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ANARQUISMO, TRABALHO E RAÇA: A QUESTÃO

RACIAL NO JORNAL A VOZ DO TRABALHADOR


(1908-1915)

Danilo Freire Rodrigues


Orientadora: Michelly Pereira de Sousa Cordão
INTRODUÇÃO
"[...]
- Mas onde estão os anarquistas? - pergunta assustado um
dos ouvintes.
Então, o Olinda indicou um grupo de rapazes que
palestravam tranquilamente.
- Aquele grupo de moços tão socegados são anarquistas?!
Mas todos eles parecem brazileiros! E aquele creolo que
está entre eles, também é anarquista? Pois não diziam que
todos eles são estrangeiros?
- Qual! responde Olinda, essa gente está minando tudo.
São bons rapazes, mas para nós constituem um perigo
[...]"

A Voz do Trabalhador, Rio deJaneiro, Ano I, n.5, 22 de


novembro de 1908, p.3.

Anarquismo;
Trabalho;
Raça.
SUJEITO-ESTRUTURA
ANARQUISMO E NEGROS ANARQUISTAS

EUSTÁCIO
CANDIDO LIMA DOMINGOS
PEREIRA
COSTA BARRETO PASSOS
MARINHO
QUESTÃO RACIAL NO JORNAL A VOZ DO
TRABALHADOR (1908-1915)
Histórico e contexto - a formação da classe operária brasileira:
Processo anterior à abolição da escravidão estatal de 1888;
Luta contra o abolicionismo;
Conflitos de nacionalidade e étnico-raciais;
O caso dos padeiros e João de Mattos e dos tipógrafos;
A questão racial no jornal A Voz do Trabalhador:
Luta primária: "luta de classes" ou interesse econômico da classe;
Luta secundária: "preconceito racial";
"crítica das desigualdades raciais não tinha lugar no discurso político dos libertários" (CAZES, Pedro Faria. 2020,
p.172);
Viam-se como brancos, e, apesar do discurso em defesa de ‘todas as raças’ e de que o elemento revolucionário da
classe trabalhadora deveria ser formado por todas elas, tinham por público prioritário a atingir, os trabalhadores
brancos." (OLIVEIRA, Tiago Bernardon. 2009, p.243-244);
“A existência de divisões identitárias de nacionalidades e de raças no interior da classe trabalhadora era um
problema contra o qual os anarquistas tiveram que se debater no processo de construção da classe no Brasil. [...]
Para criá-la, era preciso formar uma identidade coesa entre trabalhadores, que deveria estar acima de todas as
outras formas de identidade.” (OLIVEIRA, Tiago Bernardon. 2009, p.210);
O caso de Monteiro Lopes, o primeiro deputado federal negro: racismo e o "preconceito quasi estinto";
FONTES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONTES
A VOZ DO TRABALHADOR, Rio de Janeiro, Anos I-VIII, n.1-71, 1909-1915.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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