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Prezados,
Tudo isso tinha sido pensado e acordado nas próprias reuniões citadas, tendo em
vista a intenção de um diálogo transparente que deveria haver entre os professores
1
proponentes do Colegiado de Professores e o Centro Acadêmico de Filosofia a fim de
informar gradativamente a comunidade acadêmica, que viria a ser consultada sobre a
proposta do projeto que ainda estava em rascunho por meios amplos, adequados e
transparentes de comunicação. Ademais, os professores proponentes afiançaram em
diversos momentos dos encontros citados a importância de fazer um diálogo que buscasse
sanar quaisquer dúvidas e preocupações por parte dos integrantes do corpo de alunos do
curso, trazendo assim um clima de harmonia e união a toda comunidade acadêmica.
2
DO FALÍVEL “PLANO DE TRANSIÇÃO” E PROPOSTAS MOTIVADORAS
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Por conseguinte, essa constatação se mantém firme à medida que se avança a
leitura do referido documento, o qual se constatam mais elementos frágeis na
fundamentação motivadora do referido “Plano de Transição”, como a que vem a seguir:
Em 2008, foi promulgada a Lei 11.684, que, após mais de 40 anos de ausência,
tornava a Filosofia e a Sociologia novamente disciplinas obrigatórias na grade
curricular do Ensino Médio. Com isso, o perfil discente foi progressivamente
alterado, pois o Curso passou a ser procurado também e sobretudo por aqueles
que visavam uma carreira profissional no âmbito da Filosofia.”
Plano de transição, p.1
Argumento este que causa grande estranhamento, uma vez que justo quando a
disciplina voltou ao currículo obrigatório do ensino médio, não haja oferta da mesma,
inferir que formandos em filosofia não buscavam trabalhar na área. Se isso fosse
verdadeiro, não haveria quaisquer contratações de novos professores da área nos ensinos
médio e superior. Ademais, continua o referido texto a argumentar que:
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Filosofia / UFC permitirá uma maior integração deste com o Programa de Pós-
graduação em Filosofia / UFC.
Plano de transição, p.2
A preocupação com a segurança – vale frisar – é um tema importante, mas que não
pode constituir como único elemento motivador sem lastro com a realidade social que vai
além da vida dos alunos que fazem parte da comunidade acadêmica. O Instituto de Cultura
e Arte é localizado com demais blocos na parte mais distante do campus, já sendo de
notório conhecimento público os casos de violência, como assaltos e agressões ocorridos
no campus. O mesmo ocorre no campus do bairro Benfica, onde estão diversos cursos de
Ciências Humanas, como Letras, Ciências Sociais, Psicologia e História, e em nenhum
desses estimados cursos se optou por uma mudança de turno para prevenir evasão
motivada por insegurança.
5
Ademais, ceder a esse tipo de receio seria inócuo ante o quadro geral de violência
que todo o país é submetido, uma vez que nos encontramos num dos países com altos
índices de violência. Em especial, na capital do estado, é de responsabilidade da gestão
da Universidade e dos institutos da casa – e não de apenas um curso – a cobrança
institucional frente aos órgãos de segurança pública e ao Poder Judiciário para que se faça
cumprir a lei e se cobre por rondas de policiamento ostensivo que não afetem a jurisdição
legal dos campus da UFC.
Diante de tal quadro, cuja solução não depende apenas dos esforços da
universidade, pois remetem a questões sociais e de políticas do poder público,
entende-se que a permanência do Curso de Filosofia / UFC no período noturno
agora traz prejuízos na formação dos alunos e afeta a excelência da formação
6
acadêmica. Sendo assim, considera-se que a mudança para o turno diurno
poderá melhorar sensivelmente o ensino de Filosofia na UFC.
