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OS DIREITOS DA PRIMOGENITURA

ERICH SAUER

A PERDA DA PRIMOGENITURA
CHITWOOD

FILHOS PRIMOGÊNITOS
G. H. LANG

ESAÚ E A PRIMOGENITURA
ROBERT GOVETT

Proibida a reprodução total ou parcial deste livro


sem a autorização escrita do autor.
Capítulo 1
Privilégios Desperdiçados

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,
tendo cuidado para que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de
Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando vos perturbe, e, por
meio dela, muitos sejam contaminados; nem haja algum impuro ou profano,
como foi Esaú, o qual, por uma simples refeição vendeu o seu direito de
primogenitura. Porque sabeis também que, posteriormente querendo herdar
a benção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora,
com lágrimas o tivesse buscado” (Hb 12.16,17).

É realmente elevada a posição conferida na salvação do Novo


Testamento; todavia, embora sendo profunda, pode vir a ser ruína. Portanto,
em toda vida cristã sadia, deve-se acrescentar seriedade à alegria, à gratidão a
responsabilidade, à confiança o zelo. Por esta razão existem tantas
advertências em Hebreus e uma das mais impressionantes é aquela que se
refere a Esaú (Hb 12.16,17), o primogênito de Isaque. O escritor desta carta
chama a atenção dos leitores para os privilégios, responsabilidades e perigos,
referindo-se à conduta de Esaú e seus resultados.

Os primeiros leitores de Hebreus conheciam bem, quais eram os


privilégios do filho primogênito porque eram Judeus de nascimento. O termo
é usado no Novo Testamento como figura da alta posição de honra dos
membros da igreja de Cristo. No contexto de Hebreus 12 a plena posse e o
desfrutar do privilégio celestial do primogênito é equivalente ao prêmio do
vencedor na corrida, quando este na arena da fé alcançar o alvo glorioso.

De modo preeminente e singular, o Primogênito é o próprio Senhor


Jesus. Esta Sua glória é irradiada na revelação do Novo Testamento de forma
tríplice:

1) Ele é “o Primogênito de toda a criação” (Col 1.15). Esta é a Sua posição de


honra vista do passado, Cristo, sendo o “Primogênito” desde o início, como
“Filho” antes e acima de todas as criaturas.

2) Ele é “o Primogênito dentre os mortos” (Col 1.18; Ap 1.15). Esta é sua


posição de honra no presente, a qual Ele mantém como Aquele que
ressuscitou e que possui a “preeminência” como “Cabeça” do Seu corpo, a
igreja.

3) Ele é “o Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). Esta será Sua
posição de honra no futuro eterno quando será revelada Sua Pessoa
glorificada, o Redentor dos Seus redimidos glorificados (Hb 1.16).

Desse modo o testemunho do Novo Testamento no tocante a Cristo


como o Primogênito refere-se a todos os três períodos de tempo durante todo
o curso da história da salvação. Ele é mostrado ao mesmo tempo na mais alta
posição em todas as esferas da revelação Divina: no reino da criação, no reino
da redenção e no reino da perfeição. De qualquer lado que O contemplarmos,
Cristo é o Primogênito. “Olhando para Jesus!”

Além disso, o termo “primogênito” é usado para expressar a posição


especial da Igreja na graça. Por isso a carta aos Hebreus depois de falar do
“direito da primogenitura” de Esaú, e tendo tirado dela certas conclusões para
os leitores do Novo Testamento, acrescenta apenas algumas sentenças: “Mas
tendes chegado ... à Igreja dos Primogênitos inscritos nos céus” (Hb
12.22,23). E Tiago diz: “Segundo a Sua própria vontade, Ele nos gerou pela
palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das Suas
criaturas” (Tg 1.18).

A ênfase principal jaz não tanto na ordem do nascimento com


respeito ao tempo, mas antes, à posição e dignidade. De outra forma seria
impossível falar de um homem “se tornando o primogênito” (algo que
acontece no Antigo Testamento) muito tempo depois do seu nascimento: “Ele
me invocará dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação.
Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra” (Sl
89.26-27). E o reverso não seria possível para alguém que, do ponto de vista
do tempo, nasceu como primogênito, mas perdeu este direito de
primogenitura numa ocasião posterior sob determinadas circunstâncias:
“Quanto aos filhos de Rúben, o primogênito de Israel (pois ele era o
primogênito, mas, por ter profanado o leito de seu pai, deu-se a primogenitura
aos filhos de José, filho de Israel; de modo que, na genealogia, não foi
contado como primogênito. Judá, na verdade, foi poderoso entre seus irmãos,
e dele veio o príncipe; porém, o direito da primogenitura foi de José)” (Rúben
- 1Cron 5.1,2); “Nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual,
por uma refeição (prato de lentilhas), vendeu o seu direito de primogenitura”
(Esaú - Hb 12.16,17).

