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Ética e segurança em cirurgia

Ética
• é o estudo dos juízos de apreciação que se referem a conduta humana susceptível de
qualificação do ponto de vista do bem e do mal.

• são os valores que definem o que eu quero, posso e devo.

• medicina: responder às necessidades das pessoas no quesito saúde e doença.

• juramento de Hipócrates, colégio americano de cirurgiões, colégio americano de ginecologia


e obstetrícia – cada especialidade tem seu próprio código.

• American Medical Association (1847): declaração dos princípios éticos, no qual na


responsabilidade também tinha participação do paciente.

• diagnóstico -> recomendações de tratamento.

- é importante que o paciente decida junto com você a partir das alternativas porque se der
errado a responsabilidade fica dividida.

• no início do século 20 o médico era quem sabia.

- explosão do conhecimento biomédico (mas a medida que a medicina se desenvolveu houve


um distanciamento maior, tendo uma relação médico-paciente em que havia esclarecimento e
não apenas autoridade por parte do profissional).

• em 1960, os biomédicos adotam o conceito de autonomia, respeitando o direito do paciente


de decidir e solicitando seu consentimento para o tratamento – participação do paciente no
processo.

• consentimento: permissão concedida pelo paciente ao cirurgião.

- informado: o médico fornece as informações relevantes.

- voluntário: condição pode ser coercitiva (não deve aumentar nem diminuir a
doença/cirurgia).

• consentimento informado: linha de base do padrão da melhor prática ética na moderna


assistência médica.

- não deve ser um acordo contratual, deve ser uma conversa e deve ser registrada no
prontuário, formalizando através de um contrato.

- deve-se levar em conta os valores culturais.

- em pacientes em fim de vida, lembrar que o médico também trabalha com a família, pois as
vezes o paciente não consegue decidir por si só - cuidados paliativos: eleger 1 familiar para
lidar e tomar as decisões.

- explicar toda a situação do termo, todo o procedimento, daí dar o termo para o paciente e
pedir para ler em casa com calma e depois assinar.
Código de ética
Capítulo III – responsabilidade profissional:

• é vedado ao médico:

Art. 1º: causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia,
imprudência ou negligência. Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre pessoal e
não pode ser presumida.

Art. 3º: deixar de assumir responsabilidades sobre procedimento médico que indicou
ou o qual participou, mesmo quando vários médicos tenham assistido o paciente.

Art. 5º: assumir responsabilidade por ato médico que não praticou ou do qual não
participou.

Capítulo IV – direitos humanos:

• é vedado ao médico:

Art. 22º: deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal


após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de
morte.

• imprudência: saber que tem grandes chances de dar errado e mesmo assim faz. Por
exemplo, fazer uma cirurgia de alto risco.

• negligência: ignorar uma orientação que é certa. Por exemplo, deixar de conferir se o
esparadrapo está realmente marcando o olho certo, em uma cirurgia oftálmica.

• imperícia: burro.

Capítulo V – relação com pacientes e familiares:

• é vedado ao médico:

Art. 31º: desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir


livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de
iminente risco de morte.

Art. 35º: exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a


terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos
médicos.

Capítulo VII – relação entre médicos:

• é vedado ao médico:

Art. 50º: acobertar erro ou conduta antiética de médico.

Art. 51º: praticar concorrência desleal com outro médico – cobrar preços diferentes
pelo mesmo procedimento.

Art. 57º: deixar de denunciar atos que contrariem os postulados éticos à comissão de
ética da instituição em que exerce seu trabalho profissional e, se necessário, ao Conselho
Regional de Medicina.
Capítulo VIII – remuneração profissional:

• é vedado ao médico:

Art. 60º: permitir a inclusão de nomes de profissionais que não participaram do ato
médico para efeito de cobrança de honorários.

Capítulo X – documentos médicos:

• é vedado ao médico:

Art. 80º: expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o
justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda a verdade – mentir o procedimento
feito.

Segurança em cirurgia
Brennan e colaboradores, 1991:

• evento adverso: lesão causada pelo tratamento médico que prolongou hospitalização e/ou
incapacitação até a alta.

• negligência: prestar atendimento abaixo do padrão esperado pelos médicos de sua


comunidade.

