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SEMINÁRIO:

ÉTICA, BIOÉTICA
E DEONTOLOGIA
MÉDICA
Capítulos V e VI – GRUPO C
Faculdade de Medicina de Barbacena
7° período
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INTEGRANTES:
• Amanda Soares Matos
• Ana Carolina Resende Ribeiro
• Ana Luísa Loschi Coelho
• Emillie Moraes Domingues
• Giovanna Pereira Guerson
• Isabella Campista Grossi
• João Vitor Rios Sales
• Luana Vicentino Silva
• Rafael Novak de Assis Alvim Souza
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INTRODUÇÃO:
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA (CEM)

• O primeiro documento que regia a atuação dos médicos foi criado em 1803 por
Tomas Percival.

• Foi reconhecido pela Associação Médica Americana como o primeiro código de ética
dos Estados Unidos em 1847.

• No Brasil, o primeiro documento com as diretrizes para médicos foi elaborado em


1851 pela Academia Imperial de Medicina.

• Porém, a ética médica só começou a ser questionada em 1867, quando o código de


Tomas Percival foi traduzido.

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INTRODUÇÃO:
• O código de ética médica contém as diretrizes que o médico deve seguir no
exercício de sua profissão, incluindo os deveres legais, profissionais e morais
intrínsecos.

• Ele é composto de 26 princípios fundamentais, 11 normas diceológicas, 117 normas


deontológicas e 4 disposições gerais.

• A fiscalização e o cumprimento das normas estabelecidas é de responsabilidade dos


Conselhos de Medicina, das comissões de ética e dos médicos em geral.

• Caso algum médico queira garantir o acatamento e a execução das normas, as quais
foram infringidas, deve ser comunicado o CRM com discrição e fundamento, fatos
que caracterizam a possível infração do código.

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CAPÍTULO V
Relação com pacientes e familiares

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• A relação médico paciente envolve responsabilidade, confiança e dedicação,
devendo sempre ser permeada pelo respeito de ambas as partes.

• Se iniciou na medicina hipocrática, com a visão da pessoa por completo e não


somente patológica. Essa relação é formada por fenômenos psicossociais como a
transferência e a contratransferência:

- Transferência: baseia-se na deposição de expectativas do paciente


sobre o médico, relacionada a experiências vividas anteriormente.
Pode ser positiva ou negativa.

- Contratransferência: trata-se de respostas emocionais do médico


em relação ao paciente, baseada em suas próprias vivências.

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• São quatros os princípios bioéticos que devem centralizar a relação:

1) Autonomia: capacidade do indivíduo decidir sobre si próprio.

2) Beneficência: maximizar os benefícios reduzindo os malefícios


de cada conduta.

3) Não-maleficência: na ausência da capacidade de trazer benefícios, o


médico não deverá prejudicar.

4) Justiça: tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e


adequado.

• O principal objetivo do capítulo V do código de ética médica é estabelecer os


deveres e direitos dos profissionais médicos em relação aos pacientes.

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CAPÍTULO V – Relação com pacientes
e familiares
É vedado ao médico:

• Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir


livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em
caso de iminente risco de morte.

• Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de


prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a
seu alcance, em favor do paciente.

• Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em
casos de urgência ou emergência quando não houver outro médico ou serviço
médico em condições de fazê-lo.

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CAPÍTULO V – Relação com pacientes
e familiares
• Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os
objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar
dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal.

• Art. 35. Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a


terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros
procedimentos médicos.

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CAPÍTULO V – Relação com pacientes
e familiares
• Art. 36. Abandonar o paciente sob seus cuidados.

§ 1° Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento


com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de
renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou a seu
representante legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas
as informações necessárias ao médico que o suceder.

§ 2° Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou à sua família, o


médico não o abandonará por este ter doença crônica ou incurável e continuará a
assisti-lo e a propiciar-lhe os cuidados necessários, inclusive os paliativos.

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CAPÍTULO V – Relação com pacientes
e familiares
• Art. 37. Prescrever tratamento e outros procedimentos sem exame direto do
paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada
de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente depois de cessado o
impedimento, assim como consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio
de comunicação de massa.