Plano de transição, p.2
1
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Apresentação Censo da
Educação Superior 2021. Ministério da Educação, 2021. 1 arquivo PDF (54 p.). Disponível em
https://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2021/apresentacao_censo_d
a_educacao_superior_2021.pdf. Acesso em: 19 ago. 2023.:
2
FERREIRA, Caroline e Silva; CALIXTO, Viviana Vitorino; SANTOS, Darlla Dalila Pontes dos; LOPES,
Fátima Maria Nobre. A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES DO PAIP NO CURSO DE PEDAGOGIA
NOTURNO DA UFC PARA A AMBIENTAÇÃO E PERMANÊNCIA DOS ALUNOS INGRESSANTES.
7
Outros autores apontam a mesma questão, os alunos que frequentam a
universidade a noite são aqueles que trabalham e não dispõem de tempo para a formação
superior. Os autores OLIVEIRA, João Ferreira de; BITTAR, Mariluce e LEMOS,
Jandernaide Resende, em artigo intitulado “Ensino Superior noturno no Brasil:
democratização do acesso, da permanência e da qualidade”, vão mais além ao declararem
que os cursos noturnos são uma forma de democratizar o ensino superior no Brasil, uma
vez que:
Para melhor compreender o ensino superior noturno é necessário fazer uma breve
história de sua trajetória e entender quem são os sujeitos optam por esse horário. Como
se sabe, durante todo o período colonial brasileiro, praticamente, não houve iniciativas de
8
estabelecer um sistema de ensino superior. E é somente no final do período imperial e,
sobretudo, no início da república, que os as universidades começaram a surgir.
Como pode se ver no trecho acima, os estudantes que buscam o ensino noturno o
fazem devido as condições financeiras, além do que a própria formação superior poderá
fornecer aos mesmos, por meio do diploma, ascensão social. Todavia, é importante
ressaltar que o turno noturno é procurado por esses estudantes por ser um horário que
possibilita tanto trabalhar para sustentar a si e ou sua família, mantendo assim vivo o
4
TERRIBILI FILHO, Armando; NERY, Ana Clara Bortoleto. Ensino superior noturno no Brasil: história,
atores e políticas. RBPAE – Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 25, n. 1, p. 61-
81, jan./abr. 2009.p. 61
5
BRASIL, LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Acesso em
20.08.2023:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>
6
TERRIBILI FILHO, Armando; NERY, Ana Clara Bortoleto. Ensino superior noturno no Brasil: história,
atores e políticas. RBPAE – Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 25, n. 1, p. 61-
81, jan./abr. 2009.p. 61
9
sonho de cada estudante em obter sua diplomação, na perspectiva de melhora de vida e
ascensão social por meio da educação.
Esse direito, por sua vez é um direito reconhecido pela Constituição Federal, que
afirma ser:
Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
7
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Acesso em
20.08.2023:<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>
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obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como
a instrução superior, está baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser
humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais
ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da
manutenção da paz.8
Outros autores possuem essa mesma perspectiva, por exemplo (PEREIRA, 1992),
ao abordar ainda na distante década de 90 do século passado, já alertavam para a demanda
de estudantes que recorriam ao ensino noturno na Universidade Federal do Paraná
(UFPR) associada principalmente pelos fatores econômicos, pois
Esta categoria revela que a oferta dos cursos noturnos não está vinculada à
opção dos alunos, mas sim, às suas possibilidades econômicas. Ou seja, o
curso que eles frequentam não é o curso que eles desejavam, mas é o que lhes
foi possível dentro das suas condições econômicas e de trabalho. Em outras
palavras, a escolha se deu pela gratuidade e pela falta de opção.9
8
ORGANIZAÇÃO. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Art. 26. Disponível em:
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos . Acesso em: 19/08/2023
9
PEREIRA, Salézio Antônio. Os Cursos Noturnos da Universidade Federal do Paraná. 1992. Dissertação
Mestrado em Educação - Programa de Pós-Graduação em Educação – Universidade Federal do Paraná,
Paraná.
