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Seminário Maior Diocesano São João Maria Vianney

Vitor Gabriel Ambrósio


1º ano de Filosofia
Antropologia

Síntese do 1º capítulo da “Constituição Pastoral Gaudium et Spes:


Sobre a Igreja no mundo de hoje” – promulgada pelo Papa São Paulo
VI e Síntese dos comentários feitos ao 1º capítulo presentes na obra
“A Igreja no Mundo de Hoje” – Philippe Delhaye

Trabalho apresentado na disciplina de


Antropologia no 2º semestre do 1º ano
do curso de Filosofia.

Professor: Padre Leandro

Apucarana – 2022
Capítulo 1
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

“O homem, criado à imagem e semelhança de Deus” (nº12) – Gaudium et


Spes
• Igreja busca, instruída pela Revelação, dar uma resposta sobre o que é o
homem, mantendo a dignidade e vocação do mesmo.
• Homem foi criado à imagem e semelhança de Deus e feito senhor da
criação, dando glória a Deus
• Foram criados homem e mulher, primeira forma de comunhão entre
pessoas, mostrando o homem como ser social por natureza

Comentário (nº12)
• Revisão pessimista devida ao sentimento de angústia causado pelo
existencialismo e à repulsa à sociedade existente
• Vaticano II ampara-se nas Escrituras – Gênesis e Sabedoria – mostrando
que o homem pode conhecer e amar a Deus – aspecto espiritual; que o
homem deve reger as criaturas e usá-las para render glória a Deus; o
homem e a mulher como seres que se complementam – aspecto sexual e
ideia de alteridade.
• Utiliza-se também do Salmo 8 que exalta sobremaneira o homem, sendo
até mesmo visto com caráter messiânico, o que em nada a afeta a
grandeza do homem pois esta grandeza está em continuidade com a do
Homem Perfeito, o Verbo Encarnado.
• Por fim, é citado Gênesis onde diz que Deus viu sua criação e achou-a
boa. Com isso, levanta-se a questão: O homem pode ser tão ruim a ponto
de corromper a criação de tal maneira ao mal vencer o bem? Cristo já não
reparou esta destruição ou a mesma é definitiva?
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“O pecado” (nº13) – Gaudium et Spes
• Homem foi criado santo, mas flertou com o pecado e abusou da própria
liberdade, ficando contra Deus e servindo à criatura e não ao Criador. O
homem também se vê inclinado para o mal e seu início e fim último, que
são Deus, foram deturpados.
• O homem está dividido em si mesmo, encontrando-se em batalha
constante contra bem e mal. Como o homem sozinho não pode vencer, o
Senhor se encarna para dá-lo forças e libertá-lo da servidão do pecado,
pois o pecado diminui o homem.
• Homem encontra sua explicação última em sua grandeza e em sua
miséria.

“O mistério da morte” (nº18) – Gaudium et Spes


• O ser humano tem medo de que com a morte tudo se acabe. Busca, então,
a utilização da ciência para ter longevidade. Esse aborrecimento é certo,
pois no homem há o germe de eternidade que vai de encontro com a morte
e é o que pode satisfazê-lo, ao contrário das frustradas tentativas
científicas.
• A Igreja mostra que o homem foi criado para um fim feliz e é chamado por
Deus à união eterna e incorruptível. A morte corporal é vencida por Cristo
Ressuscitado que também liberta o homem da própria morte.

Comentário (nº13 e nº 18)