§ 1º O atendimento médico a distância, nos moldes da telemedicina ou de


outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho Federal de Medicina.

§ 2º Ao utilizar mídias sociais e instrumentos correlatos, o médico deve


respeitar as normas elaboradas pelo Conselho Federal de Medicina.

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CAPÍTULO V – Relação com pacientes
e familiares

• Art. 38. Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais.

• Art. 39. Opor-se à realização de junta médica ou segunda opinião solicitada pelo
paciente ou por seu representante legal.

• Art. 40. Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico paciente para


obter vantagem física, emocional, financeira ou de qualquer outra natureza.

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CAPÍTULO V – Relação com pacientes
e familiares
• Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu
representante legal. Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal,
deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender
ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em
consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu
representante legal.

• Art. 42. Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre método


contraceptivo, devendo sempre esclarecê-lo sobre indicação, segurança,
reversibilidade e risco de cada método.

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CAPÍTULO VI
Doação e transplante de órgãos
e tecidos

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• A doação de órgãos é um ato por meio do qual podem ser retirados órgãos ou tecidos
de uma pessoa viva ou falecida (doadores) para serem utilizados no tratamento de
outras pessoas (receptores), com a finalidade de restabelecer as funções de um
órgão ou tecido doente.

• O Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público


de transplantes do mundo. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior
transplantador do mundo.

• O primeiro transplante de órgão feito no Brasil aconteceu em 19 de abril de 1964,


quando um rim foi transplantado no Rio de Janeiro.

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QUEM PODE SER
DOADOR?

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EXISTEM DOIS TIPOS DE DOADORES:

Doador vivo: é a pessoa maior de idade e juridicamente capaz, saudável e que


concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. Para doar
órgão em vida, o médico deverá avaliar a história clínica do doador e as doenças
prévias. Pela legislação, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores.
A doação de órgãos de pessoa vivas que não são parentes, só acontece mediante
autorização judicial.

Doador falecido: é qualquer pessoa com diagnóstico de morte encefálica ou com


morte causada por parada cardiorrespiratória (parada cardíaca). A doação dos
órgãos e tecidos só poderá ser realizada se houver autorização de um familiar, como
previsto em lei. Se os familiares não autorizarem, a doação não poderá ser realizada.

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QUEM PODE SE
BENEFICIAR DO
TRANSPLANTE?

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Pessoas com doenças crônicas ou agudas, cujos tratamentos já esgotaram as
possibilidades de recuperação e que cuja única alternativa seja a substituição do
órgão ou tecido afetado e para as quais o transplante seja uma indicação formal e uma
possibilidade terapêutica vantajosa.

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CAPÍTULO VI – Doação e transplante
de órgãos e tecidos
É vedado ao médico:

• Art. 43. Participar do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de suspender


meios artificiais para prolongar a vida do possível doador, quando pertencente à
equipe de transplante.

• Art. 44. Deixar de esclarecer o doador, o receptor ou seus representantes legais


sobre os riscos decorrentes de exames, intervenções cirúrgicas e outros
procedimentos nos casos de transplante de órgãos.

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CAPÍTULO VI – Doação e transplante
de órgãos e tecidos
• Art. 45. Retirar órgão de doador vivo quando este for juridicamente incapaz, mesmo
se houver autorização de seu representante legal, exceto nos casos permitidos e
regulamentados em lei.

• Art. 46. Participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou de


tecidos humanos.

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EXEMPLOS:

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CASO CLÍNICO 1 :
• Mulher de 60 anos, diagnosticada com câncer de pulmão avançado. Ela é fumante
há muitos anos e sua condição é considerada irreversível. Ela foi encaminhada a
um oncologista, para iniciar o tratamento paliativo.

• O oncologista apresenta as opções de tratamento disponíveis e explica que o


objetivo do tratamento é proporcionar o máximo de conforto e qualidade de vida
possível. Ele menciona que, embora a quimioterapia possa ajudar a reduzir o
tamanho do tumor, também pode causar efeitos colaterais significativos, como
náusea, vômito e fadiga.

