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Universidade Politécnica

A POLITÉCNICA

GUIA DE ESTUDO
EMPREENDEDORISMO E CRIATIVIDADE
Curso de Gestão de Empresas
UNIDADES TEMÁ TICAS
O Comportamento do Empreendedor..........................................................1

Identificação de Oportunidades de Negócios............................................12


TEXTO DE APOIO

1. O COMPORTAMENTO DO EMPREENDEDOR
Adaptado de Silvia Denise dos Santos Bizinoto

O que é ser empreendedor?

O ensino de empreendedorismo vem ocupando cada vez mais espaço nas


insituições de Ensino Superior. Tal crescimento encontra fundamento na
constatação de que, cada vez mais, as pessoas se apercebem que o
mercado de trabalho é exigente, dinâmico e competitivo e, portanto, os
estudantes precisam de pensar nas suas carreiras logo que ingressam na
Universidade.

É importante ressaltar que, com as tendências do mundo contemporâneo,


o conhecimento só tem valor para quem sabe aplicá-lo,
independentemente da sua área de actuação. É este o tema central do
empreendedorismo: como transformar conhecimento em algo que
possa trazer benefícios a toda a comunidade.

Por isso, nestes momentos de grandes transformações tecnológicas, de


integração regional e mundial da produção e comercialização, e de rápidas
mudanças políticas, sociais e culturais, o estudo do empreendedorismo,
não só em cursos de gestão, como Gestão e Contabilidade, como,
também, nos outros cursos de Ensino Superior, torna-se indispensável.

A tarefa de construir conhecimentos necessários à formação profissional,


humanista e, acima de tudo, capazes de agregar valor à sociedade, é árdua, mas,
certamente, o resultado vale a pena. Portanto, seja bem-vindo à disciplina
Empreendedorismo e Criatividade.

Mas, o que é empreendedor? Embora não seja fácil dizer de onde veio o termo
´empreendedor`, acredita-se que tenha surgido na França por volta dos séculos
XVII e XVIII. Mais especificamente, é usado para identificar indivíduos
ousados que estimulam o progresso económico procurando novas e melhores
formas de fazer as coisas. Sob este aspecto, podemos dizer que Cristóvão
Colombo foi um grande empreendedor quando realizou sua jornada que culminou
com o descobrimento da América. Este exemplo é apenas para demonstrar que
sempre existiram empreendedores, ou seja, pessoas com uma visão que a fizeram
acontecer. Assim como sempre existiram executivos e também os génios criativos.
Mais à frente retomaremos o caso de Cristóvão Colombo.

Continuando a história, o economista mais comumente reconhecido por dar à


expressão “empreendedor” o significado atual é o francês Jean Baptiste Say.
Segundo Filion, Say é considerado pai do empreendedorismo por ter lançado os
alicerces desse campo de estudo. Ao escrever no virar do século XIX, ele emprega
o termo afirmando que o empreendedor move recursos económicos de uma área de
baixa produtividade para uma área de maior produtividade e de grande retorno.
Interpretando a definição de Say: Empreendedores geram valor.

Já no século XX, o economista Joseph Alois Schumpeter, descreveu os


empreendedores como inovadores que dirigem o processo criativo-destrutivo
do capitalismo. Este economista, associou “o empreendedor ao
desenvolvimento económico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades
em negócios”. (DOLABELA, 1999, p. 28)

Na visão de Schumpeter a função do empreendedor é reformar ou revolucionar


o modelo de produção. Empreendedores fazem uso de diferentes formas de
trabalho: exploram uma invenção ou, mais genericamente, uma possibilidade
tecnológica ainda não testada para produzir novas mercadorias, ou uma
antiga, já existente, de uma nova maneira; criam novas fontes de suprimentos
de materiais ou uma nova forma de escoamento de produtos; reorganizam
uma indústria e assim por diante. Os empreendedores reconhecidos por
Schumpeter são os agentes de mudança na economia. Servindo a novos mercados
ou criando novos meios para fazer as coisas, eles movem a economia para a frente.

É verdade que muitos dos empreendedores que Say e Schumpeter tiveram em


mente serviram as suas funções iniciando novos negócios com fins lucrativos.
Entretanto, a essência do empreendedorismo não se restringe somente ao facto
de iniciar um negócio com objectivo de lucro. Embora alguns estudiosos possam
ter usado o termo, subtilmente, com essa conotação, as definições de Say e a
Schumpeter, bem como a que é aceite consensualmente hoje, vão além, identificam
os empreendedores como os catalisadores e inovadores por trás do progresso
económico que agrega valor a cada um e ao conjunto da sociedade.

Hoje, o termo empreendedor é empregue para designar pessoas que


se dedicam principalmente à geração de riquezas em diferentes níveis
de conhecimento: tecnológico, processo de produção, etc., inovando
e transformando conhecimento em produtos ou serviços em
diferentes áreas. Embora sejam muitas as habilidades dos
empreendedores é possível ressaltar dois atributos principais que
caracterizam o empreendedor: o primeiro, a sua capacidade de
desenvolver uma visão; o segundo, a sua capacidade de persuadir
terceiros com o objectivo de angariar recursos (materiais ou
humanos) para concretizar sua ideia.

Concluindo, a importância do empreendedorismo ao longo da história da


humanidade, seja numa comunidade ou num país, é inquestionável, pois é
um factor decisivo para mobilizar os recursos necessários ao
desenvolvimento de uma economia, ao fomento de emprego e é agente
impulsionador da promoção da inovação nos produtos, serviços e técnicas
e da dinamização de carreiras profissionais, associadas a uma mobilidade
social, que envolvem diversos agentes, como é o caso das universidades,
empresas, ONGs etc.