• Os homens são pecadores desde o princípio.
• O concílio cita Paulo - “Os homens serviram à criatura e não ao criador”.
Esta passagem será conhecida pelos não-cristãos através de Kierkegaard.
• Todos os homens são pecadores e Paulo insiste nisso para aprendermos a
esperar e voltarmos ao Salvador – e aqui se faz a importância da tomada
de consciência da culpa, sem instalar-se e se comprazer na mesma.
• Deve-se também ter consciência de seu estado de divisão (bem e mal).
• A morte está ligada ao pecado, pois se não fosse o pecado, o homem
estaria livre da morte.
• O homem sente desejo de eternidade e tenta saciá-lo com a ciência,
esforço inútil pois só Deus cumula esse anseio e coroa os esforços do
homem, adotando-o na comunhão total.
• Cristo conquista a vitória sobre a morte através da ressurreição e liberta o
homem da própria morte, dando-o esperança e mostrando que com a
ajuda de Deus ele pode sobrepujar os horizontes da vida terrestre através
da fé.
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“Cristo, o homem novo” (nº22) – Gaudium et Spes
• No mistério do Verbo se esclarece o mistério do homem, pois Jesus,
revelando o mistério do Pai, revela ao homem a si mesmo e descobre sua
vocação sublime.
• Jesus é o homem perfeito e restitui aos homens a semelhança divina por
meio da assunção da natureza humana, unindo-se a cada homem. Ele
assumiu tudo, menos o pecado.
• Em Jesus, Deus nos reconcilia consigo e uns com os outros, arrancando-
nos da escravidão do pecado e dando novo sentido à vida e à morte.
• O homem recebe as primícias do Espírito – sendo renovado por Ele –, o
que o torna capaz de cumprir a lei nova do amor e de ir ao encontro da
ressurreição com esperança.
• Isto vale a todos os homens de boa vontade, não só aos cristãos, pois
Cristo morreu por todos e a vocação de todos os homens é a vocação
divina.
• Por Cristo e em Cristo esclarece-se o enigma da dor e da morte.

Comentário (nº22)
• Adão é apenas imagem do homem perfeito. Cristo é o homem perfeito e,
mostrando todas as dimensões da condição humana, abre-nos a mais alta
vocação.
• Cristo destrói o pecado e a morte e restaura-nos a adoção divina – e isto a
todos os homens, pois morreu e ressuscitou por todos.
• Cristo é alfa e ômega da condição humana e o homem é verdadeiramente
grande desde que se encontre em Cristo.
• Desonramos o homem colocando seu ideal fora dele? Não, pois Deus e o
Homem-Deus está dentro de nós, na origem e no fim de nosso ser, e é o
que nos anima.
• Querer ser só “homem” é negar ser imagem e semelhança de Deus – e só
o somos quando em relação com Ele.
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“Os constitutivos do homem” (nº14) – Gaudium et Spes
• O homem, ser composto de corpo e alma, não deve desprezar a vida do
corpo – que se revolta por meio do pecado – e deve considerar seu corpo
bom e digno de respeito, glorificando a Deus por meio dele.
• O homem está certo a perceber que é para além do mundo material. Pela
interioridade, o homem transcende o material e reentrando em seu interior,
encontra Deus. Reconhecendo em si este aspecto, o homem atinge a
verdade profunda das coisas e não se deixa enganar.

