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Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos

APSS Apoio Psico-Social

ATPU Alimento Terapêutico Pronto para Uso

ATS Aconselhamento e Testagem em Saúde

CCR Consulta de Criança em Risco

CCS Consulta de Criança Sadia

Cm Centímetros

CPN Consulta pré-natal

DAG Desnutrição Aguda Grave

EN Estado Nutricional

FIPAG Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água

HIV Human Virus imunudificience

Kg Kilograma

MISAU Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

PB Perímetro Braquial

PC Perímetro Craniano

PRN Programa de Reabilitação Nutricional

PTV Prevenção de Transmissão Vertical

SAAJ Serviço Amigo de Adolescentes e Jovens

TB Tuberculose
Introdução
A participação da população nos esforços para resolver os problemas que lhes afetam, é
atualmente reconhecida como uma necessidade pela maioria dos especialistas em
desenvolvimento. Esta participação é particularmente importante em educação nutricional,
porque seu objetivo é modificar condutas indesejáveis, que podem estar profundamente ligados
no contexto social e cultural da população.

Em Moçambique segundo Inquérito sobre Orçamento Familiar – IOF 2019/20, 38% das crianças
sofrem de desnutrição crónica ou baixa altura para a idade. A baixa estatura para a idade
desenvolve-se no período entre a concepção e os dois anos, e não pode ser recuperada depois
desse período. Esta falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na primeira infância e
diminui a função cognitiva dos que sobrevivem.

As principais causas imediatas da desnutrição crónica em Moçambique são a ingestão


inadequada de nutrientes, os níveis elevados da infecção e a gravidez precoce. As dietas são
monótonas, com deficiências de micronutrientes, afectando a maioria da população. A malária e
os parasitas gastrointestinais afectam metade da população, sendo que igual número de mulheres
que são atendidas nas consultas pré-natais apresentam doenças sexualmente transmissíveis, para
além de metade destas engravidarem ainda crianças. Apenas 40% dos menores de seis meses são
exclusivamente amamentados.

O presente relatório tem como objectivo aplicar os métodos e técnicas de diagnóstico e de


intervenção nutricional de grupos populacionais específicos, com foco na promoção e protecção
da saúde.
Objectivos
Objectivo geral
Aplicar os métodos e técnicas de diagnóstico e de intervenção nutricional de grupos
populacionais específicos, com foco na promoção e protecção da saúde.

Objectivos específicos
o Diferenciar as vantagens das intervenções nutricionais comunitárias comparativamente às
intervenções individuais;
o Identificar e descrever as etapas de programas de intervenção comunitária;
o Identificar e descrever o perfil alimentar e nutricional de adolescentes moçambicanos,
considerada nos seus diversos estratos regionais e socioeconómicos;
o Identificar e descrever o perfil alimentar e nutricional da população de uma determinada
comunidade;
o Identificar, executar e avaliar os principais programas de nutrição comunitária
desenvolvidos no país, levando em conta os seus objectivos, operacionalização e
perspectivas;
o Desenvolver acções de educação nutricional através de atendimentos individuais e de
grupo;
o Avaliar e criticar intervenções comunitárias.
Metodologia
Para a realização do presente relatório referente ao estágio, tomou-se como base a participação
de uma forma activa nas actividades efectuadas. Foram usados os seguintes métodos:

o Entrevista;
o Revisão bibliográfica.
Onde e quando decorreu o estágio, carga horária
O estágio de Nutrição Comunitária realizou-se no Centro de Saúde de Xipamanine, iniciou no
dia 12 de Dezembro e terminou no dia 06 de Janeiro do ano 2023, as actividades de estágio
foram desenvolvidas durante quatro semanas das 07:30 às 15:30, numa carga horária de 8horas
por dia.

4.1 Breve historial e descrição de Centro de Saúde de Xipamanine


No dia 17 de Maio de 1996, ocorreu o lançamento da 1a pedra pelo Presidente do Conselho
Municipal senhor João Baptista Cosma. Foi concebido por meio do fundo do estado e
inaugurado no dia 25 de Junho de 1997 pelo antigo presidente Joaquim Alberto Chissano. O
Centro de Saúde de Xipamanine é uma unidade Sanitárias do nível primária localizada no Bairro
do Aeroporto B, Cidade de Maputo, no distrito de Nhlamankulu ao longo da Avenida Joaquim
Chissano, tem cerca de 36.905 habitantes em média que se beneficiam dos cuidados de Saúde do
Centro de Xipamanine.

