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Lei Machuca de incentivo ao planejamento urbano (Favela Planejada)

institui o Programa Municipal de Apoio ao Planejamento Urbano das ocupações irregulares.

Dispõe sobre o “Projeto Favela Planejada” e


adoção do modelo triple hélice de desenvolvimento
das comunidades, mediante os instrumentos da
Outorga Onerosa do Direito de Construir.
Transferência do Direito de Construir e Cotas
de Potencial Construtivo no Município de Curitiba
em áreas de vulnerabilidade social e dá outras
providências.

O Município de Curitiba poderá conceder potencial construtivo adicional, a ser acrescido ao potencial
construtivo básico estabelecido pela Lei nº 15.511, de 2019, de Zoneamento de Uso e Ocupação do
Solo, nas ocupações irregulares cujos moradores possuam título de domínio e associação de moradores
constituída, dentro do território municipal conforme mapa de zoneamento da cidade.

Parágrafo único. A operacionalização dos procedimentos seguirá o modelo triple hélice de


desenvolvimento urbano e será regulamentada por ato do Poder Executivo Municipal.

O modelo de desenvolvimento será coordenado pelo município em parceria com as universidades e o


setor privado, dentro da modalidade Triple Hélice. Sob a coordenação do município as faculdades de
engenharia e arquitetura apresentarão os projetos de verticalização das favelas que assim o solicitarem,
na modalidade doravante denominada “Favela Planejada”

Os cursos de arquitetura incluem as favelas habilitadas na grade curricular, os melhores trabalhos


passam a ser avaliados por uma comissão do IPPUC. O projeto escolhido fica para consulta das
comunidades disponibilizadas as plantas, fachadas, implantação e maquete eletrônica.

O trabalho vencedor será usado como base para desenvolver mediante licitação pública o projeto
definitivo.

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Fica instituído o Projeto Municipal de Apoio ao Planejamento Urbano (Projeto MAPU), com a
finalidade de captar e canalizar recursos para o setor de modo a:
I - Contribuir para facilitar, a todos, o livre acesso ao planejamento dos espaços urbanos em respeito
ao direito da inclusão urbana;
II - Promover e estimular a operacionalização dos procedimentos atendendo o modelo triple hélice de
desenvolvimento urbano;
III -apoiar, valorizar e difundir o modelo triple hélice de desenvolvimento urbano ouvindo
universidades e empresas;
IV - Estimular a produção intelectual das universidades para apresentar soluções em áreas de ocupação
irregular;
V - Estimular a viabilidade financeira junto às empresas das soluções acadêmicas em áreas de ocupação
irregular;
Art. 2° O Projeto MAPU será implementado através dos seguintes mecanismos:

I - Fundo Municipal Favela Planejada (FMFP);


II - Fundos de Investimento do Lixo Limpo (FILL);
III - Incentivo a projetos cooperativos inclusivos.
IV - Banco de Solo.
V - Bolsa de Valores da Favela.

§ 1o Os incentivos criados por esta Lei somente serão concedidos a projetos a fim com a principal
atividade econômica da comunidade que atendam a lei 12.305 de 2010

Art. 3° Para cumprimento das finalidades expressas no art. 1° desta lei, os projetos urbanos em cujo
favor serão captados e canalizados os recursos do Projeto MAPU atenderão, pelo menos, um dos
seguintes objetivos:

I - Incentivo à publicização do modelo triple hélice de desenvolvimento urbano:

II – Fomentar projetos do hélice urbano, mediante:

a) criação do fundo “Favela Planejada” de captação de recursos exclusivos para cada favela.

b) produção de incentivos fiscais e contrapartidas para as empresas interessadas em participar

c) as empresas participantes deverão apresentar projetos de destinação do lixo provocado no fim último
da cadeia de consumo.

e) produção de trabalhos acadêmicos junto aos diferentes núcleos de estudos das universidades com
sede em Curitiba.

d) Coordenar as ações do governo, universidades e empresários para estudar as soluções vencedoras.

CAPÍTULO II
DA OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR
Seção I Do Conceito e Utilização

Art. 4º A Outorga Onerosa do Direito de Construir - OODC será vinculada ao projeto triple hélice
escolhido revisada a verticalização da comunidade e destinação das áreas livres decorrentes dela.

