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Unidade temática: Esportes.

Objeto de conhecimento: Esportes


de campo e taco. Habilidades da BNCC: EF89EF01, EF89EF02,
EF89EF03, EF89EF04 e EF89EF06.

Quando falamos de esporte, logo pensamos na imagem dos


atletas em cena. Entretanto, se pararmos para pensar, outros
atores estão diretamente envolvidos nessa manifestação, cada
um com seu papel específico, no seu tempo e com uma forma
distinta de atuar e se manifestar. Estamos falando
especificamente dos técnicos e dos árbitros. O PAPEL DO
TÉCNICO As principais funções de um técnico são a preparação
orgânica e funcional e o planejamento técnico e tático dos seus
atletas. No passado, essa preparação física envolvia
embasamento científico. Os atletas eram submetidos a rotinas
de treinos inspiradas nos modelos empregados pelas equipes
vencedoras ou em experiências bem-sucedidas de ex-atletas,
reproduzindo as metodologias dos treinamentos realizados por
eles quando estavam na ativa. Atualmente, os técnicos são
profissionais altamente especializados, na maioria dos casos
formados em Educação Física. Portanto, eles aliam experiência e
ciência para obter o melhor rendimento de seus atletas, com
base em rotinas bem elaboradas de treinamentos físicos
específicos para antes, durante e após as competições. Para uma
preparação orgânica e funcional, os técnicos fazem uso dos
conceitos da fisiologia do exercício, aplicando testes e exames
para analisar o desempenho físico de cada atleta, organizando a
intensidade dos treinamentos e definindo os períodos em que
serão realizados. Para o aprimoramento técnico, esses
profissionais têm buscado auxílio numa área conhecida como
biomecânica, visando melhorar o gesto técnico, isto é, o
movimento específico realizado na modalidade referida.
A fim de otimizar o desempenho de seus atletas, os técnicos
também podem contar com profissionais de outras áreas, como
a psicologia do esporte, a nutrição esportiva, a medicina do
esporte e a reabilitação esportiva no caso de lesões.
Ao técnico não cabe apenas preparar e aplicar as sessões de
treinamento, ele precisa estar atento ao preparo psicológico dos
jogadores. As questões objetivas dos treinos também estão
relacionadas às questões subjetivas, que incluem incentivar,
elogiar, orientar e conversar com o atleta ou o grupo para extrair
deles o melhor rendimento esportivo possível, bem como ajudá-
los a compreender o que é viver como um atleta. De acordo com
Darido e Rufino, essa forma de atuar compreende a aplicação de
conceitos que estão além das exigências tática e técnica. Muitas
são as terminologias relacionadas a quem ensina esportes.
“Técnico”, “treinador”, “professor”, “coach”, entre outros.
Compreendemos que, antes de tudo, também o
professor/técnico de esportes é um pedagogo, um educador.
Entendendo-se que a pedagogia se constitui como teoria prática
e prática teórica, designando ao professor as responsabilidades
de um pedagogo, as quais podem se resumir em pedagógica o
ensino, dando-lhe uma direção educativa que seja intencional,
consciente, didática e organizada.
Além das técnicas e táticas O universo das práticas esportivas é
repleto de oportunidades para se trabalhar com valores e
atitudes; pois durante os treinos e jogos ocorrem uma série de
conflitos que permitem promover discussões e debates, como
por exemplo: a honra de uma vitória, conquistada de maneira
justa, ou com o saber perder de maneira digna, a violência das
faltas, o cuidado com o outro, além de muitos outros. Considerar
nos programas esportivos a importância dos conceitos e valores
ao mesmo nível dos procedimentos (saber fazer), ou pelos
menos buscar compreender a importância deles – significa
considerar que esses podem e devem ser objetos de ensino e
aprendizagem. Parte-se do princípio de que tudo o que pode ser
aprendido pelos alunos/atletas deve ser ensinado pelos
professores/técnicos, embora considere-se a importância de
outras influências para a aprendizagem como a família, as
mídias, os pares, entre outros. Assim, defende-se nesse texto a
ideia de que o técnico/pedagogo/ professor de esporte deve
intencionalmente ensinar valores ao longo da prática
pedagógica.
O PAPEL DO JOGADOR
O jogador se prepara e treina para que possa suportar os
desafios do jogo. As características mais comumente exigidas dos
jogadores são a resiliência, o autoconhecimento, a determinação
para viver o dia a dia dos treinos, a capacidade de atuar sob