4.1.1 Rede Sanitária


A rede sanitária de Centro de Saúde de Xipamanine compreende os seguintes bairros:
Munhuana, Minkadjuine, Xipamanine, Aeroporto A, Aeroporto B, Chamanculo D, Unidade 7,
Jardim, Mafalala, Maxaquene B e Urbanização. Os pacientes do centro de Saúde de Xipamanine
são referidos para o Hospital Geral de Chamanculo e José Macamo. O solo predominante é
freático, há predominância de valetas de drenagens por onde passam água oriunda das chuvas e
residuais. O fornecimento de água é feito pelo Fundo de Investimento e Património de
Abastecimento de água (FIPAG).

O Centro de Saúde de Xipamanine tem objectivo de prestar os serviços de saúde,


especificamente os de cuidados primários a todos os utentes / doentes e promoção de saúde.

Todos os serviços prestados são de regime ambulatório das 07:30 às 15:30 exceptos maternidade
que é 24h, Os serviços prestados por esta Unidade Sanitária são os seguintes:

o Serviço de Urgência/ Banco de Socorros o Consultas externas (Adultos e de Pediatria);


o Consultas de Estomatologia; o Consultas de Crianças Sadias (CCS);
o Consultas de SMI (CPN, CPP, CPF, CCR, SAAJ, PTV);
o Maternidade/ consultas Ginecológica;
o Consultas de doenças Crônicas (HIV,TB/HIV);
o Centro de Exames Médicos; o APSS, ATS, Farmácia e Laboratório;
o Serviço de Atendimento Integrados às Vítimas de Violência Baseada no Género.

4.1.2 Recursos humanos


O Centro de Saúde de Xipamanine conta com mais de 100 funcionários diferenciados por
categoria profissional (superior, médio, básico e outros), das seguintes áreas: medicina,
enfermagem, laboratório, nutrição, estomatologia, farmácia, motoristas, agentes serventuários,
guardas, jardineiros.

4.1.3 Recursos físicos e materiais


Os edifícios desta unidade sanitária são construídos de material permanente, isto é, construção de
material convencional como bloco de cimento, rebocado interiormente e exteriormente com
cimento, coberto com chapa de zinco e o pavimento é compactado e revestido. O abastecimento
de água e energia é feito através da rede pública, o tratamento (inceneração) do lixo é feito
localmente, existência de casas de banhos.
1. Revisão da literatura
Segundo Azevedo (2007), saúde comunitária é o ramo das ciências de saúde que se ocupa da
saúde e dos desafios e problemas a ele inerentes ao nível da comunidade ou grupos
populacionais, visando a obtenção de conhecimentos que permitam reforçar ou criar
comportamentos em ordem a um mais elevado grau de saúde para o maior número de pessoas.

Nutrição comunitária é a capacidade em identificar e intervir em problemas alimentares e


nutricionais em diferentes grupos populacionais (Azevedo, 2007).

Desparasitação é definida como o controlo dos parasitas internos por meio de produtos e
medicamentos de uso tópico ou administrados via oral.

Alimentação

Alimento é toda substância ou mistura de substância no estado sólido, pastoso, líquido ou


qualquer outra forma adequada, destinada a fornecer ao organismo vivo os elementos necessários
à sua formação, desenvolvimento e manutenção (Ornelas, 2006).

Alimentação é o processo pelo qual o organismo obtém, assimila os alimentos ou nutrientes para
suas funções vitais, incluindo crescimento, movimento, reprodução e manutenção da temperatura
corporal (Guzman, 2002).

Necessidades Nutricionais é a quantidade de nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos,


capaz de satisfazer suas necessidades fisiológicas normais e prevenir os sintomas de deficiências
(Cuppari, 2006).

Estado nutricional

Estado nutricional é o resultado do equilíbrio entre o consumo de nutrientes e o gasto energético


do organismo para suprir as necessidades nutricionais. (Ministério da Saúde, 2004).