O fato de que a idéia essencial de ser o “primogênito” está na


prioridade da posição e não no acidente do nascimento, pode ser visto
também nessa passagem: “De Hosa, dos filhos de Merari, foram filhos:
Sinrim, a quem o pai constituiu chefe, ainda que não era o primogênito”
(1Cron 26.10). Aqui nos é dito que numa certa família de Levitas um dos
filhos, de nome Sinri, era o chefe, pois, “embora não fosse o primogênito,
contudo seu pai o constituiu chefe”. A mesma verdade é a força de
Colossenses 1.15. Ali Paulo diz que Cristo é “o Primogênito de toda a
criação”; não que Ele tenha sido o primeiro a nascer no tempo declarando que
Ele teve um princípio, mas sim que Ele tem a preeminência como
Governador de todo o universo.

O Grande Perigo

Com certeza o direito de primogenitura não é idêntico à filiação.


Esaú permaneceu sendo filho de Isaque mesmo depois de ter sido rejeitado
com respeito a herdar a bênção da primogenitura. Na verdade, ele recebeu, a
despeito da sua grande falha, uma espécie de segunda bênção (Gn 27.38,40b;
Hb 11.20). O relacionamento de vida dos primogênitos do Novo Testamento
com o Pai celestial permanece e nunca será dissolvido, pois já passaram da
morte para a vida (1Jo 3.14). Porém, num sentido espiritual, poderão passar
por uma experiência semelhante à de Esaú.

A despeito de todas as riquezas podemos viver em pobreza


espiritual. Nenhum fluir das abundâncias celestiais será evidente. Riqueza
alguma interior resplandecerá para o exterior. Nenhuma alegria feliz da
redenção se manifestará. Mesmo sendo filhos de eterna alegria, podemos
viver tristes e deprimidos e, ao invés de desfrutar do prazer e do deleite em
nosso bendito Senhor podemos olhar para trás cheios de desejo para as
alegrias vãs e os bens deste mundo. Mesmo possuindo a posição sacerdotal
podemos deixar de viver uma vida sacerdotal de oração! Pode não haver
coração e mente de sacerdote. Nenhuma súplica amorosa! Nenhuma gratidão
feliz por tantas ricas bênçãos recebidas! Nenhuma adoração sacerdotal de
Deus em espírito e em verdade!

E finalmente, a despeito da nossa chamada elevada e nobre podemos


viver praticamente como escravos. Toda mentalidade terrena é escravidão.
Todo esforço pecaminoso para ganhar dinheiro ou bens terrenos faz do “rei”
um “mendigo”. Qualquer preocupação é indigna de um rei. Todo temor do
homem é indigno de um filho do grande Pai e Soberano celestial. Toda
sensibilidade demasiada e o sentimento de ser facilmente ferido e ofendido é
mesquinho. É lamentável e primitivo. Na verdade, todo o serviço prestado ao
pecado faz praticamente daquele que é designado para ser um governador,
um servo rebaixado, e o pecado que na realidade está vencido, atua como se
fosse o vencedor e como tal age como regente e tirano, quando na verdade o
cristão é que deveria ser o vencedor. Assim, o crente embora pertencendo à
Igreja dos Primogênitos, pode praticamente rejeitar seu direito de
primogenitura. Ao invés de riquezas, pobreza interior, ao invés de separação
e prática sacerdotal, separação de Deus; ao invés de reinado, real escravidão!

O Grave Erro

Esaú vivia pelas coisas visíveis e deu as coisas espirituais em troca


delas; Esaú vivia pelos prazeres humanos e negociou as bênçãos dadas por
Deus; Esaú vivia sem disciplina e autocontrole e trocou sua posição de
autoridade e honra; ele desprezou a promessa e a oferta de dignidade que
Deus lhe ofereceu e trouxe vergonha sobre si (Gn 27.37); Ele viveu para o
seu próprio Ego e assim negociou a suprema vocação da sua família; ele
viveu para o presente e trocou sua nobre vocação para o futuro; ele viveu
para o momento transitório e deu tesouros eternos em troca deles.

Meu leitor leia as sentenças acima outra vez e pergunte a si mesmo


se não existe um reflexo disso na sua própria atitude e prática espiritual.
Preste atenção à advertência desta passagem em Hebreus! Muita coisa está na
balança: ganho eterno glorioso ou perda irrecuperável. Naquele momento
desastroso, Esaú, à custa do futuro, escolheu o prazer do presente. Assim ele
experimentou em sua própria vida o princípio da palavra do Senhor: “Quem
ama a sua vida (alma), perdê-la-á” (João 12.25); “Pois que aproveitará ao
homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida (alma)?“ (Mt 16.26).

Por isso Paulo diz: “E também se um atleta lutar nos jogos públicos,
não será coroado se não lutar legitimamente” (2Tm 2.5). O que significa não
“lutar legitimamente”, ou, segundo as normas dos jogos? Significa
transgredir as regras do jogo por algum truque para ganhar uma vitória fácil.
Ele pode tentar encurtar a extensão da corrida fazendo atalhos. Do mesmo
modo muitos hoje desejam ser cristãos reais, mas evitam o calor da batalha
fazendo compromissos aqui e ali. Eles também desejam atingir o alvo, mas
pensam poder alcançá-lo pagando um preço baixo. Não nos enganemos neste
assunto! Nosso Senhor espera nossa total devoção. Fora com todas as
tentativas de tornar o caminho estreito um pouco mais largo e mais
transitável! O Senhor busca o nosso coração por inteiro. De outro modo Ele
não pode usar nosso serviço e não coroará os nossos esforços. A fim de
conquistar a coroa eterna precisamos oferecer a nossa vida de forma total.
Erich Sauer
Capítulo 2
A Perda da Primogenitura

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,
tendo cuidado para que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de
Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando vos perturbe, e, por
meio dela, muitos sejam contaminados; nem haja algum impuro ou profano,
como foi Esaú, o qual, por uma simples refeição vendeu o seu direito de
primogenitura. Porque sabeis também que, posteriormente querendo herdar
a benção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora,
com lágrimas o tivesse buscado” (Hb 12.16,17).