1
Antes de buscar as respostas, convido-o a fazer uma pequena viagem através da
biografia de Cristóvão Colombo, olhando-a como a experiência de um grande
empreendedor. O texto que vai ler foi inspirado no documentário apresentado no
canal The History Chanel, da Discovery Chanel, no dia 17 de setembro de 2005.

Cristóvão Colombo nasceu em Itália, no ano 1451. Marinheiro desde sua infância
ele transformou-se num cartógrafo brilhante. Na época em que os portugueses
buscavam encontrar, através das grandes navegações, a rota para as Índias,
seguindo pelo extremo-sul de África, Colombo tinha a certeza de que existia um
percurso mais curto em direção ao Ocidente; contudo, precisaria de apoio para
provar a sua teoria.

Após seis anos em busca de apoio, ele finalmente encontrou-o no Rei Ferdinando e
na Rainha Isabel, da Espanha. Partiu para o mar, em 1492, numa singela
embarcação de 100 toneladas, com 52 homens. A Santa Maria era seguida por duas
outras embarcações ainda menores do que ela: uma, de 50 toneladas, e outra, de 40
toneladas.

O empreendedor Colombo, dado a sua convicção, apresentou um projecto e


trabalho contendo mapas, datas, roteiros, custos, necessidades de mão-de-obra etc.
(a isso, hoje chamaríamos de Plano de Negócio), e, após seis anos de negociação,
convenceu os reis da Espanha de que a empreitada valeria a pena.

Escolheu e reuniu pessoalmente as pessoas que seguiriam com ele, rometeu gordas
recompensas, as quais ele mesmo exigiu do rei da Espanha.

Colombo tinha um sonho, dentre muitos outros: o de se tornar um nobre e uma de


suas exigências foi um título de nobreza. Conseguiu, não só esta, mas todas as
outras que fez.

Durante a viagem, a tripulação enfrentou tempestades, desmotivação da equipa e


outras dificuldades. Como estratégia de trabalho, Colombo, além das recompensas
oferecidas à equipa, criou dois diários de bordo, um com a distância correta e outro
com distâncias menores para não desanimar a tripulação.

Ao final, Colombo não encontrou um novo caminho para as Índias, mas, encontrou
um continente, o que não era pouco para a época ou para qualquer tempo.

Certamente você percebeu que o empreendedor é alguém que vai além do


que está posto. O seu espírito está relacionado com a inovação,
inquietude, criatividade, planeamento e sempre de olho no futuro: o
empreendedor é alguém que sabe onde, quando e como chegar, na busca
da sua realização pessoal, da sua família, empresa ou comunidade e, uma
vez definidos os seus sonhos, ele não poupa esforços para atingi-los, além
de definir o tempo em que eles serão atingidos.

No que se refere às suas realizações, o empreendedor é identificado


como uma pessoa que:
 busca oportunidades e tem iniciativa;
 corre risco calculado;
 exige qualidade e eficiência;
 tem persistência e comprometimento.

2
Quando está a planear, o seu comportamento é de quem:
 busca informações;
 estabelece metas;
 planeja e monitora sistematicamente suas ações.

Agindo como um líder, nas suas em acções, procura:


 persuasão e rede de contatos;
 independência e autoconfiança;
 auto-motivação e motivação de seus parceiros.

Uma das características marcantes no comportamento do empreendedor é


que ele não age por impulso, tem visão clara de onde quer chegar,
estabelece metas e traça estratégias para atingi-las, sejam elas pessoais
ou relacionadas à sua vida profissional. O empreendedor faz planos de
longo prazo, faz planos de vida.

E você, tem um plano de vida? Quando esta pergunta é feita num local
com muitas pessoas, em geral, a resposta da maioria é “não”, embora
muitas dessas pessoas possuam uma visão sobre seu futuro, mas não a
registam e, se não está documentado não é um instrumento de conquista
do sucesso pessoal. Poucas são as pessoas que param para reflectir
sobre o assunto, pois traçar metas de vida significa assumir compromisso
consigo mesmo. Dificilmente alguém conceberia a ideia de uma empresa
funcionar sem planeamento formal, documentado, que a leve ao seu
desenvolvimento. Assim como as empresas, qualquer pessoa, para
alcançar o sucesso, a realização pessoal e profissional, precisa ter um
planeamento de metas, registado de forma clara, com datas, prazos, ações
e especificações detalhadas para tudo o que se deseja alcançar. A partir
de agora você assume o “leme” de sua vida.
Esse plano de vida é entendido como peça chave para a busca do
sucesso, de PEP – Plano Estratégico Pessoal. O PEP é um método de
organização que engloba técnicas de mudanças interiores, posturas e
hábitos relacionados à gestão de vida. A aplicação desta ferramenta
possibilita uma maior organização pessoal, potencialização da utilização
do tempo e dos recursos pessoais, assim como o desenvolvimento de
habilidades pessoais e redução de hábitos negativos.

Neste texto encontrará instruções para desenvolver o seu Plano


Estratégico Pessoal. Foi criado a partir do modelo apresentado por
Tavares, no livro Planejamento Estratégico e também com base no
trabalho da consultora Adriana Albuquerque, publicado em seu site:
www.adrianaalbuquerque.com.br.