A avaliação do estado nutricional é o principal instrumento de diagnóstico de distúrbios


nutricionais e deve ser usado em todos os ciclos da vida com a finalidade de acompanhar as
mudanças que ocorrem durante o desenvolvimento e as diferentes fazes da vida (Alves, 2010).
De acordo com Mahan (2018), a avaliação do estado nutricional é um conjunto de métodos para
diagnosticar o estado nutricional de indivíduos e/ou populações. Estes métodos incluem
anamnese alimentar, exame clínico, avaliação bioquímica, dados antropométricos e
psicossociais, que permitem identificar indivíduos em risco nutricional, possibilitando
intervenções e monitoramento.

Aleitamento Materno

Aleitamento Materno é uma componente sucessiva da reprodução que inclui: a concepção,


gestação, parto, e lactação. O aleitamento materno, é um meio único de fornecer alimentação
ideal para o crescimento saudável e desenvolvimento da criança. Também é parte integrante do
processo reprodutivo com implicações importantes para a saúde das mães (WHO. 2003.
“Estratégia Global para a Criança).

Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da amamentação sobre outras


formas de alimentar a criança pequena, e apesar dos esforços de diversos organismos nacionais e
internacionais, as taxas de aleitamento materno em Moçambique, em especial as de
amamentação exclusiva, estão bastante abaixo do recomendado, e o profissional de saúde tem
um papel fundamental na reversão desse quadro (MISAU, 2006).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MISAU) recomendam


aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Não há
vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive,
haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada
a maior número de episódios de diarreia, maior número de hospitalizações por doença
respiratória, risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores
ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos, menor absorção
de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco, menor eficácia da lactação
como método anticoncepcional, menor duração do aleitamento materno.

Tipos de Aleitamento Materno

É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adoptadas pela


Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro (OMS, 2007).
Assim, o aleitamento materno costuma ser classificado em:

 Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite materno


exclusivo, directo da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros
líquidos ou sólidos, com excepção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de
reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
 Aleitamento materno predominante: quando a criança recebe, além do leite materno
predominante leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás,
infusões), sumos de frutas e fluidos rituais.
 Aleitamento materno: quando a criança recebe leite materno (directo da mama
Aleitamento materno ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros
alimentos.
 Aleitamento materno complementado: quando a criança recebe, além do leite materno
complementado do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a
finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode
receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento
complementar.
 Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno misto ou
parcial materno e outros tipos de leite.

Técnica de amamentação

Apesar da sucção do bebé ser um acto reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de
forma eficiente. Quando o bebé pega a mama adequadamente, o que requer uma abertura ampla
da boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola, forma-se um lacre
perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para que o
mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebé. A língua eleva suas bordas laterais e a
ponta, formando uma concha (canolamento) que leva o leite até a faringe posterior e esófago,
activando o reflexo de deglutição (MISAU, 2009).

A técnica de amamentação, ou seja, a maneira como a dupla mãe/bebé se posiciona para


amamentar/mamar e a pega/sucção do bebé são muito importantes para que o bebé consiga
retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e também para não machucar os mamilos (MISAU,
2009).

Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebé na amamentação dificulta o posicionamento


correto da boca do bebé em relação ao mamilo e à aréola, resultando no que se denomina de “má
pega”. A má pega dificulta o esvaziamento da mama, levando a uma diminuição da produção do
leite. Muitas vezes, o bebé com pega inadequada não ganha o peso esperado apesar de
permanecer longo tempo no peito. Isso ocorre porque, nessa situação, ele é capaz de obter o leite
anterior (rico em água), mas tem dificuldade de retirar o leite posterior, mais calórico (MISAU,
2009).
2. Actividades desenvolvidas
6.1 Avaliação do estado nutricional da população e emissão de parecer técnico
Durante a realização do estágio avaliou-se o estado nutricional de crianças e grávidas. Na CCS
atendeu-se no total 1401 de crianças durante o mês de Dezembro, dos quais 698 do sexo
masculino e 702 do sexo feminino e na consulta pré-natal atendeu-se no total 250 durante uma
semana de Dezembro.

Diagnosticou-se seis crianças com crescimento insuficiente, administrou-se vitamina A em 318


crianças de seis meses (primeira dose) e 159 a crianças de um ano em diante. A desparasitação
com albendazol administrou-se a 318 crianças.

