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Sumário

1. Contexto Historico da Farmácia Hospitalar ..............................................1

2. Área Física, Recursos Humanos, Recursos Materiais e Infra-estrutura na


Farmácia Hospitalar ..............................................................................3

3. Gestão de Suprimentos e Custos Hospitalares .......................................11

4. A Participação do Farmacêutico nas Comissões Hospitalares ...................14

5. Seleção, Aquisição, Armazenamento e Distribuição de Medicamentos e


Materiais ...........................................................................................17

6. Preparação de Quimioterápicos ............................................................24

7. Nutrição Parenteral e Nutrição Enteral ..................................................27

8. Controle de Infecção Hospitalar ...........................................................31

9. Farmácia Clínica .................................................................................32

10. Farmacovigilância ...............................................................................35

11. Bibliografia ........................................................................................37


1. CONTEXTO HISTORICO DA FARMÁCIA HOSPITALAR
Os serviços de farmácia hospitalar têm sofrido muitas transformações ao
longo das últimas décadas, todavia vale recordar que a história da farmácia
hospitalar brasileira surgiu no contexto das Santas-Casas de Misericórdia e dos
Hospitais Militares (1, 2). Nesta época, por volta do início do século XX, a
importância do farmacêutico estava em prover todos os medicamentos 1
ministrados aos pacientes internados, sendo sua principal função a manipulação
dos fármacos (2).

Contudo, com a evolução do processo de industrialização dos


medicamentos, as formulas magistrais e o processo artesanal da manipulação foi
sendo substituídos por medicamentos prontos, em concentração e formas
farmacêuticas já definidas pelas indústrias farmacêuticas (1, 2).
A partir do avanço das indústrias farmacêuticas, o médico deixa de
formular e passa a prescrever “um nome fantasia”, e o farmacêutico deixa de
manipular e passa a se questionar sobre o real sentido da sua profissão (1, 2).
Logo, sem a sua principal função dentro dos hospitais, o farmacêutico se vê sem
alternativas e acaba se distanciando destas instituições (2).
Diante disso, as farmácias hospitalares passam a ser verdadeiros depósitos
de medicamentos, gerenciados na grande maioria das vezes por leigos (2). Com
a ausência de um profissional capacitado quanto ao uso e os riscos decorrente
da utilização dos medicamentos passa-se a observar a manifestação crescente
dos efeitos colaterais graves, e ainda falhas na dispensação e na administração
dos fármacos, tendo como uma das principais consequências a iatrogênica
médica, doenças causadas pelo tratamento de outras (1).
A partir de 1949, após tragédia com o uso da Talidomida, inicia-se um
movimento quanto a necessidade de maior segurança no uso dos medicamentos,
tornando-se mais rigoroso o processo para a introdução de novos fármacos no
mercado (3).

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No Brasil, a fase de renascimento da farmácia hospitalar se inicia a partir
da década de 1950 com o trabalho do professor José Sylvio Cimino, no Hospital
das Clínicas de São Paulo, além de fortalecer a farmacotécnica hospitalar o
professor Cimino lançou em 1973 o primeiro livro brasileiro sobre farmácia
hospitalar, intitulado Iniciação à farmácia hospitalar (2, 4).
Em 1977, ocorre um retrocesso quanto a importância do profissional no
2
ambiente hospitalar com o surgimento da Portaria n. 316 a qual dispensava a
presença do farmacêutico em hospitais com menos de 200 leitos que utilizavam
em seu arsenal apenas medicamentos industrializados (2).
Somente a partir da década de 1980 que se inicia discussões sobre o
assunto e surgem os primeiros seminários, cursos e especializações na área de
farmácia hospitalar (2). Na década de 1990 nasce a Sociedade Brasileira de
Farmácia Hospitalar (SBRAF) e em 1994 o Ministério da Saúde lança o Guia básico
para a farmácia hospitalar, fornecendo orientação aos profissionais sobre as
rotinas diárias do setor (2).
Desde então o processo de utilização de medicamentos no âmbito
hospitalar vem sendo revisto, buscando incorporar maior eficiência e segurança,
com ações centradas cada vez mais no paciente, focando o farmacêutico no
objetivo principal de sua existência o indivíduo (1).
Nos últimos anos o farmacêutico vem conquistando seu espaço em
diferentes áreas dos hospital, realizando a gestão administrativa do setor,
desenvolvendo a farmácia clínica, atuando em comissões, na gestão da
qualidade, em pesquisas clínicas, entre outras (2). Diante disso, é possível
observar que ao longo dos últimos 20 anos de história da farmácia hospitalar, o
farmacêutico vem se aprimorando e evoluindo e retomando seu espaço dentro
das estruturas hospitalares.

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2. ÁREA FÍSICA, RECURSOS HUMANOS, RECURSOS
MATERIAIS E INFRA-ESTRUTURA NA FARMÁCIA
HOSPITALAR
As atividades farmacêuticas desenvolvidas no ambiente hospitalar são do
tipo assistencial, administrativa e técnico-científica necessitando de infra-
estrutura específica e recursos humanos especializados (1). 3

Dessa forma, a área física de uma farmácia hospitalar possui relação direta
com as atividades a serem desenvolvidas, sendo estas determinadas pelo de
assistência prestado pelo hospital (1). A resolução da Agencia Nacional de
Vigilância Sanitária, RDC n.50 de 21 de fevereiro de 2002, dispõe sobre projetos
físicos para estabelecimentos de saúde, constando a normatização para às
farmácias hospitalares.
Os fatores a serem considerados para a definição da área física da
farmácia dependem de aspectos administrativos como a sistemática de compras,
o número de leitos, a política de faturamento e a política de materiais do hospital.
Dessa forma, somente o número de leitos do hospital não pode ser utilizado como
aspeto único no dimensionamento área física da farmácia, uma vez que dois
hospitais com o mesmo número de leitos podem necessitar de áreas distintas
para a farmácia devido a diferenças no perfil assistencial e na política
administrativa do hospital (1).
A RDC n. 50/02 informa a área mínima necessária para cada unidade de
farmácia, ficando o dimensionamento final a cargo da instituição. Sendo que cada
ambiente será obrigatório se o hospital exercer de fato tal atividade.
Na tabela 1 é possível verificar os principais ambientes de uma farmácia
hospitalar.

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Tabela 1: Principais ambientes de uma farmácia hospitalar.
Ambientes Dimensão mínima
Central de abastecimento Farmacêutico – CAF 0,6m² por leito
Laboratório de Farmacotécnica De acordo com RDC n.33/00
Farmácia Satélite 4 m²
Área de Dispensação 6m²
Centro de informação de medicamentos – CIM 6m²
4
Área de Quimioterápicos Sala de manipulação – 5m²
(vestiário de barreira, sala de manipulação, sala de por capela de fluxo laminar
higienização) Sala de higienização – 4,5 m²
Área de Nutrição Parenteral Sala de manipulação – 5m²
(vestiário de barreira, sala de manipulação, sala de por capela de fluxo laminar
higienização) Sala de higienização – 4,5 m²
Sala de preparo e diluição de saneantes 9 m²
Ambientes de apoio:
Sala administrativa
Depósito de material de limpeza
Sanitários
Copa
Fonte: STORPIRTIS et al. (2008)

Para o cumprimento dos padrões mínimos preconizados pela Sociedade


Brasileira de Farmácia Hospitalar a farmácia deverá possuir área para
administração, área para armazenamento, área de dispensação e orientação
farmacêutica, e caso exista outros tipos de atividades como manipulação de
nutrição parenteral, fracionamento e reconstituição de agentes citotóxicos,
manipulação de misturas endovenosas e radio fármacos deverá possuir
ambientes específicos pra cada atividade, sendo também recomendado que haja
infraestrutura para a atividade de informação sobre medicamentos e correlatos
(1).
A central de abastecimento farmacêutico (CAF), é a unidade que serve
para a guarda dos medicamentos e produtos farmacêuticos, onde são realizadas
atividades quanto à sua correta recepção, armazenamento e distribuição. Esta
deve possuir os seguintes ambientes:

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• Recepção e Inspeção – local destinado ao recebimento e conferencia dos
produtos;
• Distribuição – local de atendimento de requisições internas da farmácia e
de outros setores do hospital;
• Área de soluções parenterais – local onde se tem pallets para o
armazenamento de soluções parenterais de grande volume e algumas de
5
pequeno volume, mas de alto consumo;
• Área de formas farmacêuticas diversas – local com prateleiras para o
armazenamento dos medicamentos;
• Área de Saneantes;
• Área de material médico hospitalar;
• Área de matéria prima e embalagens – necessária quando há laboratório
de manipulação
• Área sob refrigeração – local com refrigeradores em local ao abrigo do sol;
• Área para produtos inflamáveis – local para armazenamento de produtos
como álcool;
• Área de quarentena – local reservado para o armazenamento de produtos
com utilização proibida devido a problemas técnicos, administrativos, e
sanitários;
• Área administrativa – para tarefas relacionadas ao planejamento e gestão
do estoque;
• Área de citotóxicos – local de armazenamento para tais produtos, com
prateleiras especiais que protejam contra acidentes;
• Área de medicamentos sujeitos a controle especial – de acordo com a
portaria 344/98, tais medicamentos devem ser armazenados em área
própria ou armários específicos;

O CAF é classificado como unidade de risco especial para incêndio, uma


vez que os medicamentos além de possuir alto custo monetário implicam em
significativa carga de incêndio. Logo, eles devem ser auto suficientes em relação

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a segurança contra incêndio e impedir a propagação do incêndio para outro setor
ou resistir ao fogo do setor adjacente (1).

Em relação a área de dispensação intra-hospitalar, esta deve auxiliar na


garantia de sistema de distribuição seguro e efetivo (1). Assim, a localização do
setor de distribuição de medicamentos deve ser próxima ao CAF, sendo
importante neste setor os seguintes ambientes: 6
• Área de recepção – para o atendimento das requisições dos serviços de
apoio terapêutico, recepção de prescrições medicas e requisições da
equipe de enfermagem;
• Área de supervisão farmacêutica – destinado ao farmacêutico para a
supervisão dos processos de trabalho e orientações técnicas;
• Área de separação de medicamentos – local reservado apara o
atendimento das prescrições medicas e requisições, está deverá ficar
próxima a estação de trabalho para evitar o deslocamento frequente dos
técnicos de farmácia;
• Área de estocagem dos medicamentos – local com prateleiras e estantes
com estoque para de medicamentos para a reposição das estações de
trabalho. Este estoque deverá ser reduzido e resposto periodicamente pela
CAF;
• Área para Medicamentos da portaria 344/98 – atendo aos requisitos legais,
deverá ser destinado uma área específica na estação de trabalho para tais
fármacos;
• Área de prescrições atendias – local destinado a caixas plásticas,
contêineres ou sacolas com os medicamentos já separados para a entrega
nas unidades de internação;

Neste setor a informatização dos processos é uma ferramenta


indispensável para a garantia do controle e segurança dos atendimentos. Dessa
forma, é necessário um local destinado a impressoras, computadores e leitores
de código de barras (1).

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A área de farmacotécnica não estéril será destinada a manipulação intra-
hospitalar de medicamentos para se atender a prescrições especificas ou ainda
medicamentos indisponíveis no mercado (1). Os hospitais que decidirem pela
implantação da um laboratório de farmacotécnica deverão seguir a Resolução
RDC n. 33/2000 da Anvisa, caso a viabilidade econômica não seja possível o
hospital poderá optar pela aquisição de tais medicamentos em farmácias de
7
manipulação.

Á farmácia satélite é necessária em hospitais de grande porte como uma


estratégia para otimizar o sistema de distribuição de medicamentos, uma vez que
reduz o deslocamento para entrega de dos medicamentos nas unidades
assistenciais (1). Contudo, mesmo em hospitais de porte menor ainda é
importante para as unidades assistenciais que demandam de disponibilidade
imediata e diferenciada de medicamentos e materiais específicos, cujo
fornecimento de forma centralizada acaba por não ser efetivo, logo tais unidades
são centro cirúrgicos, pronto atendimentos e unidades de terapia intensiva (1).

A estrutura das farmácias satélites deverá ser a mesma da unidade de


distribuição intra-hospitalar, realizando adaptações necessários devido ao menor
espaço quadrado e a demanda de trabalho (1).

Outro setor importante dentro de um hospital é o Centro de Informações


de Medicamentos (CIM), uma vez que a farmácia é responsável pelo
fornecimento de informações adequadas sobre os medicamentos para a equipe
de saúde (1). Para isso a farmácia deverá dispor de biblioteca especializada
contendo farmacopeias, livros de farmacologia entre outras publicações
relacionadas, além do suporte de informática para a pesquisa em bases de dados
(1). Neste local ainda se faz necessário uma área para reuniões, para o
atendimento dos profissionais que buscam por informações.

A área destinada a preparação de medicamentos quimioterápicos, devem


possuir cuidados especiais devido aos riscos ocupacionais. Está área pode ser

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próxima da manipulação de nutrição parenteral ou até mesmo fora da farmácia
e próximas as unidades de oncologia (1).

A estrutura física da sala de preparo de quimioterápicos sugerida pela


Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia deve ser constituída dos
seguintes ambientes (5):
• Área de apoio administrativo e recepção – destinada a análise da 8
prescrição, agendamento dos pacientes e atividades administrativas;
• Área de estoque de medicamentos e materiais médico hospitalares;
• Área de limpeza e higienização de insumos - espaço com pias e balanças
de aço inox, com finalidade para a limpeza, lavagem e desinfecção de
frascos de medicamentos e insumos utilizados na manipulação;
• Área de Paramentação/ Antecâmera – destinada para a antissepsia das
mãos e paramentação com equipamentos de proteção individual. Nesta
área as portas de comunicação com a área de manipulação devem ser
alternadas e não devem abrir simultaneamente, para que o ar proveniente
da área externa não chegue à sala de preparo, um vez que a sala deve ter
pressão positiva;
• Sala de Manipulação – deve estar localizada em área restrita exclusiva e
livre de correntes de ar. O ar deverá ser filtrado conforme as
especificações da RDC 67/07, a pressão no interior da sala deverá ser
negativa para evitar que saia possíveis contaminantes para antessala. A
local ainda deverá possuir dutos de exaustão para a instalação de cabines
de segurança biológica, classe II, vertical tipo B2 com 100% de exaustão;
• Área de dispensação – Destinada à conferência dos produtos manipulados
e separação dos medicamentos coadjuvantes (ex. antieméticos,
antídotos);

O local destinado a Manipulação da Nutrição Parenteral (NP) deverá seguir


o regulamento estabelecido pela Portaria do Ministério da Saúde n.272 de 1998.
A qual prevê que as instalações destinadas a manipulação de nutrição parenteral
devem ficar localizada em área da farmácia, na qual o fluxo de pessoas deverá
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ser restrito visando minimizar o potencial de contaminação (1, 6). Dentre as
estruturas necessárias a manipulação de NP estão:
• Sala de limpeza e higienização de produtos e correlatos - esta deverá ser
contígua à área de manipulação e dotada de passagem dupla de portas,
para a entrada de produtos farmacêuticos, recipientes e correlatos;
• Sala de Manipulação – destinada a manipulação das NP, deve possuir
9
câmeras de fluxo laminar, ser independente e exclusiva, com filtros de ar
para a retenção de partículas e microrganismos, garantindo desta forma o
grau de pureza recomendado e ainda possuir pressão positiva;
• Antecâmara (vestiário) – local de paramentação, o qual deve ser ventilado,
com ar filtrado e pressão inferior à área de manipulação, mas superior à
área externa, com sistemas de travas nas portas ou alerta visual ou
auditivo para evitar a abertura simultânea a da porta de manipulação. As
torneiras devem ser acionadas de forma que dispense o contato das mãos
e junto ao lavatório deve haver sabão líquido, antisséptico e recurso de
secagem das mãos;
• Sala de armazenamento – devem assegurar a estocagem ordenada, de
forma a garantir a estabilidade físico-quimica e microbiológica dos
produtos;
• Área de dispensação- deve ser adequada para a inspeção final, rotulagem,
embalagem e dispensação correta da NP;

Alguns hospitais podem também necessitar de uma unidade de misturas


endovenosas, está tem por finalidade a manipulação de medicamentos estéreis
abrangendo desde o fracionamento do medicamento de alto custo até a
centralização do preparo de esquemas de soroterapia endovenosa (1).
Normalmente hospitais que possuem unidades de pediatria apresentam maior
demanda de fracionamento de medicamentos. Os requisitos estruturais para a
sala de misturas endovenosas são os mesmo exigidos para a nutrição parenteral
(1).