“Dignidade da inteligência, a verdade e a sabedoria” (nº15) – Gaudium et


Spes
• O homem, participante da luz da inteligência divina, conseguiu por meio de
sua inteligência dominar o universo e utilizá-lo a seu favor. Buscou sempre
uma verdade mais profunda e a atingiu, pois a razão é capaz de atingir a
verdade inteligível – mesmo que obscurecida pelo pecado.
• A natureza intelectual deve encontrar sua perfeição na sabedoria, que atrai
a mente para o amor da verdade e do bem e eleva o homem das coisas
visíveis às invisíveis.
• Esta sabedoria é necessária para humanizar as novas descobertas do
homem, por isso necessitamos de homens e nações sábias.
Comentário (nº14 e nº15)
• O Concílio vence o dualismo neoplatônico afirmando, por meio das
Escrituras, o homem como “sacerdote da criação material” e o corpo como
algo “criado para Deus”, “membro de Cristo” e “templo do Espírito Santo”.
• O homem filosófico sabe-se superior ao cosmos, é dotado de interioridade
(coração segundo os profetas) e ai encontra seu Deus.
• O homem reconhece em si uma alma espiritual e imortal que o faz
conhecer a partir da participação do absoluto da luz divina – “Em tua luz
contemplamos a luz” e vê que o cume da vida do pensamento é a fé –
participação sobrenatural e mais íntima do pensamento divino.
• O homem, por meio da ciência, muda suas condições e talvez até a
concepção de vida, trazendo um possível novo conflito entre o homem
pensante, sábio e o homem técnico, artífice. Há de se tomar cuidado para
não abandonar a preocupação de sabedoria, por isso há um apelo do
Concílio para um progresso da mesma, “suplemento de alma” como diz
Bergson.
• O confronto entre nações técnicas e nações menos técnicas, mas
superiores em sabedoria, é requerida pelos prelados não-ocidentais como
ato de justiça e lição de razão e humildade.
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“Dignidade da consciência moral” (nº16) – Gaudium et Spes
• O homem encontra, em sua consciência, a voz que o chama ao amor e o
pede para fugir do mal.
• O próprio Deus inscreveu uma lei no coração do homem – de amar a Deus
e ao próximo – e a dignidade do homem está em obedecer-lhe e será
julgado por isso.
• A consciência é o sacrário do homem.
• Todos os homens se unem no dever de buscar a verdade, obedecendo à
voz da consciência, e resolver os problemas morais que os assolam.
• Deve-se tomar cuidado para não alimentar a consciência com o erro do
pecado.
Comentário (nº16)
• Vaticano II restaura a consciência em sua plena luz cristã – dimensão da
natureza e da graça (São Paulo Apóstolo).
• No plano da natureza, o Concílio utiliza-se de São Paulo que evoca a
todos, mesmo os pagãos – Os gentios seguem a lei mesmo sem tê-las
escrita, mas as têm no coração. Sendo assim, o Concílio mostra como
todos os homens, sem distinção, têm em si uma luz moral, podendo
procurar juntos a resolução de problemas morais. Mostra também que a
consciência não cria normas morais, mas as percebe – senso moral. Como
a consciência nos diz “faz isto, evita aquilo”, ela é “a voz de Deus no
santuário do homem”.
• Sobre o aspecto da graça e da Revelação, a consciência do cristão opera
dirigida pela fé e caridade. Orígenes já relacionava o pneuma divino com o
pneuma individual pela infusão da fé e caridade na alma do batizado –
como São Paulo afirma “o amor de Deus tem sido difundido em nossos
corações pelo Espírito…” O pneuma divino revela o amor de Deus por nós
e suscita-nos a uma resposta. Em São Paulo, principalmente em sua carta
a Timóteo, vemos esse aspecto da fé e da boa consciência, que também
pode ser um coração puro.
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“Excelência da liberdade” (nº17) – Gaudium et Spes
• Só na liberdade o homem pode se converter ao bem.
• O homem atual confunde a liberdade com a licença de fazer o que o
agrade, inclusive o mal.
• Deus quis deixar o homem entregue à sua própria decisão para que o
homem O busque por si mesmo, chegando à total e beatífica perfeição.
• A dignidade do homem exige esta liberdade, mas o homem só atinge tal
dignidade quando, libertando-se da escravidão das paixões, opta de livre
vontade pelo bem.
• A liberdade do homem foi ferida pelo pecado e necessita da ajuda da graça
para orientar-se a Deus.
Comentário (nº17)
• O homem atual já não liga tanto para a liberdade, mais ainda assim a
aprecia, mesmo que sua concepção seja a dos “filósofos e juristas”.
• O Concílio não pensa em contestar a liberdade psicológica, pois não
haveria mérito nenhum no serviço de Deus se o homem não pudesse
decidir entre bem e mal – Eclo “Ele pôs diante de ti a água e o fogo” – e
isso mostra como Deus não quer senão adesões livres. A dignidade do
homem exige que ele aja segundo uma escolha consciente e livre.
• A imagem da liberdade verdadeira, cristã, se revela como elemento da
imagem de Deus no homem e ela exige a libertação do homem das
paixões e o auxílio da graça. Cristo promete esta liberdade aos discípulos –
“conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” – fazendo o homem
tornar-se filho, e não escravo.
• Encontra-se o problema do homem referir-se à liberdade como licença, não
querendo referir essa liberdade a Deus.
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“O ateísmo sistemático” (nº20) – Gaudium et Spes
• O ateísmo sistemático eleva o desejo de autonomia do homem de tal forma
que o homem não consegue ver sua dependência em Deus. O homem
torna-se fim a si mesmo, demiurgo de sua história, e o sentimento de poder
o faz aderir a tal “doutrina”.
• Também há o ateísmo que espera a libertação econômica e social do
homem, tendo a religião como aquilo que afasta o homem da cidade
terrena prometendo-lhe um futuro esperançoso-enganoso. Este tipo, ao
chegar ao poder, ataca violentamente a religião e difunde-se, sobretudo, na
educação da juventude.

