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Alguns caracteres humanos apresentam o mesmo padrão de herança enunciado na primeira lei de
Mendel, no entanto nem todos os nossos caracteres genéticos são herdáveis. Por exemplo, muitos tipos de
câncer são genéticos, mas determinados por genes presentes em células somáticas, ou seja, sem relação
com os gametas. Em outras palavras, mutações (alterações genéticas) em células somáticas não são
herdáveis, ao contrário daquelas que ocorrem em células germinativas, as quais originam os gametas e
passam a informação aos descendentes.
Sistemas ABO e Rh
Até o momento, somente fizemos referência aos genes que possuíam dois alelos. Entretanto, alguns loci
(plural de locus) podem apresentar mais de dois alelos, ao que chamamos de polialelia ou alelos múltiplos.
É o caso do sistema ABO, que determina os quatro tipos sanguíneos na espécie humana: A, B, AB e O.
Esses fenótipos são definidos por glicoproteínas aderidas à face externa da membrana plasmática
das hemácias, as quais são chamadas de aglutinogênio ou antígeno. Indivíduos com sangue tipo A possuem
apenas o antígeno A na membrana das suas hemácias; os com sangue tipo B possuem o antígeno B; os
com tipo AB possuem ambos; e os com tipo O não possuem esses antígenos.
Além dos antígenos, existem dois tipos de aglutininas ou anticorpos presentes no plasma sanguíneo,
que reagem especificamente contra esses antígenos. O anticorpo anti-A reage contra o antígeno A, e o
anticorpo anti-B, contra o antígeno B. Assim, indivíduos com sangue tipo A possuem anticorpo anti-B;
aqueles com sangue tipo B possuem o anti-A; os indivíduos do tipo AB não possuem esses anticorpos; e o
sangue tipo O possui ambos os anticorpos, anti-A e anti-B.
Note que cada sangue possui um anticorpo contrário ao seu antígeno, pois, de outra forma, haveria
uma defesa autoimune, ou seja, o corpo atacaria as próprias células. Essa interação entre antígeno e seu
anticorpo correspondente chama-se aglutinação, sendo utilizada para determinar o tipo sanguíneo de uma
pessoa em laboratório. Para isso, pega-se uma placa de vidro com vários poços, onde são pingadas gotas
de sangue de uma pessoa. Em um poço, acrescenta-se uma solução de anticorpos anti-A, enquanto, em
outro, acrescenta-se uma solução rica em anticorpos anti-B.
A presença de aglutinação indica o contato entre os anticorpos e os antígenos correspondentes, e a
ausência de aglutinação revela que não houve esse contato. Como o anti-A ataca somente o antígeno A, e
o anti-B, somente o B, a aglutinação com seus respectivos anticorpos permite a identificação do grupo
sanguíneo. Assim, em uma transfusão sanguínea, deve-se prestar atenção aos tipos de sangue. Uma
pessoa tipo A pode receber sangue de A e de O, visto que, como o indivíduo do tipo O não possui antígenos
na membrana de suas hemácias, não haverá aglutinação. De forma semelhante, um indivíduo tipo B pode
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receber sangue de pessoas dos tipos B e O. Em contrapartida, um indivíduo tipo A não pode receber sangue
de uma pessoa do tipo B, e vice-versa, pois haverá aglutinação. Aquelas do tipo AB podem receber de
qualquer tipo sanguíneo, pois não possuem anticorpos em seu plasma, portanto não haverá aglutinação, o
que as caracterizam como receptores universais.
Por fim, o sangue tipo O pode receber sangue apenas de O, mas é considerado doador universal,
uma vez que, como não possui antígenos em suas hemácias, não haverá reação de aglutinação com
nenhum dos tipos sanguíneos. Observe, no esquema, as possíveis doações sanguíneas se levarmos em
consideração apenas o sistema ABO.
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obter linhagens cujo fenótipo lhes seja interessante, como aquelas que geram mais descendentes ou as que
possuem maior valor econômico.
Tecnologia do DNA recombinante: A partir dela, é possível produzir hormônios humanos, como a insulina
e o do crescimento (GH), para tratar diabéticos e pessoas com problemas de crescimento, respectivamente.