Conforme o novo desenho de ocupação das áreas será concedido aos proprietários, nos termos desta
Lei, tantas cotas quanto a titularidade lhe permita, mediante contrapartida em área construída, de modo
a propiciar a recuperação da valorização fundiária dos lotes privados pelo poder público e sua
redistribuição com o objetivo de promover o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade,
incluindo o ordenamento de sua ocupação urbana e a otimização do adensamento em áreas dotadas de
infraestrutura e equipamentos públicos e comunitários.

Parágrafo único. Este instrumento poderá ser utilizado para atender programas de regularização de
edificações habitacionais e não habitacionais, destinando parte da verticalização aos moradores e outra
será de livre comercialização, consultada a lista de espera da COHAB
Art. 5º Os recursos oriundos da Outorga Onerosa do Direito de Construir - OODC serão utilizados para
as seguintes finalidades:
I - execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
II - execução de programas de regularização fundiária;
III - promoção, proteção e preservação do patrimônio ambiental, tanto natural como cultural;
IV- implantação e melhoramento de espaços de uso público de lazer e áreas verdes;
V - implantação e melhoramento de equipamentos públicos urbanos e comunitários.
VI – Liberação de altura conforme projetos de intervenção, apresentados pelas universidades.

Art. 6º Para obter a permissão de edificar nos termos desta Lei, terão participação preferencial as
construtoras que tenham comprados cotas em outras modalidades e outros setores da cidade.
A compra de cotas do Fundo Favela Planejada e de forma opcional, poderá ser revertida em metros
quadrados construídos no próprio local fazendo a equivalência do Custo Unitário Básico (CUB)
com as cotas de potencial. A equivalência será feita pela Secretaria das finanças.

Art. 7º O início da construção será por etapas definidas por pactos sociais assinados pelos proprietários
das áreas, homologados junto a associação de moradores e Prefeitura Municipal de Curitiba. Cabe aos
moradores e tão somente a eles definir a adesão ao Projeto MAPU definido pela universidade
vencedora.

CAPÍTULO III
Do Fundo Municipal Favela Planejada (FMFP)

Art. 8° Fica instituído o Fundo Municipal Favela Planejada, com o objetivo de captar e destinar
recursos para projetos urbanos compatíveis com as finalidades do Projeto MAPU e de:

I - Anuência da associação de moradores da comunidade.

II - Estimular a captação dos recursos a serem aplicados na execução de projetos urbanos para favelas
com título de domínio vigente;

III - Favorecer a interação que estimule projetos que explorem propostas urbanas conjuntas,
comunidade, prefeitura, universidades e empresários;

V - Apoiar o empreendedorismo verde privilegiando as caraterísticas econômicas da comunidade e


seus recursos humanos na área laboral visando o aumento de renda com cuidado ao meio ambiente;

V - Favorecer projetos de economia criativa que atendam às demandas da principal atividade da


coletividade, aí considerados o caráter multiplicador na economia local e seu potencial de
desenvolvimento econômico junto às empresas participantes dos fundos “Favela Planejada”;

VII - Estimular a economia circular em parceria com indústrias geradoras de lixo limpo, observado o
disposto na lei federal 12.305/2010;

VII - Estimular a relação moradia & trabalho na análise de todas as etapas do Projeto MAPU

VIII - Os projetos aprovados serão acompanhados e avaliados tecnicamente pelo IPPUC, Curitiba AS,
cabendo a execução financeira à Secretaria das Finanças
CAPÍTULO IV
DA CONCESSÃO DE COTAS DE POTENCIAL CONSTRUTIVO – CPC

Seção I Do Conceito e Utilização

Art. 9º A Cota de Potencial Favela Planejada é uma concessão emitida pelo Município, nos termos
desta Lei, para regularizar ocupações, mediante liberação de altura conforme estudos acadêmicos de
inserção da comunidade na malha urbana da cidade.
Deste modo o morador cede seu terreno sem ônus em troca por área construída. O potencial excedente
fica a disposição do mercado dentro das modalidades de compra de potencial disponibilizadas pelo
município para este fim.

CAPÍTULO V
DA CONCESSÃO DE COTAS DE LIXO LIMPO - CLL

Art. 10° Ficam instituídas as Cotas de Lixo Limpo para as empresas geradoras de lixo reciclável, com
o objetivo de captar e destinar recursos para as áreas livres resultantes da verticalização das
comunidades. As cotas serão direcionadas a construção de indústrias não poluentes ao interior da
comunidade dentro do seguimento empresarial que mais se aproxime da vocação laboral da
comunidade.