Existem dois exemplos clássicos na Palavra de Deus com respeito à


perda dos direitos da primogenitura: um se encontra na história de Esaú e o
outro na história de Rúben.

1. Rúben e o Direito da Primogenitura

Rúben, o primogênito de Jacó, estava para herdar o direito da


primogenitura. Mas por causa de um grave pecado cometido durante sua
vida, ele perdeu esses direitos. O pecado de Rúben que resultou na perda de
seus direitos foi uma impropriedade sexual de tal natureza, que desonrou e
envergonhou seu pai: “Foi Rúben e se deitou com Bila, concubina de seu pai”
(Gn 35.22).

Por causa desse pecado, anos mais tarde, quando Jacó chamou à sua
presença seus doze filhos, pouco tempo antes da sua morte para relatar o que
deveria acontecer a eles “nos últimos dias”, Rúben ouviu as seguintes
palavras: “Rúben, tu és o meu primogênito, minha força, e as primícias do
meu vigor, o mais excelente em altivez, e o mais excelente em poder.
Impetuoso como a águia, não serás o mais excelente, porque subsiste ao leito
de teu pai e o profanaste; subsiste à minha cama” (Gn 49.3-4). A tribo de
Rúben, conforme a profecia de Jacó, não se sobressaiu. De sua tribo não veio
juiz, rei ou profeta. O que Rúben perdeu, perdeu para sempre. Mas ele
mesmo permaneceu como filho de Jacó e foi abençoado em certa medida,
mas não como primogênito.

O direito da primogenitura de Rúben foi dividido com três de seus


irmãos:

* O reino foi outorgado a Judá:


A tribo de Judá tornou-se a linhagem real

* O serviço sacerdotal a Levi:


A tribo de Levi a linhagem sacerdotal

* E a porção dobrada foi concedida a José:


E a tribo de José recebeu a porção dobrada

José, através dos dois filhos, Efraim e Manassés, recebeu a herança


(1Cron 5.1-2).

Durante o milênio a condição criada pelo pecado de Rúben irá


permanecer:

* O rei será da casa de Judá (Ap 5.5)


* O sacerdote da família de Zadoque, o levita
(Ez 44.15-16; 48.11)
* E a porção dobrada será dada à casa de José através de Efraim e Manassés -
(Ez 47.13; 48.4,5).

2. Esaú e o Direito da Primogenitura

Esaú, assim como Rúben, perdeu seu direito da primogenitura. Na


história de Esaú toda a herança foi para seu irmão mais novo, Jacó. Esaú
perdeu seu direito de primogenitura para satisfazer a um prazer da carne. Ele
vendeu seus privilégios a Jacó por um simples prato de lentilhas (Gn 25.27-
34).

Visto que o direito da primogenitura havia sido prometido a Jacó


(Gn 25.23), alguns duvidavam que Esaú realmente fosse o possuidor.
Entretanto, Esaú não foi apenas um pretendente dele. No original grego, a
palavra “vendeu” encontrada em Hb 12.16, implica que o objeto vendido
pertencia somente a Esaú, e que ele estava perfeitamente consciente de suas
ações, quando vendeu seu direito de primogenitura a Jacó.

Em Gênesis 25.34 lemos que Esaú “desprezou” seu direito de


primogenitura. No grego, na versão dos Setenta do Antigo Testamento, a
palavra “desprezou” significa que Esaú considerou como algo insignificante e
uma ninharia o seu direito de primogenitura. Ele o julgou de pouco valor e o
vendeu na certeza de que estava vendendo algo sem valor real. Mais tarde
Esaú verificou o valor do que havia vendido. Como na história de Rúben, a
perda de seu direito à primogenitura não afetou sua filiação, mas alterou para
sempre sua posição como primogênito de Isaque.

Após Jacó ter sido abençoado como primogênito na família, Esaú,


aparentemente pela primeira vez, considerou o valor do que havia perdido.
Tentou reaver este direito, mas a Escritura relata que ele “não achou lugar de
arrependimento” (Hb 12.17). Após conscientizar-se do valor do direito da
primogenitura e do que havia ocorrido, implorou a Isaque, seu pai, para que
mudasse sua decisão e o abençoasse também. Esaú clamou a Isaque: “Acaso
tens uma única benção meu pai? Abençoa-me também a mim meu pai”. E
nos é relatado que “Esaú levantou a voz e chorou” (Gn 27.38).

Arrependimento: De Esaú ou de Isaque?

A palavra “arrependimento” significa mudar a mente de alguém.