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análises, das mais antigas as mais recentes, sendo assim determinantes para a maioria dos
autores ante a constatação de que os estudantes destes turnos, em sua grande maioria, são
condicionados diretamente por questões econômicas, onde o que está em jogo é a sua
sobrevivência e, por conseguinte, da manutenção do sustento de sua família, além do
vislumbre de ascensão social por meio do diploma. Portanto, enfatizamos novamente que
a supressão de um curso noturno em detrimento de um diurno é cercear o direito dos
estudantes trabalhadores, que são maioria no ensino superior público conforme já
apontado (TERRIBILI e NERY 2009).
O que deve ser posto como prioridade ao real debate que se deveria ter diz respeito
a busca por soluções que facilitem os estudos desse imenso grupo de estudantes, bem
como forma de permanência universitária, avaliações, metodologias, como o currículo
poderia se adequar a vida dos mesmos, bem como aos seus inúmeros desafios. Se fosse
possível uma comparação com a nobre prática da medicina, deveríamos estar discutindo
as maneiras de curar um paciente, tratando as reais causas que tornam a doença possível
de correr, e não deixar o paciente à mercê da miséria ante a mera dificuldade com os
sintomas mais imediatos.
Muito foi dito que, o motivo da mudança de turno do curso, se deriva dos números
de evasão estudantil. Como já apontamos acima, os motivos são difusos e não pode ser
levianamente tratado de maneira superficial, afirmando, prematuramente, que a mudança
ocasionaria uma diminuição dos números, se provando de maneira objetiva e eficaz que
os argumentos apresentados pelo “Plano de Transição” não encontram qualquer coerência
lógica com a realidade social diante dos dados que serão a seguir apresentados.
Um dos principais pontos que tem sido levantados para justificar a mudança de
horário para o período diurno é o da evasão. É legítima a preocupação com essa questão,
pois isso afeta a devida formação de qualidade dos discentes, entretanto, ela deve ser
analisada de forma cuidadosa, sempre considerando os múltiplos fatores dessas taxas e
os próprios dados e indicadores que a Universidade Federal do Ceará (UFC)
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disponibiliza. Diante disso, é preciso pontuar algumas considerações que vão de encontro
a essa justificativa.
10
Dados sobre evasão, retenção, oferta de disciplinas, tamanho de turmas e avaliações externas das
graduações levantados pela Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) da Universidade Federal do Ceará
(UFC), que pode ser acessado em https://bit.ly/painelprograd
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Observa-se no gráfico alguns pontos que merecem ser destacados. No período de
2022.1, temos uma taxa de evasão de 9.3% em Filosofia, enquanto em Ciências Sociais
houve uma taxa de 12.8% de evasão. Em 2021.2, taxa de evasão de 13.4% em Filosofia
e 15.1% em Ciências Sociais. Em 2021.1, taxa de evasão de 7.1% em Filosofia e 7.4%
em Ciências Sociais. Em 2020.2, taxa de evasão de 6.9% em Filosofia e 7.8% em Ciências
Sociais. Em 2020.1, taxa de evasão de 10.1% em Filosofia e 13.8% em Ciências Sociais.
Em 2019.1, taxa de evasão de 5.9% em Filosofia e 12.7% em Ciências Sociais. Em
2018.2, taxa de evasão de 5.7% em Filosofia e 6.3% em Ciências Sociais. Em 2017.2,
taxa de evasão de 4.5% em Filosofia e 16.7% em Ciências Sociais. Em 2017.1, taxa de
evasão de 6.0% em Filosofia e 8.7% em Ciências Sociais. Em 2016.2, taxa de evasão de
10.3% em Filosofia e 10.5% em Ciências Sociais e assim por diante.