A curiosidade humana e o início da organização dos estudos sobre os seres vivos foram
fundamentais para a classificação das espécies, que passaram a ser nomeadas. Desde a criação de um
sistema de classificação, mais de 2 milhões de espécies de seres vivos foram descritas e nomeadas em
todo o planeta. Entretanto, os cientistas não sabem o número total de espécies viventes na Terra, uma vez
que muitas não foram descobertas, e outras foram extintas antes de serem descritas.
O objetivo de um sistema de classificação é separar os organismos em diferentes grupos para facilitar
o seu estudo. Assim, foi criada a taxonomia, responsável por identificar, nomear e classificar os seres vivos.
Além disso, atualmente, diversas questões evolutivas, inclusive a nível molecular, são levadas em
consideração para o agrupamento dos seres vivos.
A taxonomia científica surgiu com estudos do médico e naturalista sueco Carl von Linné (1707-1778),
criador da nomenclatura binomial das espécies, abordada no tópico 2.2. Suas ideias foram publicadas em
1735 na sua obra Systema Naturae (Sistema Natural). Lineu (nome em português) passou a agrupar as
espécies de forma hierárquica, em grupos cada vez mais abrangentes, como gêneros, famílias, ordens,
classes, filos e reinos.
Espécies semelhantes e evolutivamente aparentadas encontram-se reunidas na categoria
taxonômica denominada gênero. Este, por sua vez, agrupa-se em famílias, que estão inseridas em ordens,
as quais são reunidas em classes. As classes com características semelhantes entre si são reunidas em
filos (animais) ou divisões (denominação muito usada em plantas). Todos os filos ou divisões estão contidos
em reinos.
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Regras de nomenclatura científica
Os seres vivos possuem nomes populares, tais como vaca, tatu, tatuí e tanajura. Esses nomes
podem mudar dependendo da região de um mesmo país, fenômeno denominado regionalismo. O Brasil é
um país com dimensões continentais e com uma infinidade de regionalismos, que determinam um
vocabulário próprio para cada região. Quando dizemos “tatuí” no Rio de Janeiro, por exemplo, todos sabem
do que se trata, mas, em São Paulo e no Paraná, esse mesmo crustáceo é chamado “tatuíra”.
Por isso, os nomes populares não são ideais para se referir às espécies. Assim, Lineu propôs um
conjunto de regras para que a classificação fosse uniforme internacionalmente. Veja, a seguir, algumas
regras que devem ser seguidas por todos os cientistas:
• O nome das espécies deve ser escrito em latim – pois não é língua oficial em nenhum país e,
portanto, não sofre variação linguística – e em itálico ou negrito (normalmente em textos impressos), ou
então sublinhado (texto à mão). Exemplo: Crotalus durissus (cascavel) e Psidium guajava (goiabeira).
• Todas as espécies possuem dois nomes, ou seja, são binominais, sendo que o primeiro refere-se
ao gênero, e o segundo, ao epíteto específico. As duas palavras juntas referem-se à espécie. Exemplo:
Chrysocyon brachyurus (lobo-guará). A palavra Chrysocyon indica o gênero, enquanto brachyurus é o
epíteto específico. As duas palavras compõem a espécie.
• O gênero deve ser escrito com inicial maiúscula, e o epíteto específico deve ser grafado com inicial
minúscula. Exemplo: Leontopithecus rosalia (mico-leão-dourado).
• Quando não se sabe o epíteto específico, admite-se o uso de “sp.”, sem grafia destacada. Exemplo:
Bothrops sp. (uma espécie de jararaca).
Os seres vivos são classificados em níveis taxonômicos que ajudam na construção das árvores
filogenéticas. E o critério para essa classificação é o nível de parentesco genético.
BIODIVERSIDADE
É o termo que se refere à variabilidade de seres vivos, compreendendo a diversidade de espécies e de
ecossistemas.
Espécie nativa: natural de determinado ecossistema ou região.
Espécie exótica: uma espécie não habita seu local natural, isto é, se ela foi introduzida em certo
local naturalmente (casos raros) ou de forma antrópica (pelo homem), acidentalmente ou não.
Quando essa espécie adquire a capacidade de se reproduzir e se dispersar rapidamente, ameaçando
o equilíbrio do ecossistema, é denominada espécie invasora.
Os organismos restritos a uma determinada área geográfica
são classificados como espécies endêmicas.