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Atividade Epidemio 09:05
Atividade Epidemio 09:05
OBJETIVOS:
• Aprender as etapas de Investigação de surtos por fonte única
• Construir gráficos-polígono de freqüência e histograma
INVESTIGAÇÃO EM SALMONELOSES
INTRODUÇÃO
Diarréia e cólicas abdominais são os sintomas predominantes nas gastroenterites por Salmonellas
(salmoneloses).
Elas são acompanhadas, geralmente, por vômitos, calafrios e febre. A salmonelose é uma das formas mais
brandas de diarréia bacteriana, e o paciente geralmente não apresenta fezes sanguinolentas. Usualmente a
doença dura três dias.
Os agentes causadores são as diversas variedades da bactéria Salmonella. Elas ocorrem nos intestinos de
quase todas as aves domésticas e suínos. Se o homem ingere as salmonelas, em quantidade suficiente, ele
geralmente adoece dentro de 18 horas (variando entre 12 e 24 horas).
As salmonelas são transmitidas por alimentos de origem animal e por alguns outros alimentos que entram em
contato com eles. As salmonelas são também transmitidas por indivíduos infectados que manipulam
alimentos e possuem hábitos precários. Qualquer alimento que contenha salmonelas está contaminado, mas
essas bactérias crescem apenas em certos alimentos vulneráveis. Quando o número de salmonelas aumenta a
ponto de provocar doença, o alimento é considerado um alimento infeccioso.
A salmonelose raramente é fatal, a não ser em pessoas idosas. Ocorre freqüentemente onde o alimento não é
manipulado adequadamente; os serviços de saúde pública têm feito muito pouco no sentido de prevenir
esses casos. Entretanto, utilizando procedimentos sanitários adequados, um surto de salmonelose pode ser
controlado em locais onde o alimento é preparado para o consumo público. Os procedimentos apresentados
neste texto podem ser usados na investigação de outras formas de doenças de origem alimentar.
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
Leia cuidadosamente, mas não tente memorizar qualquer parte. Marque cada parágrafo quando tiver
lido o suficiente para compreendê-lo.
1. Suspeita-se de uma epidemia por salmonela quando os casos de diarréia são comunicados ao
departamento de saúde local. Essas comunicações geralmente são feitas por clínicos
particulares e por instituições, mas podem partir de laboratórios e de indivíduos. Os
sintomas descritos são freqüentemente característicos o suficiente para sugerir a presença de
uma cepa de Salmonella.
2. Um profissional de saúde pública entrevista todos os casos suspeitos e busca informações
para descobrir outros casos não relatados.
3. Ele então determina o tempo médio de aparecimento (começo) dos sintomas. Já que o tempo de
incubação é de 12 a 24 horas, com uma média de 18 horas, ele é subtraído para determinar a hora em
que se supõe que o alimento infeccioso tenha sido ingerido.
4. Em seguida, ele pergunta aos pacientes onde eles se alimentaram no tempo de alimentação suspeito.
Eles deverão ter se alimentado nos mesmos lugares.
5. Ele então computa a percentagem de pessoas doentes que ingeriu cada alimento servido naquela
refeição e compara esses dados com a percentagem de pessoas doentes que não ingeriram cada
Material didático produzido ou organizado para a Disciplina de Epidemiologia/ Graduação/ Faculdade de Medicina da UFMG.
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alimento. Uma alta percentagem de pessoas doentes deverá ter comido o alimento infeccioso e uma
mínima percentagem, se alguma, não deverá ter comido o alimento infeccioso.
6. Se ele não puder achar um local comum de refeição no momento suspeito, ele tenta
descobrir alguma outra fonte de alimentação comum examinando outras formas nas quais os
pacientes se assemelham. Por exemplo, se os pacientes são todos homens de negócios, eles
podem ter comido o mesmo patê de queijo em uma festa.
7. O propósito final da investigação é descobrir o alimento infeccioso e, assim, a fonte de
infecção ou a forma de contaminação podem ser conhecidas e os casos adicionais ou surtos
futuros podem ser prevenidos.
Os exercícios que se seguem vão ensiná-lo como analisar dados em tais investigações.
8. O diagnóstico final de salmonelose deve ser confirmado por testes laboratoriais.
O alimento é infeccioso quando contém organismos infecciosos e suficientes para adoecer uma pessoa
(infectada). Um alimento se torna infeccioso apenas se:
(1) é vulnerável (capaz de favorecer o crescimento de organismos infecciosos);
(2) torna-se contaminado (alguns organismos infecciosos o atingem);
(3) sua temperatura é adequada (para o crescimento de organismos infecciosos);
(4) a temperatura é adequada por tempo suficiente (de quando ele se torna contaminado a quando ele é
ingerido) para fazer crescer organismos suficientes para torná-lo infeccioso.
