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EXPERIMENTO N 5 O

TEORIA DO CAMPO CRISTALINO


1- OBJETIVOS:
Investigar o efeito da geometria, da força do ligante e do número de coordenação, de complexos de
cobre e de cobalto. A investigação será feita em relação a cor dos complexos. A cor observada nos
complexos será relacionada com a energia de desdobramento do Campo Cristalino de cada complexo,
como abordado em sala de aula.

2- INTRODUÇÃO:
Íons de metais de transição possuem 5 orbitais d. Na ausência de ligantes, os elétrons que ocupam
estes orbitais possuem a mesma energia. De acordo com o modelo do campo cristalino, há uma repulsão
entre os elétrons d e os pares de elétrons dos ligantes e, à medida que estes ligantes se aproximam do íon
ou átomo metálico, ocorre um aumento da energia dos orbitais d.
Quando 6 ligantes se aproximam segundo os vértices de um octaedro, como ilustrado na figura 1,
elétrons nos orbitais d e d - , denominados e e que apontam na direção dos ligantes, sofrem maior
z2 x2 y2 g

repulsão do que os que se encontram nos orbitais d , d e d , denominados t e direcionados entre os


xy xz yz 2g

eixos de aproximação dos ligantes. Estes dois conjuntos de orbitais (t e e ) desdobram-se e a energia que
2g g

os separa é denominada 10 Dq ou Δ . A magnitude de 10 Dq depende do tipo de metal, da carga do íon,


octaédro

do ligante e da geometria do complexo . 1,2,3

Fig. 1: Desdobramento do Campo Cristalino para complexos de geometria octaédrica.

Considere um íon com apenas 1 elétron d (configuração d ), como o Ti , que forma complexos
1 +3

octaédricos, por exemplo o [Ti(H O) ] . No estado fundamental, este elétron ocupa um dos orbitais t .
2 6
3+
2g

Fótons de luz de energia igual a 10 Dq podem excitar esse elétron para um dos orbitais e . Assim a energia g

do fóton é:
E = h = Δ = 10 Dq
octaédro

em que: h = constante de Planck,  = freqüência da radiação, sendo  = c/λ, com c= velocidade da luz e λ
= comprimento de onda da luz). Por convenção, 10 Dq é expresso em unidades de 1/λ, isto é em cm . -1

O processo de excitação do complexo do seu estado fundamental para um estado de energia mais
alta acontece através da absorção de radiação, em geral na região do visível. Por isto os complexos de
metais de transição são, na sua maioria, coloridos. A energia absorvida na excitação eletrônica do
complexo está associada a cor absorvida pelo mesmo, que por sua vez relaciona-se à cor observada do
composto. Por exemplo: o espectro de absorção para o [Ti(H O) ] tem absorção máxima em torno de 510
2 6
3+

nm (verde/amarelado). Logo, o complexo transmite todos os comprimentos de onda na região do visível,


exceto os comprimentos de onda referentes a cor verde/amarelada. Sendo assim o complexo apresenta a
cor violeta (cor complementar do verde/amarelado, ver disco de cores de Newton, fig. 2).
Fig. 2: Disco de cores de Newton, mostrando as cores e suas correspondentes cores complementares.

No complexo octaédrico [Cu(H O) ] , o Cu , que possui configuração d , terá 6 elétrons nos orbitais
2 6
2+ 2+ 9

t e 3 nos e . No estado excitado haverá 5 elétrons nos orbitais t e 4 nos e . Este complexo é azul. Um
2g g 2g g

complexo semelhante, [Ti(H O) ] , é vermelho – mostrando como o número de elétrons nos orbitais d
2 6
3+

influenciam os valores de 10 Dq e conseqüentemente na cor dos mesmos.


Além do número de elétrons nos orbitais d (relacionados à natureza e ao estado de oxidação do
metal), a natureza dos ligantes, o número de ligantes e a geometria do complexo influenciam nos valores
de 10 Dq. Por exemplo, diferentes complexos de um mesmo íon metálico exibem cores diferentes.
Baseado em observações experimentais, diversos ligantes foram ordenados de acordo com a força do
campo e conseqüentemente com o desdobramento causado nos orbitais d (10 Dq ou Δ ). Este octaédro

ordenamento chama-se série espectroquímica, fig. 3.

Fig. 3: Série espectroquímica.

Neste experimento, será investigada a influência de alguns ligantes (L) nos valores de Δ de octaédro

complexos de Cu . Outro ponto que será investigado é a influência do número de coordenação do íon
2+

metálico no valor do Δ . O íon Co forma um complexo octaédrico com o ligante H O, o [Co(H O) ] , e o


octaédro
2+
2 2 6
2+

[CoCl ] um complexo tetraédrico, com o ligante Cl . Esses complexos possuem cores diferentes: o
4
2- -

octaédrico é rosa e o tetraédrico, azul. Em solução aquosa, eles existem em equilíbrio. Este equilíbrio é
facilmente deslocado por alterações nas concentrações relativas dos ligantes e na temperatura:

[Co(H O) ][Co(H O) Cl ][CoCl ]


2 6 2 4 2 4
2-

rosa azul azul

Complexos de cobre e de cobalto serão utilizados para investigar o efeito da geometria, da força do
ligante e do número de coordenação. A cor dos complexos será usada como referência para avaliar estes
efeitos.

