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Apesar da retomada, inflação deve minar PIB dos Estados em 2022 | Brasi... https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/09/30/apesar-da-retomada-inf...

Brasil

Apesar da retomada, inflação deve minar PIB


dos Estados em 2022
Recuperação neste ano foi mais díspar, com impactos econômicos distintos pela
pandemia

Por Anaïs Fernandes e Marta Watanabe — De São Paulo


30/09/2021 05h00 · Atualizado há 6 horas

Sergio Vale: in�ação de commodities em 2021 ajudou alguns Estados, mas a in�ação de serviços é prejudicial a todos —
Foto: Claudio Belli/Valor

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Apesar da retomada, inflação deve minar PIB dos Estados em 2022 | Brasi... https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/09/30/apesar-da-retomada-inf...

Passado o tombo com a pandemia em 2020, que atingiu a economia dos Estados
brasileiros de formas diferentes, e a natural recuperação neste ano, também
marcada por ritmos diversos, a expectativa é que o desempenho do PIB seja menos
heterogêneo entre as regiões do país em 2022, mas também porque será mais
desafiador para todos.

Em 2020, o auxílio emergencial foi uma porta de saída importante para a economia
de muitos Estados, principalmente os mais pobres no Norte e Nordeste e, em 2021,
destaca-se a recuperação de serviços, favorecendo unidades da federação com
maior peso no setor, como São Paulo, aponta Sergio Vale, economista-chefe da MB
Associados. “Para 2022, porém, a recuperação de serviços deve ter impacto menor
por causa da inflação que já começa a se espalhar.”

A inflação de commodities neste ano, lembra Vale, ajudou alguns Estados, mas a
inflação de serviços é prejudicial a todos e mais difícil de recuar, diz. “Basta lembrar
que, mesmo com recessão de 7% em dois anos em 2015 e 2016, a inflação de
serviços caiu de apenas 8,3% no fim de 2014 para 6,5% no fim de 2016. Precisou
mais uma recessão importante, no ano passado, para trazer esses preços para a
casa do 1%, mas isso aconteceu porque houve desaceleração inédita do consumo
nesse setor.”

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Embora a pandemia tenha atingido o país todo, as regiões absorveram os impactos


econômicos de formas diferentes, até pela falta de um direcionamento claro e
unificado do governo federal, diz Paulo Eduardo Pereira, economista da 4E
Consultoria. “Cada município, cada Estado agiu por si. Algumas regiões foram mais
impactadas do que outras. Da mesma forma, o movimento de recuperação em 2021

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acontece de maneira mais heterogênea, mas 2022 não deve ser tão díspar”, afirma.

Na visão da 4E, a região Nordeste deve liderar o crescimento no ano que vem, com
um PIB avançando 2,3%, contra 1,3% na média nacional. Após uma queda de 5,6%
em 2020, também acima da contração de 4,1% do PIB brasileiro, e na lanterna entre
as regiões em 2021 (estimativa de 2%, ante 4,9% a nível nacional), a leitura é que o
Nordeste ainda deve ter mais espaço para recuperação em 2022.

A expectativa, segundo Pereira, é que a região possa se beneficiar bastante da


retomada dos serviços e do turismo (leia Nordeste aposta no turismo em 2022 )
ao longo deste segundo semestre, com margem para extrapolar para o ano que
vem, ainda que, no Brasil como um todo, o impulso dos serviços deva ser menor em
2022 (1,4%) do que em 2021 (4,3%). O Nordeste apresentou a maior queda (-7,4%)
nos serviços entre as regiões em 2020 e deve crescer 1,9% em 2021, abaixo da
média nacional, mas pode avançar 2,7% em 2022, segundo a 4E.

O crescimento no PIB nordestino em 2021 e 2022 não será suficiente, porém, para
que a região recupere o nível pré-pandemia (2019), do qual ainda estaria 1,6%
aquém, estima a consultoria. Todas as demais regiões terão superado, já em 2021,
os seus respectivos patamares pré-covid e devem observar perda de ritmo da
atividade no ano que vem.

O Sul, que puxa o crescimento regional deste ano com alta estimada pela 4E de
6,9%, ainda deve apresentar o segundo melhor desempenho em 2022, mas
desacelerando a 1,4%. No início deste ano, a perspectiva para o Sul em 2021 era
ainda mais otimista, diz Pereira, mas foi piorando sob efeito de adversidades
climáticas que prejudicaram algumas safras e da persistência em gargalos
industriais, fatores que devem adentrar 2022.

