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RELATÓRIO DE VIAGEM TÉCNICA - Bragança Paulista

LPV0621 - OLERICULTURA I

Alexandre Augusto da Silva N° USP 11356262


Mayara Sartori N° USP 11244080

1.Introdução: Como funciona a logística da fazenda

No dia 25/05, realizamos uma visita técnica no município de Bragança


Paulista em propriedade rural do produtor rural Beto, que cuida de 12 hectares
arrendados e destinados ao cultivo de couve-flor, e em paralelo em alguns talhões
ele realiza o cultivo de milho, soja, aveia e triticale ou trigo objetivando a rotação de
culturas. Com relação a logística da fazenda, eles contam com oito pessoas na
equipe, sendo que durante a época de colheita, mais três funcionários são
esporadicamente contratados. Semanalmente são plantados entre 1 e 1,2 ha com
densidade de 35 a 40 mil mudas/ha e ao fim desse ciclo a couve-flor é vendida para
clientes como Indústrias em geral (exemplo: Cabreúva- responsável pelos produtos
da turma da mônica), Hortifruti Solar e outros tipos de mercado fresco também.

2.Escolha de cultivares:

O produtor relata que faz uso de cultivares de verão, meia-estação e inverno


para permitir produção o ano todo. Durante o verão, a variedade mais utilizada é a
Veneza por apresentar boa resistência ao estresse hídrico, com produção destinada
ao mercado fresco e vendida por unidade, pois nessa época, as cabeças de
couve-flor são mais leves, mas além dessa, às vezes ele adota a variedade
Verônica. O ciclo da planta durante esse período é curto com colheita aos 60 dias
após o plantio.
Já como cultivares de meia-estação, o produtor cultiva as variedades Havana
e Barcelona com ciclo de 75 a 80 dias, podendo se estender a 90, 100 dias se não
ocorrer o frio necessário para produção tendo em vista que elas necessitam de um
acúmulo de horas frio para que possam entrar no estádio reprodutivo. Por fim, as
cultivares de inverno adotadas são Furlan, Alcala, Curlana e Flamenco. Estas, são
destinadas à indústria, por apresentarem maior peso (1 a 1,2 kg/cabeça), coloração
branca, compacta e característica de cogumelo, critérios estes exigidos pela
indústria. Segundo o produtor, as empresas fornecedoras das cultivares variam
entre Syngenta, Bejo e Semilis, sendo que durante a visita, a representante desta
última esteve presente para avaliação da situação e desenvolvimento das plantas.
É válido ainda ressaltar, que durante a explicação o produtor comentou sobre
o fato das cultivares de inverno serem bastante tolerantes a diversos eventos,
entretanto, as geadas acompanhadas de granizo são muito problemáticas e causam
perda produtiva expressiva, sendo que quando dão abertura para entrada de
patógenos como bactérias são piores.
Figura 1: Couve-flor observada no campo.

Fonte: Arquivo pessoal (2023).

De modo complementar, e com base na sua experiência a campo, o produtor


também compartilhou que cultivares de verão, quando plantadas durante o inverno
ficam submetidas ao não florescimento devido a sua baixa adaptabilidade associada
a incapacidade em acumular as horas frios necessárias, bem como tende a ficar
com aparência mais rosada e maior pilosidade no caule. Caso contrário, quando as
cultivares de inverno são plantadas no verão, ocorre o não desenvolvimento das
cabeças de couve devido ao mesmo efeito exposto anteriormente.

3. Preparo do solo, plantio e adubação

Como manejos adotados, além da rotação de cultura com intuito de melhora


das propriedades físico-químicas do solo, especialmente pensando na aeração e
estruturação do solo para o recebimento das mudas e visando também redução da
população de pragas, para o preparo do solo, são realizadas a gradagem e
subsolagem (a depender da compactação avaliada), além da calagem baseada na
análise de solo e correção de solo a cada 3 anos.
Ainda, as mudas, antes do plantio recebem tratamento para cigarrinha com o
uso do inseticida Actara, e no momento do plantio são estabelecidas num
espaçamento de 0,45 x 0,80 metros. Com relação a adubação adota-se o NPK
HMaster 04-14-08 (1 ton/ha) da empresa Yoorin, sendo que durante o
desenvolvimento da cultura também é utilizado o NPK 20-00-20 (4 ton/ha) a lanço
vinte dias após o plantio, acompanhado de duas aplicações de fertilizantes foliares
que fornecem principalmente Boro e Molibdênio, objetivando mitigar distúrbios
fisiológicos e deficiências nutricionais.
Além disso, o manejo das daninhas também é fundamental, especialmente
para o controle do mato infestante, sendo a beldroega uma das mais problemáticas,
para tanto é utilizado o Dual gold logo após o plantio (sistema plante-aplique).
4. Manejo geral da cultura

Para garantir qualidade e produção, a lavoura é irrigada duas vezes por


semana e um dia antes da colheita (garantindo maior frescor e durabilidade ao
produto), com quantidade da lâmina d'água não mensurada. Associada ao diesel, a
irrigação é um dos maiores custos da fazenda. Além do cuidado com as cigarrinhas
a partir do uso do Actara, o produtor também faz uso de biológicos com adoção da
tecnologia Bt e pulverização com Bacillus subtili, a cada 4 ou 5 dias voltado para o
controle de traça, sendo que quando eles não são suficientes, adota-se então o
Cartap, antigo inseticida disponível no mercado.

Figuras 2 e 3: Irrigação via aspersão e Aplicação de Bacillus subitili

Fonte: Arquivo pessoal (2023).

Dentre as pragas, foi comentado sobre a lagarta-rosca também, mas a traça


é realmente a maior causadora de danos na área. No entanto, aproximadamente
25% do que é plantado, perde-se devido a má formação de cabeça e presença de
formigas e grilos. Outro fator que afeta a produção é a ocorrência da bactéria
Xanthomonas camperis pv. nas cultivares de inverno, as quais são menos
tolerantes, com a chuva dificultando o controle.
Já em relação a doenças, o míldio é de maior ocorrência na época de inverno
quando este é marcado pela presença de precipitação, sendo necessário tratamento
preventivo logo após a chuva, uma vez que a bactéria quando associada às
precipitações promove o derretimento das folhas. As perdas ocasionadas pela
chuva podem chegar a 70% segundo o produtor. Além desta, a hérnia das
crucíferas também é bastante problemática.
No local, foi observada a presença de mudas finas, moles e estioladas, as
quais não formarão cabeças, acarretando na perda de produtividade. No entanto,
tais características são comuns em brássicas apesar de todo o trabalho genético
realizado para a produção das mudas.

5. Colheita e custos

Durante a realização da colheita foi comentado sobre a importância nos


cuidados com o produto uma vez que amassados, sujeiras e danos mecânicos em
geral reduzem o valor do lote. Entretanto, além desses cuidados, o produtor afirmou
não ter muito problema no geral uma vez que toda a pós-colheita, e os processos
relacionados ao processamento e limpeza da couve não ficam a seu cargo. Com
relação aos custos em geral, por cabeça de couve-flor gasta-se aproximadamente
R$ 2,00, sendo que o mercado fresco (pesos variando em 0,5 kg) o produtor recebe
R$ 3,00 - 4,50, enquanto que a indústria paga R$ 3,20 o quilo (pesos variando de 1
a 1,5 kg). Assim sendo, em média, o lucro do produtor é de R $1-1,50 e a
produtividade aproximada de 25 mil couves/ha.

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