Este PEP é composto por oito etapas. São elas:


1) Negócio Eu S/A
2) Análise situacional
3) Definição da missão
4) Valores
5) Análise do ambiente (definição de pontos fortes e pontos
a serem melhorados)
6) Desenvolvimento da visão
7) Estabelecimentos dos objetivos
8) Estratégias
3
Retornando ao nosso estudo sobre a formação das características dos
empreendedores, podemos afirmar que uma das habilidades mais
importantes do empreendedor é a criatividade, pois é do seu carácter
buscar constantemente a inovação e sempre propor alternativas criativas
para situações que demandam suas ações. Será que toda pessoa é
criativa? A criatividade é inata? É possível estimular a criatividade noutras
pessoas?

Não é muito difícil achar casos de sucesso empresarial no qual a idéia


fundamental do negócio tenha ocorrido também em nossas mentes, e em
relação à qual nossa reacção é: por que não pensei nisso antes?

A criatividade é uma ferramenta muito adequada para se encontrar


meios de fazer mais com menos, de reduzir custos, de simplificar
processos e sistemas, de aumentar lucratividade, de encontrar novos usos
para produtos já existentes, de descobrir nichos, enfim, de inovar e de
crescer.

Em geral, pessoas consideradas criativas possuem alguns traços


comportamentais que as ajudam a conquistar suas vitórias, entre os quais
podemos destacar:
 são muito curiosas;
 são activas, estão sempre pensando em como resolver um
problema de maneira diferente;
 persistentes, não desistem facilmente de buscar uma solução;
 focam seu esforço na solução, não no problema.

Predebon (2003) afirma que, é possível desenvolver a criatividade, embora


existam pessoas que nascem com esta característica. Segundo este autor,
a diferença notável entre o criativo compulsivo (inato) e o criativo
circunstancial é que o primeiro tem uma postura de “viciado” pelo novo,
diante do mundo a busca do prazer não é a principal razão da sua criação.
Já o criativo circunstancial busca o prazer de criar pelo prazer da conquista
do novo, é apaixonado pelo resultado do seu trabalho.

Ainda José Predebon, no seu livro Criatividade: abrindo o lado inovador


da mente, apresenta vários exemplos em que a criatividade foi aplicada na
resolução de problemas. Dentre os citados por ele, seleccionamos um, a
título de exemplo:

“A cidade de Barcelona, diante do problema de alojar 20 mil atletas, nas


olimpíadas de 92, construiu um conjunto de apartamentos, numa área
recuperada da deterioração urbana; os apartamentos foram vendidos com
financiamentos privilegiados para os habitantes locais (resolvendo o
problema de déficit residencial), mas com a condição de serem entregues
após terem sido utilizados como alojamentos do evento desportivo”
(PREDEBON, 2003 p. 32).

Certamente notou que as pessoas envolvidas na organização do evento tinham um


problema, mas focaram seus esforços na solução, não ficaram no problema. Isso
remete-nos à definição de criatividade de Stein, citado por Alencar: “criatividade é

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o processo que resulta num produto novo, que é aceite como útil, e/ou
satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no
tempo”. (ALENCAR, 2003, p. 58)

Ao longo dessa fala inicial, você deve ter percebido que o empreendedor possui
características peculiares, dentre as quais podemos destacar:
 não fica à espera que outras pessoas façam por ele, tem iniciativa;
 acredita no seu potencial, possui auto-confiança;
 aceita o risco como parte de qualquer negócio;
 toma decisões e assume as consequências;
 acredita na força do trabalho em equipa;
 é optimista e persistente, não desiste facilmente de procurar as suas
realizações.

2. PEP - Plano Estratégico Pessoal


Adaptado de
Mariângela Abrão
Silvia Denise Santos Bizinoto

Acreditamos que para a construção de uma carreira, e porque não, de uma


vida de sucesso, deve–se ter em mente sempre um planeamento
estruturado, traço característico do empreendedor. Devem ser definidos
objectivos e metas para o futuro. O que se fará de forma planeada em
dois, três ou quatro anos? A definição desse futuro deve orientar o dia-a-
dia de uma pessoa, tanto no campo profissional como no pessoal.

Assim como as empresas, uma pessoa deve planear sua carreira, valendo-
se de técnicas apropriadas para isso. O plano estratégico pessoal permite
que o planeador conheça, entre outras coisas, os seus pontos positivos e
oportunidades que devem ser expostos e divulgados, além de identificar as
fragilidades, pontos que precisam ser melhorados e/ou eliminados para o
melhor desempenho pessoal e profissional.

Desta forma, a construção do plano estratégico pessoal, com base nas


orientações a seguir, é de fundamental importância para o sucesso
profissional. Devem ser definidos os objectivos a serem alcançados nos
próximos quatro anos (tempo aproximado de conclusão da sua
graduação), ou para outro período dentro do plano escolhido. Em razão
das constantes mudanças sofridas no mundo actualmente, com o
surgimento, a todo o momento, de novas tecnologias, políticas e realidades
económicas e ambientais, faz-se necessária uma revisão periódica no
plano. O controlo de actualização do PEP é tão importante quanto sua
preparação inicial.

Uma vez concluído o PEP, é importante que, como um empreendedor, o


monitore constantemente, para certificar-se de que o que foi planeado está
a ser executado. É usado o termo EU S/A para que o tratamento

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dispensado ao planeamento seja o mesmo que seria dado a uma
organização, porém, poderá escolher outro nome para o seu negócio.

O nosso PEP é composto de oito etapas, que devem ser desenvolvidas


a partir das explicações descritas em cada uma.

Etapa 01 - Negócio Eu S/A

Conceito: É o processo que mobiliza a empresa – EU S/A para escolher e


construir o seu futuro profissional, pessoal e académico, visando a
realização de seus sonhos. Representa o espaço que deseja ocupar em
relação às exigências da sociedade. É o reconhecimento do principal
benefício que espera de si mesmo e que o mercado (conjunto dos seus
clientes) espera de si.