• A paciente, uma devota religiosa, expressa sua preocupação com a quimioterapia,


que ela acredita ser contra sua fé. Ela teme que o tratamento possa prolongar sua
vida de uma forma que vá contra a vontade de Deus. Ela pede a opinião do médico
sobre o que fazer.

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CASO CLÍNICO 1 :
• O médico reconhece a preocupação da paciente e sua crença religiosa, mas
também enfatiza que seu papel como médico é proporcionar o melhor tratamento
possível para sua condição. Ele sugere que eles consultem um líder religioso de
confiança da paciente para ajudá-la a tomar uma decisão informada sobre seu
tratamento.

• A paciente concorda com a sugestão do médico e é encaminhada para seu líder


religioso. Depois de algumas discussões, ela decide iniciar o tratamento com
quimioterapia e o médico respeita sua decisão. Ele trabalha com a paciente para
gerenciar os efeitos colaterais do tratamento e mantém uma comunicação clara e
aberta com ela durante todo o processo.

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INTERPRETAÇÃO:

Este caso clínico destaca a importância de reconhecer as crenças religiosas dos


pacientes e como elas podem afetar suas decisões de tratamento. Também enfatiza a
necessidade de uma comunicação clara e respeitosa entre o médico e o paciente,
especialmente em situações em que há um dilema ético.

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CASO CLÍNICO 2 :

• Homem de 30 anos de idade, politraumatizado em virtude de acidente


automobilístico, dá entrada em pronto- socorro. Os médicos plantonistas da
clínica médica e da neurologia, por meio de exames clínico e
eletroencefalográfico, constataram que o paciente estava em estado de morte
encefálica, apesar de ainda apresentar batimentos cardíacos.

• Imediatamente, a médica clínica entra em contato com o setor de Nefrologia para


avaliar a viabilidade do aproveitamento de órgãos da vítima para transplante
renal. O nefrologista, após informar a família do acidentado, consegue autorização
para doação de órgãos. Após a realização dos exames laboratoriais necessários
para o procedimento, é chamado um dos pacientes renais crônicos cadastrados
para transplante, julgado compatível para a recepção do órgão.

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CAS0 CLÍNICO 2 :
• Durante os procedimentos cirúrgicos de retirada dos rins do doador a família
revoga o consentimento anteriormente dado e decide contrariamente à
manifestação anterior, alegando que um dos parentes da vítima, ao entrar na sala
cirúrgica, observara que o monitor instalado acusava batimento cardíaco do
acidentado, o que o levou a supor que seu familiar ainda se encontrava vivo e que
tinha ocorrido um erro médico.

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INTERPRETAÇÃO:

Esse caso clínico mostra um dilema ético em relação a doação de órgãos. Retrata um
erro básico na discussão com a família para obtenção da doação: onde
provavelmente não foi explicado o diagnóstico da morte, nem o significado dos
exames que acompanharam. Conflitos como o do caso em questão ocorrem em
função de uma milenar formação cultural das pessoas que sempre entenderam que
só ocorria a morte quando parava o coração. Casos como esse, exemplificam e
ressaltam a importância do bom diálogo, claro e objetivo com as famílias.

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CONCLUSÃO:

O capítulo V é muito importante para delimitar os direitos e deveres do médico em


relação ao paciente e seus familiares, em que deve-se respeitar a vontade do
paciente ou seu representante legal e atentar-se sempre a informar corretamente o
paciente com as informações necessárias, dando sempre o apoio em todas as fases
do tratamento.

O capítulo VI discorre sobre o papel do médico no processo de doação e transplante


de órgãos e tecidos, no qual deve ter responsabilidade com a vida tanto do doador
quanto do receptor, priorizando informar os pacientes os riscos e procedimentos
necessários.

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REFERÊNCIAS:

• https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/snt
• Relação médico-paciente: transferência, contratransferência e empatia | Colunistas -
Sanar Medicina
• A importância da Relação Médico-Paciente CREMESP - Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo.
• https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/medicos-e-enfermeiros-recebem-
orientacoes-sobre-doacao-de-orgaos
• Código de ética médica. Resolução CFM n2.217, de 27 de setembro de 2018. Brasília,
2019. Conselho federal de medicina (CFM-Brasil)

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AGRADECEMOS
PELA ATENÇÃO!

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