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Apucarana – 2022
Capítulo 1
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Comentário (nº12)
• Revisão pessimista devida ao sentimento de angústia causado pelo
existencialismo e à repulsa à sociedade existente
• Vaticano II ampara-se nas Escrituras – Gênesis e Sabedoria – mostrando
que o homem pode conhecer e amar a Deus – aspecto espiritual; que o
homem deve reger as criaturas e usá-las para render glória a Deus; o
homem e a mulher como seres que se complementam – aspecto sexual e
ideia de alteridade.
• Utiliza-se também do Salmo 8 que exalta sobremaneira o homem, sendo
até mesmo visto com caráter messiânico, o que em nada a afeta a
grandeza do homem pois esta grandeza está em continuidade com a do
Homem Perfeito, o Verbo Encarnado.
• Por fim, é citado Gênesis onde diz que Deus viu sua criação e achou-a
boa. Com isso, levanta-se a questão: O homem pode ser tão ruim a ponto
de corromper a criação de tal maneira ao mal vencer o bem? Cristo já não
reparou esta destruição ou a mesma é definitiva?
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“O pecado” (nº13) – Gaudium et Spes
• Homem foi criado santo, mas flertou com o pecado e abusou da própria
liberdade, ficando contra Deus e servindo à criatura e não ao Criador. O
homem também se vê inclinado para o mal e seu início e fim último, que
são Deus, foram deturpados.
• O homem está dividido em si mesmo, encontrando-se em batalha
constante contra bem e mal. Como o homem sozinho não pode vencer, o
Senhor se encarna para dá-lo forças e libertá-lo da servidão do pecado,
pois o pecado diminui o homem.
• Homem encontra sua explicação última em sua grandeza e em sua
miséria.
Comentário (nº22)
• Adão é apenas imagem do homem perfeito. Cristo é o homem perfeito e,
mostrando todas as dimensões da condição humana, abre-nos a mais alta
vocação.
• Cristo destrói o pecado e a morte e restaura-nos a adoção divina – e isto a
todos os homens, pois morreu e ressuscitou por todos.
• Cristo é alfa e ômega da condição humana e o homem é verdadeiramente
grande desde que se encontre em Cristo.
• Desonramos o homem colocando seu ideal fora dele? Não, pois Deus e o
Homem-Deus está dentro de nós, na origem e no fim de nosso ser, e é o
que nos anima.
• Querer ser só “homem” é negar ser imagem e semelhança de Deus – e só
o somos quando em relação com Ele.
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“Os constitutivos do homem” (nº14) – Gaudium et Spes
• O homem, ser composto de corpo e alma, não deve desprezar a vida do
corpo – que se revolta por meio do pecado – e deve considerar seu corpo
bom e digno de respeito, glorificando a Deus por meio dele.
• O homem está certo a perceber que é para além do mundo material. Pela
interioridade, o homem transcende o material e reentrando em seu interior,
encontra Deus. Reconhecendo em si este aspecto, o homem atinge a
verdade profunda das coisas e não se deixa enganar.
Comentário (nº20)
• Vê-se, neste parágrafo da Gaudium, a ambição do homem moderno em
querer ser Deus – Super-Homo como disse Nietzsche em “Assim falou
Zaratustra”. O marxismo tira consequências desse nihilismo, transformando
teologia em antropologia.
• No Concílio, houve burburinhos pela não citação do comunismo ateu. O
Concílio mesmo assim manteve a decisão, pois ao contrário envolveria a
Igreja em tomada de posições políticas.
• O ateísmo é um erro com várias faces – não existência de Deus;
reconhecimento de que nada podemos conhecer a seu respeito, etc.
Também há, próximo a esses ateus, os cientificistas, que apresentam um
mundo onde não há lugar para Deus. Há também os que negam a Deus
simplesmente como protesto contra o mal que se vê no mundo.
• O ateísmo é um traço marcante em nossa época e deve ser analisado com
cuidado.
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“Formas e causas do ateísmo” (nº19) – Gaudium et Spes
• A dignidade do homem consiste na união com Deus. Em nosso tempo, o
homem não atende a esta ligação, ou até a rejeita explicitamente. Por isso,
o ateísmo deve ser considerado um fato grave de nosso tempo e deve ser
analisado.
• O ateísmo pode designar muitos fenômenos como a não existência de
Deus; sua incognoscibilidade; a exaltação do homem de tal modo que se
busca afirmar o homem e não negar a Deus. O ateísmo também se mostra
como um protesto contra o mal existente no mundo. Os próprios crentes,
muitas vezes, têm responsabilidade por esse ateísmo – não procuram se
aprofundar na fé; expõem a fé de modo falacioso e, deste modo, mais
escondem que revelam a Deus.
• O ateísmo é um conjunto de várias causas.
Comentário (nº19)
• A Gaudium busca expor as causas do ateísmo, primeiro nos ateus e depois
nos próprios crentes.
• A questão é: pode um ateu estar de boa fé? O texto de Ariccia mostra a
liberdade religiosa, dizendo para dialogar mesmo com os que pensam de
modo diferente. E como fazê-lo se duvidarmos da honestidade intelectual
destes? Os Padres Conciliares falavam sobre os ateus aparentes, que
negavam um Deus espantalho mas adoravam a Humanidade, a ciência,
etc.