Definição dos clientes:


• VIP: as pessoas que são importantes actualmente na vida de EU S/A;
• Internos: clientes que convivem com EU S/A na sua vida particular (irmão
por exemplo);
• Externos: clientes que convivem com EU S/A no trabalho, universidade,
etc.
• Clientes de vida: aquelas pessoas que são verdadeiros “anjos de
guarda”, que estão sempre presentes nos momentos em que mais se
precisa delas.
O que eles esperam de EU S/A? Pergunte a cada cliente e registre antes
de cada grupo.

Etapa 02 – Análise Situacional

Essa etapa tem como objectivo conhecer as experiências passadas de


mudanças já vivenciadas por EU S/A e as suas consequências, além de
permitir a ampliação do conhecimento e a identificação de aspectos que
possam interferir positiva ou negativamente na implementação do
processo de planeamento. Para tal deve fazer um exercício de memória a
fim de procurar e registar factos importantes vivenciados por si e que, de
alguma maneira, servem de experiências e fortalecimento de sua vida, ou
seja, aprender com erros e acertos do passado. Registe tudo que se
lembrar, reflicta sobre as experiências e tire proveito delas.

Etapa 03 - Missão

Conceito: É a razão da existência de EU S/A e delimita sua função dentro


do negócio, serve de critério geral para orientar a tomada de decisão e
definir os objectivos. A missão deve ser atemporal, não tem tempo, prazo
de conclusão. Norteará toda a vida de EU S/A; transcendental, vai além
das experiências já vividas até o momento.

Uma maneira que pode ser usada como complemento para encontrar a
sua missão é responder à pergunta: por que simplesmente não paro de
estudar, vendo os livros e fico com o dinheiro? Será que é isso mesmo que

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quer? Será uma pessoa realizada agindo dessa maneira? A maior parte
das pessoas é motivada a aprender e a participar das coisas que estão à
sua volta por estar comprometida com a missão, que não pode ser,
somente, ganhar dinheiro. Se a pessoa acredita que o seu único objectivo
é ganhar dinheiro, deixará de assumir compromissos pautados na ética e
na construção de uma sociedade melhor. As pessoas existem por razões
mais fundamentais.

Perguntas para reflectir sobre a missão:


• Quem sou eu e o que faço actualmente?
• Por que estou fazendo isto?
• Qual a minha função na sociedade?
• A quem se destinam as minhas realizações?
• O que eu gostaria de fazer se não tivesse preocupações
com tempo e dinheiro?
• Como fazer para chegar onde eu quero?

Estas perguntas servem somente para auxiliar na definição da missão, não


é necessário manter as respostas no PEP. A sua missão deve ser
formulada de forma breve e de fácil compreensão.

Exemplo de missão:
“A minha missão é viver em paz e gerar prosperidade espiritual
e material para mim, a minha família e as pessoas ao meu redor,
com exemplos, comportamento amoroso e centrado na busca da
excelência pessoal e profissional”.

Etapa 04 - Princípios ou Valores

Conceito: valores são um conjunto de princípios pelos quais lutaríamos,


independentemente das mudanças no ambiente externo, mesmo que este
ambiente deixasse de recompensar ou até mesmo passasse a punir a
pessoa por seguir estes valores.

São as balizas para o processo decisório e o comportamento de EU S/A


no cumprimento da sua missão. Consiste em conhecer e tornar explícitos
os valores e as crenças em que acredita, pratica ou quer colocar em acção
face aos eventos presentes e futuros relacionados à implementação do
planeamento.

Você deve citar aqui quais valores que são importantes para a sua vida.

Exemplos de Princípios:
• Trabalho pautado na ética;
• Amizade;
• Respeito às limitações do próximo.

Etapa 05 - Análise do Ambiente

Conceito: É a capacidade de identificar e monitorar permanentemente seus


pontos positivos, pontos a serem melhorados e que afectam a performance
de EU S/A. Essa identificação justifica-se pelo facto de que, a partir do
momento em que conhece os pontos a serem melhorados,

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obrigatoriamente você deve procurar estratégias para melhorá-los,
tornando-se, assim, uma pessoa mais competitiva e preparada para o
mercado de trabalho e para a vida. Já os pontos positivos indicam as
oportunidades que não podem ser dispensadas, caso sejam identificadas.
Use o quadro, a seguir, para registar os pontos positivos e os pontos a ser
melhorados. Registe, pelo menos, quatro pontos de cada item.

Pontos Positivos Pontos a serem melhorados

Etapa 06 - Visão

Conceito: É a explicitação do que se visualiza para EU S/A. Como quer ser


percebido no futuro.

A Visão deve ser escrita de modo que:


• Mostre onde se quer chegar.
• Seja fácil de ler e entender.
• Abranja o espírito desejado por si.
• Seja dinamicamente incompleta, ou seja, pode ser ampliada sempre que
se julgar necessário.
• Seja compacta.
• Descreva a situação escolhida para o futuro.
• Dê às pessoas uma melhor compreensão sobre como o seu propósito
individual pode ser realizado no grupo ou na empresa.
• Faça com que se motive, mesmo em momentos difíceis.
• Seja percebida como atingível.
• Seja desafiadora e imperativa, vá além do que é confortável.

Exemplos de Visão:
• Da empresa XYZ,Lda: “Ser percebida como a marca mais saborosa deste
e do próximo milénio”.
• De um aluno do curso presencial de Gestão: “Ser conhecido como um
gestor capaz de resolver os problemas organizacionais, aos quais se
propõe”.
• De um canal televisivo: “Contagiar com entusiasmo e bom humor
audiências de todo o país”.

