engenharia Quimica) - USP, [S. l.], 2017.
Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3137/tde-20062017-094827/publico/
LeticiaOliveiraBispoCardosoCorr17.pdf. Acesso em: 12 jul. 2023.

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