Comentário (nº20)
• Vê-se, neste parágrafo da Gaudium, a ambição do homem moderno em
querer ser Deus – Super-Homo como disse Nietzsche em “Assim falou
Zaratustra”. O marxismo tira consequências desse nihilismo, transformando
teologia em antropologia.
• No Concílio, houve burburinhos pela não citação do comunismo ateu. O
Concílio mesmo assim manteve a decisão, pois ao contrário envolveria a
Igreja em tomada de posições políticas.
• O ateísmo é um erro com várias faces – não existência de Deus;
reconhecimento de que nada podemos conhecer a seu respeito, etc.
Também há, próximo a esses ateus, os cientificistas, que apresentam um
mundo onde não há lugar para Deus. Há também os que negam a Deus
simplesmente como protesto contra o mal que se vê no mundo.
• O ateísmo é um traço marcante em nossa época e deve ser analisado com
cuidado.
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“Formas e causas do ateísmo” (nº19) – Gaudium et Spes
• A dignidade do homem consiste na união com Deus. Em nosso tempo, o
homem não atende a esta ligação, ou até a rejeita explicitamente. Por isso,
o ateísmo deve ser considerado um fato grave de nosso tempo e deve ser
analisado.
• O ateísmo pode designar muitos fenômenos como a não existência de
Deus; sua incognoscibilidade; a exaltação do homem de tal modo que se
busca afirmar o homem e não negar a Deus. O ateísmo também se mostra
como um protesto contra o mal existente no mundo. Os próprios crentes,
muitas vezes, têm responsabilidade por esse ateísmo – não procuram se
aprofundar na fé; expõem a fé de modo falacioso e, deste modo, mais
escondem que revelam a Deus.
• O ateísmo é um conjunto de várias causas.

Comentário (nº19)
• A Gaudium busca expor as causas do ateísmo, primeiro nos ateus e depois
nos próprios crentes.
• A questão é: pode um ateu estar de boa fé? O texto de Ariccia mostra a
liberdade religiosa, dizendo para dialogar mesmo com os que pensam de
modo diferente. E como fazê-lo se duvidarmos da honestidade intelectual
destes? Os Padres Conciliares falavam sobre os ateus aparentes, que
negavam um Deus espantalho mas adoravam a Humanidade, a ciência,
etc.
• O ateísmo foi tratado em atmosfera de agressividade, mas chegaram ao
consenso de que os que afastam Deus de seus corações para livrar-se de
problemas religiosos não têm culpa. Já não se parte do ateísmo para
acusar a consciência, mas da consciência para condenar o ateísmo e,
sendo assim, de nada sabemos pois “Só Deus perscruta os corações”.
• Falar sobre a culpa dos crentes no ateísmo – por conta das deficiências na
vida religiosa, etc – é um ato de bravura.
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“A atitude da Igreja diante do ateísmo” (nº21) – Gaudium et Spes
• A Igreja reprova com dor e firmeza o ateísmo, mas busca compreendê-lo e
a seus adeptos.
• A Igreja ensina a importância das tarefas terrenas – e não sua não-
importância –, importância que é aumentada pela esperança escatológica.
• O remédio ao ateísmo há de vir da exposição da doutrina e da vida íntegra
da Igreja e de seus membros. Para isso, necessita-se do testemunho de
uma fé viva e adulta – muito presente nos mártires – e, mais que tudo, da
caridade fraterna dos fiéis, assim se apresentando com sinal de unidade.
• Mesmo assim, todos os homens deve contribuir na construção do mundo –
e aqui há a necessidade do diálogo. Os ateus devem, então, ao menos
considerar o Evangelho, pois a Igreja busca mostrar a dignidade do homem
para seu bem, e não diminuí-lo.