Salmonelas são organismos infecciosos, mas podem tornar um alimento infeccioso apenas se:
(1) o alimento é vulnerável: Alimentos tipicamente vulneráveis são úmidos e têm um alto teor protéico.
Alguns alimentos vulneráveis são: queijo, feijão, carne, ovos e laticínios (alimentos em conserva e
pães secos não são vulneráveis);
(2) torna-se contaminado: Entra em contato com salmonelas;
(3) sua temperatura é adequada: entre 7oC e 46o ;
(4) por tempo suficiente: Os organismos multiplicam-se o suficiente em 4 horas.
Salmonella - como descrito acima - multiplica-se a temperaturas que variam de 7oC e 46oC. São necessárias,
aproximadamente, 4 horas para que os organismos se multipliquem o suficiente para tornar o alimento
infeccioso. Observe agora o que ocorre às salmonelas em temperaturas fora da faixa citada:
Material didático produzido ou organizado para a Disciplina de Epidemiologia/ Graduação/ Faculdade de Medicina da UFMG.
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CONCLUSÃO
SITUAÇÃO
1. Um alimento vulnerável torna-se contami-nado com O organismo estava no alimento por ___ horas pelo menos, à
salmonelas e os organismos multiplicam-se o suficiente para temperatura
tornar o alimento infeccioso. O
entre e C, durante aquele tempo.
2. Um alimento vulnerável contaminado com salmonelas foi Após 2 horas e meia no refrigerador, o alimento PODERIA /
colocado em um refrigerador uma hora após tornar-se NÃO PODERIA ser comido imediatamente.
contaminado. Em 30 minutos a temperatura do alimento
estava abaixo de 7OC. Após 7 horas no refrigerador, o alimento PODERIA / NÃO
PODERIA ser comido imediatamente.
3. Um alimento contaminado foi deixado a temperatura ambiente Este alimento certamente se tornará mas apenas se
(18OC a 24OC) por 5 horas. for um alimento
4. Um alimento que tenha se tornado infeccioso foi colocado em Após várias horas este alimento PODERIA / NÃO PODERIA ser
um refrigerador comido.
5. Um alimento que tenha se tornado infeccioso foi colocado na Um posterior cozimento adequado deste alimento PODERIA /
mesa de cozinha e deixado. NÃO PODERIA torná-lo adequado para ser comido.
6. Um alimento sabidamente infeccioso foi fervido por 15 Este alimento, quando retirado do refrigerador ESTARIA / NÃO
minutos e então colocado no refrigerador e deixado 9 horas. ESTARIA apropriado para ser comido imediatamente.
Este alimento, 6 horas após ter sido retirado do refrigerador
ESTARIA / NÃO ESTARIA apropriado para ser comido, se
não tivesse “recontaminado”.
Assinale com “V” os alimentos vulneráveis abaixo. Lembre-se: as salmonelas crescem e multiplicam-se em alimentos
úmidos de alto teor protéico.
_____ peru _____ laranjas _____ refrigerantes _____ salada de galinha
_____ café ____ gemada _____ fatias de pão _____ salada de batatas
_____ aipo _____ requeijão _____ pudim de leite _____ pé de porco em
conserva
_____ leite _____ hamburger _____ carne de porco
Quando ocorre um surto, o profissional em saúde pública entrevista as pessoas doentes e não doentes que
participaram da refeição suspeita de ter causado a salmonelose. Ele procura saber o que eles comeram e anota os
dados obtidos em questionários individuais.
Dos questionários, ele elabora uma TABELA RESUMO, semelhante à tabela abaixo
(tabelas podem variar quanto à forma). Ele assinala ““ nos alimentos comidos por cada
“ nos alimentos que ela não comeu.
pessoa, doente ou não, e coloca um “
TABELA RESUMO
DOENTES NÃO DOENTES
Indi- Ervi-lhas Salada Pudim de Indi-ví- Ervi-lhas Salada Pudim de
ví-duo Peru de queijo Leite leite duo Peru de queijo Leite leite
D1 ND1
D2 ND2
D3 ND3
D4 ND4
D5 ND5
D6 ND6
D7 ND7
D8 ND8
O número total de pessoas doentes ou não que comeram e o de pessoas que não comeram cada
um dos alimentos são obtidos da TABELA RESUMO e utilizados para construir uma
TABELA DE TAXA DE INFECCÃO.
O alimento infeccioso terá a maior diferença entre as duas percentagens. Lembre-se que a maior
destas duas percentagens deve ser a daqueles que ingeriram o alimento.