Etapa 07 - Objectivos

Conceito: São alvos a serem perseguidos, através da canalização de


esforços e recursos ao longo de sucessivos períodos de tempo. São
formulados para orientar a acção e o sentido do processo decisório.

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Cada objectivo proposto precisa ser SMART.

Características dos objectivos (SMART=Inteligente):


• ESpecíficos: identifica claramente o que se quer alcançar;
• Mensuráveis: possível de ser avaliado sob o ponto de vista da
possibilidade de ser alcançado;
• Alcançáveis: possível de ser realizado, considerando os recursos
disponíveis;
• Relevantes: importante para EU S/A, vai além do conforto, exige esforços
por parte de EU S/A;
• Temporais: diz exatamente o tempo em que o objectivo deverá ser
alcançado

Exemplos de objectivos SMARTs:


• Concluir a especialização em Gestão do Conhecimento até Dezembro
2021;
• Aprender uma segunda língua até Dezembro de 2021;
• Iniciar o meu próprio negócio até Novembro de 2021.

Etapa 08 - Estratégia Competitiva

Conceito: É o que EU S/A decide fazer e não fazer, considerando o


ambiente, para concretizar a Visão e atingir os Objectivos, respeitando os
Princípios, visando cumprir a Missão no seu Negócio. Ou seja, seleccionar
os meios que melhor combinam tempo, custo, recursos e riscos para o
cumprimento do planeamento.
Para cada objectivo proposto, crie uma estratégia competitiva. (4Q;
1POC ):
- O quê? - Por quê? - Quando? - Onde?
- Quanto? - Como? - Quem?

3. IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS


Adaptado de
Cássio Silveira da Silva
Silvia Denise dos Santos Bizinoto

Ideia x Oportunidade

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Vamos retornar à nossa conversa sobre empreendedorismo? Esta nova
etapa é um pouco mais prática do que a anterior e vai exigir que
desenvolva actividades que, de certa forma, são características de uma
pessoa já actuante no mercado. Mas, com persistência e autoconfiança
acreditamos que vencerá mais este valioso desafio.

Nesta nova fase de trabalho, focaremos o nosso estudo no processo


empreendedor, da ideia ao negócio, o que nos permite perceber: a
importância do trabalho em equipa; a diferença entre sonhos, ideias e
oportunidades de negócios; e o plano de negócio como uma das principais
ferramentas de gestão do empreendedor. Estudaremos ainda outras duas
grandes habilidades requeridas de um empreendedor no mundo
contemporâneo, boa comunicação e responsabilidade social.

São grandes os desafios que as empresas enfrentam actualmente no


sentido de assegurar um desenvolvimento económico sustentável, capaz
de garantir uma oferta de bens e serviços à sociedade, ao mesmo tempo
que consegue gerar emprego e, consequentemente, riqueza.

O alcance desse desenvolvimento está intimamente ligado ao empreendedorismo,


força motriz capaz de mover os factores de competitividade associados à inovação,
à tecnologia, à qualidade, ao marketing, à informação e à organização, e, ainda, de
detectar fontes de ideias, descobrir oportunidades e transformar as oportunidades
em negócios de sucesso.

Uma ideia espectacular por si só pode não ter utilidade alguma. Uma ideia
completamente nova só é nova até chegar ao mercado, logo passa a ser conhecida
por todos e passível de cópias. Como esclarece Dornelas (2005, p. 54.) “ideias
revolucionárias são raras, produtos únicos não existem e concorrentes com certeza
existirão”.

O papel dos empreendedores é detectar ideias com potencial de sucesso e colocá-


las em prática. Mas, afinal, de onde vem as ideias? Como seleccionar as de maiores
chances de sucesso? Qual a diferença entre uma ideia e uma oportunidade?

Sonho, ideia e oportunidade

De onde surgem as ideias? As ideias podem originar de duas fontes primárias. Elas
podem surgir de sonhos ou de oportunidades. Muitos empreendedores sonham com
um novo negócio, sonham em mudar de vida, abrir uma empresa, realizar algo

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diferente, vivenciar aquilo que foi visualizado, que foi sonhado. É o desejo de fazer
o diferente, “realizar o sonho”, que às vezes, está em nosso íntimo, vem da
infância, e fica “borbulhando” no nosso inconsciente aguardando o momento certo
de vir à tona e tornar-se realidade.

O sonho pode ser definido como sendo uma construção mental daquilo que se quer
ou daquilo que se pretende alcançar. Certa vez, um pensador disse que “o sonho é a
esperança do homem acordado”.

Sonho é diferente de fantasia.


Fantasia é um devaneio,
(...) sonho como desejo ou
uma ilusão. É pensar em coisas vãs,
aspiração.
fúteis, insignificantes.

As oportunidades também são fontes riquíssimas para o surgimento de novas


ideias. As oportunidades podem originar da identificação de necessidades ou de
tendências do mercado.

As oportunidades podem ser mapeadas por meio de quatro vertentes (Chiavenato,


2004, p.50):

1. Invenção de um novo produto: trata-se de oferecer ao mercado um


produto que ainda não existe, visando atender a uma necessidade
identificada e/ou antevendo uma tendência.

2. Desenvolvimento de uma nova tecnologia: trata-se de um processo


tecnicamente novo. É a melhoria de um produto utilizando tecnologia
inovadora, melhorando seu desempenho e o atendimento das
necessidades do mercado.