Esaú esforçou-se para mudar a decisão de seu pai, mas ele “não achou lugar
para arrependimento”, quer dizer, “não encontrou lugar para uma mudança de
mente”. A American Standard Version of the Bible (edição de 1901) tem
provavelmente a tradução mais precisa de Hb 12.17 e traduz assim: “Sabeis
que mais tarde, quando desejou herdar a benção, (Esaú) foi rejeitado; não
encontrou lugar para a mudança de mente de seu pai, embora se esforçasse
com lágrimas”. Isaque não podia mudar sua decisão. O direito da
primogenitura havia sido perdido e estava fora do alcance de Esaú para
sempre.

3. Os Cristãos e a Primogenitura
Existe nas mentes de muitos cristãos a idéia de que após alguém
receber o Senhor Jesus como salvador, não importa a maneira como sua vida
é conduzida, porque todos os cristãos irão herdar com Jesus quando Ele
receber o reino. Nada poderia estar tão distante da verdade. Reinar com
Cristo depende da nossa identificação com Ele, compartilhando Sua rejeição
e vergonha nos dias atuais. Se todos os cristãos irão governar e reinar com
Cristo no Seu Reino, o que quer dizer essa Escritura: “Se perseverarmos
também com Ele reinaremos; se O negarmos Ele por sua vez nos negará”
(2Tm 2.12)? Se o cristão viver uma vida indisciplinada, segundo a natureza
carnal (tipificada pela atitude de Esaú com relação ao direito de
primogenitura) e não segundo a natureza espiritual (tipificada pela atitude de
Jacó com relação ao direito da primogenitura) e falhar em se ocupar até a
vinda do Senhor (Lc 19.12-13), ou na utilização do talento ou da mina que
lhe foi confiada (Mt 25.14-30; Lc 19.15-24), tal cristão será desqualificado
para ocupar um lugar no Reino.

Todo cristão é um primogênito de Deus aguardando a adoção e


herança que pertencem aos primogênitos: “Ora, o próprio Espírito testifica
com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos
também herdeiros, herdeiros de Deus e co herdeiros com Cristo; se com Ele
sofrermos, também com Ele seremos glorificados” (Rm 8.16,17); “E aos que
predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também
justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30);
“Porque convinha que Aquele, por cuja causa e por Quem todas as coisas
existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse por meio de
sofrimentos, o Autor da salvação deles” (Hb 2.10); “À Igreja dos
Primogênitos arrolados nos céus” (12.23). Tanto a adoção quanto a herança
são futuras e podem ser perdidas estando intimamente relacionadas uma com
a outra. O parentesco do cristão com o Pai, como filho primogênito que
aguarda a adoção, não pode ser perdido, mas o parentesco como filho
primogênito maduro e a participação dos direitos pertencentes ao primogênito
podem ser perdidos. Conforme o registro de Esaú e Rúben, uma vez que tal
aconteça, os direitos que pertencem ao primogênito não podem ser
recuperados.

Naquele dia, quando estivermos de pé diante do Tribunal de Cristo,


dois grupos de cristãos serão encontrados: o grupo daqueles que conservaram
seus direitos como primogênitos e os que perderam esses direitos. Os cristãos
que conservarem os seus direitos da primogenitura os exercitarão como “co-
herdeiros” com Cristo no Reino. Porém, os cristãos que os perderem serão
encontrados buscando a perda dos direitos da primogenitura que pertencem
ao primogênito. Tais cristãos buscarão lugar de arrependimento, isto é,
tentarão mudar a mente do Juiz na esperança de serem abençoados
juntamente com os outros que não perderam os seus direitos da
primogenitura, mas não encontrarão lugar para mudança de mente. Será tarde
demais. O direito da primogenitura terá sido perdido. A bênção com respeito
à herança que aguarda os filhos primogênitos maduros de Deus será perdida,
e os que a perdem não ocuparão nenhuma posição entre os “reis e sacerdotes”
que reinam sobre a terra com o Filho. Os cristãos naquele dia levantarão suas
vozes e chorarão ao se conscientizarem do que foi perdido, conforme
aconteceu com Esaú na tipologia. “Venho sem demora; conserva o que tens
para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).

Arlen Chitwood
Capítulo 3
Filhos Primogênitos

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,
tendo cuidado para que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de
Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando vos perturbe, e, por
meio dela, muitos sejam contaminados; nem haja algum impuro ou profano,
como foi Esaú, o qual, por uma simples refeição vendeu o seu direito de
primogenitura. Porque sabeis também que, posteriormente querendo herdar
a benção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora,
com lágrimas o tivesse buscado” (Hb 12.16,17).

Os pontos da história de Esaú a serem considerados são: Esaú sendo


o filho primogênito obteve por direito de nascimento os privilégios antes
descritos como pertencentes ao primogênito. Ele não teve que conquistá-los
ou comprá-los. Eles foram unidos a ele por nascimento, de acordo com a
vontade de Deus. Entretanto, era sua obrigação retê-los. Esaú, porém, os
considerou de tão pequeno valor que logo os negociou, trocando-os por uma
satisfação passageira do paladar. Não se tratava de dificuldade em obter
qualquer outro tipo de alimento, pois ele havia chegado ao acampamento. O
fato, como está registrado por Deus, foi que ele desprezou o seu direito de
primogenitura. Todavia, mais tarde, estando arrependido de sua estupidez,
Esaú constatou ser impossível reverter seu próprio ato, ou mudar a mente de
seu pai, no tocante a assegurar a bênção mais rica que acompanhava a posse
dos direitos da primogenitura.