O provável alimento infeccioso é
Esta informação é obtida da história clínica de pessoas doentes e não doentes que fizeram sua
refeição, comeram (ou ingeriram alimentos provenientes de) um mesmo local de exposição
(festa, confeitaria, etc.) As informações estão resumidas abaixo numa TABELA DE HISTÓRIA
CLÍNICA. O local de exposição indicado pela tabela apresentada na página 8 é
Agora, utilizando a tabela, use-a para preparar uma TABELA DE TAXA DE INFECÇÃO e
complete a análise:
TABELA DE TAXA DE INFECÇÃO
Pessoas que COMERAM alimento Pessoas que NÃO COMERAM
vulnerável alimento vulnerável
Alimento Doente Não Total Taxa de Doente Não Total Taxa de
Vulnerável doente ataque doente ataque
BOMBOM 2 3 5 40% 9 6 15 60%
TORTA DE 4 7 11 36% 7 2 9
CREME
TORTA DE 9 2 11 2 7 9 22%
QUEIJO
Ponto Médio
2 pessoas abaixo 2 pessoas acima
☺ ☺ ☺ ☺
☺
Série de 5 pessoas:
4’ 4’6’’ 5’ 6’
6’2’’
O gráfico abaixo mostra que num grupo de lápis velhos um tem 1’’ de comprimento, outro tem
2’’, etc. São 18 lápis; conte-os (some os números entre parêntesis).
Número 7
de 6
(5)
lápis 5
(4)
4
(3)
3
(2)
2
(1) (1) (1) (1)
1
1’’ 2’’ 3’’ 4’’ 5’’ 6’’ 7’’ 8’’ 9’’ 10’’ 11’’
Comprimento do lápis
Ponto Médio
9 lápis abaixo 9 lápis acima
1’’2’’3’’4’’4’’ 4’’4’’ 4’’ 5’’ 5’’ 5’’ 5’’ 6’’ 6’’ 6’’ 7’’7’’ 8’’
Vemos que o ponto médio cai entre o nono e o décimo lápis. Ambos tem 5’’ de comprimento,
logo a mediana é 5’’. Todas estas informações estão no gráfico. Encontre-as.
Observe o gráfico abaixo. Há 25 lápis e o ponto médio é 13. Encontre o 13o lápis em ordem de
comprimento. A mediana do comprimento é __________________.
lápis 5
4
(3) (3) (3)
3
(2)
2
(1) (1)
1
1’’ 2’’ 3’’ 4’’ 5’’ 6’’ 7’’ 8’’ 9’’ 10’’ 11’’
Comprimento do lápis
Doze policiais, vivendo em alojamentos da polícia estadual, adoeceram com diarréia (com
sintomas que sugeriam uma salmonelose). O profissional em saúde pública obteve a história
clínica de cada paciente (coletou também fezes para verificação laboratorial, com o intuito de
verificar diagnóstico de salmonelose). Ele montou um gráfico com os tempos de aparecimento
dos sintomas.
a. Utilize os dados desta Tabela de História Clínica para preencher a tabela abaixo e elaborar o
histograma* do momento do início da infecção.
Horário de Início dos Sintomas 12h 1h 2h 3h 4h 5h 6h 7h 8h 9h 10h
Número de Pessoas
*Copie e cole a tabela preenchida para o Excel, seleciona a tabela e faça um gráfico de barra
utilizando
esses dados
O quadro mostra que todos os pacientes são mulheres e crianças. O profissional em saúde
pública tem evidências para supor que os pacientes comeram o alimento infeccioso em uma
festa, provavelmente uma festa de aniversário de uma das crianças, pois todas elas pertenciam a
uma mesma faixa etária.
Ele voltou a entrevistar os pacientes e descobriu que eles participaram de uma festa no momento
suspeito de refeição. Sabendo os alimentos vulneráveis que foram servidos, elaborou uma tabela
resumo e identificou o alimento infeccioso.
Na relação abaixo encontram-se suposições e as conclusões feitas pelo profissional em saúde
pública antes que chegasse a uma conclusão final do caso das 30 mulheres e crianças citadas.
Ele se pergunta “qual seria o local de exposição comum para estas pessoas que residem em
pontos diferentes da cidade?”. Examine suas suposições e assinale com “V” naquelas que
considerar razoáveis. Se todas parecerem razoáveis, assinale todas elas.
Quando o profissional em saúde pública chegou à conclusão mais razoável, ele entrou e contato
com os pacientes para confirmar sua conclusão e começar a análise das taxas de infecção.
EXEMPLO 2:
Quinze mulheres tiveram salmonelose. Todas elas informaram que fizeram suas refeições
regulares em casa no momento em que se supõe que tenham comido o alimento suspeito. O
profissional em saúde pública encontrou as seguintes características comuns nos pacientes:
a. Todas são mulheres adultas
b. Todas são judias
c. Todas são donas de casa.
Alguns tipos de Staphylococcus são agentes mais frequentes de doenças de origem alimentar
que as salmonelas. Os sintomas produzidos pelas duas bactérias são semelhantes: ambas
provocam náuseas, vômitos e diarréia. Entretanto, existem características diferentes:
SINTOMAS DIFERENCIAIS
Início Febre Duração
Intoxicação estafilocócica Súbito com grave prostração Ausente 24 horas
Salmonelose Gradual com prostração Presente 72 horas