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Finalmente

lembramos aqui os exames feitos no ser humano vivo, especialmente


os traçados gráficos e a neuroimagem. A eletroencefalografia deu a partida dos
estudos in vivo, no início do século XX, permitindo a avaliação dos ritmos
elétricos cerebrais. Eles podem, por exemplo, definir claramente o estágio de
vigília ou sono de uma pessoa, caracterizando assim certo estado de consciência.
Dados gráficos como este permitem, por exemplo, que o anestesiologista esteja
seguro de que determinado paciente está inconsciente, autorizando o
prosseguimento da cirurgia.

Durante muitas décadas, tentou-se explorar a imagem do cérebro com raios X,


ultrassom e medicina nuclear. Aprendeu-se muito, mas os métodos que
realmente revolucionaram o diagnóstico neurológico foram a tomografia
computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM). Tais exames
possibilitaram a reconstrução digital de imagens, nos mostrando verdadeiros
retratos do cérebro. E o melhor é que são exames não invasivos, feitos com o
paciente acordado e apresentando resultado imediato. Eles permitiram grande
avanço na compreensão dos mecanismos cerebrais e colecionaram incontáveis
exemplos de imagens de lesões cerebrais correlacionadas com seus quadros
clínicos. Acidentes vasculares cerebrais ou traumas de crânio puderam ter suas
consequências registradas em avaliações neuropsicológicas e suas causas
evidenciadas pelos exames de imagem.

A evolução destes equipamentos permitiu ainda mais. Os novos tomógrafos de


emissão positrônica (PET) e a ressonância magnética funcional (RMf)
possibilitaram ressaltar a imagem da área do cérebro que está “acesa” no
momento exato em que o voluntário exerce algum tipo específico de atividade
mental. Acontece que os neurônios ativos consomem mais oxigênio e açúcar do
que os que estão em repouso, e estes equipamentos conseguem diferenciar as
alterações metabólicas ou circulatórias exigidas naquele momento. Salientam
assim a região cerebral necessária para a função que está sendo exercida. Esses
equipamentos têm sido considerados como a grande oportunidade de observar
função e localização, em tempo real. Alguns algoritmos recentes permitem a um
computador deduzir, apenas pela característica das imagens cerebrais captadas
por uma RMf, quais são os objetos focados pelo olhar do sujeito. É quase uma
observação direta do fenômeno (Miyawaki, et al., 2008). É a visualização da
anatomia correlacionada à fisiologia, da área cerebral à função cognitiva, do
corpo à mente.

Os psicólogos cognitivos e os neurocientistas lidam com os mesmos temas


principais (funcionamento da mente e do cérebro), mas o fazem com ótica

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