Acreditamos ser simplesmente impossível que Esaú seja oferecido


como advertência para o falso convertido, que não está realmente em Cristo
Jesus, por essas razões: Esaú era filho legítimo de Isaque, e não um bastardo
ou estrangeiro. Ele obteve legalmente os direitos do primogênito, não sendo
um falso reclamante. Mesmo depois da perda desses direitos, seu pai o
abençoou tão plenamente quanto possível, embora não pudesse restituir a ele
a prioridade que ele próprio havia lançado fora. Ele não perdeu aquelas coisas
que teriam feito dele um possível tipo de alguém finalmente perdido, isto é,
sua vida ou filiação. Mas ele perdeu sua dignidade superior e seus privilégios.

Essas condições não são preenchidas numa pessoa não regenerada, a


despeito de quão razoável e contínua seja sua confissão do cristianismo. Os
tais não são filhos de Deus de modo nenhum; não serão de maneira nenhuma
abençoados e sim reprovados, não possuindo, ou melhor, não tendo possuído
a vida eterna, mas sendo “filhos da ira, como os demais”. Os dois casos são
totalmente diferentes, porém o exemplo de Esaú mais precisamente
corresponde ao nosso caso, a quem ele é aqui aplicado. “Atentando
diligentemente” diz a Escritura, “para que não haja algum impuro ou profano
como Esaú, o qual por um repasto vendeu seu direito de primogenitura“, e
depois, num parágrafo diferente ligado por uma partícula àquela advertência,
é acrescentada a seguinte declaração: “Porque vós (os que sois assim
advertidos) tendes chegado à Igreja dos Primogênitos” (Hb 12.23). De modo
que, a advertência é dada àqueles que possuem direitos semelhantes na
família e esfera celestial. Somente para esses ela tem tal força. Advertir
alguém contra a perda de algo que ele não possui é uma tolice que não nos
atrevemos atribuir ao Espírito do Senhor.

Mas os verdadeiros crentes, nascidos de Deus e chamados para o


Seu reino e glória preenchem os fatos no caso de Esaú. Tais pessoas são:
verdadeiramente filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; são primogênitos de
Sua família, e possuem os direitos da primogenitura. Eles não têm que ganhá-
los, comprá-los ou conquistá-los. Tais direitos são em sua totalidade um
direito da primogenitura pela graça soberana do Senhor. Mas eles precisam
valorizá-los e conservá-los, e são advertidos com respeito à perda deles. Sua
filiação é inalienável e sua vida eterna não é passível de perda, não sendo
depositada e guardada por eles, por sua própria conta e risco, mas “oculta
juntamente com Cristo em Deus” (Col 3.3). Se os cristãos imaginam que tudo
está garantido, grande será o perigo de um descuido sutil de coração. Mas, se
a retenção destes privilégios está condicionada ao nosso caminhar, forte é a
motivação para avançarmos até a perfeição.

A perda dos direitos da primogenitura é mais indicada e enfatizada


na história de Rúben. Sendo o filho primogênito de Jacó, esta honra era dele;
mas por se submeter aos desejos sensuais não naturais, tal honra lhe foi
tirada: “Quanto aos filhos de Rúben, o primogênito de Israel (pois era o
primogênito, mas, por ter profanado o leito de seu pai, deu-se a primogenitura
aos filhos de José, filho de Israel” (1Cron 5.1). No tocante ao território ela foi
dada aos filhos de José, o qual recebeu na pessoa dos seus filhos a porção
dobrada; a soberania coube à tribo de Judá na pessoa de Davi e seus filhos,
incluindo o Messias; e o sacerdócio foi dado a Levi. Todavia Rúben
permaneceu na família e foi abençoado em parte. Porém, ao mostrar que os
direitos em questão uma vez perdidos não podem ser recuperados, devemos
lembrar que nos dias do reino vindouro a situação ocasionada pela má
conduta de Rúben será mantida:

* O Rei virá da casa de Judá

* O sacerdócio será da família de Zadoque -Ez 48.11

* Efraim e Manassés possuirão a porção dobrada.

Tudo isso Rúben perdeu para sempre, mesmo permanecendo na casa


de Israel e partilhando de uma porção comum e não de grau especial. Todas
estas coisas são vistas comparando-se as declarações finais e proféticas de
Jacó (Gn 49.1-4) e Moisés (Dt 33.6), pois Jacó declarou que a dignidade do
primogênito com sua posição de superioridade e poder pertencia a Rúben,
todavia não seria dele nem nos últimos dias. Moisés garantiu vida para a tribo
e nada mais: “Viva Rúben e não morra; e não sejam poucos os seus homens”.