Tabela 1: Exemplo de casos de avaliação do EN de crianças dos 2-59meses

Ordem Idade Sexo Peso Estatura PB PC Diagnóstico nutricional


(em meses) (kg) (cm) (cm) (cm)
01 53 M 18,0 108 16 ----- Normal (≥-2e≤+2 DP ¿
02 8 M 11,7 70 17 46 Sobrepeso (¿+2 e +3 DP ¿
03 8 M 7,7 66 15 45 Normal (≥-2e≤+2 DP ¿
04 9 M 9,0 71 16 41 Normal (≥-2e≤+2 DP ¿
05 4 F 6,3 63 ---- 42 Normal (≥-2e≤+2 DP ¿
06 48 F 30 107 20 ----- Obesidade (¿+3 DP ¿
07 5 F 4,3 58 ---- 40 DAG (¿−3 DP ¿
08 39 F 17,5 106 16 ----- Obesidade (¿+3 DP ¿
09 9 F 13,5 69 17 49 Obesidade (¿+3 DP ¿
10 12 M 11,3 76 15,8 47 Sobrepeso (¿+2 e +3 DP ¿
12 18 M 7,4 75 13,5 43 DAG (¿−3 DP ¿
13 6 F 4,9 60 11,0 40 DAG (¿−3 DP ¿
14 3 M 8,2 59 ----- 38 Obesidade (¿+3 DP ¿
15 7 F 9,4 67 16,4 43,4 Normal (≥-2e≤+2 ¿
16 5 F 5,7 62 ---- 40 Normal (≥-2e≤+2 ¿
Tabela 2: Exemplo de casos de avaliação do EN de grávidas maiores de 18 anos atendidas nas
consultas pré-natais.

Ordem Peso PB Diagnóstico nutricional


01 36,9 25,4 Estrófica
02 71,5 25,5 Estrófica
03 62 25 Estrófica
04 83,5 36 Estrófica
05 73 28 Estrófica
06 93 28 Estrófica
07 86,2 32,5 Estrófica
08 63 26 Estrófica
09 55,8 23,5 Estrófica
10 61,3 27 Estrófica
Nota: PB < 23: desnutrição

Peso <45: desnutrição

Peso> 90: obesidade

6.2 Avaliação e análise dos hábitos de consumo alimentar e nutricional de diferentes grupos
populacionais
Sobre os hábitos alimentares dos grupos populacionais observou-se que a maioria dos utentes
tem sua alimentação baseada em cereais e derivados, leguminosas, legumes, hortaliças, frutas,
peixe. Esses alimentos citados, preparam-se de diferentes formas, isto varia de acordo com os
costumes de cada família. A farinha de milho e o arroz são alimentos de base confeccionados
pelas famílias e habitualmente consumidos com feijão, couve feita com amendoim, cacana,
quiabo, folhas de abobora, peixe feito com amendoim.

De acordo com os relatos dos utentes, observou-se que a população que frequenta esta unidade
sanitária tem uma dieta monótona, e esta por sua vez não equilibrada o que acaba por não
fornecer ao organismo nutrientes necessários para a realização das actividades do quotidiano.
Observou-se também que, a população tem por dia em média duas refeições e que estás acabam
por ser consumidas em intervalo de tempo distanciado.

6.3 Planificação das recomendações alimentares para grupos de indivíduos, desenhando


pelo menos um programa de intervenção comunitária
Para a realização desta actividade, desenhou-se um programa de intervenção comunitária. Este
programa é o aleitamento materno exclusivo. Esse programa consiste em aconselhar a todas
mulheres grávidas e mães sobre a importância do comprimento do aleitamento materno
exclusivo até aos seis meses de vida da criança. Essas recomendações fizeram-se nas consultas
pré-natais, consultas de criança sadia e no SAAJ (a adolescentes grávidas).

Para melhor percepção das mães e grávidas, usou-se um cartaz onde ilustra os benefícios do leite
materno e a técnica da “boa pega”.