3. Desenvolvimento de um novo mercado: oferecer um produto, não


necessariamente inédito ou inovador, a um mercado que ainda não tinha
acesso ao mesmo.

4. Desenvolvimento de novos benefícios: trata-se de produto não


inovador em sua essência, porém, se apresenta ao mercado de
maneira mais sofisticada ou com uma qualidade superior.

Visando facilitar o diálogo trataremos os produtos e serviços simplesmente


como produtos. As oportunidades também surgem na tentativa de resolver
problemas. Para um empreendedor, um problema pode ser visto como uma
oportunidade.

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Observe o seguinte caso:
Ernesto Igel foi um brasileiro que entrou no mundo dos negócios depois de um
incidente. O dirigível Zeppelin, que tinha os seus vôos programados para o Brasil,
explodiu. Com ele, sobraram alguns campos de aterragem e depósitos de gás que
abasteciam o dirigível. inguém sabia o que fazer com todo aquele combustível.
Igel percebeu a oportunidade por trás do problema. Pensou em engarrafar o gás
em cilindros de metal para abastecer fogões domésticos. Era uma alternativa
higiénica para os tradicionais fogões a lenha ou a carvão. Barreiras não faltaram:
não havia fogões adequados no mercado para o uso do combustível e as pessoas
imaginavam que a botija de gás era uma bomba dentro de casa. Para contornar
essas barreiras, Igel não somente engarrafou o gás – pela Ultragaz – como
também produziu os fogões, vendendo-os numa cadeia de lojas, criando, assim, a
Ultralar. Foi por meio dessas iniciativas que surgiu o Grupo Ultra, cuja estratégia
global mudou completamente a figura do grupo empresarial, um dos maiores do
país (Chiavenato, 2004, p.51).

Você deve ter percebido no caso relatado que, enquanto todas as pessoas da época
viam somente um grande problema, o Sr. Ernesto Igel identificou uma
oportunidade, trabalhou a percepção dos futuros consumidores, anulando a visão
pejorativa que existia em relação à botija de gás.

Já vimos como surgem as ideias. Entretanto, devemos trabalhar essa ideia fazendo
com que esta se torne um conceito, que posteriormente dará origem a um produto.
Para que uma ideia se torne conceito, há necessidade de definir de forma clara e
objectiva como será o produto que iremos criar, qual será sua função, qual será seu
propósito e quais serão seus benefícios. Conforme pode ser observado na figura 1.

Figura 1 - Transformando Idéia em Conceito


Fonte: Slack, 1999, p. 122 (com adaptações)

12
Vamos imaginar uma empresa que proporciona férias com aventura aos
seus clientes. Essa empresa, visando expandir a sua clientela, pretende
atender um grupo mais jovem do que atende actualmente. A ideia,
portanto, é proporcionar férias de aventura para crianças de 10 a 12 anos.
Para colocar essa idéia em prática, transformá-la em produto, há
necessidade de elaborar uma declaração de conceitos, especificando o
propósito, a forma, a função, o objectivo e os benefícios que esse novo
produto irá proporcionar ao mercado (Slack, 1999, p.122.). Observe a
figura 2.

Após a conceituação da idéia, para que a mesma se torne produto, é


necessário que o conceito passe por três testes: Teste da Utilidade, Teste
do Mercado e Teste Tecnológico

Caso o conceito do produto não passe pelo teste da utilidade e/ou pelo
teste de mercado, o empreendedor deverá repensar seus conceitos, para
poder modelar um novo produto.

13
Figura 2 – Transformando idéia em conceito – férias de aventura
Fonte: Slack, 1999, p. 123.

Em relação à tecnologia, há necessidade de fazer uma avaliação


minuciosa sobre a viabilidade técnica e metodológica para o
desenvolvimento do produto e, ainda, verificar se existe possibilidade de
buscar ajuda técnica para o desenvolvimento do mesmo.

A ajuda técnica pode ser feita por meio de alianças estratégicas,


convidando pessoas com habilidades específicas que possam contribuir
para o desenvolvimento do produto. Entretanto há de se ter cuidado para
não se tornar refém do “parceiro”.

TRANSFORMANDO A IDEIA EM NEGÓCIO

Antes de falar de negócio, atente a seguinte frase dita pelo jornalista e


intelectual Peter Drucker (citado por Girardi, 2006), considerado por muitos
estudiosos o “Pai da Gestão Moderna”: “Qual é o nosso negócio? A
questão é que tão raramente perguntamos - ao menos de forma clara e
directa - e tão raramente dedicamos um estudo e uma reflexão adequados,
que são talvez a mais importante causa do fracasso dos negócios”.

Para muitos, o principal negócio de uma empresa é gerar lucro para o seu
proprietário ou para os seus acionistas. Porém, o principal negócio de uma
empresa é gerar produtos para satisfazer as necessidades dos seus
clientes.

Actualmente, entende-se por negócio o esforço organizado de uma pessoa


ou de uma empresa em produzir um dado produto e, em seguida, vendê-lo
num determinado mercado alcançando uma determinada recompensa

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financeira. (Chiavenato, 2004, p.22) Entretanto, a palavra ‘negócio’, possui
um sentido mais amplo, uma vez que o produto produzido envolve factores
tangíveis e intangíveis, valores, status, e demais conceitos intrínsecos ao
produto.

Exemplo:
• A empresa Xerox tem como principal produto as suas máquinas
fotocopiadoras. O seu negócio é “ajudar a promover a produtividade nos
escritórios”.
• A UNIMED vende planos de saúde. O seu negócio é “garantir a sua
saúde”.
• A Avon fabrica cosméticos. O seu negócio é “vender beleza”.