Comentário (nº21)
• Quanto a doutrina, a Constituição reprova e refuta o ateísmo. Busca
defender os direitos dos homens, reivindicando os de Deus. Refuta
também o ateísmo sistemático mostrando que o homem só é ele mesmo
quando se reconhece criatura e filho de Deus. Também vale lembrar que a
esperança escatológica confere sentido ao engajamento terrestre.
• Quanto às pessoas, a Igreja busca tanto seus crentes quanto os ateus.
Pede a seus fiéis um fervor maior no campo do testemunho e uma fé
adulta que inspira justiça e amor.
• A Igreja, dirigindo-se aos “seus”, diz que a caridade vivida na fraternidade e
na concórdia é sinal incomparável da ação de Deus. Por isso, os cristãos
devem vencer o egoísmo, a inveja, etc.
• Aos ateus, a Igreja incita considerarem o Evangelho e convida-os ao
diálogo e colaboração.
• O sentido da Gaudium é mostrar como os cristãos não dispensam a vida
terrena e buscam, como todos deveriam, a construção de um mundo justo
e fraterno. Por isso, mostra a possibilidade de uma ação comum entre
todos os homens, de diferentes ideologias, para o vencer as causas que
assolam o homem e retiram sua dignidade.
• Alguns, que sentem nostalgia de fogueiras e cruzadas, podem clamar
contra isso, mas a Igreja sabe que, tendo fé em Deus, deve dar um crédito
de confiança aos homens.
CONCLUSÃO
Certamente, a Antropologia se mostra de vasto material e de definições
ainda mais diversas. Com a virada da era medieval para a era moderna, e desta
para a contemporânea, vimos como o homem foi sendo cada vez mais colocado
no centro do estudo filosófico, mas também vimos como ao mesmo tempo o
homem foi perdendo seu caráter transcendente.
O homem nos dias de hoje se vê em meio ao advento da tecnologia e da
ciência. Isso não significa algo ruim, mas com o advento da ciência, com a
supervalorização da técnica, o homem tentou cada vez mais catalogar o próprio
homem. Não à toa Viktor Frankl buscou mostrar como os psicólogos sempre
tentavam encaixar o homem em conceitos deixando de lado a dimensão espiritual
do homem, que é de suma importância, se não for, na verdade, a dimensão que
mais importa.
Vendo esse anseio do homem moderno que estava perdendo sua
dimensão espiritual, ou tornando-a rasa, o Consílio Vaticano II, por meio da
Gaudium et Spes, parece-me ter tentado lembrar ao homem de que o mesmo é
um ser digno, transcendente, é a coroação da criação de Deus, ou seja, é um ser
importante e o é porque é amado por Deus. Ao percebermos que o homem é um
ser transcendente, mas sem esquecer de que ele vive na realidade material –
pelo menos por agora – conseguimos encontrar o sentido que pode dar fim ao
vazio existencial que assola o homem moderno. Se fomos feitos por Deus e para
Ele, devemos fazer o possível para amar a Deus e aos nossos irmãos neste
mundo.
O homem pode ser um amontoado de átomos, pode ser somente um
animal acima dos outros animais, pode ser puramente material, mas o homem é
diferente do restante da criação. É dotado de razão, a qual utiliza para criar coisas
magníficas para seu conforto ou até mesmo para a melhora da própria
humanidade. Mesmo quando se quer excluir a dimensão espiritual, deve-se
lembrar que o homem é esse ser diferenciado e que somos capazes de trabalhar
para uma sociedade melhor. Então, trabalhemos pelo o bem da humanidade e
não nos esqueçamos de que nossa vida tem algum sentido, neste ou noutro
mundo.

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