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A área destinada a central de saneantes deverá ser dimensionado em
função dos saneantes a serem diluídos e manipulados, sendo que os requisitos
estruturais deverá ser os mesmos ao laboratório de farmacotécnica não estéril,
os quais são previstos pela RDC n.33/00. Caso o hospital trabalhe com o
reaproveitamento dos recipientes de acondicionamentos será importante garantir
que não haja cruzamento de fluxo entre a área limpa e área suja (1).
10
Á área destina a seção administrativa deverá ser dimensionada ao número
de pessoas e ao volume de trabalho, uma vez que será utilizada para a execução
das atividades técnico administrativas, controle patrimonial e apoio logístico.
Dentre as estruturas necessárias à área temos: mesas de trabalho, arquivos,
suporte de informática, além da privacidade para a recepção de fornecedores e
membros da equipe de saúde (1).

Em relação a localização da farmácia é preciso planejar uma área


estratégica, uma vez que as atividades serão melhor desenvolvidas se a farmácia
buscar facilitar a provisão de todos os serviços bem como, a comunicação com
os demais setores do hospital (1).
Assim, para a escolha da localização é importante considerar:
• Facilidade do acesso interno e externo, uma vez que o acesso interno é
importante para as unidades de internação e serviços de apoio
terapêutico, enquanto o acesso externo é destinado a fornecedores,
representantes da indústria farmacêutica.
• Localização que favoreça a implantação de um sistema de distribuição de
medicamentos ágil e seguro para as unidades de internação e serviços de
apoio.
• Ficar próxima a elevadores e monta cagas, com exclusividade no uso.
• Buscar a proximidade entre ambientes da farmácia, evitar áreas de
subsolos e áreas congêneres.

Em relação aos recursos humanos na farmácia hospitalar é previsto que o


serviço de farmácia seja administrado por um profissional farmacêutico com

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qualificação e experiência, e ainda mantenha-se integrado aos demais
serviços assistenciais e administrativos da instituição (1).

A farmácia deverá dispor de um numero adequando de farmacêuticos e


profissionais de apoio, colaboradores com nível médio, técnicos de farmácia
e auxiliares administrativos (1). Os colaboradores deverão ter formação
compatível com a complexidade das funções a serem executadas, além de 11
serem treinados periodicamente (1).

De acordo com a SBRAF, a unidade de farmácia hospitalar deverá contar


com, no mínimo, um farmacêutico para cada 50 leitos, sendo que o número
de auxiliares dependerá da disponibilidade de recursos e grau de
informatização da unidade. Sendo que na ausência deste deverá se ter um
auxiliar para cada 10 leitos (1).

Dentre os recursos materiais temos o medicamento como o principal,


contudo outros materiais também empregados na assistência farmacêutica
ou que estão sob o controle da farmácia são: materiais médico-hospitalares,
suprimentos de informática e de apoio administrativo e materiais de
acondicionamento (1).

3. GESTÃO DE SUPRIMENTOS E CUSTOS HOSPITALARES


Na dinâmica hospitalar o impacto dos preços dos medicamentos nos
gastos financeiros de um hospital é muito grande, dessa forma é importe uma
gestão de estoque de controle rígido, que seja capaz obter informações,
coordenar e analisar fatos para a tomada de decisão correta, visando sempre a
redução dos custos com a manutenção da qualidade ou prejuízo a assistência do
paciente (1).

Em virtude do cenários de custos crescente da assistência médica,


condicionada em grande parte pela à agregação de novas tecnologias e novos
medicamentos e ainda aliados à limitação de recursos financeiros disponíveis ao

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sistema de saúde se faz necessário cada vez mais aprimorar o conhecimento e
as técnicas de avaliação e controle de custos e de gestão dos principais elementos
de um hospital, que são recursos humanos, os materiais e os medicamentos (1).

Dessa forma a gestão de suprimentos, ou seja, da administração de


materiais visam aplicar os recursos necessários ao processo produtivo,
garantindo a qualidade, a quantidade adequada, no tempo correto e com o 12
menor custo (7).

Em um hospital as quantidades dos diversos materiais utilizados


diariamente, variam muito quanto ao tipo de material, a época do ano, entre
outros fatores. Dessa forma, para a administração dos materiais é importante
utilizar técnicas cujas funções são divididas em subsistemas de Normalização, de
Controle, de Aquisição e de Armazenamento (7).

O subsistema de Normalização é responsável pela pergunta: o quê?


(comprar, armazenar e distribuir), dessa forma vão selecionar, padronizar e
especificar os materiais provendo assim as especificações dos materiais utilizados
(7). É justamente neste processo que ocorre os maiores erros, pois é necessário
que ocorra o diálogo técnico entre as diferentes áreas interessadas, visando um
consenso e por fim gerando um catálogos dos materiais selecionados (7).

O subsistema de Controle deve responder as perguntas: quando e quanto?


Possuindo desta forma a finalidade de gestão e valoração dos estoques, por meio
das quais será possível identificar o nível de ressuprimento do estoque, o prazo
de abastecimento, sendo este o período entre a solicitação e a chegada do pedido
e ainda o estoque de reserva necessário (7).

Para a correta mensuração deste subsistema é importante possuir


registros confiáveis, com previsão de consumo e média histórica de gastos. Neste
processo faz se importante considerar a curva ABC de valor e a análise da curva
XYZ (curva de popularidade). Sendo estimado que:

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• Itens A – correspondem a 5% do total de itens em estoque e consomem
80% dos recursos financeiros;
• Itens B – correspondem a 15% do total de itens em estoque e consomem
15% dos recursos financeiros;
• Itens C – correspondem a 80% do total de itens em estoque e consomem
5% dos recursos financeiros;
13
Sendo previsto pelas políticas de estoque que os itens A possuam um
estoque mínimo de 7 a 15 dias, os itens B estoques de no máximo 1 mês, e os
itens C estoques de até 60 dias, nunca mais que isso (7).

O subsistema de Aquisição possui a função de compra dos materiais e a


alienação, que cuida da venda de materiais não utilizados. A atividade de compra
deve buscar garantir ás necessidades dos produtos conforme os requisitos de
qualidade estabelecidos, no tempo correto e com os melhores preços e condições
de pagamentos (7). Geralmente cada organização, seja pública ou privada,
realiza esta função conforme normas internas.

Por fim, o subsistema de armazenamento, o qual é responsável pelo


recebimento, armazenamento e distribuição dos materiais. Neste é importante
assegurar além de uma cadeia logística integrada o controle da qualidade, sendo
a função de inspeção da qualidade normalmente muito diversificada em virtude
da grande variedade de produtos.