Podemos dizer que o negócio da empresa produtora das canetas Mont


Blanc não é vender canetas, e que o negócio da empresa fabricante dos
relógios Rolex não é vender relógios. Dessa forma, o conceito de negócio
é muito mais amplo do que parece ser. Não basta definir o que será
produzido e, sim, o grau de abrangência que terá o produto para seu
mercado consumidor, bem como seu significado e demais valores
implícitos no mesmo. Porém, para auxiliar na definição do negócio, e
reduzir o grau de subjectividade de sua definição, basta encontrar
respostas, claras e objectivas, para as questões listadas, a seguir:

Planeamento de um negócio

O planeamento do negócio torna-se fundamental para minimizar possíveis


riscos. De acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae (2005), existe um
elevado grau de mortalidade das empresas brasileiras: 49,4% das
empresas deixam de existir após 2 anos da sua inauguração, 55,64%
deixam de existir antes de completar 3 anos e 59,9% não completam 4
anos de actuação no mercado.

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Acredita-se que a ausência de planeamento seja um dos factores
responsáveis pelo não sucesso de novos empreendimentos. Dessa forma,
o empreendedor deve utilizar técnicas administrativas para elaboração de
um Plano de Negócio detalhado, pensando, de facto, sobre seu negócio,
verificando a viabilidade de sua realização.

Dentre as habilidades requeridas do empreendedor está a capacidade de


exposição oral e escrita e, embora esta habilidade possa ser desenvolvida,
muitas pessoas não têm consciência dessa possibilidade e não acreditam
no próprio potencial. Por essa razão, fogem das oportunidades que lhes
são oferecidas e sentem-se inseguras quando obrigadas a fazer uso da
palavra, seja numa reunião, numa negociação, ou mesmo numa entrevista.

É indiscutível que saber falar em público é uma competência necessária a


todos os profissionais. Mesmo durante os anos de faculdade somos
forçados a apresentações em público, como em exposição de trabalhos,
defesa de uma Tese, monografias, etc. Aos empreendedores a arte de
falar em público é considerada uma habilidade indispensável ao seu
comportamento, pois auxilia na busca de parceiros para projetos,
manutenção do bom relacionamento com os clientes, desenvolvimento de
novos negócios, entre outras coisas.

E você considera-se um bom orador? Acredita que a sua comunicação


seja compatível com o exercício profissional que a carreira que escolheu
exige?

Além do desenvolvimento de uma boa comunicação necessária a qualquer


profissional, o nosso principal objectivo é a apresentação do plano de
negócios para possíveis parceiros. A apresentação tanto pode conduzir a
bons resultados como acabar com qualquer parceria em potencial.
Reinaldo Polito oferece no seu site algumas dicas sobre como falar em
público ao apresentar um projeto. São elas, de acordo com esse autor:

Dornelas (2001), no seu curso on-line ‘Transformando Ideias em Negócios’,


oferece algumas sugestões para apresentação de um plano de negócio. De acordo
com Dornelas o orador deve:

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Vamos, agora, preparar-nos para a apresentação do plano de negócios. A
partir do plano de negócios é possível desenvolver uma apresentação da
ideia de negócio, descrever as oportunidades percebidas, identificar as
ameaças existentes e como enfrentá-las e ainda preparar uma exposição
oral e escrita aos parceiros em potencial.

Passo 1
Descrever e apresentar a oportunidade que deseja perseguir ou o problema a
ser resolvido; quais os motivos que levaram o expositor a iniciar o negócio; e
quanto tempo é necessário para colocar o negócio em prática.

Passo 2
Demonstrar quais os principais resultados que serão obtidos a partir do
negócio.

Passo 3
Apresentar quais são os principais benefícios e os principais beneficiados.
Alguns exemplos de benefícios: aumento dos lucros; corte nos custos;
melhoria do ambiente de trabalho; dinamização dos processos
organizacionais; entre outros. Alguns exemplos de beneficiados: o cliente;
os colaboradores da organização; a comunidade local; etc.

Passo 4
Definir e esclarecer os recursos necessários para implementação do projecto.
Custos envolvidos e fonte de recursos; recursos humanos e habilidades
necessárias; recursos tecnológicos e como serão encontrados;
e outros específicos de cada negócio.

Passo 5
Se o negócio já possui alguns sponsors (defensores / apoiadores /
conselheiros) real ou em potencial, apresentar e esclarecer o tipo de
apoio esperado deles.

Passo 6
Identificar os riscos envolvidos na implantação do negócio e o
meio com que serão administrados.

Uma boa apresentação deve ser breve, clara, convincente e focada nos objectivos.
A preparação adequada de uma apresentação oral é essencial para que o
empreendedor consiga o apoio necessário à implementação dos projectos (planos
de negócios).

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Uma boa comunicação, além de todas as habilidades requeridas dos
empreendedores, constitui apenas uma parte das exigências que o mercado de
trabalho e de negócios tem exigido de profissionais e empresas. Uma postura
socialmente correta pode ser considerada como um divisor de águas entre as
empresas que terão e as que não terão chances de sucesso no futuro. Para melhor
elucidação desse assunto, prossiga com a leitura e ao final desenvolva as
actividades propostas.