• O ateísmo foi tratado em atmosfera de agressividade, mas chegaram ao
consenso de que os que afastam Deus de seus corações para livrar-se de
problemas religiosos não têm culpa. Já não se parte do ateísmo para
acusar a consciência, mas da consciência para condenar o ateísmo e,
sendo assim, de nada sabemos pois “Só Deus perscruta os corações”.
• Falar sobre a culpa dos crentes no ateísmo – por conta das deficiências na
vida religiosa, etc – é um ato de bravura.
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“A atitude da Igreja diante do ateísmo” (nº21) – Gaudium et Spes
• A Igreja reprova com dor e firmeza o ateísmo, mas busca compreendê-lo e
a seus adeptos.
• A Igreja ensina a importância das tarefas terrenas – e não sua não-
importância –, importância que é aumentada pela esperança escatológica.
• O remédio ao ateísmo há de vir da exposição da doutrina e da vida íntegra
da Igreja e de seus membros. Para isso, necessita-se do testemunho de
uma fé viva e adulta – muito presente nos mártires – e, mais que tudo, da
caridade fraterna dos fiéis, assim se apresentando com sinal de unidade.
• Mesmo assim, todos os homens deve contribuir na construção do mundo –
e aqui há a necessidade do diálogo. Os ateus devem, então, ao menos
considerar o Evangelho, pois a Igreja busca mostrar a dignidade do homem
para seu bem, e não diminuí-lo.
Comentário (nº21)
• Quanto a doutrina, a Constituição reprova e refuta o ateísmo. Busca
defender os direitos dos homens, reivindicando os de Deus. Refuta
também o ateísmo sistemático mostrando que o homem só é ele mesmo
quando se reconhece criatura e filho de Deus. Também vale lembrar que a
esperança escatológica confere sentido ao engajamento terrestre.
• Quanto às pessoas, a Igreja busca tanto seus crentes quanto os ateus.
Pede a seus fiéis um fervor maior no campo do testemunho e uma fé
adulta que inspira justiça e amor.
• A Igreja, dirigindo-se aos “seus”, diz que a caridade vivida na fraternidade e
na concórdia é sinal incomparável da ação de Deus. Por isso, os cristãos
devem vencer o egoísmo, a inveja, etc.
• Aos ateus, a Igreja incita considerarem o Evangelho e convida-os ao
diálogo e colaboração.
• O sentido da Gaudium é mostrar como os cristãos não dispensam a vida
terrena e buscam, como todos deveriam, a construção de um mundo justo
e fraterno. Por isso, mostra a possibilidade de uma ação comum entre
todos os homens, de diferentes ideologias, para o vencer as causas que
assolam o homem e retiram sua dignidade.
• Alguns, que sentem nostalgia de fogueiras e cruzadas, podem clamar
contra isso, mas a Igreja sabe que, tendo fé em Deus, deve dar um crédito
de confiança aos homens.
CONCLUSÃO
Certamente, a Antropologia se mostra de vasto material e de definições
ainda mais diversas. Com a virada da era medieval para a era moderna, e desta
para a contemporânea, vimos como o homem foi sendo cada vez mais colocado
no centro do estudo filosófico, mas também vimos como ao mesmo tempo o
homem foi perdendo seu caráter transcendente.
O homem nos dias de hoje se vê em meio ao advento da tecnologia e da
ciência. Isso não significa algo ruim, mas com o advento da ciência, com a
supervalorização da técnica, o homem tentou cada vez mais catalogar o próprio
homem. Não à toa Viktor Frankl buscou mostrar como os psicólogos sempre
tentavam encaixar o homem em conceitos deixando de lado a dimensão espiritual
do homem, que é de suma importância, se não for, na verdade, a dimensão que
mais importa.
Vendo esse anseio do homem moderno que estava perdendo sua
dimensão espiritual, ou tornando-a rasa, o Consílio Vaticano II, por meio da
Gaudium et Spes, parece-me ter tentado lembrar ao homem de que o mesmo é
um ser digno, transcendente, é a coroação da criação de Deus, ou seja, é um ser
importante e o é porque é amado por Deus. Ao percebermos que o homem é um
ser transcendente, mas sem esquecer de que ele vive na realidade material –
pelo menos por agora – conseguimos encontrar o sentido que pode dar fim ao
vazio existencial que assola o homem moderno. Se fomos feitos por Deus e para
Ele, devemos fazer o possível para amar a Deus e aos nossos irmãos neste
mundo.
O homem pode ser um amontoado de átomos, pode ser somente um
animal acima dos outros animais, pode ser puramente material, mas o homem é
diferente do restante da criação. É dotado de razão, a qual utiliza para criar coisas
magníficas para seu conforto ou até mesmo para a melhora da própria
humanidade. Mesmo quando se quer excluir a dimensão espiritual, deve-se
lembrar que o homem é esse ser diferenciado e que somos capazes de trabalhar
para uma sociedade melhor. Então, trabalhemos pelo o bem da humanidade e
não nos esqueçamos de que nossa vida tem algum sentido, neste ou noutro
mundo.