O recebimento deve compreender a inspeção dos dados da nota fiscal e o


pedido feito ao fornecedor, assim como a conferencia qualitativa do material (7).
Enquanto o controle dos materiais no estoque deve ser realizado por meio de
fichas de prateleiras e fichas de controle físico-financeiro (7).

No armazenamento é importante assegurar a preservação dos materiais


quanto a padrões de qualidade (ex. empilhamento máximo, temperatura ideal),
deterioração e desvios, e ainda garantir a organização visando o bom
funcionamento do setor. Dessa forma, buscar locais mais acessíveis para itens

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de com muita utilização e manter o controle rigoroso de prazos de validade dos
produtos (7).

A gestão dos materiais hospitalares e medicamentos constituem grande


parte dos custo hospitalar em instituições públicas e privadas, chegando a 30%
das contas hospitalares, dessa forma o farmacêutico possui grande
responsabilidade no gerenciamento e prestação de contas de tais itens (7, 8). 14

4. A PARTICIPAÇÃO DO FARMACÊUTICO NAS COMISSÕES


HOSPITALARES

A participação do farmacêutico nas comissões internas do hospital, visa


contribuir juntamente com os demais profissionais para a qualidade as ações de
saúde, a efetividade terapia medicamentosa e a segurança do paciente.

Dentre as comissões em que o farmacêutico faz parte temos a Comissão


de Farmácia e Terapêutica, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e a
Comissão de Terapia Nutricional.

Na Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) o farmacêutico deverá


contribuir com seu conhecimento técnico-cientifico para a seleção dos
medicamentos que farão parte do arsenal medicamentoso padronizado pelo
hospital.

Para a seleção dos fármacos a serem padronizados pela equipe


multiprofissional o farmacêutico deverá levar em consideração a relevância em
saúde pública do fármaco em questão, as evidências de eficácia, segurança e
custo-efetividade de forma comparativamente (9). As decisões para a
padronização dos medicamentos deverão ser pautadas nos princípios da Medicina
Baseada em Evidências, a qual utiliza de ferramentas de epidemiologia clínica,
estatística, da metodologia clínica e da informática buscando oferecer a melhor
informação disponível para a tomada de decisão (9).

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Dessa forma, as decisões da CFT fomentaram as decisões da diretoria
clínica na formulação de diretrizes para a seleção, padronização, prescrição,
aquisição, distribuição e uso dos medicamentos. Os critérios avaliados para a
seleção e padronização dos medicamentos são (9):

• Registro no pais em conformidade com a legislação sanitária;


• Necessidade do fármaco segundo aspectos clínicos e epidemiológicos; 15
• Valor terapêutico comprovado, com base na melhor evidência cientifica
em seres humanos, destacando segurança, eficácia e efetividade, com
algoritmo de escolha de tratamento definido;
• Composição com única substancia ativa, admitindo-se, apenas em casos
especiais, associações em doses fixas;
• Princípio ativo conforme Denominação Comum Brasileira ou na ausência a
Denominação Comum Internacional;
• Informações suficientes quanto as características farmacotécnicas,
farmacocinética e farmacodinâmicas;
• Preço para aquisição, armazenamento, distribuição e controle;
• Menor custo de tratamento/dia e custo total de tratamento, resguardando
segurança, eficácia, efetividade e qualidade de vida;
• Concentração, forma farmacêutica, esquema posológico e apresentação,
considerando a comodidade para a ministração aos pacientes, faixa etária,
facilidade para o fracionamento ou multiplicação de doses, assim como o
perfil de estabilidade mais adequando às condições de armazenamento e
uso.

A composição da CFT deverá possuir característica multiprofissional a


contar com representantes, com autonomia de decisão das áreas de
Administração, Serviço de Farmácia, Serviço de Enfermagem, Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar; Especialistas Médicos (9).

Na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) o farmacêutico


desempenhará ações diretamente relacionadas ao uso racional dos

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antimicrobianos, germicidas e produtos para a saúde (10). Assim o farmacêutico
juntamente com os demais membros da CCIH atuarão na definição de uma
política de seleção e utilização dos antimicrobianos (10).

O farmacêutico também poderá participar da elaboração de protocolos


clínicos para a profilaxia antibiótica e para o uso terapêutico em infecções
bacterianas, sempre levando em consideração dados farmacoeconômicos 16
disponíveis (10). Dessa forma, em parceria com a equipe multiprofissional,
deverá orientar quanto a prevenção da infecção hospitalar, por meio de
treinamentos com as diferentes equipes hospitalares (8).

Outras atribuições do farmacêutico na CCIH é o controle da dispensação


de antimicrobianos (ATB) por meio de fichas de justificativa de uso, controle do
tempo de uso do ATB, de acordo com a previsão do tratamento e participação
ativa nas visitas clínicas da instituição (10). Esta pressupõe conhecimento sobre
os tipos e quantitativo de estoque de ATB, de forma a garantir o tratamento de
todos os pacientes em uso, oferecendo opções de tratamento de acordo com o
espectro de ação dos fármacos, além de informar sobre questões de
farmacocinética, farmacodinâmica, análise de diluição, posologia e via de
administração (10).

Na Comissão de Terapia Nutricional o farmacêutico em colaboração com


outros profissionais da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN),
deverá monitorar e avaliar a resposta do paciente à terapia nutricional. Logo, o
trabalho da equipe multiprofissional será de extrema importância para que o
tratamento com NP obtenha êxito (11).

Assim, o farmacêutico precisará trabalhar ativamente como um dos


membros da EMTN, desenvolvendo políticas e garantindo a excelência na
qualidade do serviço (11). Entre as funções do farmacêutico na esquipe, está:

• Avaliação de todas as prescrições de Nutrição Parenteral (NP) quanto à


estabilidade, compatibilidade e possíveis interações medicamentosas;

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• Verificar possíveis reações adversas documentando-as e se necessário
emitindo laudos;
• Supervisionar todo o processo de aquisição de insumos para a produção
de NP, assim como a qualidade da área destinada ao preparo de NP;
• Controlar a qualidade;
• Sugerir e implementar melhores práticas;
17
Outras comissões que o farmacêutico também poderá a vir atuar é na
Comissão de Gerenciamento de Risco (segurança do paciente): na qual poderá
auxiliar nas ações de prevenção, bem como no monitoramento de eventos
adversos (12). E também na Equipe Multidisciplinar de Terapia Antineoplásica
(EMTA): nesta equipe, terá o papel de acompanhamento dos pacientes
oncológicos e seus regimes terapêuticos (12).

5. SELEÇÃO, AQUISIÇÃO, ARMAZENAMENTO E


DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS
O ciclo da Assistência Farmacêutica, o qual compreende as ações
relacionadas à seleção, à aquisição, ao armazenamento e à distribuição de
medicamentos e materiais é uma das principais atribuições e responsabilidades
do farmacêutico hospitalar.