[Cu(H O) ] + 4 L [Cu(H O) L ] + 4 H O
2 6
2+
2 2 4
2+
2

3- MATERIAIS E REAGENTES:
6 tubos de ensaio,
termômetro,
2 provetas de 10 mL,
2 pipetas Pasteur,
1 béquer de 250 mL.
Soluções aquosas de Cu(NO ) 0,15 mol.L e CoCl 0,1 mol.L ,
3 2
-1
2
-1

Solução etanólica de CoCl 0,2 mol.L ,


2
-1

NH conc.,
3

Cu(NO ) , 3 2

etilenodiamina,
Na H EDTA,
2 2

CoCl .6H O,
2 2

KSCN,
1-butanol,
HCl conc.

4- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL:

1) Classificação de ligantes segundo a força do seu campo:

a) Adicione aproximadamente 1 g de Cu(NO ) a um tubo de ensaio limpo e seco.


3 2

Aqueça cuidadosamente o tubo na chama de um bico de Bunsen.


ATENÇÃO: O AQUECIMENTO BRUSCO PODE PROVOCAR A QUEBRA DO TUBO OU FAZER COM
QUE O SÓLIDO SAIA DO TUBO! Anote qualquer mudança de cor. Deixe o tubo esfriar e adicione
algumas gotas de água destilada.
Anote tudo que foi observado.

b) Em 4 tubos de ensaio grandes e iguais, coloque cerca de 2 mL (medidos numa pipeta conta gotas) de
uma solução de nitrato de cobre 0,15 mol.L . -1

Ao primeiro tubo de ensaio, adicione cerca de 1 mL de etilenodiamina.


Ao segundo, adicione cerca de 1 mL de amônia concentrada (use a capela).
Ao terceiro tubo adicione um pouco (a ponta de uma espátula) de Na H EDTA. Agite vigorosamente.
2 2

O quarto tubo será usado como a cor de referência.


Anote tudo que foi observado.

2.) Observação da mudança de coordenação e da geometria de um complexo de Co : 2+

Teste A:
Adicione cerca de 2mL de uma solução de cloreto de cobalto 0,1 mol.L a um tubo de ensaio.
-1

Na capela, em seguida, adicione cuidadosamente (gota a gota, sob agitação) HCl concentrado até a
solução tornar-se azul.
Preste atenção em todas as colorações apresentadas pela solução.
Depois que a solução estiver azul, adicione água destilada (sob a agitação constante) até observar
alteração de coloração.

Teste B:
Adicione cerca de 2 mL de solução etanólica de cloreto de cobalto 0,2 mol.L a 1 tubo de ensaio.
-1

Tome nota da cor.


Adicione água, gota a gota (pouca), só até que ocorra mudança de cor.
Anote qualquer mudança de cor.
Aqueça em banho-maria.
Espere a temperatura se aproximar de 80 C e anote qualquer mudança de cor.
o

Deixe o tubo esfriar até temperatura ambiente e observe.

Teste C:
1- Coloque um pouco de CoCl .6H O em um tubo de ensaio grande.
2 2

2- Adicione 5 mL de 1-butanol e agite até dissolver a maior parte do sólido.


Anote a cor da solução.
3-Adicione cerca de 5 mL de água destilada ao tubo e agite para misturar as fases.
Evite agitar vigorosamente para que não ocorra a formação de uma emulsão.
Depois que as fases se separarem, anote as suas colorações.
4- Utilize o valor da densidade do 1-butanol para determinar o solvente de cada fase.
Adicione cuidadosamente cerca de 2 mL de HCl conc. ao tubo, de modo que o ácido se dissolva na fase
superior.
Anote qualquer mudança de cor.
5- Agite o tubo e, após a separação das fases, observe.
6- Adicione “a ponta de uma espátula” de KSCN ao tubo, agite até a completa dissolução do sólido e
observe as cores resultantes.
7- Adicione mais um pouco de KSCN ao tubo e repita o procedimento anterior.
8- Aqueça o tubo em um banho-maria e anote qualquer alteração de cor.
Deixe esfriar e observe.

5- EXERCÍCIOS:
1- Com relação a parte 1.a) do experimento, descreva tudo o que aconteceu no processo de aquecimento
do Cu(NO ) , com as reações químicas balanceadas.
3 2

2- Com relação a parte 1.b) do experimento. Relate a mudança de cores ocorrida nos três tubos de ensaio
e tente classificar a coloração segundo a tabela de cores complementares, com a força dos ligantes (série
espectroquímica) e com a energia de desdobramento do campo cristalino.
3- Com relação aos testes executados da parte 2 do experimento, explique todos os fenômenos de
mudanças de cores observados levando em conta trocas de ligantes, mudança de geometrias, sempre
correlacionando com as forças dos ligantes, cores observadas e magnitude da energia de desdobramento
do campo cristalino.
4- Descreva detalhadamento todos os fenômenos observados no teste C da parte 2 do experimento, tais
como separação de fases (polaridade), solubilidade, forças dos ligantes, etc.

6- REFERÊNCIAS:
1. J.E. Huheey, E.A. Keiter, R.L. Keiter, Inorganic Chemistry, Harper Collins Coll.Publ., 4 ed., 1993.
th

2. D.F. Shriver, P.W. Atkins, C.H. Langford, Inorganic Chemistry, Oxford University Press, 1 ed., 1990
st

3. BROWN, T. L., LEMAY Jr, H. E. e BURSTEN, B. E., Química: A Ciência Central, 9ª. Edição, São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2005.

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