6.4 Planificação, promoção, execução e avaliação das acções de educação alimentar e


nutricional
As acções de educação alimentar planificadas são: enriquecimento de papas para crianças
maiores de seis meses de vida; técnicas corretas de higiene e preparação de alimentos. Tendo
passado pelas seguintes fases:

Concepção: consistiu no estudo e análise dos problemas alimentares e nutricionais da


comunidade na qual se pretende actuar, identificando os factores causais que serão considerados
pela intervenção.

Formulação: definiu-se os objetivos gerais (objetivos de desenvolvimento) e os objetivos


específicos. Estes objetivos foram definidos para cada grupo alvo; e inclusive, para segmentos
específicos de população dentro de cada grupo alvo.

Promoção e execução: essas acções foram promovidas pelas estudantes durante a realização do
estágio nesta unidade sanitária, em duas vertentes: de forma individualizada e de forma
colectiva.

Avaliação: depois de ser feita a planificação, promoção e execução, observou-se que a


população conhecia minimamente sobre o assunto abordado no dia das sessões de alimentação
saudável, tendo desta feita uma interacção positiva dos utentes, na qual expuseram as suas
dúvidas em relação aos temas abordados, exemplo: “ Meu filho não aceita comer a papinha que
faço em casa de farinha de milho, como devo lidar com essa situação?”, Essa é uma das variam
perguntas que os pais fizeram durante as sessões de alimentação saudável.

6.5 Identificação de grupos populacionais de risco nutricional, visando o planeamento de


acções específicas
Os grupos populacionais observados durante a realização do estágio são:

o Crianças dos 0 aos 59 meses atendidas na CCS;


o Adolescentes e mulheres grávidas dos 15 aos 49 anos;
o Grávidas

Para garantia da saúde destes grupos, fez-se a planificação de acções que visam informar sobre a
importância da alimentação saudável, tendo em conta o seu estado de saúde e a faixa etária. Tem
como objectivo prevenir a deficiência de nutrientes, prevenir a sob nutrição e a desnutrição da
população que se desloca para esta unidade sanitária para receber os cuidados de saúde.

Tabela 3: Acções nutricionais especificas para cada grupo de risco

Grupos populacionais de risco Acções específicas


Crianças dos 2 aos 59 meses atendidas  Aleitamento materno exclusivo
na CCS;  Alimentação complementar
 Suplementação com vitamina A e
desparasitação
 Programa de reabilitação nutricional.
Adolescentes e mulheres grávidas dos  Suplementação com ácido fólico e sal ferroso
15 aos 49 anos;
Grávidas  Suplementação com ácido fólico e sal ferroso
 Aleitamento materno exclusivo
6.6 Promoção de programas e projectos de promoção e de educação alimentar e
nutricionais direccionados às diferentes faixas etárias na comunidade
A promoção de educação alimentar e nutricional fez-se nas seguintes faixas etárias: crianças,
adultos (mulheres grávidas) e adolescentes.

Faixa etária Programas


Crianças  Programa de Reabilitação Nutricional
 Programa para a prevenção de micronutrientes
Adolescentes  Planeamento familiar
 Prevenção da malária
 Prevenção de infecções de transmissão sexual
Adultos (mulheres grávidas)  Suplementação com ácido fólico e sal ferroso

6.7 Elaborar materiais didácticos para uso em programas de intervenção comunitária


Os materiais didácticos elaborados durante a realização do estágio são: cartaz sobre
alimentação complementar e aleitamento materno exclusivo, pois estes são ainda um grande
desafio no nosso país pelo facto de ainda estarmos ‘mergulhados’ nos mitos locais que acabam
influenciando significativamente nos hábitos alimentares da população e como consequência
observa-se indivíduos com problemas nutricionais que levam até a morte em casos mais críticos.
(anexo 1).

3. Actividades aprofundadas
Para maior difusão e percepção da informação transmitida durante a promoção de hábitos
alimentares saudáveis a população utente desta unidade sanitária, realizou-se demonstrações
culinárias com vista a ensinar as mães sobre como preparar as papas das crianças a partir dos
alimentos que habitualmente são consumidos em suas residências, ou seja alimentos que fazem
parte da sua cesta básica. Fez-se as seguintes papas: papa de milho enriquecida com cenoura,
Papa de milho enriquecida com amendoim torrado, papa de milho enriquecida com banana, papa
de milho enriquecida com ovo e laranja.
4. Sucessos e limitações
 Sucessos

O estágio realizado constituiu mais uma área de aprendizagem profissional para mim, como
estudante pois alcançou-se 80% dos objectivos traçados, que neste caso realizados com sucesso.

