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Disciplina: Evolução Humana

Docente: Prof. Dr. Helbert Medeiros Prado

Discente: Karoline Beatriz Oliveira Barroso

Resenha aula dia 12 de junho

O livro “Assim Caminhou a Humanidade”, publicado em 2015 pelo Laboratório de Estudos


Evolutivos Humanos do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, apresenta um
panorama geral para compreensão da história evolutiva do gênero homo. Nos capítulos finais, o
livro traz importantes estudos obre a dispersão da nossa espécie e a grande mudança que marca
nossa espécie, o surgimento do pensamento simbólico.

Allan et al (2015) discute no capítulo VI do livro a origem e dispersão da nossa espécie, homo
sapiens. Assim, trazendo as discussões morfológicas o autor aponta que os humanos
anatomicamente modernos possuem características distintas de outras espécies de hominínios,
apresentando caixa craniana acima de 1300 cm³, ausência de relevo na região da nuca, face não
projetada para frente, presença de duas fossas caninas e variação na robustez do aparelho
mastigatório. Além disso, apresentam um queixo proeminente e um ângulo fechado entre a
mandíbula e o crânio. Essas características podem variar entre as populações humanas, mas
distinguem os humanos anatomicamente modernos de outras espécies, incluindo os neandertais.

Além disso, os ossos dos membros dos humanos anatomicamente modernos são robustos,
com marcas musculares proeminentes, especialmente em fósseis antigos. Em comparação com os
neandertais, os Homo sapiens apresentam diferenças, como uma margem axilar da escápula
frequentemente voltada para baixo, os humanos anatomicamente modernos possuem pontas dos
dedos menores em relação às falanges proximais, enquanto nos neandertais esses tamanhos são
quase iguais nas três divisões do dedo. Os ossos da perna dos humanos anatomicamente modernos,
como o fêmur e a tíbia, têm uma parte externa mais fina, conhecida como cortical, em comparação
aos neandertais. O púbis também é mais delicado e curto nos humanos do que nos neandertais.
Além disso, os corpos dos humanos anatomicamente modernos são mais longilíneos, o que reflete
membros mais alongados em comparação aos neandertais.

No que tange a dispersão, há três grandes hipóteses da saída do homo sapiens: a origem
multirregional, saída da África e hipótese de hibridização. O modelo de Evolução Multirregional
argumentava que a transformação gradual dos ancestrais arcaicos para os humanos modernos
ocorreu em várias regiões, devido à migração e ao acasalamento entre populações. Já o modelo de
saída da África/ Substituição afirmava que os humanos anatomicamente modernos surgiram na
África subsaariana como uma espécie distinta e substituíram completamente os humanos arcaicos
sem cruzamento. O modelo de hibridização admite o cruzamento ocasional entre humanos
modernos e grupos arcaicos. O estudo genético recente contribui para o entendimento da evolução
humana, destacando a origem africana dos humanos modernos e a ocorrência de mistura genética
com grupos arcaicos (Allan et al, 2015; Hhamer, 2013).

Por meio de avanços tecnológicos na extração de DNA de fósseis neandertais, foi descoberto
que cerca de 4% do DNA das populações não-africanas atuais é compartilhado com neandertais, o
que reforça a ideia de cruzamento entre as duas espécies. Além disso, descobertas adicionais
revelaram que outra espécie, conhecida como "homem de Denisova", também cruzou com os seres
humanos. Em resumo, o panorama atual da origem e dispersão humana é extremamente complexo,
assim, a maioria dos especialistas concorda que nossa espécie surgiu na África há aproximadamente
200 mil anos, derivada de uma população de Homo heidelbergensis ocorrendo durante as
colonizações da Ásia e da Europa, ocorreram interações e intercâmbios genéticos com neandertais e
outras espécies (Allan et al, 2015).

A dispersão da nossa espécie começou na África, com os ancestrais humanos povoando todo o
continente. Evidências sugerem que durante essa expansão dentro da África, a população humana já
recebeu genes de outras populações do gênero homo, embora essas populações ainda sejam
desconhecidas. Os fósseis mais antigos de humanos fora da África foram encontrados no Oriente
Médio, indicando que essa região foi uma rota utilizada pelos ancestrais humanos para colonizar
outros continentes. Os estudos moleculares corroboram essa visão, mostrando que os primeiros
contatos com os neandertais ocorreram no Oriente Médio, seguidos por múltiplas dispersões para a
Ásia, Europa e Oceania.

A Europa apresenta evidências de ao menos três ondas migratórias, enquanto a Ásia também
mostra sinais de múltiplas dispersões e interações com outras espécies de hominínios, como os
neandertais, os homens de Denisova e os H. erectus. A colonização da Oceania ocorreu por meio da
chegada à Indonésia e posteriormente à massa de terra chamada Sahul, que incluía a Austrália e a
Nova Guiné. A colonização das Américas foi o último evento e ocorreu através de uma conexão
terrestre formada no Estreito de Bering durante os períodos de glaciação, sendo realizada
exclusivamente pelo homo sapiens.

No que tange ao surgimento do pensamento simbólico, o autor traz a concepção de explosão


criativa do Paleolítico Superior, período em que ocorreu uma revolução no comportamento humano,
marcada pelo surgimento do pensamento simbólico e pelo florescimento da cultura. O registro
arqueológico desse período revela uma diversidade cultural substancial, com a criação de
ornamentos, ferramentas avançadas, manifestações artísticas e rituais de sepultamento.

Nesse contexto, houve avanços tecnológicos notáveis, como o uso de ossos, madeira e fogo
para a fabricação de ferramentas. Além disso, foram desenvolvidas ferramentas compostas, como
lanças e lançadores de dardos. A exploração dos recursos marinhos também se tornou uma prática
importante durante o Paleolítico Superior.

Essa revolução cultural e tecnológica marcou o início do comportamento moderno no Homo


sapiens, trazendo mudanças significativas para nossa espécie. A arte desempenhou um papel
importante nesse período, como evidenciado por exemplos como a caverna Chauvet, na França, que
apresenta mais de 400 representações de animais como leões, rinocerontes e mamutes. Os rituais
funerários também se tornaram mais elaborados sendo observados com maior frequência nessa
época.

É importante ressaltar que existem evidências arqueológicas que indicam a presença de


comportamentos complexos anteriores ao Paleolítico Superior. Sítios arqueológicos na África do
Sul, como Blombos e Pinnacle Point, revelaram artefatos associados ao comportamento simbólico
que são mais antigos do que a explosão criativa do Paleolítico Superior, nesse contexto, teorias que
discutem a possibilidade de acumulação e troca de conhecimento entre distintas populações emerge.

Em síntese, os estudos das interações com outras espécies de hominínios revela a


complexidade da história evolutiva da nossa espécie, os avanços nos estudos genéticos e a
descoberta de novos achados arqueológicos são essenciais para melhor compreensão e, muitas
vezes, maior complexificação desse cenário. Nesse contexto, estudos acerca do surgimento do
pensamento simbólico cumprem um papel chave apontando a importância da cultura para o nosso
processo evolutivo.

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