Na seleção dos medicamentos o farmacêutico atuará em conjunto com os


demais membros da CFT na escolha dos medicamentos que serão padronizados
pelo hospital, sendo a seleção dos fármacos um processo continuo visando a todo
momento assegurar aos pacientes o uso racional dos medicamentos (13). Assim,
dentre os principais objetivos da seleção de medicamentos está (13, 14):

• Implantação de políticas de utilização de medicamentos com base em


avaliação, seleção e emprego terapêutico corretos no hospital;
• Reduzir os custos visando a obter medicamentos essenciais à cobertura
dos tratamentos necessários aos pacientes;

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• Promover a atualização e a reciclagem de assuntos relacionados a
terapêutica hospitalar;
• Possibilitar maior eficiência do ciclo da assistência e reduzir o número de
produtos farmacêuticos que serão adquiridos, armazenados e distribuídos;
• Promover o uso racional dos medicamentos e assegurar fármacos efetivos,
e com qualidade, necessários para prevenção, diagnóstico e tratamento;
18
• Facilitar o fluxo de informações para prescritos, dispensadores e usuários

Em relação ao processo de aquisição dos medicamentos, este dependerá


de alguns fatores além da normalização para a sua execução, tais como (15):

• A especificação detalhada dos itens, como o tipo de ampola em relação a


concentração/mililitros (ex. amicacina 100mg/ml ampola de 2 ml x
amicacina 100mg/ml ampola de 1ml);
• A classificação e o grupamento quanto a sua forma farmacêutica,
dimensão, classe farmacológica, tipo, indicação, curva ABC, ordem
alfabética etc.;
• A codificação, a qual visa simbolizar todo o conteúdo de informações de
cada produto por meio de números e/ou letras com base na classificação
obtida do material. Para os medicamentos poderá ser utilizada a
classificação Anatômico Terapêutico Química (ATC) da Organização
Mundial da Saúde;
• A determinação da quantidade de cada produto para um determinado
período de tempo, sendo para isso necessário realizar previamente a
provisão de consumo, o qual é obtido por meio da avaliação do consumo
histórico e da demanda;

A previsão do consumo, tem por característica ser crescente, decrescente,


aleatório e sazonal, sendo que enquanto o consumo aleatório tem por
características grande oscilações para o período de tempo analisado o consumo
sazonal apresenta oscilações regulares e é determinado por causas como

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epidemias, surtos, inverno, verão entre outros, normalmente este tipo de
consumo apresenta desvio de no mínimo 25% do consumo médio (15).

A demanda é caraterizada pela intensão de consumo e seu objetivo básico


é determinar consumos futuros (15). A demanda dependerá do perfil
epidemiológico dos pacientes, da incidência de doenças, da legislação vigente,
da cobertura realizada por outras instituições entre outros. Assim, para se 19
determinar a demanda pode-se utilizar o consumo do ano anterior considerando
somente o crescimento vegetativo da população, calculando-se mês a mês a taxa
de crescimento (15). Nesta avaliação parte-se do pressuposto que não existirão
flutuações da demanda, e nem alterações do consumo médio (15).

Um ponto importante no processo de aquisição é quando ela deve ocorrer,


para isso é necessário compreender os conceitos, tais como (15):

• Estoque real - é a quantidade de medicamento ou material existente no


estoque do hospital;
• Estoque virtual – representa a soma do estoque real com quantidade
solicitada para aquisição;
• Estoque máximo – é a quantidade máxima que deverá ser mantida em
estoque, sendo portanto a soma do estoque reserva mais a quantidade de
ressuprimento;
• Tempo de suprimento – este é o tempo que será necessário para efetuar
a cotação de preços, obter a autorização de compra, negociar com o
fornecedor, emitir o pedido, receber o produto.
• Estoque reserva (estoque de segurança ou de emergência) – é a
quantidade mínima capaz de suportar o aumento do tempo de
ressuprimento programado ou o aumento do consumo.
• Ponto de ressurgimento – é a quantidade existente no estoque que
determinará a emissão de um novo pedido de compra.

A aquisição poderá ser realizada por meio de dois sistemas, o sistema de


revisão continua, que consiste em controlar a quantidade mantida em estoque a
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todo momento e o sistema de revisão periódica, no qual a revisão do estoque
ocorre em períodos regulares, no qual geralmente se adota o controle semanal,
quinzenal e mensal (15).

O controle do estoque pode ser informatizado ou manual, contudo, o mais


importante é se ter a informação (15). Embora o controle de estoque
informatizado apresente maior agilidade em relação ao manual, ele se torna 20
enganoso se o sistema não for alimentado corretamente e não ocorra uma
conscientização dos funcionários do setor quanto ao seu controle eficiente (15).

Neste processo de controle do estoque o inventario físico se torna uma


peça chave, uma vez que é efetuado por meio da contagem física dos produtos
e os resultados devem ser conferidos com os dados dos sistema de controle
informatizado ou manual (15). A realização do inventário físico pode ser realizada
de forma anual, ocorrendo somente uma vez ao ano ou de forma rotativa, o qual
consiste em verificar, a cada mês, a duodécima parte dos itens do estoque, de
forma que no final do ano todos os itens foram contados ao menos uma vez (15).

Dessa forma, as divergências encontradas entre os estoque físico e o


informatizado devem ser objeto de investigação e elaboração de relatório de
correção (15).

O processo de armazenamento tem por atribuição garantir a qualidade dos


medicamentos e materiais, para tal deve assegurar a estabilidade físico-química
e microbiológica destes itens. Logo, a armazenagem correta é de fundamental,
e a atuação do farmacêutico é essencial para sua supervisão (16).

O armazenamento de medicamentos e materiais consiste em disponibiliza-


los, de forma organizada e com conhecimentos técnicos, em uma área especifica
(16). Assim algumas características são importantes e devem ser estruturadas,
são estas:

• Área Física - deve possuir espaço suficiente para um fluxo racional de


pessoas e materiais, visando minimizar o risco de trocas de medicamentos

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diferentes ou lotes de um mesmo medicamento. O seu tamanho ideal
dependera do nível de assistência prestado pelo hospital, a modalidade de
reposição adotado pela instituição e o tempo decorrido para a reposição
dos estoques. Contudo de acordo com a RDC n.50/2002 que regulamenta
o planejamento, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos de saúde, pode ser dimensionado em 0,6m² para cada
21
leito do hospital (16).
• Subdivisões – é necessária para que se possa realizar todas as atividades
de separação e segregação dos materiais, sendo útil para subdividir áreas
como de recebimento, conferência, armazenagem, separação, e
expedição;
• Infra-estrutura – As paredes, teto e chão devem ser revestidos por
materiais de fácil limpeza, resistentes, que não desprendam partículas e
evitem o acúmulo de poeira. Além disso, a área deve ser protegida contra
a umidade, possuir um sistema que permita a boa circulação de ar
mantendo padrões aceitáveis de temperatura (que não exceda a 25°C) e
ainda também deve ser protegida contra entrada de pragas, insetos e
roedores em geral;
• Controlar fatores que afetam a estabilidade dos medicamentos atuando
nas reações de degradação, tais como: temperatura, luz e umidade.

Para o controle da temperatura deve-se assegurar a manutenção diária da


temperatura dentro da faixa de 23 a 25°C. Lembrando que, alguns
medicamentos necessitam de armazenamento em condições especiais de
temperatura, sendo sua estocagem feitas em refrigeradores ou câmeras frias,
para tal é necessário conhecer a temperatura recomendada pelo fabricante (16).

Assim, cada área de armazenamento deve possuir pelo menos um


termômetro, sendo a verificação da temperatura diária realizada no mínimo 3
vezes ao longo do dia. É importante que os valores sejam sempre registrados e

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não apenas a temperatura do momento, mas também a máxima e a mínima do
período (16).

No controle da iluminação deve-se evitar a incidência de luz solar direta


sobre os produtos estocados, evitando problemas de degradação (16).

A umidade além de afetar as características físico-químicas, poderá


danificar as embalagens, assim para evitar tais problemas recomenda-se a não 22

deposição dos medicamentos diretamente no solo ou encosta-los em paredes ou


teto (16). Dessa forma, sugere-se a utilização de paletes para a deposição das
caixas e sempre respeitar o empilhamento máximo de cada fabricante. Já a
umidade relativa do ar não deve ser superior a 70%, sendo necessário utilizar
desumidificadores em regiões que ultrapassam este nível (16).

A distribuição de medicamentos tem por objetivo principal fornecer os


medicamentos em condições adequadas com garantia da qualidade no processo.
Dessa forma, uma das características necessárias é que o serviço de farmácia
funcione em tempo integral (24h) para a provisão de todos os itens necessários
aos pacientes (17).

O processo distribuição aos diversos setores do hospital deverá ser feito


mediante a programação previa com os demais serviços, sendo considerado para
tal aspectos técnicos e administrativos, de logística e de atenção aos pacientes
(17).

