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InfoMoney
Mas afinal, como vai funcionar o novo sistema que pode mudar a forma como
transacionamos o nosso dinheiro?
O InfoMoney preparou um guia sobre o Pix, com tudo o que já se sabe até agora.
Confira a seguir.
O que é o Pix?
Com o Pix, também será possível fazer pagamentos em tempo real a lojas,
restaurantes e outros estabelecimentos comerciais, além de quitar contas de água e luz,
e até recolher impostos.
O que muda com o Pix?
O Pix também vai mudar os fluxos de pagamentos de forma geral. Hoje, para um
pagamento eletrônico acontecer é necessária uma conta origem e uma conta destino,
mas também um emissor de cartão (banco), uma adquirente (dona da maquininha), uma
bandeira de cartão e um processador (que conecta todos os intermediários).
Com a chegada do Pix, portanto, não importará mais qual é o meio de pagamento,
mas se a conta que o cliente está usando está integrada ao Pix. “Essa mudança
transforma o pagamento em commodity e a protagonista do processo é a conta – o meio
pelo qual os participantes vão acessar e monetizar seus clientes”, diz João Bragança,
diretor sênior da consultoria Roland Berger, especializada em meios de pagamento.
Na prática, isso significa que ninguém mais vai querer saber se sua conta é do
banco X ou Y para fazer uma transferência ou a bandeira do cartão na hora da compra
de um produto.
As chaves nada mais são que uma forma de identificar o usuário dentro do
ecossistema Pix. Elas funcionam como o endereço da sua conta no novo sistema, ou um
“apelido” da conta, como definiu o BC.
A chave Pix pode ser: o CPF/CNPJ, o celular, o e-mail, ou a chave aleatória, que é
um código alfanumérico (formado por números e letras) gerado pelo sistema. É essa
chave que vai permitir que a pessoa que faz um pagamento via Pix transfira o dinheiro
para a conta de outra digitando apenas o celular ou o CPF dela.
Ao informar a chave, o sistema já vai saber para qual conta deve enviar o dinheiro.
Não será mais preciso informar o banco, a agência, o número da conta, CPF e outros
dados como funciona hoje com uma TED, por exemplo.
Cada pessoa física pode ter até cinco chaves por conta que estiver sob sua
titularidade, e cada pessoa jurídica pode ter até 20 chaves, também por conta.
Só não é possível repetir a mesma chave para contas diferentes, porque como o
código vai funcionar como o endereço de entrega dos valores, o sistema não identificaria
para qual conta transferir o valor.
Respeitadas essas condições, uma pessoa pode ter 15 chaves, por exemplo, em
contas de três bancos diferentes.
Para fazer o cadastro, tanto pessoas físicas, como jurídicas, precisam ter uma
conta transacional (conta corrente, poupança ou de pagamento) em um prestador de
serviços financeiros, como um banco, uma fintech ou uma plataforma de pagamentos.
O registro vai acontecer nos próprios canais do banco no qual o usuário tem conta,
como o internet banking ou o aplicativo. O cliente deverá informar à sua instituição
financeira qual chave Pix vai querer usar para fazer seu cadastro.
Para fazer o cadastro da chave e passar a usar o Pix, basta procurar pela seção
“Pix” dentro do app ou internet banking do seu banco. Todas as instituições financeiras
participantes são obrigadas, pelo regulamento do BC, a mostrar a nova opção no menu
de suas plataformas.
Vantagens
Com uma conta digital ou em uma plataforma de pagamento (como Mercado Pago
ou Pic Pay), que exige menos documentos e burocracias do que em bancos, já é
possível fazer pagamentos via Pix.
Quando começa?
A palavra não é exatamente uma sigla. Segundo o BC, a marca Pix vem da junção
de três conceitos: tecnologia, transações financeiras e pixel (esse último uma unidade de
representação visual).
O cadastro é obrigatório?
Pessoas físicas não são obrigadas a se cadastrar no Pix, tampouco empresas não
financeiras. Mas todas as instituições financeiras com mais de 500 mil clientes foram
obrigadas pelo BC a implementar o sistema e oferecê-lo como opção aos seus clientes.
De qualquer forma, o cadastro é recomendado pelo BC, já que o objetivo é popularizar o
sistema em larga escala e as pessoas e empresas que não se cadastrarem ficarão à
margem de um serviço usado por uma parcela ampla da população.
Se a chave Pix estiver cadastrada no sistema, sempre que um terceiro tentar usá-la
haverá um procedimento de comprovação da identidade.
No caso do celular, não é possível cadastrar o número de outra pessoa como a sua
chave Pix sem ter o aparelho em mãos para fazer a confirmação. Isso porque o sistema
pede uma autenticação dupla: ao tentar cadastrar um celular no Pix, além da senha do
app do banco, o usuário precisa informar o código que recebeu via SMS no aparelho
associado àquele número.