pressão e a resistência à dor. Assim, os jogadores aliam a
habilidade técnica e o treinamento para obter um melhor
rendimento no jogo e se destacar nas jogadas. Alguém já
chamou isso de talento, mas Gardner definiu como Inteligência
Cinestésica. A inteligência corporal-cinestésica é a capacidade de
manipular objetos e usar uma variedade de habilidades físicas.
Essa inteligência também envolve um senso de tempo certo e
perfeição de habilidades através da união mente-corpo. Atletas,
dançarinos, cirurgiões e artesãos exibem essa inteligência bem
desenvolvida.com O objetivo dos jogadores é vencer, pois ser
habilidoso não é suficiente, visto que o resultado é fundamental
para o seu reconhecimento. Muitas vezes só a preparação física
e uma boa tática de jogo não são suficientes para alcançar a
vitória, e os jogadores também usam de artifícios para
conquistar um resultado favorável. No futebol, eles são
chamados por jargões como “catimbeiro”, que significa ser
astuto, manhoso e esperto. Os trapaceiros, que simulam faltas
ou agressões que não ocorreram, provocam os adversários de
forma a desestabilizá-los e, com isso, tentam obter algum tipo de
vantagem. Para alguns, isso é parte do jogo; para outros, é um
antijogo, ou seja, um jogo desleal. O trapaceiro ou embusteiro, é
um individualista, um aventureiro. Mais adiante, porém, quando
a competição e o vencer se institucionalizam, a trapaça
desaparece de nossa visão, e se transforma em parte integral do
próprio jogo. Na Esparta antiga, obcecada pelo treinamento
físico, isso se mostrava de forma explícita. Exigia-se que os
jovens, meninos em treinamento, fornecessem o alimento a ser
utilizados nos sacrifícios, roubando-os fosse dos camponeses,
dos mercados ou dos moradores. Os homens jovens eram
proibidos de visitar suas esposas, mas encorajados a fazê-los
clandestinamente. Se pegos, em ambos os casos, os infratores
eram severamente punidos. (LEONARD, 1991, p. 26) A
reportagem a seguir fala sobre a conduta dos atletas em campo.
Leia um trecho: Nos últimos tempos, os torcedores passaram a
exigir que os jogadores tivessem em campo o mesmo
comportamento que os apaixonados têm nas arquibancadas. O
atleta tem que jurar amor eterno ao clube – mesmo que ele só
dure até a primeira proposta de um time do exterior –, não falar
nunca os nomes dos rivais e sempre dar uma alfinetada nos
adversários. Desculpe, mas eu detesto quando um jogador vibra
por dar um chutão para arquibancada em um lance qualquer,
quando dá um carrinho ou quando acerta um pontapé
desnecessário no adversário. E quando o público fica realmente
empolgado com esses lances, mais o profissional se traveste de
torcedor. E o jogador também não perde a chance de, com o
dedo em riste, ameaçar e xingar os adversários, além de
reclamar do árbitro em qualquer lance. O torcedor quer ver
tanto o seu reflexo dentro do gramado, que grita “Garra! Garra!”
e não pede para que seu time jogue um bom futebol. O time
pode não jogar nada, não dar um chute ao gol, mas se alguém
der um carrinho desnecessário, em uma bola que vai sair pela
linha lateral, será logo tratado como o novo herói. O pior é que
alguns jogadores acabam entrando neste espírito de se tornarem
torcedores em campo e acabam proporcionando espetáculos
ridículos, como acompanhamos nas últimas semanas. No caso da
briga generalizada entre os elencos de Vitória e Bahia e o
episódio do jogador do Operário- -MS, que espancou
covardemente uma gandula no clássico contra o Comercial, mais
pareceram atos de vândalos e torcedores violentos – da pior
espécie possível, daqueles que ninguém quer ver mais nos
estádios – do que de atletas ditos profissionais. Disponível em. É
importante considerar as generalizações feitas nos casos citados
anteriormente, mas ressaltar também as exceções. Sobre isso,
leia o seguinte trecho: O zagueiro Rodrigo Caio afirmou não se
arrepender do fair play no clássico contra o Corinthians. Na
ocasião, o defensor do São Paulo avisou ao árbitro que fora ele,
não Jô, quem pisou no goleiro Renan Ribeiro. A atitude fez com
que o cartão amarelo mostrado ao atacante fosse anulado. “Não
me arrependo do que eu fiz. Não me arrependo nem um pouco.
Acho que fiz a coisa certa, então bola para frente, vida que
segue”, afirmou Rodrigo Caio ao “FOX Sports”, depois da partida
entre São Paulo e Cruzeiro, pela Copa do Brasil. Disponível em: .
Acesso em: 15 jun. 19.
O PAPEL DO ÁRBITRO