O processo de distribuição se inicia pela solicitação dos produtos, afim de


suprir as necessidades destes produtos por um determinado período de tempo
ou em atendimento de uma prescrição médica (17). Assim, uma distribuição
adequada e eficiente deverá prover:

• Rapidez na entrega – em tempo hábil para a correta utilização, evitando


atrasos e desabastecimentos;
• Segurança – garantia que os produtos chegarão ao paciente nas
quantidades corretas e com a qualidade desejada;

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• Transporte – em condições adequadas de segurança, distancia, tempo de
entrega e custo financeiro;
• Sistema de Informação e Controle Eficiente – por meio do monitoramento,
para tal deve-se dispor de um sistema de informação que propicie a
qualquer momento a rastreabilidade dos produtos fornecidos;
• Registros – existência de mecanismos de solicitação de pedidos e
23
elaboração de relatórios com informações sobre as transações realizadas;

Entre os tipos de sistemas de distribuição existentes há dois grandes


grupos: o tradicional e o moderno. O tradicional inclui o sistema coletivo, o
individualizado e o misto, enquanto o moderno inclui o sistema por dose unitária
(18).

• Sistema de distribuição coletivo – neste os medicamentos e materiais são


distribuídos por unidade de internação ou setores a partir de uma
solicitação ou requisição da enfermagem, promovendo assim a formação
de estoques nos setores solicitantes;
• Sistema de distribuição individualizado – pode ser direto ou indireto, no
individualizado direto os medicamentos são dispensados por paciente, e
geralmente por um período de 24 horas por meio da cópia da prescrição
médica, já no individualizado indireto ao invés de cópia da prescrição é
feita a transcrição da prescrição pela equipe de enfermagem;
• Sistema de distribuição misto – é feita a distribuição de alguns
medicamentos mediante a solicitação pelo sistema coletivo e outros
medicamentos por meio da cópia da prescrição médica;
• Sistema de distribuição por dose unitária – os medicamentos são
dispensados por paciente, para um período de 24hs, contidos em
embalagens unitárias, conforme horário de administração e prontos para
serem administrados, conforme a prescrição médica, individualizados e
identificados para cada paciente (17).

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Assim, a escolha do sistema do distribuição ideal deverá buscar pelos
processos que garantam a maior segurança para o paciente, a diminuição dos
erros de medicação, a diminuição dos custos com medicamentos e outros
insumos e ainda o controle sobre os medicamentos e acesso a informação sobre
o paciente, permitindo desta forma a avaliação da prescrição médica (17).

Ao se obter o melhor controle do processo é possível permitir que o 24


medicamento chegue ao paciente em dose, via e hora correta (18).

6. PREPARAÇÃO DE QUIMIOTERÁPICOS
Os medicamentos utilizados para a terapia do câncer são
conhecidas como quimioterapia, sendo estas consideradas de alto risco devido
aos danos causados aos indivíduos expostos (19).

As principais características em relação aos danos destes fármacos são


(19):
• Genotoxidade;
• Carcinogenicidade;
• Teratogenicidade ou comprometimento da fertilidade;
• Evidencias de toxicidade em algum órgão específico, em doses baixas.

Destas forma, todos os processos que envolvem o contato com estes


fármacos devem ocorrer com o máximo de controle (19).

Na oncologia o farmacêutico atuará em diferentes áreas, entre elas a


manipulação, a seleção e padronização, as auditorias internas e nas comissões
Multidisciplinar de Terapia Antineoplásica. Além destas, também estará sob sua
responsabilidade a vigilância por reações adversas e o fornecimento de
informações aos pacientes (20).

Dentre todas estas áreas destacam as atividades a serem exercidas pelo


farmacêutico (20):

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• Manualização dos procedimentos técnicos;
• Aquisição e avaliação técnica dos medicamentos, insumos farmacêuticos
e produtos para saúde;
• Normatização dos procedimentos de recebimento, transporte,
armazenamento e conservação dos medicamentos, insumos e produtos
para saúde;
25
• Análise da prescrição médica, cálculo de doses, escolha dos diluentes e
embalagens adequadas;
• Preparo dos medicamentos, contemplando todas as etapas do processo;
• Gerenciamento e manejo dos resíduos de risco;
• Organização da área física, equipamentos de proteção individual e
coletiva, bem como equipamentos;
• Procedimentos, registro e notificação de acidentes ambientais e pessoais;
• Estabelecimento do plano de garantia e controle de qualidade
• Estabelecimento de técnicas de biossegurança, identificando os momentos
e situações de risco;
• Registro de horas de manipulação, exposições agudas e crônicas;
• Ensino e educação permanente para o corpo técnico (farmacêuticos) e de
apoio (auxiliares);
• Participação na equipe multiprofissional de assistência ao paciente
oncológico;
• Atuação em pesquisa básica e clínica;
• Preparo de radiofármacos;
• Farmácia clínica em oncologia;
• Farmacotécnica de medicamentos especiais para oncologia;
• Farmacovigilância;
• Cuidados paliativos em pacientes oncológicos;
• Assistência domiciliar (home care) ao paciente oncológico.

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A manipulação dos quimioterápico é atribuições privativas do
farmacêutico, em concordância com a Resolução 288/96 do Conselho Federal de
Farmácia (20), e nesta o farmacêutico deve assegurar que todo o processo seja
realizado com técnicas de segurança rigorosas, uma vez que a contaminação do
ambiente de trabalho expõe o manipulador, colocando em risco a sua saúde (19).

Assim, a prevenção da exposição as estas drogas de risco deve envolver 26


um plano operacional que defina as normas técnicas a serem seguidas, além
disso é necessário que o manipulador faça uso do equipamento de proteção
individual (EPI), sendo estes (20):

• Vestimenta (macacão ou avental) confeccionado em material


semipermeável, fechado na frente, com mangas longas e punhos
elásticos;
• Botas plásticas com solado antiderrapante ou propés de plástico;
• Óculos de proteção panorâmico;
• Respirador com filtro classe P3 (alta eficiência);
• Luvas de látex isentas de talco;

Além da utilização de EPI, é necessário a presença de capelas de


segurança biológica de classe II com sistema de filtro, fluxo laminar, de
preferência com exaustão externa e proteção total, a superfície de trabalho deve
ser coberta com material absorvente para diminuir o risco de contaminação e o
local deverá ser de acesso restrito ao pessoal treinado e ficar localizado em local
isolado (20).

O farmacêutico deverá ainda realizar a análise de toda prescrição médica,


uma vez que os agentes antineoplásicos possuem janela terapêutica estreita,
logo o menor erro na análise da prescrição ou na manipulação pode causar sérios
danos ao paciente (20). Assim é importante que o farmacêutico realize a análise
dos seguintes itens da prescrição (20):

• Nome do paciente, número do prontuário e data de consulta;


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• Peso, altura, superfície corporal, idade e sexo;
• Resultados de avaliações laboratoriais;
• Estadiamento da doença;
• Protocolo recomendado;
• Dosagem a ser administrada por intervalo de tempo;
• Vias de administração;
27
• Plano terapêutico;
• Nome do médico, assinatura e carimbo com número de registro no
conselho de classe.

A atuação clínica do farmacêutico aos pacientes em uso de quimioterápicos


deverá se pautar na co-responsabilização pela farmacoterapia dos pacientes,
visando o sucesso da terapia proposta pelo médico (20).

Para isso, é importante que se realize o acompanhamento farmacológico


destes pacientes atuando no manuseio das reações adversas ao tratamento, na
toxidade das drogas, intervindo com terapias de suporte, além das terapias
complementares direcionadas ao câncer, buscando desta forma que os
problemas relacionados ao tratamento quimioterápico possam ser prevenidos,
corrigidos ou minimizados (20).

A atuação do farmacêutico junto ao paciente agrega confiança e contribui


para à adesão ao tratamento (20).