Nessa mensagem, o usuário será informado que o seu e-mail está sendo usado no
registro de outra conta e vai pedir a confirmação para que a chave seja trocada da conta
atual para a conta do terceiro (que pode ser um criminoso). Para evitar a liberação, basta
não autorizar essa ação negando a confirmação na própria mensagem.
A ideia é a mesma para a chave aleatória. Se o criminoso tiver acesso a esse dado
e tentar cadastrá-lo em sua conta, a vítima dona desta chave receberá uma mensagem
dentro do app do banco informando que outra pessoa está tentando registrar a chave.
Para evitar isso, basta não confirmar esse registro.
Por fim, não é possível que um criminoso registre o CPF da vítima em sua conta
porque cada conta permite apenas um único CPF atrelado. Por isso, não é possível
trocar ou adicionar um novo CPF. Inclusive, ao fazer o cadastro do CPF como chave, o
usuário não precisa nem digitar nada, o próprio banco já informa o número do CPF –
sem possibilitar alteração. Ou seja, só é possível cadastrar o CPF do titular da conta
como chave Pix, o que impede um criminoso de cadastrar esse dado de outra pessoa
em sua conta e se apropriar dos valores enviados à vítima.
Alguns clientes já relataram problemas ao perceber que sua chave Pix, como o
celular ou CPF, por exemplo, foi cadastrada pelo banco ou demais instituições sem a
devida autorização. Mas fique atento, essa prática é proibida. Para fazer o cadastro,
você precisa dar o consentimento ao banco ou outro agente financeiro, conforme as
regras definidas pelo BC.
O BC ainda não esclareceu todos os detalhes do que acontece caso alguém faça
uso indevido dos dados de outra pessoa, mas se comprometeu a esclarecer os
procedimentos até o lançamento do sistema.
O que vai ser possível assim que o sistema estrear, segundo o BC, é a
possibilidade de a instituição segurar o pagamento por 30 minutos (durante o dia) ou
uma hora (à noite) caso observe alguma suspeita de fraude ou falha. Por isso, se uma
transação anormal para o perfil do cliente acontecer, o banco pode suspender a
transação por esse período a fim de analisá-la. Se entender que é fraude, a transação
não acontece.
Não. Para enviar e receber um Pix é necessário ter uma conta em uma das
instituições financeiras participantes do sistema. Elas podem ser: bancos tradicionais,
como Itaú e Bradesco; banco digitais, como Nubank ou Banco Inter; plataformas de
pagamentos, como o MercadoPago ou o PicPay; e até uma varejista, como o Magazine
Luiza.
Posso receber um Pix se eu não me cadastrei no sistema e não tiver uma
chave?
Sim. Mas para isso é preciso que você tenha conta em uma instituição que ofereça
Pix. E para receber um Pix sem ter feito o cadastro no sistema, portanto sem a chave
Pix, o recebedor precisa informar todos os dados da conta, assim como ocorre na TED
ou no DOC, com conta corrente, CPF, agência, etc.
Sem uma chave Pix cadastrada também não é possível emitir o QR Code para
receber pagamentos (veja mais sobre o QR Code abaixo).
A chave serve para identificar o recebedor de maneira mais prática e rápida, mas a
tecnologia que envolve o Pix e o torna instantâneo não depende dessa chave para
funcionar.
Posso fazer pagamentos e transferências via Pix sem ter uma chave
cadastrada?
Sim. Para pagar via QR Code ou fazer uma transferência via Pix, basta que a conta
seja de um banco ou instituição que ofereça Pix. A chave serve para identificar o
endereço de entrega do valor de maneira mais rápida.
Ou seja, se você tem conta em um banco com mais de 500 mil contas, portanto
obrigado a aderir ao Pix, ao fazer um transferência você pode selecionar a opção “Pix”,
em vez de “TED” ou “DOC” para transferir seu dinheiro para outra pessoa, mesmo que
você nunca tenha feito nenhum tipo de cadastro no Pix. A tecnologia estará disponível –
e o mesmo vale para o QR Code.
Por isso, não vai mais importar qual é o meio de pagamento, mas apenas se a
conta que o usuário está usando está integrada ao Pix.
Só tenho conta poupança: consigo usar o Pix?
Sim. O Pix funciona em qualquer tipo de conta transacional, ou seja, uma conta que
permita enviar e receber dinheiro e a poupança se encaixa nessa classificação.