Dotado de um senso ético de total isenção, o árbitro é uma
figura essencial para o bom andamento de muitas modalidades
esportivas. Contudo, em alguns esportes, como no caso do
futebol, o árbitro, ou juiz, é desrespeitado, vaiado, xingado e
ameaçado. Ser um árbitro, independentemente da modalidade
esportiva, é um grande desafio. Podemos afirmar que é uma
profissão nada fácil, pois demanda grande atenção e tomadas
rápidas de decisão, gerando intenso desgaste psicológico.
Dziurek/Shutterstock.com www.poliedroeducacao.com.br 7 O
trecho a seguir discorre sobre as características essenciais para
um árbitro, tanto físicas quanto psicológicas: As demandas
psicológicas dos árbitros aumentaram substancialmente nos
últimos anos. A preparação psicológica para árbitros de elite
precisa ser específica às exigências únicas de sua tarefa. Fatores
psicológicos relativos à tomada de decisão, gerenciamento do
jogo, avaliação de demandas de jogos, decisões motivacionais,
planejamento, simulação mental e análise pós-jogo são algumas
das atividades que poderiam ser realizadas com os árbitros. Não
apenas para ajudá-los a lidar com o ruído, a pressão e o
desempenho, mas também buscando ajudá-los a melhorar e
lidar com a tomada de decisões sob diferentes aspectos e
cenários. Durante a competição, as decisões dos árbitros estão
sempre sujeitas à opinião pública. Como resultado, os árbitros
são frequentemente criticados e questionados sobre suas
habilidades de tomada de decisão e gerenciamento de jogos.
Bons árbitros podem fazer com que os eventos esportivos fluam
bem e eles são capazes de criar um ambiente positivo focado no
espírito esportivo e na competição. Uma boa arbitragem acelera
o fluxo do evento esportivo, tendo em mente que o resultado da
partida depende da tática e habilidade dos jogadores. Em
contraste, a arbitragem ineficiente estraga o prazer do jogo para
jogadores, técnicos e torcedores. Para ser bem-sucedido como
árbitro, é importante ser proficiente nas seguintes áreas:
conhecimento do jogo, habilidades de tomada de decisões,
habilidades psicológicas, habilidades estratégicas, comunicação
ou controle do jogo e condicionamento físico (Guillen & Feltz,
2011). O sucesso ou fracasso de um árbitro depende tanto de
suas habilidades físicas (por exemplo, a preparação para as
demandas específicas de um determinado esporte, a técnica e
mobilidade, faculdades visuais) quanto de suas habilidades
mentais (por exemplo, confiança, concentração, controle
emocional). Essa relação entre os aspectos físicos da arbitragem
e os psicológicos é essencial. (CAPURUÇO, ALMEIDA e
REBUSTINI, 2018) O árbitro é uma figura fundamental em jogos
esportivos por conta da necessidade de garantir o cumprimento
das regras pelos jogadores, de se tomar decisões, por vezes,
polêmicas (faltas, gol, expulsões), e de garantir uma competição
leal sem violência. No fragmento a seguir, tirado de um texto do
site Globo Esporte, um árbitro comenta sobre o controle
psicológico que a profissão exige: O árbitro Alisson Furtado
também faz parte da CBF e neste dia ele frisa o compromisso da
ética e honestidade que o árbitro deve ter quando entra em
campo e fora dele. – Além de receber parabéns, temos que
lembrar sempre da honestidade e ética em campo. Nós já
estamos acostumados com essa vida de xingamentos, isso é
normal, faz parte da vida de quem está em um ramo que mexe
com tantas paixões – disse. Edson Reis. “Árbitros do TO estão
acostumados com desafios da profissão”. Globo Esporte, 2014.
Disponível em. A respeito da função do árbitro, leia a seguir o
que diz Abagge: Nos primórdios do futebol não havia nenhum
juiz (árbitro), já que as faltas eram acertadas entre os dois times,
por meio de um acordo de cavalheiros. A figura do árbitro
apareceu no século XIX, por volta de 1868 e, mesmo assim, ele
quase nada fazia: ficava de fora do campo e não tinha autonomia
para marcar infrações. Tudo precisava ser decidido junto com os
capitães dos times. A autoridade do árbitro somente passou a
ser reconhecida a partir da década de 1890, com a modernização
das regras do esporte. Época em que dizem terem surgido as
funções das bandeirinhas (assistentes). No Brasil a figura do
árbitro surgiu junto com o futebol (1894) trazido pelo inglês
Charles Miller, o qual passou a atuar como árbitro.

https://www.youtube.com/watch?v=HZd5JAtb-yg
https://www.youtube.com/watch?v=fPa96v2QDGQ

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