A revolução tecnológica tem propiciado profundas mudanças na


sociedade, a começar pelos grandes paradigmas sobre o papel e a função
da empresa no mundo capitalista. A tecnologia de produção e da
informação é, em grande medida, a responsável por um salto de qualidade
nos modos de produção, mas promove uma rápida e contínua substituição
do trabalho, afectando, desta forma, todas as relações humanas. Tais
mudanças afectam de maneira grandiosa todo o ambiente de negócios e
indicam que, mais do que em qualquer outro momento histórico, os
profissionais e as empresas devem assumir uma postura activa frente aos
problemas sociais que crescem ao seu redor. Muito além de um discurso
empresarial, esta postura deve estar expressa em linhas de acções e
formas de investimento que concretizem suas intenções, com a mesma
precisão e cuidado com que são concebidas as acções empresariais.

Por outro lado, à medida que crescem os problemas sociais, o número de


empresas, ditas do terceiro setor, aumentam e estabelecem relações
comerciais com os outros agentes económicos, como empresas com fins
lucrativos e Estado. Com isso, amplia-se também a necessidade de gestão
empreendedora por parte dessas empresas sem fins lucrativos. O desafio
de profissionalizar a gestão dessas empresas exige que o mercado
ofereça profissionais que tenham, não só conhecimentos técnicos e de
gestão, mas, acima de tudo, sejam munidos de Responsabilidade Social,
ou seja, sejam Empreendedores Sociais.

E por falar nisso, você sabe o que é um Empreendedor Social? Já ouviu


falar em Responsabilidade Social Empresarial? E, qual a razão da
crescente discussão em torno destes temas? Responder a estas e outras
questões passa a ser o objetivo de nosso estudo de agora em diante.

Embora o termo Empreendedorismo Social pareça novo, as acções


desempenhadas a partir desse fenómeno não o são. Sempre houve
pessoas que adoptaram acções e moveram recursos a favor de causas
sociais. É certo que o empreendedorismo social nasceu do
empreendedorismo empresarial. Embora os conceitos sejam muitos
semelhantes, existem particularidades que os distinguem. O
empreendedorismo empresarial dedica-se à produção de bens e serviços
com fins lucrativos, buscando ampliar as potencialidades do negócio e
satisfazer as necessidades do mercado, enquanto o empreendedorismo
social produz bens e serviços que satisfazem as necessidades da
comunidade e o seu principal objectivo é a busca de soluções para
problemas sociais.

Oliveira (2004), apresenta, na sua tese de doutoramento, alguns dados


que justificam o crescente interesse pelo tema empreendedorismo social:
 o Terceiro Sector é a 8ª economia mundial;

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 até 1995 movimentava cerca de 1,08 trilhão de US$, sem contar as
instituições filantrópicas religiosas;
 no Brasil, este sector movimenta cerca de R$ 10,9 bilhões,
correspondente a 1,5% do PIB nacional (1999);
 entre 1991-1995, houve um crescimento de 44,38%, maior do que
o crescimento da economia brasileira que, neste mesmo período,
foi de 19,86%;
 em todo o mundo, são, aproximadamente, 30 milhões de pessoas
trabalhando no Terceiro Sector, tanto remuneradas como
voluntárias: no Brasil, 1,45 milhão atuam no sector, 23% como
voluntários;

A partir desses dados podemos perceber que o empreendedorismo social


abre um enorme espaço para a actuação do empreendedorismo de
negócio. Vários estudiosos do assunto vêm apontando como grande
tendência a busca da profissionalização das pessoas que actuam no
campo social, e isto decorre das novas exigências e configurações dessa
questão e a adoção de novos modelos de gestão social, o que torna este
campo uma alternativa para o desenvolvimento da carreira profissional e
de novos postos de trabalho, principalmente no tocante aos processos de
gestão.

Esta “profissionalização social” torna-se ainda mais necessária quando


olhamos para a economia nacional e mundial a partir da evolução do
sistema capitalista. Este sistema altamente competitivo impõe às
organizações a busca constante de inovação como meio de sobrevivência.
Hoje, a Responsabilidade Social Empresarial tem sido apontada como um
dos grandes diferenciais oferecidos por empresas que querem manter e
ampliar seu espaço no mercado capitalista. A Responsabilidade Social vai
além da prescrição legal, é dar mais do que se espera, é investir no bem-
estar da comunidade.

Toda a empresa que cumpre um papel social sabe que isso não traz
retorno financeiro imediato. Porém, melhora o conceito da empresa junto
ao mercado, faz com que seja lembrada e incentiva as pessoas a
consumirem seus produtos ou serviços.

Drayton, criador da Ashoka, afirma que empreendedores sociais são


indivíduos que possuem visão estratégica, são determinados e possuem,
dentre outras habilidades, a perseverança, não descansam enquanto não
cumprem a missão social a que se propuseram. A partir desta definição
podemos perceber como os conceitos de empreendedorismo empresarial
e social se aproximam.

Dees (2001) ao reunir os conceitos de empreendedorismo de Say, de


Schumpeter, apresentados no roteiro anterior, e de Drucker e de
Stevenson, descreve claramente as ações que devem ser
desempenhadas pelos empreendedores sociais. São elas, segundo este
autor:

 definir uma missão voltada para geração de valor social;


 buscar incansavelmente novas oportunidades que levem a atingir a
missão definida;
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 empenhar-se num processo contínuo de inovação, adaptação e
aprendizagem;
 agir com ousadia sem estar limitado pelos recursos disponíveis no
momento; e
 prestar contas com verdade e transparência às pessoas

Certamente, a conquista do sucesso do empreendedor social é tão ou


mais árida que a do empreendedor empresarial. No entanto, a
perseverança e outras características excepcionais, presentes no
comportamento desses dois agentes, permitirão que sejam descobertos
novos caminhos para o progresso em termos de resultados sociais,
financeiros e de gestão, tão importantes para toda a comunidade.

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