• análise 30.121 prontuários em 51 hospitais: eventos adversos em 3,7% -> 27,6% por
negligência, 70% causaram incapacidade por até 6 meses, 2,6% incapacidade permanente ,
13% morte e 48% complicação cirúrgica.

• locais mais envolvidos em erro médico: sala de cirurgia, UTI, enfermaria, ambulatório e
consultório.

• 2 tipos de falhas:

- ação não acontece como se pretendia (execução).

- ação inadequada (planejamento).

• nem todos os erros causam danos.

• grandes sistemas falham porque ocorrem múltiplas falhas sequenciais levando a erros
latentes.

• a cirurgia oriunda de um bom trabalho em equipe deve ser chefiada por um cirurgião.

- sucesso não depende só do cirurgião, mas desde a recepcionista até quem dá alta para o
paciente.

• análise do erro: viés da visão retrospectiva (a culpa pode ir até a recepcionista, pois a corda
arrebenta do lado mais fraco e aí a galera fica achando um culpado para isso quando na
verdade mais de 1 tem a culpa do erro, pois a culpa é coletiva, é uma consequência de diversos
fatores, não somente um.

• dificilmente a demissão de um funcionário melhora o processo.


Sistemas cirúrgicos seguros:

• esforços dos cirurgiões em melhorar a segurança dos sistemas.

• desenvolvimento da equipe:

- competência, proficiência, aprendizagem contínua e desenvolvimento de habilidades.

- seleção.

- liderança – volume cirúrgico e experiência.

- comunicação – falha de comunicação é um erro frequente.

• proteção contra lacunas:

- lacunas: perda de informação, momentum ou interrupções no atendimento.

- raramente causam falhas, alguém identifica e corrige.

- ex: troca de plantão e transferência.

- diretrizes e fluxogramas.

- time-out cirúrgico – antes da cirurgia a técnica pega a folha e confere os dados.

- “5 certos” de uma cirurgia: paciente certo, lado certo, cirurgia certa, posição certa e material
certo.

- sistematização – há jeitos diferentes de fazer certas coisas.

• aperfeiçoamento na tecnologia da informação:

- desenvolvimento de sistemas cada vez mais seguros e de qualidade.

- informatização leva a redução de erros médicos.

• estudos observacionais de sistemas perioperatórios:

- enfermeira deixa a sala de operação 33 vezes durante a cirurgia.

- instrumentos adicionados 14x ao campo operatório para cada caso.

- rotina de contar compressa ocupa 14,5% do tempo cirúrgico ou 35 minutos.

• engenheiros de sistemas:

- competência e proficiência para realizar a análise do desempenho dos sistemas.


• comitê de segurança da sala de operações:

- controle do fluxo, equipamentos e recursos.

• programas de treinamento em segurança cirúrgica:

- subfinanciamento crítico da pesquisa nas disciplinas cirúrgicas.

- aprendizado contínuo.

Lista de verificação da segurança cirúrgica:


• antes da indução anestésica: identificação.

– verificação de segurança anestésica concluída; oxímetro de pulso no paciente e em


funcionamento.

- alergia conhecida? Via aérea difícil/risco de aspiração? Risco de perda sanguínea?

• antes da incisão cirúrgica: confirmação.

– confirmar que todos os membros da equipe se apresentaram pelo nome e função.

- cirurgião, anestesiologista e a equipe de enfermagem confirmam verbalmente a identificação


do paciente, o sitio cirúrgico e o procedimento.

- revisão do cirurgião das etapas críticas ou inesperadas da operação.

- revisão da equipe de anestesiologia sobre preocupações específicas com o paciente .

- revisão da equipe de enfermagem sobre os materiais necessários, equipamentos, profilaxia


antimicrobiana foi realizada? Sim, não ou não se aplica?, imagens essenciais estão disponíveis?

• antes de o paciente sair da sala de operação: registro.

- confirmação verbal do registro completo do procedimento intra-operatório, incluindo o


procedimento executado.

- confirmação da contagem de instrumentais cirúrgicos, compressas e agulhas.

- confirmação da amostra para anatomia patológica, se ela está identificada.

- confirmação se há algum problema com equipamento para ser resolvido.

- a equipe revisa preocupações essenciais para a recuperação e manejo do paciente


(especificar critérios mínimos a serem observados, como a dor).

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