A transferência do direito da primogenitura também é mostrado em


1 Crônicas 26:10. No início desse capítulo nos é relatado um acontecimento
ocorrido na família levita, trazendo esta lição para nós, que somos chamados
ao serviço celeste, tipificado pelo serviço no tabernáculo. O principal tema
desta passagem em Hebreus 12 e também de toda a carta, é resumido nas
palavras: “Recebendo um reino” (v 28). O assunto em questão é esse e não a
segurança de salvação da perdição eterna. A epístola pressupõe que este
benefício tem sido garantido desde o início por aqueles considerados “santos
irmãos participantes da vocação celestial” (Hb 3.1). Portanto, sendo essa
chamada um privilégio pela graça de Deus em Cristo, não devemos “nos
desviar Daquele que dos céus nos adverte”, isto é, Aquele que nos adverte
com histórias como a de Esaú e outros, pois existindo no final um tremor,
removamos todas as coisas abaláveis, para que somente as inabaláveis e
eternas permaneçam.

Para a glória do soberano no reino, iniciando-se no milênio e


prosseguindo eternamente é que somos chamados. Devemos então, pela graça
de Deus, servir de maneira aceitável ao Deus da graça, esforçando-nos por
Ele e cumprindo toda a Sua vontade, não em vaidade carnal, como se pouco
importasse como vivemos e servimos, mas com “reverência e santo temor,
porque o nosso Deus é fogo consumidor”, como muitos do Seu povo têm
presenciado.

George Henry Lang


Capítulo 4
Esaú e a Primogenitura

“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,
tendo cuidado para que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de
Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando vos perturbe, e, por
meio dela, muitos sejam contaminados; nem haja algum impuro ou profano,
como foi Esaú, o qual, por uma simples refeição vendeu o seu direito de
primogenitura. Porque sabeis também que, posteriormente querendo herdar
a benção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora,
com lágrimas o tivesse buscado” (Hb 12.16,17).

Que os santos podem se tornar culpados de fornicação é algo fora de


qualquer dúvida, tanto por tristes fatos, quanto pelas Escrituras: “E chore por
muitos que dantes pecaram e não se arrependeram da imundícia, e
prostituição, e lascívia que cometeram” (2Co 12.21). Qual será o resultado de
tais pecados cometidos após a fé e a confissão do nome de Cristo? A posição
da parte culpada no futuro não será afetada? Não existe nenhuma punição
além da frieza e morte espiritual agora? A Escritura nos dá um testemunho
bastante diferente. Ela nos assegura que os tais, embora possam ser salvos no
final, não terão nenhuma parte no reino de mil anos do Salvador: “Não vos
enganeis; nem os fornicários, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os
efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os
bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”
(1Co 6.9,10); “Porque bem sabeis isto: que nenhum fornicário, ou impuro, ou
avarento, o qual é idólatra, tem qualquer herança no reino de Cristo e de
Deus” (Ef 5.5). O reino mencionado é aquele do Cristo ou Messias e
demonstra ser o reino temporário que Jesus receberá como Filho de Davi, o
Messias dos Judeus.

Parece que até mesmo punição positiva será aplicada aos santos
culpados de tal pecado: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação: que vos abstenhais da fornicação; que cada um de vós saiba
possuir o seu vaso em santificação e honra; não na paixão da concupiscência,
como os gentios, que não conhecem a Deus. Que ninguém oprima ou
defraude seu irmão no assunto (margem) porque o Senhor é o vingador de
tudo isto, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque Deus
não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem
despreza isto não despreza ao homem, mas principalmente a Deus” (1Tess
4.3-8). “Aos que se dão à prostituição e aos adúlteros, Deus os julgará” (Hb
13.4).

A ira de Deus contra este pecado foi vista no Seu tratamento a ele
dado sob a lei, conforme nos foi indicado no resumo de Paulo a respeito dos
caminhos do Senhor para com o Seu povo do passado (1Co 10.1-11). Moisés,
da mesma forma, observa este ponto, quando recorda ao seu povo os tratos do
Senhor para com eles: “Os vossos olhos têm visto o que Deus fez por causa
de BaaI-Peor: pois a todo homem que seguiu a Baal-Peor, o Senhor teu Deus
consumiu do meio de ti” (Dt 4.3).

Esaú é caracterizado como “profano” e a sua história confirma de


modo real e completo a acusação. Ele “vendeu o seu direito da
primogenitura”. O que estava contido no “direito de primogenitura” não está
esclarecido em cada ponto. Sob a lei, uma porção dobrada das posses do pai
pertencia ao primogênito (Dt 21.17). E, quando o pai era um rei, o reino era
naturalmente dado a ele, a menos que o Senhor como Governador Supremo,
Se agradasse em ordenar de outra forma: “Seu pai lhes fez muitas dádivas de
prata, ouro e coisas preciosas e ainda de cidades fortificadas em Judá; porém,
o reino deu a Jeorão, por ser o primogênito” (2Cron 21.3). Porém, no caso de
Esaú, podemos ver o que ele perdeu, observando o que Jacó se tornou
posteriormente. O Altíssimo inseriu o nome de Jacó em Seu próprio nome.
Jeová era “o Deus de Abraão, lsaque e Jacó”. Freqüentemente Ele é chamado
de “o Deus de Jacó” ou “o Deus de Israel” à parte. Tal glória, então, foi
rasgada de Esaú, o profano. De Jacó, também, nasceram os doze patriarcas e
o próprio Messias. O reino de Deus é fundado na base das doze tribos, e os
nomes deles estão eternamente gravados nos portões da cidade eterna de
Deus (Ap 21). Desistir das vantagens espirituais em troca daquelas que são
terrenas é o ganho da profanação; e deste crime Esaú se tornou culpado ao
vender o seu direito de primogenitura.