Os gargalos nas cadeias produtivas afetam custos e trazem incerteza à indústria, o


que impacta também Estados com componente forte da transformação no Norte,
como Amazonas, e no Sudeste, como São Paulo, aponta Pereira. A 4E projeta alta de
apenas 0,5% para a indústria brasileira em 2022, sendo que o Sudeste, por exemplo,
ficaria abaixo disso (0,3%). A região sente ainda, neste ano e no próximo, os impactos

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sobre a agropecuária, e o PIB do Sudeste deve passar de alta de 5,5% em 2021 para
1,2% em 2022.

Especificamente para São Paulo, novas projeções da Fundação Seade indicam alta
média de 7,1% no PIB paulista de 2021, ante 5% para o Brasil, e de 1,9% em 2022
diante de previsão nacional de 1%. “O que está diferenciando a performance do
Estado em 2021 é o setor de serviços”, diz Regina Marinho, analista da Seade. Com
base de comparação mais elevada, uma desaceleração em 2022 é esperada, diz ela.
“O setor de serviços deve continuar sendo importante, já que a indústria tem tido
mais dificuldade.”

Já o Norte, a única região que conseguiu sustentar PIB positivo em 2020 (0,3%) e que
deve avançar 3,1% neste ano, ficaria na lanterna em 2022, com crescimento de
apenas 0,7%, seguida pelo Centro-Oeste, com 0,8%, projeta a 4E. O Norte é
beneficiado pela nova fronteira agrícola e pela indústria extrativa, que teve bom
desempenho até então, mas que é fator de incerteza forte para 2022, segundo
Pereira.

Com projeção de apenas 0,5% para o PIB do Brasil em 2022, o Itaú Unibanco vê,
entre as regiões, mais força para crescimento do Centro-Oeste. Ainda assim,
desaceleraria de 5% neste ano para 1,1% no próximo. Nordeste (0,9%) e Norte (0,6%)
ainda conseguiriam crescer acima da média nacional em 2022, mas Sul e Sudeste
não passariam, cada um, de 0,3%.

O Centro-Oeste, explica Pedro Renault, economista do banco, se descola um pouco


do contexto doméstico por ter atividade mais ligada ao ciclo global de commodities.
“Obviamente, o contexto será mais desafiador ao produtor [em 2022] do que em
2021”, pondera. Em 2021, diz, os preços e o volume de exportação do produtor
aumentaram, sem grande pressão de custos. No ano que vem, diz, com a inflação
desse custo agrícola, a margem do produtor tende a cair. Além disso, os preços
agrícolas não devem continuar subindo como antes. “No geral, você tem alguma
estabilização, com uma tendência até lenta de recuo”, diz Renault.

Para Ecio Costa, professor da Universidade Federal de Pernambuco, o desempenho

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da economia das regiões Norte e Nordeste dependerá ainda da definição sobre o


Bolsa Família ou o programa que deve substituí-lo. Se houver aumento de valor de
50% ou 100%, diz, o impacto será importante nos municípios mais pobres,
impulsionando grupos como alimentação e construção civil, com efeitos
multiplicadores na economia. A reabertura também deve ajudar a reduzir
desemprego. Como fatores contrários há a inflação, que deve resultar em alta de
juros.

No Nordeste, ele destaca efeitos esperados de investimentos públicos. Entre eles, as


obras de reorganização da ferrovia Transnordestina, que deve ir até Pecém, no
Ceará, e os projetos de investimento em infraestrutura do Estado de Pernambuco,
que obteve capacidade de pagamento (Capag) para novas operações de crédito.

No campo mais conservador, a MB projeta alta de apenas 0,4% para o PIB nacional
em 2022. No cálculo por Estados, as estimativas vão desde 0,2% para Rio de Janeiro e
Pernambuco até 2,4% para Acre e 2,2% para Piauí. Vale ressalta que, se o quadro
projetado se efetivar, poucos Estados terão crescimento razoável no acumulado de
2020 a 2022. A maior parte terá performance média parecida com o Brasil, isto é,
apenas 0,8% de expansão de PIB no período. Enquanto isso, compara, o mundo terá
crescido 7,5%, um retrato do fracasso que estamos vivendo, segundo Vale.

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