Todas as instituições que têm mais de 500 mil contas ativas, que foram obrigadas a
se cadastrar no Pix. São bancos, fintechs e instituições de pagamentos (como Mercado
Pago ou Pic Pay). Enquadram-se nesse grupo cerca de 30 empresas, que são
responsáveis por quase 90% das transações financeiras do país. As outras instituições
têm adesão alternativa.
Por exemplo, se o usuário cadastrou o celular como chave Pix no banco A, não
pode usar o mesmo número como chave no banco B. Por outro lado, pode registrar o
CPF ou e-mail, que ainda não foram cadastrados, como chaves do banco B.
b) QR Code: ao escanear o código, que pode ser estático (gerado para uma única
transação) ou dinâmico (gerado para múltiplas transações), o usuário consegue comprar
produtos ou pagar contas (veja mais abaixo);
c) NFC (Near Field Communication): pagamentos poderão ser feitos por meio de
tecnologias que permitam a troca de informações por aproximação. Essa opção, no
entanto, não estará liberada logo no lançamento do sistema. Será um recurso
desenvolvido posteriormente pelo BC em conjunto com as instituições financeiras.
Não existe um passo a passo padronizado para todas as instituições, por isso, pode
ser que o cliente do Bradesco encontre um fluxo de uso do Pix um pouco diferente do
que o cliente do Nubank, ou do Itaú, por exemplo.
O Banco Central estabeleceu alguns requisitos mínimos, mas cada instituição pode
personalizar o formato da maneira que preferir.
O que é o QR Code?
O QR Code estático é emitido apenas uma vez e pode ser usado para diversas
transações. Ele pode ter um valor fixo ou pode ser emitido com o campo de valor em
aberto, para que o pagador insira o valor após escanear o código – assim como
acontece no pagamento de aplicativos de delivery, como o iFood e o Rappi.
2. QR Code dinâmico
Do ponto de vista do pagador, não vai fazer diferença qual é o tipo de QR Code
usado, basta escaneá-lo e efetuar o pagamento. O cliente não escolhe qual vai usar,
quem define é o recebedor do valor (lojista, empresa e até pessoas físicas).
Para fazer uma transferência, será preciso acessar o aplicativo do seu banco, o
mesmo que já é usado hoje, e selecionar a opção Pix – como acontece hoje para fazer
uma TED.
Por exemplo: João vai transferir R$ 50 para Renata. Ele entra no app do banco, na
aba de transferências seleciona a opção Pix, informa o tipo de chave que a Renata usa
como, por exemplo, o celular, e, em seguida digita o número do telefone. Ao fazer isso, o
valor é enviado para a conta atrelada àquela chave.
Não será mais preciso informar a agência, CPF e outros dados como em outras
transferências.
O BC definiu alguns requisitos mínimos de como deve ser a transferência, mas
cada instituição financeira poderá apresentar o recurso em seu aplicativo da forma que
achar melhor, com mais ou menos passos e etapas de segurança. Somente a partir do
lançamento é que será possível detalhar como será o processo na prática em cada
agente financeiro.
Para pagar um produto com o QR Code, o usuário precisará entrar no app de sua
instituição, selecionar “Pix” e depois escolher a opção “QR Code”. Feito isso, será
direcionado para a câmera para escanear o código apresentado pelo lojista.
Também será possível pagar com pagamento por aproximação (NFC), mas por
enquanto o BC não divulgou como vai funcionar o recurso.
Na prática, isso significa que as pessoas físicas não precisarão mais pagar as
tarifas de TED ou DOC e também não vão pagar tarifas ao fazer pagamentos a
estabelecimentos.
Segundo o BC, as próprias instituições financeiras vão decidir quanto vão cobrar
das empresas, como já acontece hoje, e os estabelecimentos comerciais poderão
escolher as taxas que julgarem mais justas para operar.
Mas a autoridade monetária já disse que essas taxas que envolvem pessoas
jurídicas devem ser bem inferiores às cobradas fora do Pix. Algumas instituições,
inclusive, já informaram que vão isentar taxas de seus clientes pessoas jurídicas.
O Pix é seguro?
Vale lembrar que todas as transações feitas no sistema Pix estarão protegidas pela
Lei Complementar n° 105/2001, do Sigilo Bancário, e estão sob o guarda-chuva da Lei
Geral de Proteção de Dados (n° 13.709/2018). Na prática, isso significa que o BC e as
instituições financeiras participantes não podem vender os dados dos usuários para
terceiros, nem compartilhar as informações sem o consentimento do cliente.
Como faço para mudar a minha chave Pix para outra conta?
Na prática, uma mensagem dentro do app do banco vai solicitar ao antigo dono do
número uma confirmação, com uma mensagem que deve ser parecida com esta:
“Confirmar, vou abrir mão dessa chave Pix”.