Mas ele foi ainda mais culpado por aceitar em troca uma
insignificante remuneração de categoria humana. Foi uma “única refeição”.
Se ele tivesse exigido que Jacó o sustentasse durante toda a sua vida como
pagamento pela sua rendição, teria sido profanação. Mas, desfazer-se do
direito da primogenitura pela satisfação de um momento foi o extremo da
profanação. A forma como ele se refere a tal direito revela desprezo enquanto
efetua a venda: “Eis que estou a ponto de morrer; logo, para que me servirá o
direito de primogenitura?” (Gn 25.32). Os homens em geral exaltam o valor
dos bens que estão para vender; mas o próprio Esaú deprecia a primazia do
que estava para lançar fora. Ele o vendeu também, com um juramento
recorrendo a Deus para dar testemunho à ímpia transação: “Então disse Jacó:
Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó”
(Gn 25.33). Observe outro vergonhoso agravante do pecado! Levando em
consideração a venda, o Espírito Santo acrescenta: “E ele comeu e bebeu; e,
levantando-se, seguiu seu caminho” (Gn 25.34). Ele foi cuidar das suas
obrigações rotineiras quando terminou a refeição, como se nada de
importância particular tivesse acontecido.

Observe, entretanto, a extensão do pecado. Não foi por ter caído em


idolatria, ou por ter renunciado ao Deus de seu pai que Esaú perdeu o seu
direito da primogenitura. Também não foi por ter repudiado lsaque como seu
pai. Isaque ainda o reconhecia como seu filho, embora fosse forçado a reter a
bênção do primogênito. O exemplo de Esaú é, portanto, uma lição para o
crente, para alguém que será reconhecido por Deus como Seu filho no dia da
recompensa.

O desfecho do caso é transformado em aviso para nós. Esaú afinal


desejava a bênção. Quando seu pai estava para concedê-la, ele se empenhou
em consegui-la, mas foi negada a ele pela providência de Deus. (Não temos
necessidade de defender a conduta de Jacó, tanto pela compra do direito de
primogenitura, como pela tentativa de obtê-lo fraudulentamente. Isto foi
incorreto à vista de Deus, e como tal foi punido. Mas este não é o ponto que
temos diante de nós).

O Senhor sustentou a barganha de Esaú. Ele foi convidado como


testemunha da venda, e, por Sua providência, impediu que Isaque concedesse
a bênção a Esaú. Quando descobriu que seu irmão havia obtido a bênção para
si, “ele bradou com profundo amargor, e disse a seu pai: Abençoa-me
também a mim, meu pai” (Gn 27.34). Mas Isaque não foi persuadido a se
arrepender de suas palavras ou a revogar a bênção. “Abençoei-o e ele será
bendito. E levantou Esaú a sua voz e chorou”. Embora tivesse buscado no
final a bênção com lágrimas, não a obteve. (A busca pode se referir,
gramaticalmente, (1) à bênção ou (2) à mudança na decisão do pai. Eu prefiro
a segunda hipótese). Esaú não pôde levar seu pai ao arrependimento por ter
dado a suprema honra ao seu irmão mais novo. “Ele foi rejeitado” (Grego =
Apedokimaste. Este é um exemplo de alguém vindo a ser “um rejeitado”,
coisa que Paulo temia para si mesmo: 1Co 9.27; Grego = adokimos).

Mas, como esse exemplo se aplica a nós cristãos? (1) Esaú era um
descendente de Abraão e o filho circuncidado de Isaque. Nisso ele
corresponde aos crentes de agora. Ele era em verdade um filho tanto quanto
Jacó. Em todos os aspectos, o direito da primogenitura era seu. Ele lhe teria
sido dado oportunamente no final, exceto por sua má conduta. Nós cristãos,
estamos então, numa posição semelhante. Como nascidos de novo de Deus,
somos potencialmente herdeiros do reino. Como crentes em Jesus, antes do
dia milenar e antes da inclusão de Israel, nós somos os primogênitos. Esta
então, não é uma lição para os descrentes.

(2) Uma conduta profana como a de Esaú, causará a perda do direito da


entrada no reino, que é o direito de primogenitura a nós proposto. Podemos
trocar a bênção futura e espiritual pelo presente e terreno. Em milhares de
casos esta venda profana tem acontecido e até o dia presente é negociada das
mais variadas formas.