7. NUTRIÇÃO PARENTERAL E NUTRIÇÃO ENTERAL


A Nutrição Parenteral Total (NPT) é uma solução estéril que é infundida
por via endovenosa (11). Ela é necessária nos casos em que a alimentação oral
normalmente não é possível, quando a absorção de nutrientes é incompleta,
quando a alimentação oral é indesejável e, principalmente, quando as condições
mencionadas estão associadas, ou podem evoluir para um estado de desnutrição
(21).
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As características da NPT são em (21):

• Solução ou emulsão composta basicamente de carboidratos, aminoácidos,


lipídios, vitaminas e minerais
• Estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico,
destinada a administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não
• Regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou 28
manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas

As principais indicações da NPT entre os adultos são situações pré-


operatórias, em doentes portadores de desnutrição, com doenças obstrutivas no
trato gastrointestinal alto, complicações pós-cirúrgicas, lesões múltiplas,
queimaduras graves, moléstias inflamatórias intestinas (ex.: Síndrome de Crohn,
síndrome do intestino curto etc.). Enquanto que nas crianças ela é utilizada nos
casos de prematuros de baixo peso, má formação congênita do trato
gastrointestinal, diarreia crônica intensa (21).

Em relação ao processo de manipulação da NPT inicialmente o


farmacêutico deverá realizar a análise quanto à suficiência qualitativa,
quantitativa e de compatibilidade entre os elementos da formulação (21).

Em seguida é necessário verificar se todos os itens prescritos são os


requeridos pelo paciente, se a dosagem dos produtos solicitados é a
recomendada ao quadro clínico, se existe compatibilidade físico-química entre os
elementos da formulação e entre e os medicamentos que o paciente está
utilizando, se a formulação será estável e por fim se a via de administração
solicitada suporta a osmolaridade da solução e velocidade de infusão (21).

A composição de uma nutrição parenteral poderá conter múltiplas


especialidades farmacêuticas, chegando a atingir 30 a 40 itens entre os princípios
ativos e adjuvantes farmacotécnicos, dessa forma sempre que há a necessidade
de se adicionar um novo item na NPT, deve-se estudar a compatibilidade deste
para com a NPT e a estabilidade da NPT para com este medicamento (21).
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Entre os cuidados necessários para a manipulação da NPT destaca-se a
necessidade de se realiza-la em sala considerada área em limpa, dotadas de
cabines de fluxo laminar, com pressão positiva. Deve-se ainda possuir uma
antecâmara para desinfecção e paramentação do vestuário próprio e adequado
do manipulador e que este não libere partículas e esteja esterilizado (21).

É necessário o armazenamos de amostras das NPT por pelo menos 7 dias 29


após o preparo da solução, para que se caso necessário possam ser usadas de
contra referência (21).

As NPT podem ser classificadas segundo a sua via de infusão e segundo a


composição da solução, sendo (11, 21):

• NPT periférica - caracterizada pela baixa osmolaridade (menos do que 900


mOsm/L) das soluções, posssibilitando a infusão por veia periférica;
• NPT central – caracterizada pela elevada osmolaridade (maior do que 900
mOsm/L). Sua administração é indicada para períodos superiores a 10
dias, devendo ser infundida em veia central de grosso calibre
(normalmente veia cava superior) uma vez que a infusão por veia
periférica poderá provocar flebite;
• Sistema glicídico, binário ou “dois em um” – sendo está uma solução de
aminoácidos, comofonte de nitrogênio mais uma solução de glicose, como
fonte de energia;
• Sistema lipídico, ternário ou “três em um” – onde temos uma solução de
aminoácidos, como fonte de nitrogênio, uma solução de glicose, como
fonte de energia e uma solução de lipídios, como fonte energética e de
ácidos graxos essenciais.

A nutrição enteral diferentemente da NPT é realizado por via nasogástrica


ou nasoenteral, por meio de uma sonda introduzida pelo nariz, estômago e
chegando até o duodeno e jejuno.

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A nutrição enteral é comumente utilizada nos casos em que os pacientes
apresentam não conseguem se alimentar pela via oral, ou a quantidade ingerida
de nutrientes é insuficiente para manter as necessidades nutricionais, como por
exemplos nos casos de anorexia extrema, lesões na boca, esôfago, pacientes
inconscientes, disfágicos, com reflexo gastresofágico e outros casos (22).

Com a necessidade da administração de nutrição enteral, é necessário 30


analisar as potencias interações droga nutriente envolvidas na administração
conjunta pela mesma via (23).

Assim, o farmacêutico deverá realizar as seguintes avaliações:

• Avaliação das possíveis interações droga/nutriente – sendo elas


normalmente interações físico-químicas, provocando o surgimento de
precipitados visíveis que podem obstruir a sonda e interações
farmacocinéticas alterando os processos de absorção, distribuição,
metabolismo e exceção do alimento e do medicamento;
• Possibilidade de mudança da via de administração dos fármacos – Quando
se encontra uma forte interação droga-nutriente e o período necessário
da suspensão da dieta é significativo é recomendável a troca da via de
administração seja vista como uma alternativa;
• Avaliação quanto a possibilidade de maceração dos fármacos – as formas
farmacêuticas sólidas muitas vezes apresentam revestimento externo,
com a função de proteger o estômago contra algum fármaco que causar
irritação, ou até mesmo prolongar o seu efeito devido a liberação
modificada do princípio ativo. Desta forma a maceração é contra indicada
para tais fármacos;
• Grau de diluição dos fármacos – algumas formulações liquidas apresentam
elevada viscosidade, porém todo medicamento administrado via sonda
enteral precisa estar bem diluído ou com baixa viscosidade para evitar que
o produto se deposite na porção distal do cateter;

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• Acompanhamento dos níveis séricos dos medicamentos – alguns
fármacos, principalmente os de baixo índice terapêutico, tal avaliação
torna-se especialmente importante para garantir a efetividade terapêutica
da droga.

8. CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR 31

As infecções hospitalares são consideradas um grande problema para os


hospitais a várias décadas, sendo que na década de 80 elas ganharam maior
repercussão, iniciando a partir desta época várias ações buscando combate-las
(10). Entre elas a criação da Portaria 196 em 1983, o qual determinou que todos
os hospitais deveriam manter uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
para a avaliação dos casos e elaboração de medidas preventivas (10).

Dentre as atribuições da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar,


destacam-se:

• Notificação e Quantificação do tipo de infecção observada;


• Padronização dos Antimicrobianos;
• Criação de protocolos profiláticos que adequem ao perfil de atendimento
do hospital;
• Padronização das soluções germicidas a serem usadas;
• Treinamento da equipe de limpeza;
• Estabelecimento de formulário de prescrição de antimicrobiano, com a
justificativa do emprego e previsão de tratamento;
• Visitas clínicas que garantam a política de uso do antimicrobianos;

O controle do uso dos antimicrobianos tem por objetivo primordial a


qualidade assistencial aos pacientes. Assim, o preconizado é que somente se faça
o uso dos antimicrobianos quando de fato existir o diagnóstico da infecção (10).
Também é importante a redução da pressão seletiva de antimicrobianos
específicos para que assim, se reduza a seleção de microrganismos resistentes,

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e por conseguinte a necessidade da redução dos custos hospitalares ligados
direta ou indiretamente ao uso dos antimicrobianos (10).

Logo, a atuação do farmacêutico no uso racional de antimicrobianos visará


o controlar da dispensação dos antimicrobianos, por meio das justificativas de
uso, a monitoração do tempo de uso dos antimicrobianos, a participar ativa nas
visitas clínicas, além de estimular o uso de embalagens em dose única para 32
produtos estéreis e participar de investigação epidemiológica dos surtos ou
suspeita (10).