 Limitações

As limitações enfrentadas apenas constituem 20%, pois o local não permitiu a realização de
algumas actividades tratando-se de uma unidade sanitária e não duma comunidade e estas
actividades foram: Participação na execução e análise de inquéritos e estudos epidemiológicos,
ao nível nacional, local ou regional, visando o planeamento de acções específicas; promover,
participar e divulgar estudos e pesquisas, promovendo o intercâmbio técnico-científico;
participar na implementação de políticas nutricionais e alimentares, direccionadas a toda a
população e ou populações específicas. A outra limitação foi a falta de suplemento,
especificamente o ATPU administrado a crianças em PRN durante 3 semanas

9. Recomendações

-Para o Instituto Superior de Ciências de Saúde

Fornecimento de EPI’S aos estudantes devido a natureza do estágio.

-Para a instituição

Realização de actividades de educação alimentar e nutricional nas escolas próximas a unidade


sanitária; Realização de demonstrações culinárias pelo menos uma vez por semana; Realização
de sessões de educação alimentar e nutricional nas comunidades que fazem parte da rede
sanitária.
10.Conclusão
Conclui-se que a nutrição comunitária desempenha um papel importante para a melhoria de
saúda da população de uma determinada comunidade. Contribuindo desta forma na mudança dos
hábitos alimentares para os saudáveis, reduzindo significativamente a desnutrição aguda e
crónica, doenças de origem hídrica, obesidade e outras patologias.

As intervenções nutricionais comunitárias são mais abrangentes e fáceis de implementar pois a


população reúne-se para aprenderem sobre a importância de um determinado assunto nutricional
e não sendo às intervenções individuais mais restritas mas com maior atenção ao problema
apresentado pelo individuo, sendo desta forma específica.

Os adolescentes moçambicanos têm um perfil alimentar e nutricional diversificado, pois cada


individuo dispõe de hábitos alimentares particularizados, apesar da maioria apresentar os
mesmos hábitos alimentares, não só fazem parte do perfil alimentar dos adolescentes mas
também da população que frequenta esta Unidade Sanitária

Os principais programas de nutrição existentes no nosso pais são: prevenção da deficiência de


micronutriente, programa de reabilitação nutricional, promoção do aleitamento materno
exclusivo e promoção da alimentação complementar.

Os programas de intervenção comunitária têm as seguintes etapas: Concepção, consiste no


estudo e análise dos problemas alimentares e nutricionais da comunidade na qual se pretende
actuar, identificando os factores causais que serão considerados pela intervenção; Formulação,
define-se os objetivos gerais (objetivos de desenvolvimento) e os objetivos específicos. Estes
objetivos são definidos para cada grupo alvo; e inclusive, para segmentos específicos de
população dentro de cada grupo alvo ; Promoção e execução ou implementação, consiste em
assegurar um balanço ótimo entre qualidade e preço e Avaliação, consiste em efectuar uma
análise crítica, objectiva e sistemática das realizações e resultados de um projecto ou de uma
actividade, em relação aos objectivos propostos, às estratégias utilizadas e aos recursos alocados.
11.Referências bibliográficas
Alves, A. (2010). Nutrição nos Ciclos da Vida.

Azevedo, Z. A. S. (2007). Nutrição comunitária. Lisboa. Sigarra.

Guzman, K. (2002). Alimentação saudável. 2.ed. Rio de Janeiro.

Instituto Nacional de Estatística - Inquérito sobre Orçamento Familiar – IOF 2019/20

Mahan, L. K. & Raymond, L. (2018). Alimentos e Nutrição. Editora Elvevier Ltda. 14a Edição.
Brasil.

Ministério da saúde, MISAU. (2004). Promoção da alimentação saudável. Moçambique.

Ornelas, L. H. (2006). Técnica dietética: selecção e preparo de alimentos. 8. ed. São Paulo:
Atheneu.
12. Anexos e apêndices

Figura 1: Sulfato ferroso + acido fólico Figura 2: Cápsulas de Vit.A e Albendazol

Figura 3: Estudantes na demonstração culinária

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