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ATIVIDADE AULA 2 - Deontologia

Alunas: Ana Carolina Falck de Almeida e Isabela Couto Furquim

A atividade dessa aula consiste no seguinte passo a passo:

1 - Formação de duplas ou trios

2 - Formular um caso com uma situação médica em que estejam presentes um ou mais dos
conceitos aprendidos na aula sobre “Valores e virtudes do médico". Consentimento esclarecido.
Tratamento arbitrário, recusa de tratamento e alta a pedido. Omissão de socorro”.

3 - O caso deve ser completo e desenvolvido de forma original.

4 - Após a escrita do caso, deverá constar uma breve discussão a respeito da conduta médica
possível de ser adotada, seguindo os princípios bioéticos (autonomia, não-maleficência,
beneficência, justiça e equidade) e apresentando quais partes dos códigos jurídicos (Penal, Civil,
Ética Médica) estão sendo respeitados (ou não).

2 - Paciente A.D.F feminina, de 56 anos, natural e procedente de Porto Alegre, cantora e professora
de canto, queixa-se de um caroço no pescoço. A consulta ambulatorial, nega demais queixas, nega
perda ou ganho ponderal, nega alteração gastrointestinal, nega alterações do ciclo do sono. A
palpação, é percebido um nódulo na tireoide no lobo esquerdo de aproximadamente 3 cm, e outro no
lobo direito de 2 cm. O resto do exame físico não possui alterações. Sendo assim, a paciente foi
encaminhada para fazer uma ecografia de pescoço que classificou como TI-RADS 3 o nódulo
esquerdo e TI-RADS 4 no lobo direito. Com isso, a paciente foi encaminhada para uma punção
aspirativa por agulha fina para exame citológico. A partir do exame citológico, era baixa a suspeita de
neoplasia maligna e foi atestado que o nódulo era benigno. No entanto, a amiga da endócrino que
estava passando pela residência cirúrgica de cabeça e pescoço, havia pedido um caso para treinar
tireoidectomia. Sendo assim, a paciente logo foi encaminhada para o centro cirúrgico, sem ser
discutido os riscos e benefícios da cirurgia antes. No centro cirúrgico, todas as cirurgias estavam
atrasadas e os profissionais estavam cansados. A paciente foi preparada para a cirurgia e pela
pressa, e pediram para ela assinar logo TCLE, sem explicar o que era. Após a recuperação cirúrgica,
a paciente se queixou de disfonia. Depois de retornar ao ambulatório que explicaram a possibilidade
de lesão do nervo laríngeo recorrente. Ela afirmou que ninguém havia explicado o procedimento,
seus riscos e também o benefício e que nunca teria aceitado um procedimento cirúrgico que a faria
perder a voz e o emprego.

4- Discussão:

Sabe-se que é obrigação do médico obter o consentimento de seu paciente para a realização
de um determinado tratamento, repousando no princípio ético de autonomia do paciente. No entanto,
essa dinâmica médico-paciente deve incluir uma troca honesta e franca de informações entre ambas
as partes envolvidas, e não deve incluir, necessariamente, a aceitação do tratamento proposto, mas
também a possibilidade de recusa do mesmo, a partir dos riscos e benefícios que devem ser
apresentados pelo médico, o que não ocorreu no caso relatado.
Além do médico aceitar as escolhas de seus pacientes relativas aos procedimentos que
serão submetidos, o médico deve evitar a realização de procedimentos desnecessários, tendo em
vista o princípio ético da não maleficência. No entanto, no caso apresentado, o médico fere esse
princípio ético, uma vez que submeteu a paciente a uma tireoidectomia desnecessária, que causou
danos permanentes à paciente (disfonia). Dessa maneira, os malefícios da cirurgia foram maiores
que os benefícios.
É válido destacar que, no caso acima, alguns artigos do código de ética médica não foram
respeitados, como o artigo 46 que prevê a não realização de procedimento médico sem
esclarecimento e consentimento do paciente e o artigo 48 por limitar o direito do paciente de decidir
livremente. O artigo 56 também foi ferido, na medida em que foi desrespeitado o direito do paciente
de decidir livremente sobre a execução das práticas terapêuticas. Importante notar que, apesar de ter
sido aplicado um termo de consentimento esclarecido, a forma em que foi aplicado para assinatura
do paciente foi de forma indevida, por isso, não isenta o médico de sofrer processo por conduta
inadequada.
Além disso, o procedimento cirúrgico proposto foi desnecessário, o que fere o artigo 14 do
código. Por fim, ao deixar de informar sobre diagnóstico, prognóstico, riscos e objetivos de
tratamento não foi respeitado o artigo 34 do código de ética médica. Nesse caso, também é possível
aplicar artigo 15 do código civil, pela paciente ser constrangida a submeter a intervenção cirúrgica.
E finalmente, por não ter sido dada a autonomia para a paciente, ela não pode exercer seu
direito de escolha sobre recusa de tratamento proposto. Tal direito está previsto na Portaria MS/GM
n°1.820, de 13 de agosto de 2009, artigo 4.

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