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Outros tantos exemplos similares podem ser dados, como o curso de licenciatura
em Letras-Alemão, em seu período integral, que possui também taxas parecidas com o
curso de licenciatura em Filosofia, como podemos perceber:
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correlacionar o oposto, que há um aumento de evasão no período integral em comparação
com o período noturno. Entretanto, correlação não implica em causalidade e, com isso,
não podemos nos atentar em apenas um único fator para a evasão, devendo considerar
outros tantos num estudo empírico, quantitativo e qualitativo. Os fenômenos sociais,
como o da evasão, não são monocausalistas ao ponto de serem analisados apenas pelo
critério de turno, devendo haver um levantamento de outras possíveis e concomitantes
causas.
Nesse sentido, devemos observar que há inúmeros fatores que podem levar a
evasão universitária. Em um artigo denominado “Dropout from Higher Education: A
Theoretical Synthesis of Recent Research” de Vincent Tinto (1975), é analisado o
processo de decisão de evasão do ensino superior. De acordo com o autor, existem
diversas características desse fenômeno que devem ser levadas em conta, como a
integração acadêmica e social do estudante, assim como suas características individuais
e familiares, até chegar ao ato da evasão em si, que foram esquematizadas da seguinte
maneira:
Tabela referente a fatores que influenciam na decisão pela evasão de Tinto (1975)
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Essa esquematização é amplamente utilizada na literatura acadêmica brasileira
sobre evasão, como base de análise dos múltiplos fatores envolvidos nesse fenômeno.
Como mencionado anteriormente e analisando a tabela, é perceptível a influência de
múltiplos fatores que podem ocasionar esse fato. Nesse sentido, em estudo similar
realizado por Andriola, Ribeiro e Moura (2005), especificamente na Universidade Federal
do Ceará (UFC), com o intuito de analisar a evasão dos cursos de graduação (assim como
se valendo de critérios parecidos com o modelo de Tinto), os diferentes fatores foram
esquematizados da seguinte maneira:
Tabela referente a fatores que influenciam na decisão pela evasão de Andriola, Ribeiro e Moura (2005, p.
184)
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Incompatibilidade entre horários de trabalho e de estudo (destacado
por 39,4% ou 34 evadidos);
Aspectos familiares (p. ex.: necessidade de dedicar-se aos filhos
menores) e desmotivação com os estudos (justificado por 20% ou 17 dos
evadidos);
Precariedade das condições físicas do curso ou inadequação curricular
(mencionado por 10% ou 9 evadidos)”
11
Pesquisa realizada em 2018 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino
Superior (ANDIFES) e o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assistência Estudantil (Fonaprace). Acesso
em 20.08.2023:<
18
escola pública, de 18 a 24 anos e que possui como renda mensal per capita até meio
salário-mínimo. Através disso, não é difícil entender que como principal razão dos
trancamentos dos discentes está o por motivo de trabalho, como podemos ver a seguir:
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiODIwYjU3YzAtMzA5OS00YmMwLThhMGQtYzMxM2U3ZjAy
NDMxIiwidCI6IjRhOTBhNTk2LTViYTEtNDQ5Ny05OTNhLTg4NGFjM2Y4NWE2MSJ9>
19
trabalho e estudo. Nesse sentido, em estudo técnico denominado “Evasão em Instituições
Federais de Ensino Superior no Brasil: Expansão da Rede, Sisu e Desafios” realizado pela
Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, é pontuado que uma das soluções para
a evasão universitária está na mudança do período vespertino para o noturno, onde
possibilita o discente a procurar trabalho no período do dia com o intuito de complementar
a renda familiar:
Igualmente, vale ressaltar que em 2007 foi instituído o Plano de Reestruturação das
Universidades Federais (REUNI), com o objetivo de aumentar a permanência, a
qualidade e flexibilidade da educação superior federal. Uma de suas principais propostas
para isso, é o aumento de vagas de ingresso, especialmente no período noturno. Ficou
assim positivado, por meio do Decreto n° 6.096/07, in verbis:
20
Art. 1° Fica instituído o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação
e Expansão das Universidades Federais - REUNI, com o objetivo de
criar condições para a ampliação do acesso e permanência na
educação superior, no nível de graduação, pelo melhor
aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos
existentes nas universidades federais.