9. FARMÁCIA CLÍNICA
Nas últimas décadas tem se observado que a prática farmacêutica voltada
essencialmente para os aspectos de aquisição, distribuição e produção de
medicamentos não tem produzido resultados de impacto sobre a qualidade,
segurança e custo da farmacoterapia (1). Diante disso, e acompanhando a
evolução dos serviços farmacêuticos da Europa e América do Norte a prática da
farmácia clínica realizada pelo farmacêutico vem ganhando maior espaço no
ambiente hospitalar.

A farmácia clínica é área da farmácia voltada ao uso racional de


medicamentos, nesta o farmacêutico assume maior responsabilidade com a
farmacoterapia e atua como promotor do uso racional de medicamentos,
desenvolvendo ações direcionadas para a necessidade do paciente, de forma a
otimizar a farmacoterapia (1, 12).

No ambiente hospitalar a farmácia clinica realiza o julgamento e a


interpretação na coleta de dados necessários para individualização da
farmacoterapia do paciente (12). Se responsabiliza pelas suas necessidades
relacionadas ao medicamento, por meio da detecção, prevenção e resolução de
Problemas Relacionados ao Medicamentos.

Assim, dentre as principais atividades do farmacêutico clínico temos:


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• Anamnese Farmacêutica - a qual consiste em uma entrevista clínica,
realizada pelo farmacêutico, com o paciente, e tem como foco três pontos:
perfil do paciente, história clínica e história farmacoterapêutica. Neste
momento, o farmacêutico clínico obtém dados subjetivos e objetivos que
orientarão a sua conduta na elaboração do plano terapêutico. Por fim ele
o farmacêutica realizará a análise situacional, a revisão da farmacoterapia
33
e a identificação dos problemas presentes e potenciais (12).

• Conciliação Medicamentosa – é o processo de revisão de toda da


farmacoterapia, com objetivo identificar os problemas relacionados aos
medicamentos, sendo que os problemas mais comuns a duplicidades
terapêuticas, a exclusão de medicamentos, a omissão de medicamentos e
diferenças em doses, em formas farmacêuticas ou em posologias. Por
meio deste processo, é possível identificar a automedicação e também o
uso inadequado dos medicamentos (12).

• Análise da Prescrição – deve-se iniciar pela identificação do paciente


(nome, registro de internação, sexo, idade, peso e altura); aspectos do
paciente (o registro de alergias e uso de medicamento prévio); aspectos
da administração dos medicamentos (reconstituição, diluição, tempo de
infusão, estabilidade e incompatibilidade); dose (dose adequada para a
indicação terapêutica, dose máxima diária, ajuste de dose renal/hepática,
ajuste de dose para pacientes idosos/crianças/gestantes/lactantes);
frequência (o intervalo correto entre as doses e o aprazamento
adequado); medicamento (disponibilidade no mercado, padronização da
instituição, indicações terapêuticas, contraindicações e interações
medicamentosas); via de administração (via correta e se há necessidade
de ajustes de formas farmacêuticas) (12).

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• Ajuste de Dose – é importante considerar características específicas em
pacientes pediátricos, idosos, gestantes, nefropatas, hepatopatas, críticos,
imunossuprimidos, entre outros, de forma que se garanta a
individualização da dose para o sucesso terapêutico (12).

• Adequação de formas farmacêuticas - o farmacêutico deverá avaliar a


34
condição clínica do paciente, bem como a via de administração disponível,
tendo em vista as diversas formas farmacêuticas dos medicamentos,
sendo necessário realizar uma análise do ponto de vista farmacológico e
farmacotécnico, a fim de evitar falhas terapêuticas e possíveis danos ao
paciente. Sempre que possível deverá orientar pela preferência por
soluções que foram desenvolvidas para administração pela via oral, sendo
considerado as vias alternativas somente na ausência ou impossibilidade
destas (12).

• Avaliação das Interações Medicamentosas – é caracterizada pela alteração


dos efeitos de um medicamento pela presença simultânea de outro
medicamento, alimento, bebida ou substâncias fisiológicas no organismo
(12). Sendo importante sua avaliação e intervenção sempre que
necessário, afim de garantir a segurança do paciente e a efetividade do
tratamento farmacológico.

• Avaliação quanto a Incompatibilidade Medicamentosa - ocasionada


diferentemente das interações medicamentosa, uma vez que ocorre fora
do organismo, ou seja, no momento do preparo ou da administração (12).
A incompatibilidade medicamentosa deve-se a reações físico-químicas
entre fármacos, fármacos e solventes ou entre fármacos e recipientes,
quando há a mistura de dois ou mais compostos em um mesmo frascos,
bolsas, seringas ou cateter (12).

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• Avaliação de Exames Laboratoriais - é fundamental para acompanhar os
avanços dos resultados clínicos e a possibilidades de interferências tanto
de medicamentos quanto da própria condição clínica do paciente (12).

• Monitoramento de Fármacos - consiste na análise dos resultados de


dosagem de nível sérico de medicamento no sangue, sendo recomendado
35
para otimizar a farmacoterapia, permitindo o ajuste de dose de
medicamentos de acordo com as características individuais do paciente e
para prevenir possíveis toxicidades farmacológicas (12).

10. FARMACOVIGILÂNCIA
A farmacovigilância é definida pela Organização Mundial da Saúde como a
ciência das atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e
prevenção de efeitos adversos ou qualquer problema possível relacionado com
fármacos (24).

Dessa forma, dentre os seus principais objetivos está a notificação do


evento que comprometem a segurança do paciente a agência sanitária de saúde
(ANVISA), sendo elas (25):

• Incidente / evento adverso durante procedimento cirúrgico;


• Queda do paciente;
• Úlcera por pressão;
• Reação adversa ao uso de medicamentos;
• Inefetividade terapêutica de algum medicamento;
• Erros de medicação que causaram ou não danos à saúde do paciente;
• Reação transfusional decorrente de uma transfusão sanguínea;
• Evento adverso decorrente do uso de um produto cosmético;
• Evento adverso decorrente do uso de um produto saneante;

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Para que se possa desenvolver a farmacovigilância existe basicamente dois
sistemas práticos, a Notificação Espontânea e a Busca Ativa (24).

A Notificação Espontânea são definidas como as suspeitas de reações


adversas a um dado medicamento que são, espontaneamente, transmitidas pelos
profissionais de saúde para o centro de farmacovigilância (24). Enquanto a Busca
Ativa é um método que busca determinar, completamente, o número de 36
suspeitas de reações adversas por meio de um processo continuo, pré-organizado
e gerido pelo farmacêutico (24).

Uma vigilância ativa pode ser realizada por meio de prontuários médicos
ou entrevistas com pacientes ou médicos. Diante disso, atualmente contamos
com a Rede de Hospitais Sentinela, que são instituições hospitalares que buscam
monitorar, investigar e avaliar as ocorrências de eventos adversas, possibilitando
assim prover informações a ANVISA referentes ao uso dos medicamentos, como
por exemplo, o potencial de abuso, de reações adversas inesperadas entre outras
(24).

A notificação de Queixa Técnica também faz parte dos objetivos da


farmacovigilância, sendo está definida como a notificação feita pelo profissional
da saúde quando observa um afastamento dos paramentos de qualidades
exigidos para a comercialização ou aprovação do processo de registro de um
produto farmacêutico (26).

Desta forma, são passiveis de notificação as seguintes queixas (25):

• Produto com suspeita de desvio da qualidade;


• Produto com suspeita de estar sem registro;
• Suspeita de produto falsificado;
• Suspeita de empresa sem autorização de funcionamento;

O sistema utilizado pelo farmacêutico para realizar as notificações dos


incidentes, eventos adversos e queixas técnicas relacionadas ao uso de produtos

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e de serviços sob vigilância sanitária é o NOTIVISA, este é um sistema
informatizado desenvolvido pela Anvisa para receber as notificações e se
encontra disponível aos profissionais no site:www.anvisa.com.br.

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