As empresas participantes deverão apresentar um estudo de destinação dos resíduos sólidos, indicando
um modelo circular de reaproveitamento onde se inclua a compra do material reciclado nas
comunidades como matéria prima das empresas participantes.

Art. 11º A área livre decorrente da verticalização passa a ser propriedade da associação dos moradores
que deverão constituir um Banco de Solo para administrar a concessão do uso do solo.

Art. 12º O Solo Criado será usado na troca pela compra de cotas de potencial Lixo Limpo
disponibilizando cotas para as empresas que participem na construção de edificações não habitacionais.

Participarão deste banco as empresas geradoras de lixo limpo interessadas em aderir aos projetos de
economia circular decorrente da vocação corporativa de cada comunidade compatíveis com as
finalidades do Programa MAPU, conforme os seguintes parâmetros:

I - Favorecer a interação que estimule projetos que explorem propostas urbanas conjuntas, comunidade,
prefeitura, universidades e empresários. Triple Hélice;

II – A propriedade do solo gerado a partir da verticalização das comunidades será da associação de


moradores e das empresas que participem dos projetos de economia circular, proporcionalmente às
cotas de lixo limpo adquiridas e administradas pela Bolsa de Valores da Favela;

III - As empresas aderentes precisam homologar seus projetos junto aos núcleos acadêmicos das
universidades inseridas no modelo triple hélice. Os projetos de destinação de resíduos recicláveis
deverão atender a principal atividade econômica das comunidades atendidas;

VII – Fica facultado, as empresas participantes o uso dos projetos de economia circular implantados
no Projeto MAPU na propaganda institucional.

VIII - Os projetos aprovados serão acompanhados e avaliados tecnicamente pelo IPPUC, Curitiba AS,
cabendo a execução financeira à Secretaria das Finanças
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 13. Sobre os valores calculados para a Outorga Onerosa do Direito de Construir incidirá um Índice
de Prioridade Urbanística de modo a privilegiar a ocupação em compartimentos da cidade definidos
como Favelas Planejadas, segundo as diretrizes principais definidas na Lei nº 14.771, de 2015, sobre a
revisão do Plano Diretor e a evolução recente dessa ocupação.

§ 1º Visando a estimular a priorização do uso habitacional nas regiões de vulnerabilidade social


poderão ser revisados os parâmetros de densidade e alturas máximas permitidas

§ 2º Visando estimular a priorização dos usos não habitacionais nos segmentos incentivados pelo
Projeto MAPU as construtoras participantes poderão atingir o coeficiente 2,6 nos terrenos ZR4 Compra
onerosa de aplicação proporcional a todos os outros setores contemplados na Lei 15.661/2020

Art. 14. Com o objetivo de monitorar e buscar o equilíbrio na aplicação dos instrumentos de aquisição
de potencial construtivo adicional definidos nesta Lei, será instituído um Grupo de Acompanhamento,
com a seguinte composição:

I - 1 (um) representante do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC, que


coordenará as atividades desse Grupo;
II - 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Urbanismo - SMU;
III - 1 (um) representante da Secretaria Municipal de Finanças - SMF;
IV - 1 (um) representante da Companhia de Habitação Popular de Curitiba - COHAB;
V - 1 (um) representante do segmento de Setor Produtivo do Conselho da Cidade de Curitiba -
CONCITIBA; PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
VI - 2 (dois) representantes do segmento de Entidades Profissionais, Acadêmicas e de Pesquisa do
Conselho da Cidade de Curitiba - CONCITIBA, sendo um deles necessariamente oriundo de entidades
de profissionais das áreas de Arquitetura e Engenharia.
VII - 2 (dois) representantes do segmento de ONG, Trabalhadores e Movimentos Populares do
Conselho da Cidade de Curitiba - CONCITIBA;
VIII - 1 (um) representante da Câmara de Valores Imobiliários - CVI.
IX - 2 representantes da associação de moradores do Projeto MAPU
X – Representantes das empresas produtoras de lixo limpo
§1º As recomendações exaradas por esse Grupo serão feitas por maioria simples, cabendo à
coordenação o voto de desempate.
§2º Todos os representantes terão um suplente que substituirá o titular nos casos de ausência ou
qualquer outro impedimento.

Art. 15. Esta Lei entra em vigor no dia 05 de maio de 2022, devendo ser regulamentada por ato do
Poder Executivo Municipal.

Art. 16. Ficam revogadas as Leis em contrário

PALÁCIO 29 DE MARÇO, 6 de julho de 2020.


PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA

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