pelos estímulos passam a ser armazenadas no sistema nervoso em forma
de padrões. Estes, a partir daí, passam a ter existência independente e a representar o estímulo. Em outras palavras, quando surge na memória um determinado padrão A, o animal o correlaciona com a situação vivida B. Já é um tipo rudimentar de pensamento. Associadas às reações afetivas, passam a representar um significado, uma informação. É uma evolução e tanto, um enorme salto adaptativo.
Os mamíferos se reconhecem individualmente. E não só se reconhecem, como
também se recordam de muitas informações sobre cada indivíduo. Eles sabem quem é dominante, quais são os relacionamentos interpessoais, quem fez o que a quem, no passado. Para isso, eles já apresentam um córtex sofisticado, organizado em seis camadas de células, chamado neocórtex. Têm também o tálamo mais desenvolvido, este centro nervoso que surgiu entre o cérebro e o tronco encefálico, tornando-se responsável pela integração dos diversos sistemas sensoriais. Os hemisférios cerebrais funcionam como centros de coordenação e discriminação. A estrutura nervosa nos mamíferos já é completa, sendo compatível com funções sofisticadas, como uma consciência básica bem definida.
Os mamíferos inferiores têm que se virar com esta consciência básica. Há
indícios de que usam pouco a atenção e, consequentemente, o que chamamos de consciência focal. Isso pode ser constatado pelo exame de seu sistema visual. Na região ocular chamada fóvea está concentrada a maior parte da visão focada, detalhada. Nos ratos a densidade de células da retina originadas da fóvea é muito baixa (relação de 3:1 com a periferia), ao contrário, por exemplo, do homem (40:1) (Sternberg, 2000).
Já os mamíferos superiores apresentam maior encefalização (aumento do volume
do cérebro), surgindo mais sulcos, giros e fissuras e aumentando as áreas corticais. Em seu cérebro predominam as fibras de associação. O aumento do encéfalo no início da gestação é difuso e atinge todas suas partes, sendo determinado pelo peso corporal. Nas fases tardias ocorre desvio dessa taxa média de crescimento. A partir daí a encefalização se faz de maneira diferenciada, em decorrência da adaptação da espécie ao seu nicho ecológico, social e psicológico. Algumas regiões crescem mais do que outras. Há progressiva hierarquização, com as novas partes exercendo comando sobre as mais antigas (King, Rumbaugh, & Savage-Rumbaugh, 1998).
O biólogo francês François Jacob (Nobel de Medicina de 1965) construiu uma
interessante analogia, sugerindo que a evolução não atua como engenheiro e sim