(…)
21
ocasionará grandes mudanças para o curso de Filosofia na UFC. É essencial assim que
haja diálogo e participação do maior número possível de estudantes nos processos
referentes a mudanças internas e significativas do curso. Porém, o que estamos
percebendo é uma falta de transparência e discricionariedade nesse processo decisório,
onde há repentinas discussões sobre o tema, sem o prévio aviso e diálogo com os
estudantes a respeito dos assuntos tratados. Os discentes, assim como os docentes, são os
principais interessados sobre esse tema e merecem ter democraticamente suas vozes
ouvidas e consideradas.
2) Não há análises comparativas com outras instituições para estabelecer quais são
as melhores práticas nessa situação.
4) Não há pesquisas sobre a opinião dos discentes do curso a respeito dessa mudança.
Na verdade, analisando os dados sobre evasão, se chega a conclusão oposta: que o
turno noturno diminui essas taxas. Vale ressaltar também que, juridicamente, é
requisito essencial de um ato administrativo sua devida fundamentação, sob pena de
nulidade.
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grupo de dupla e tripla jornadas. Nos últimos anos temos assistido com entusiasmo a
expansão do ensino superior público e o ingresso de estudantes originários das classes
mais pobres. E é bem verdade que no terrível governo Bolsonaro houve um imenso
retrocesso e desmantelo proposital nesse sentido, de modo que as expansões cessaram ou
foram paralisadas, bem como os investimentos diminuíram.
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A responsabilidade social da universidade tem de ser assumida pela
universidade, aceitando ser permeável às demandas sociais, sobretudo àquelas
oriundas de grupos sociais que não têm poder para as impor. A autonomia
universitária e a liberdade académica – que, no passado, foram esgrimidas
para desresponsabilizar socialmente a universidade – assumem agora uma
nova premência, uma vez que só elas podem garantir uma resposta empenhada
e criativa aos desafios da responsabilidade social. Porque a sociedade não é
uma abstracção, esses desafios são contextuais em função da região, ou do
local e, portanto, não podem ser enfrentados com medidas gerais e rígidas.12
Atenciosamente,
12
SOUSA SANTOS, Boaventura de. A Universidade no Século XXI: Para uma Reforma Democrática e
Emancipatória da Universidade. Educação, Sociedade & Culturas, nº 23, p. 137-202, 2005.
24
REFERÊNCIAS:
BRAGA, Mauro Mendes; PEIXOTO, Maria do Carmo L.; DINIZ, Lisangela Fonseca e
BOGUTCHI, Tânia Fernandes. A evasão no ensino superior noturno: o caso do curso
de química da UFMG. Avaliação (Campinas) [online]. 2002, vol.07, n.01, pp.49-72.
ISSN 1414-4077.
25
Educação, 2021. 1 arquivo PDF (54 p.). Acesso em 20.08.2023:
<https://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2021/apr
esentacao_censo_da_educacao_superior_2021.pdf. Acesso em: 19 ago. 2023>
SOUSA SANTOS, Boaventura de. A Universidade no Século XXI: Para uma Reforma
Democrática e Emancipatória da Universidade. Educação, Sociedade & Culturas, nº
23, p. 137-202, 2005
26
Brasileira; Linha de pesquisa: Política Educacional, Gestão de Sistemas Educativos e
Unidades Escolares) - Universidade Estadual Paulista - UNESP, Marilia, 2007.
TERRIBILI FILHO, Armando; NERY, Ana Clara Bortoleto. Ensino superior noturno
no Brasil: história, atores e políticas. RBPAE – Revista Brasileira de Política e
Administração da Educação, v. 25, n. 1, p. 61-81, jan./abr. 2009.p. 61
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