(a) Aqui está um ministro crente que vê que tais e tais doutrinas e práticas de
sua denominação não têm apoio nas Escrituras. Elas ferem muito sua
consciência, mas, o que ele fará se desistir do seu posto atual e dos benefícios
que tira dele? Que proveito seu direito da primogenitura terá para ele, caso
tenha que entregar sua posição atual e seu sustento? Assim argumenta a sua
incredulidade. E, sob a influência de tal motivo sem valor, ele continua numa
posição que acredita ser pecaminosa. Em que tal procedimento difere do de
Esaú? Em princípio, nada. Os benefícios mundanos que tal pessoa recebe por
manter sua posição de infidelidade são como um prato de lentilhas e
representam o preço que recebe pela venda do seu direito de primogenitura.
Daí em diante, Deus o prenderá à sua troca.
(b) Aqui está um negociante cristão. Ele descobre que algumas de suas
práticas comerciais não são cristãs e sim malignas. Mas como poderá agir de
forma diferente dos seus vizinhos incrédulos? Se ele deseja fazer fortuna,
como é o caso deles, deve agir como eles, caso contrário será deixado para
trás na competição. Ele persevera em tais feitos, até que sua consciência se
torna calejada. Que diremos então? Não é a profana troca de Esaú se
repetindo? Se o tal recebe a realidade da troca ou não, Deus o prenderá à
troca feita. Eles receberam suas boas coisas agora e as obtiveram sacrificando
seus interesses espirituais. Porém, quando vier o tempo da recompensa, a sua
venda real será lembrada. Foi uma troca real, embora não tenha sido formal.
Ela procede do julgamento da prometida glória de Deus de forma vulgar. É
como o desprezo de Esaú pelo direito da primogenitura.

(c) Para tais cristãos, o dia da recompensa repetirá novamente a cena entre
Esaú e seu pai. Esaú, apesar da sua venda e juramento, ainda esperava receber
plenamente a bênção do primogênito. Finalmente, quando rejeitado, podemos
ouví-Io falar como alguém que tivesse sido roubado daquilo que era seu. Mas
o Senhor cuidou para que ele fosse rejeitado. Assim serão tratados todos
aqueles cristãos que, como Esaú, se mantêm presos às suas trocas profanas
das coisas espirituais pelas coisas temporais. No final, quando o reino e a
glória de Cristo chegar eles serão despertados para perceberem o valor da
bênção e a desejarão ardentemente. Mas a troca será mantida. O reino não
poderá ser deles.

Preste atenção no ponto mais convincente da representação: ela é


uma transação entre pai e filho. O pai a recusa ao seu filho favorito. A
despeito da ternura natural e especial, o choro e as lágrimas são inúteis.
Cuidado cristão, para não desvalorizar o teu direito de primogenitura
chegando finalmente a vendê-lo, embora sendo um filho de Deus. Aquele que
é imutável em justiça e santidade te excluirá como profano dos mil anos de
glória do Messias. Pois, observe bem, Esaú não se retirou da presença do seu
pai com uma maldição. Ele simplesmente perdeu a bênção que trocou pelas
lentilhas.

Robert Govett
Outros lançamentos da Edições Ruiós:

Série A IGREJA E A OBRA


Volume 1
A Tarefa de Pastorear – Ernie Hile
Os Anciãos e os Obreiros
Autor: Watchman Nee

Volume 2
Os Ministros e os Ministérios
Autor: Watchman Nee

TEMPO DO FIM

Volume 1
O Sistema Babilonico
Autor: B. W. Newton

Volume 2
O Terceiro Templo de Israel
Autores: Chitwood - Panton - Govett

Volume 3
O Endurecimento de Israel
Autores: David Baron - A Oliveira - B. W. Newton

LIVROS DA BÍBLIA

Volume 1
Jonas - O Quebrantamento de um Profeta
Autor: Délcio Meireles

Volume 2
Levítico - As Ofertas - Anulação do Terreno
Autor: Délcio Meireles
Série CONHECEREIS A VERDADE
Volume 1
Predestinação? E o Amor de Deus?
Autor: G. H. Lang

Volume 2
O Julgamento, o Sinédrio e o Vale de Fogo
Autor: G. H. Pember

Volume 3
A Origem Divina da Bíblia - Provada pela Matemática
Autor: Ivan Panin

Volume 4
A Parábola do Fermento
Autor: G. H. Lang

Volume 5
O Espírito Santo de Habitação
Autor: G. H. Lang
O Revestimento e a Habitação do Espírito Santo
Autor: J. Penn Lewis

Volume 6
O Evangelho nas Estrelas - Os Signos do Zodíaco e a História da
Redenção
Autores: J. A. Seiss - E. W. Bullinger - Délcio Meireles

Volume 7
Profecia e História com Referencia
Aos Judeus - Primeira Parte
Aos Gentios - Segunda Parte
À Igreja – Terceira Parte
Autor: Délcio Meireles
Série DESENVOLVENDO A SALVAÇÃO
Volume 1
Endurecidos pelo Engano do Pecado
Autor: G. C. Morgan
Apostasia e Restauração
Autor: G. C. Morgan

Volume 2
A Tribulação é uma Serva
Autor: J. W. Follette
Nem Cheiro de Queimado
Autor: T. Austin Sparks
Feridas Fiéis
Autor: A. W. Tozer
Jonas: O Deficiente
Autor: Anônimo

Volume 3
Deus não poupa seus Filhos
Autor: Phil Jr.
O Quebrantamento de John Tauler
Autor: Gregory Mantle
Quando Deus se cala
Autor: Paul Thigpen
Volume 4
Os Direitos da Primogenitura
Autor: Erich Sauer
A Perda da Primogenitura
Autor: A. Chitwood
Filhos Primogênitos
Autor: G. H. Lang
Esaú e a Primogenitura
Autor: Robert Govett

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